Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistema de Produção, 16
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Dez/2003

Sistema de Produção de Citros para o Nordeste

Claudio Luiz Leone Azevêdo

Início

Importância econômica
Clima
Solos
Adubação
Variedades
Mudas e sementes
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita

Processamento
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Plantio

O plantio deve ser feito no período chuvoso de cada região ou em outra época, desde que exista água suficiente para irrigar ou regar as mudas. Evitar sempre os dias ensolarados e quentes, dando preferência aos nublados e de temperatura mais amena, sem ventos.

A cova é preparada para o plantio misturando-se a terra da camada superficial com a matéria orgânica (vide ítem 10 – Adubação). A essa mistura acrescentam-se 500 g de superfosfato simples e 1 kg de calcário, ou de acordo com a análise do solo. Esse material deve ser misturado à terra da superfície, jogando-se a mistura no fundo da cova.

Procede-se o plantio dispondo-se a muda de modo que seu colo fique um pouco acima do nível do solo (mais ou menos 5 cm). Os espaços entre as raízes são cheios com terra, permanecendo elas estendidas em posição semelhante à que tinham no viveiro. Comprime-se a terra sobre as raízes e ao redor da planta. Em seguida, faz-se uma "bacia" em torno da muda e rega-se com 10 a 20 litros de água, para finamente cobrir-se com palha, capim seco ou maravalha. Tutorar a muda se houver incidência de ventos fortes.

As mudas de torrão ou forradas na própria embalagem oferecem maior segurança, isto é, apresentam índice de pegamento muito maior que as de raiz nua e requerem menores cuidados no plantio.

Escolha da área para instalação do pomar de citros em solos dos Tabuleiros Costeiros do Nordeste do Brasil

Algumas propriedades do solo como a acidez e os teores de nutrientes, problemas freqüentes nas áreas onde estão os pomares de citros nos Tabuleiros Costeiros, geralmente podem ser corrigidas para atingir uma situação adequada consumindo pouco tempo e recursos financeiros. No entanto, alguns atributos do solo como a sua profundidade efetiva, ocorrência de impedimentos a drenagem, declividade da área, posição na encosta, ou ainda o estado atual de manejo e conservação, apresentam maior grau de dificuldades, algumas vezes de impossibilidade, para que sejam efetuadas as correções necessárias para a instalação de um pomar de citros. Em função disto, estes aspectos merecem maior atenção no momento da escolha da área.

Algumas recomendações básicas, referentes à área, para a instalação de um pomar de citros são:

    1. Áreas com solos argilosos e declividade maior que 18% ou com solos arenosos e declividade maior que 15% não são adequadas para a instalação de pomares cítricos. Essas áreas exigem práticas conservacionistas que aumentam o custo de produção a níveis que os rendimentos da cultura dificilmente podem suportar. Caso não sejam implantadas, em tais áreas, as práticas conservacionistas recomendadas, o processo de erosão destruirá o potencial produtivo do solo, com conseqüências no tempo de vida útil e na produtividade do pomar.

    2. A profundidade efetiva mínima do solo deve ser de 1,00 a 1,20 m. Para verificar essa profundidade deve-se observar se existem afloramentos de pedras, lajes contínuas ou camadas de material endurecido a pouca profundidade. É aconselhável retirar amostras de solo até a profundidade de 1,20m, utilizando trado ou abrindo pequenas trincheiras.

    3. Observar se ocorrem impedimentos à drenagem na área e se existe possibilidade de encharcamento em algum período do ano. Verificar nas zonas mais baixas da área se há formação de poças de água.

    4. Verificar as variações do lençol freático no perfil do solo ao longo do ano, cavando trincheiras ou observando os poços e cisternas no período de chuvas. As raízes dos citros não suportam encharcamento, mesmo por poucos dias, sob pena de ocorrer o apodrecimento.

    5. Nos solos dos Tabuleiros Costeiros do Nordeste do Brasil, a presença de camadas coesas subsuperficiais já é esperada; elas devem ser consideradas como um fator que dificulta a eficiência do sistema de produção e, como tal, deve ser superado. É necessário determinar a profundidade e a espessura dessas camadas, para escolher entre as técnicas disponíveis a mais adequada para resolver o problema. Práticas como subsolagem, covas para plantio mais profundas que as camadas coesas e coberturas vegetais com leguminosas e/ou gramíneas na superfície do solo, podem concorrer para superar tais limitações.

    6. Áreas com declive maior que 3% exigem a localização de curvas de nível e que as práticas mecânicas sejam realizadas acompanhando as mesmas. Quanto maior o declive maior a necessidade de práticas conservacionistas como cordões vegetais de contorno, capinas alternadas, terraços etc.

    7. No estabelecimento do pomar, as linhas de plantio (espaçamento menor) devem ficar paralelas as curvas de nível, o que faz com que as entrelinhas (espaçamento maior), onde são realizados os trabalhos mecânicos, fiquem localizadas cortando o declive.

    8. Trabalhar o solo sempre na umidade adequada, pois quando muito seco quebra excessivamente os agregados, pulverizando o solo, e quando muito úmido provoca compactação. Uma regra básica é nunca utilizar implementos mecânicos no solo quando estes estiverem provocando poeira ou o solo estiver grudando nas hastes e discos.

    9. Os solos devem ser mantidos sempre com coberturas vegetais, material vivo ou palhada. Priorizar o uso de roçadeira ao invés de grade.

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