Embrapa Gado de Leite
Sistema de Produção, No. 7
ISSN 1678-314X Versão Eletrônica
Dez/2005
Sistema de produção de leite com recria de novilhas em sistemas silvipastoris

Autores

 

Sumário

Apresentação
Importância econômica
Aspectos agro e zooecológicos
Raças
Instalações
Alimentação
Reprodução
Manejo produtivo
Saúde
Preparo para o mercado
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário

Expediente

 

Instalações

Introdução

A infra-estrutura de qualquer propriedade destinada à produção de leite consiste em um conjunto de características próprias e únicas, cujos fatores a serem considerados devem ser avaliados de forma global e interativa, quanto a disponibilidade dos recursos produtivos: terra, capital e mão-de-obra. Este procedimento é essencial para o sucesso na atividade,  quer seja ao se iniciar, reestruturar ou promover uma expansão no sistema de produção.

Deste modo, a implementação de um sistema de produção de leite requer uma caracterização apropriada da propriedade para que se possa planejar sua estrutura física, dimensionar o rebanho a ser explorado, estabelecer metas agronômicas, zootécnicas e econômicas, e preconizar a tecnologia para o manejo animal e a produção de alimentos, assim como, estabelecer a rotina de trabalho para usar no sistema de produção escolhido. 

Caracterização da Propriedade

A caracterização da propriedade é a descrição do estado da arte da propriedade, partindo-se deste conhecimento inicial, identificar a potencialidade de seus recursos naturais renováveis ou não, para implementar um plano de ação estratégico para implementar o melhor sistema de produção a ser explorado, ou seja, aquele com menor risco de insucesso para o empreendimento. Esta caracterização consiste em descrever de forma resumida a localização da propriedade e a sua estrutura física existente (ex. de modelos abaixo) , para a partir daí, estabelecer a estratégia para a implementação do empreendimento pretendido, seja ele inicial, de reestruturação metas e objetivos ou expansão da atividade.

Identificação da Propriedade 

. Município:

Estado:

. Zona Fisiografica:

. Macroregião Homogênea:

. Acesso/endereço:

 

. Latitude:

Altitude:

. Temperaturas Médias: Máxima:

Mínima:

Anual:

. Precipitação: Anual               mm; período chuvoso:               a               ,               mm

. Classificação climática:

. Relevo:

. Solos predominantes (%):

. Recursos Hídricos:

Estrutura Física  

 

Terra e usos 

Topo da Página

 

Tabela 1 -  Descrição das formas de ocupação e uso da terra

Forma de Ocupação

Atual

ha

Programada/Ano

1       2       3       4     5   

Valor

R$

Pastagens cultivadas

Pastagens uso extensivo

Cultura forrageiras para corte 

Milho

Cana-de-açúcar

Área com benfeitorias

Áreas inaproveitáveis

Matas

Reflorestamento

 

 

 

Total

 

Benfeitorias e instalações

Topo da Página

 

Tabela 2 - Descrição das benfeitorias e instalações

Item

Existente1   

Construir

Área - m²

Valor

R$

Currais de contenção

Estábulo

Sala de ordenha

Sala de leite

Seringa e tronco

Cocho para volumosos

Cercas

Casa de colonos

 

 

 

 

Total

 

 

 

 

1  informar ano de construção e estado de conservação (B = Bom, NR = Necessita reforma)

2  época prevista

 

Máquinas, Equipamentos, Motores e Utensílios

Topo da Página

 

Tabela 3 -  Descrição de máquinas, equipamentos, motores e utensílios

 

Discriminação

Existente1

Programado2

Valor - R$

Motor elétrico

Picadeira estacionária

Misturador de ração

Moinhos trituradores

Trator

Arado

Grade

Plantadeira

Cultivador

Balança

Pulverizador

Ordenhadeira

Resfriador/Tanque de expansão

Latões

Móveis de escritório

 

 

 

Total

 

 

 

1) informar ano de fabricação e estado de conservação

2) informar época prevista de aquisição.

Metas Agronômicas, Zootécnicas e Econômicas 

Topo da Página

 

Tabela 4 - Descrição das metas agronômicas e econômicas

Discriminar

Ano 

 

1

2

3

4

5

. Lotação das Pastagens

 

 

 

 

 

- extensivas (UA/ha)

 

 

 

 

 

- cultivadas (UA/ha)

 

 

 

 

 

. Milho  para silagem (t MS/ha/ano)

 

 

 

 

 

. Feno (t/ha/ano)

 

 

 

 

 

. Cana de açúcar (t/ha)

 

 

 

 

 

 . Idade ao primeiro parto - IPP (meses)

 

 

 

 

 

 . Intervalo entre partos  - IEP (dias)

 

 

 

 

 

. Mortalidade dos animais (%):

 

 

 

 

 

- até 1 ano

 

 

 

 

 

- acima  1 ano

. Serviços por concepção (doses):

. Descarte anual de vacas (%)

. Relação vaca lactação: vaca total

 

 

 

 

 

. Produção de leite:

 

 

 

 

 

     .Total anual (L)

 

 

 

 

 

     . Vaca lactação (L/dia)

    . Vaca total (L/dia)

 

 

 

 

 

. Produtividade de terra (l/ha/a)

. Produtividade da mão de obra (l/ha/a)

 

 

 

 

 

. Receita prevista (R$)

 

 

 

 

 

- Venda animais

 

 

 

 

 

- Venda leite (1.000 L)

 

 

 

 

 

. Rentabilidade (% s/ capital)

 

 

 

 

 

           

 

Tecnologia Preconizada

Descrever a tecnologia a ser utilizada ou substituída para atender a demanda de alimentação para os animais, adequar as forrageiras ao uso da terra e definir as instalações necessárias.

 

Produção de Alimentos (SISPAL)

A produção de alimentos constitui uma das principais etapas na exploração racional de um sistema de produção de leite. Disponibilidade de forragens em quantidade e qualidade é o fator determinante para que o animal externe o seu potencial máximo de produção, influenciando diretamente a produtividade por animal, produção de leite, potencial reprodutivo e a saúde do rebanho.

 

Produção de forrageiras e pastagens

- Escolha da Área

O conhecimento da propriedade é importante, pois, permite selecionar forrageiras adaptadas a cada um dos diferentes segmentos da paisagem, ou seja, sua toposseqüência (topografia). De forma resumida, na Região Sudeste, ela é formada por várzeas, meia-encosta, morro e topo de morro.

Geralmente, as várzeas são passíveis de inundações periódicas, férteis, e  por isto, prestam-se à produção de culturas e pastagens anuais (milho, sorgo , forrageiras de inverno etc) e pastagem permanente, neste caso, gramíneas forrageiras resistentes ao encharcamento devem ser usadas: capim-angola, setária, coast-cross, tangola, etc.

As áreas de meia encosta prestam-se à construção das residências e instalações rurais; caracterizam-se por apresentar fertilidade natural bastante elevada, não apresentando impedimento à mecanização por tração motorizada e devem ser cultivadas com forrageiras de alto potencial de produção de biomassa, tais como o milho e sorgo para silagem, cana-de-açúcar para corte, capim-elefante para capineira e formação de pastagens de capim-elefante, colonião, tanzânia, mombaça, estrela africana, etc. 

As áreas de morro caracterizam-se por solos de baixa fertilidade natural e declividade acentuada, apresentando forte impedimento à mecanização por tração motorizada. Para este segmento é obrigatório o utilização de práticas conservacionistas de manejo de solo e uso de  forrageiras tolerantes a acidez do solo, baixa fertilidade natural, rápida cobertura do solo após o plantio e boa capacidade de sementeação,  como as braquiárias e o capim-gordura.

Os topos de morro apresentam baixa fertilidade natural mas permitem o uso de mecanização por tração animal ou motorizada, podendo ser cultivadas forrageiras adaptadas a solos de baixa fertilidade e acidez elevada, como as braquiárias.

- Fazer análise de solo

A análise do solo, para fins de diagnóstico de sua fertilidade, constitui-se numa das práticas mais importantes do processo produtivo, principalmente quando se pensa na utilização intensiva e racional dos solos.

- Preparar a área

O preparo da área consiste em sua limpeza, deixando a área isenta de restos de culturas, entulhos diversos ( galhos, toco, pedras etc) facilitando as operações posteriores (aração, gradagem, sulcamento e plantio). Havendo necessidade de desmatamento, roçada pesada ou queima, esta operação deverá ser devidamente autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA.

- Conservação do solo

Consiste em garantir a perpetuação do recurso natural não renovável e é feita através de curvas de nível, terraceamento em terrenos mais declivosos, podendo estes, serem terraços de  base estreita ou base larga e, prática simples é  eficaz é não deixar a superfície do solo descoberta. 

- Calagem

A calagem tem como objetivos básicos neutralizar o alumínio tóxico presente na solução do solo, um dos responsáveis pela acidez do solo, bem como fornecer cálcio e magnésio, que constituem elementos essenciais para o crescimento das plantas. Sua necessidade é determinada através da análise do solo, com a quantidade de calcário a ser aplicada sendo obtida diretamente  do laboratório credenciado ou pela interpretação dos resultados da análise do solo, feita por técnico. Determinada a quantidade de calcário a ser aplicada, a distribuição é feita a lanço (manual ou mecânica) sobre toda a área,  antes da aração, com antecedência mínima de 20 a 30 dias do plantio, desde que o solo esteja úmido.

- Preparo do solo

No plantio tradicional, consiste de aração e gradagem, operações não executadas quando o plantio for direto na palha. A operação de preparo do solo tem a finalidade de melhorar suas condições físicas, melhorando a aeração e a absorção de água, facilitando o semeio, a germinação das sementes e mudas. A profundidade de aração deverá variar de 15 a 20 cm podendo ser feita com tração animal ou mecanizada.

Quando se pensa em manejo racional do solo, sob hipótese alguma, em áreas de relevo acidentado, é permitida a aração morro abaixo e morro acima.

Estabelecimento de sistemas silvipastoris Formação de capineiras Culturas forrageiras

 

Estabelecimento de Sistemas Silvipastoris 

Topo da Página

No sistema silvipastoril proposto, as árvores são plantadas em faixas de 10 metros de largura preparadas em nível, intercaladas por faixas de 30 metros de largura, destinadas às forrageiras herbáceas. 

 

Faixas de 30 metros de largura, aproximadamente, para plantio das forrageiras herbáceas, preparadas em curva de nível. Enquanto as mudas de árvores se desenvolvem pode-se usar essas faixas com culturas anuais.

 

Faixas de 10 metros de largura, aproximadamente, para plantio das mudas de árvores em covas, preparadas em curva de nível.

 

Faixas de 30 metros de largura, aproximadamente, para plantio das forrageiras herbáceas, preparadas em curva de nível. Enquanto as mudas de árvores se desenvolvem pode-se usar essas faixas com culturas anuais.

 

Faixas de 10 metros de largura, aproximadamente, para plantio das mudas de árvores em covas, preparadas em curva de nível.

  Esquema do modelo de SSP testado e proposto pela Embrapa Gado de Leite.

  

1 - Espécies arbóreas  

O sistema silvipastoril pode incluir diferentes espécies arbóreas para atender até três diferentes finalidades: a) fornecimento de sombra e de biomassa rica em nitrogênio (N) e outros nutrientes; b) produção de forragem; e c) produção de madeira, celulose, ou moirões para cerca etc.

Para o fornecimento de sombra e de biomassa deverão ser utilizadas espécies nativas, de preferência leguminosas arbóreas fixadoras de N2 que apresentarem arquitetura e características apropriadas para associação com pastagens (Carvalho et al., 2001), entre as quais a capacidade para adicionar ao solo biomassa rica em nutrientes. As pastagens cultivadas de braquiária que têm sido formadas nas áreas montanhosas da Região Sudeste e em áreas de cerrado, respondem positivamente à adição de nutrientes por espécies de leguminosas arbóreas.

Entre as espécies de leguminosas nativas, na Zona da Mata de Minas Gerais destaca-se o angico-mirim (Mimosa artemisiana) por apresentar crescimento rápido e alta capacidade para adicionar nutrientes ao solo e conseqüentemente à pastagem. Várias outras espécies nativas são recomendadas, entre as quais se incluem: angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa), angico-branco (Anadenanthera colubrina), jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra), bordão-de-velho (Samanea saman), mulungu (Erythrina spp.) e jacaré (Piptadenia gonoacantha).

A inclusão de espécies forrageiras lenhosas (árvores e arbustos) pode ser importante alternativa para suplementar a alimentação animal, principalmente durante os períodos de maior escassez de forragem, como na fase final da época seca e em anos de estação seca prolongada. Essas espécies também contribuem para o enriquecimento do solo, principalmente as leguminosas fixadoras de N2.

Há poucas espécies de forrageiras arbóreas e arbustivas adaptadas às condições das áreas montanhosas da Região Sudeste onde predominam solos ácidos como Latossolos Vermelho-Amarelo. Para essas áreas, a Acacia angustissima é a mais apropriada, de acordo com as informações disponíveis na atualidade. A Cratylia argentea, leguminosa que ocorre espontaneamente em várias regiões brasileiras, são espécies arbustivas que constituem opções para inclusão no SSP. O potencial das espécies acima mencionadas para integrar SSP em solos de baixa fertilidade e contribuir para aumentar a produção animal é considerável, devido às suas características de adaptação a solos ácidos, capacidade para reter folhas verdes durante a época seca do ano, e alto valor nutritivo, principalmente de proteína bruta.  Por esse fato são recomendáveis.

Certamente, existem outras espécies arbóreas e arbustivas que se destacam em outras regiões do País e que podem ser recomendadas para SSP em tais regiões. Contudo, deve-se dar preferência àquelas que apresentam crescimento rápido e adaptação às condições de clima e solo locais. Exemplos dessas espécies são as exóticas dos gêneros Eucalyptus e Acacia.

Como forrageira herbácea, pesquisas desenvolvidas na Embrapa Gado de Leite demonstrou que a Brachiaria decumbens tem boa tolerância à sombra moderada e, portanto, trata-se de uma espécie recomendada para formar pastagem em SSP. O Stylosanthes guianensis var. vulgaris cv. Mineirão, por apresentar excelente adaptação a condições de acidez do solo e capacidade de se manter verde na época seca, é uma leguminosa que pode ser usada na consorciação com a Brachiaria decumbens. Outra boa opção é o Stylosanthes guianensis, cv. Campo Grande.

2 - Métodos de implantação

Em áreas declivosas, as faixas de 10 metros de largura destinada ao plantio das árvores devem ser preparadas em nível, o que permitirá atender à necessidade de controlar a erosão hídrica, que em áreas íngremes ocasiona perdas de solo e pouco aproveitamento da água das chuvas.

O cultivo do solo em áreas montanhosas não é fácil, porém, existe tecnologia para o plantio de forrageiras nessas áreas usando tração animal, a qual pode ser utilizada também para culturas anuais. No SSP proposto, o preparo do solo consiste basicamente no preparo de faixas em nível, intercaladas por faixas não-preparadas, ambas com largura aproximada de dois metros , visando reduzir as perdas de solo por erosão. Essa operação é essencial principalmente nas faixas que não terão árvores, que tem a largura de 30 metros aproximadamente. 

Nas faixas que receberão o plantio das mudas de árvores, outra opção para o preparo do solo se baseia no coroamento e realização das covas. A operação de cultivo das faixas por tração animal serve também para a incorporação de calcário, nos casos em que a calagem é necessária. Os fertilizantes são aplicados em cobertura e a semeadura das forrageiras feita a lanço. Com o tempo, nas faixas não-cultivadas a vegetação existente é substituída pelas forrageiras introduzidas.

Se as mudas de árvores e as forrageiras herbáceas forem plantadas na mesma ocasião, haverá necessidade de proteção das mudas de árvores para evitar que sejam pastejadas ou danificadas pelos animais. A proteção dessas mudas poderá ser dispensada se as faixas tanto de árvores quanto as sem árvores forem usadas para culturas anuais durante 1-2 anos, ou ainda se toda a área do SSP ficar livre de pastejo durante o tempo necessário para as árvores crescerem acima do alcance dos animais.

Em solos de baixa fertilidade, o cultivo de algumas culturas anuais, como a do milho e a do feijão, por exemplo, pode ser viável. Visando ao melhoramento da fertilidade do solo nas faixas sem árvores, no primeiro ano, pode-se ainda cultivar uma leguminosa herbácea ou arbustiva como adubo verde, com o plantio das culturas anuais podendo ser realizado no segundo ano.

Métodos para a implantação do SSP

O SSP proposto foi testado no Campo Experimental de Coronel Pacheco, MG, da Embrapa, em área montanhosa, em Latossolo Vermelho-Amarelo de baixa fertilidade natural. As características químicas do solo eram: pH em água, 4,61; P disponível (Mehlich), 4,47 mg/dm3; bases trocáveis (cmolc/dm3): K, 0,11; Ca, 0,33; Mg, 0,12; Al, 0,79.

Descrição do modelo testado

Plantio simultâneo das mudas de árvores em faixas de 10 metros de largura aproximadamente e das forrageiras herbáceas em faixas de 30 metros aproximadamente (Figura 1). No modelo, não foi feita a proteção das faixas de árvores, portanto não foi permitida a realização de pastejo nas faixas de 30 metros enquanto as mudas das árvores se desenvolviam, e nem o cultivo de culturas anuais. Assim, O modelo testado permaneceu 18 meses sem utilização aguardando o crescimento das mudas das árvores. No entanto, para aprimorar o modelo, a Embrapa Gado de Leite sugere a realização de uma dessas duas práticas (proteção das mudas ou cultivos anuais), o que reduz o custo de sua implantação.

Espécies arbóreas e forrageiras herbáceas usadas

As espécies arbóreas e os espaçamentos usados foram: Eucalyptus grandis e Acacia mangium, Mimosa artemisiana (angico-mirim), Acacia angustissima e um híbrido de Leucaena leucocephala x L. diversifolia. Os plantios das mudas de árvores foi feito em linhas espaçadas de cinco metros uma da outra, totalizando três linhas por faixa. Nas linhas, o plantio das mudas foi realizado em covas, distanciadas uma da outra em quatro metros.

Na preparação das mudas de leguminosas arbóreas, as sementes das leguminosas foram inoculadas com estirpes apropriadas de rizóbio.

As forrageiras herbáceas usadas em consorciação no SSP foram: Brachiaria decumbens e Stylosantes guianensis. O plantio dessas forrageiras foi feito através de semeadura manual e superficial das sementes, usando 10 kg/ha de sementes de Brachiaria decumbens e dois kg/ha de sementes de Stylosantes guianensis.

Procedimentos adotados na instalação do SSP

Nas faixas de 30 m de largura, o preparo do solo para o plantio das forrageiras herbáceas foi feito em nível, intercalando-se faixas cultivadas por faixas não-cultivadas, ambas com largura aproximada de dois metros. As operações de preparo do solo foram realizadas no período da seca de modo a garantir que o plantio das mudas das árvores e das forrageiras herbáceas no início do período chuvoso.

O calcário e os fertilizantes foram aplicados nas faixas cultivadas, antes da semeadura das forrageiras herbáceas.  Nas condições de solo de Coronel Pacheco, MG, onde o SSP foi testado, as seguintes fontes e dosagens foram usadas: calcário dolomítico, 1.000 kg/ha; fosfato de Araxá, 600 kg/ha; superfosfato simples, 250 kg/ha; cloreto de potássio, 100 kg/ha e micronutrientes (FTE Br-16), 30 kg/ha.

As mudas de árvores foram plantadas em covas, recebendo adubação nestas covas, e em cobertura, dois meses após o plantio (Tabela 1).

Tabela 5 - Fontes e doses de corretivo e de fertilizantes usados no plantio das mudas (g/cova), e dois meses após o plantio em cobertura.  

Fonte

Dosagem

No plantio

Dois meses após

 

Eucalipto

Calcário dolomítico

50

-

sulfato de amônio

75

30

superfosfato simples

225

50

cloreto de potássio

15

15

 

Leguminosas

Calcário dolomítico

50

-

fosfato de Araxá

80

-

superfosfato simples

100

30

cloreto de potássio

25

10

FTE Br-16

10

-

 

Estabelecimento das forrageiras herbáceas e crescimento das árvores

Nas faixas de 30 m de largura, o estabelecimento da pastagem de Brachiaria decumbens consorciada com Stylosanthes guianensis cv. Mineirão foi completado entre três e quatro meses após o plantio, o que é esperado na região quando as condições climáticas são favoráveis.

O crescimento inicial das espécies arbóreas usadas foi rápido, principalmente devido a quantidade de chuvas e sua distribuição após o plantio das mudas terem sido adequadas. No presente caso, embora todas as espécies tenham apresentado crescimento rápido, houve diferença entre espécies (Tabela 2). Eucalyptus grandis, Acacia mangium e Acacia angustissima atingiram maiores alturas que as outras duas espécies desde a primeira época de avaliação.  

Tabela 6 - Altura média (m) de cinco espécies arbóreas, em três idades após o plantio das mudas.  

 

Espécies

Meses após o plantio das mudas

14

22

26

 Eucalyptus grandis

2,82 ab

4,03 a

4,15 a

Acácia mangium

2,60 ab

4,03 a

4,17 a

Mimosa artemisiana

2,45 b

2,95 bc

3,08 b

Acácia angustissima

3,19 a

3,69 ab

3,91 a

Leucaena

2,48 b

2,61 c

2,78 b

 

Médias nas colunas seguidas pelas mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de Newman-Keuls.  

O tempo necessário para o estabelecimento de um SSP é variável, dependendo principalmente do uso de espécies arbóreas de crescimento rápido, da fertilização aplicada, da época de plantio das forrageiras herbáceas e das espécies arbóreas e arbustivas e das condições climáticas. Considerando que tais fatores não sejam limitantes, em 18 meses o SSP, como ocorreu com o modelo testado pela Embrapa Gado de Leite, já pode ser usado pelos animais, embora o solo ainda não tenha recebido nenhum efeito positivo das espécies arbóreas.  

 

Formação de Capineiras

Topo da Página

 Capineira é uma área de terra cultivada com gramíneas de elevado potencial de produção de forragem que são cortadas e picadas para fornecimento de alimento verde no cocho, em especial, na época seca.  O capim-elefante é a gramínea mais utilizada para este fim, apresentando porém, grande exigência em termos de fertilidade do solo e manejo de cortes para evitar perda de qualidade da forragem. Em propriedades menores, onde são alimentados poucos animais e com produtividade elevada, plantam-se os capins guatemala e venezuela,  de rendimentos inferiores aos do capim-elefante, porém, de excelente qualidade nutricional. 

Estas espécies são plantadas nos meses de janeiro a novembro, por mudas oriundas de plantas com três a cinco meses de idade, distribuídas em sulcos espaçados de 0, 70 a 1,00 m,  devendo ser adubadas com adubo orgânico e fertilizantes químicos tanto no plantio como em manutenção. No estabelecimento  e ao longo de sua utilização devem ser procedidos tratos culturais, tais como, controle de ervas daninhas, formigas, lagartas, cigarrinha, cupins e outras pragas.

 

Culturas Forrageiras

Topo da Página

Várias são as culturas forrageiras que podem ser plantadas para a alimentação do rebanho. O principal critério para a escolha de qual forrageira a plantar deve ser feita em sua capacidade de produção e qualidade nutricional, seguidas de sua adaptabilidade à região em que se localiza o sistema de produção. Outro ponto importância é a facilidade operacional para o seu uso, como disponibilidade ou não de máquinas e equipamentos e mão-de-obra.

Cana-de-açúcar – cultura tradicional no Brasil, alta produção por unidade de área (70 a 200 t/ha), cultura de implantação e manejo simples, exigindo poucos tratos culturais, período de maturação e colheita coincidentes com o período de escassez de pasto, pequena taxa de risco de perda da cultura, disponibilidade e qualidade constantes se plantadas variedades de ciclos médio e tardio, cultura perene, produzindo um corte a cada doze meses, fonte rica de carboidratos, na forma de sacarose, bem consumida pelos animais e dispensa a conservação como silagem ou feno.

Suas limitações nutricionais para os bovinos estão relacionadas ao baixo teor de proteína bruta (2 a 3% na Matéria seca),  a qual é corrigida através da associação com 1% da mistura de nove partes de uréia e uma parte de sulfato de amônio, e a deficiência em alguns minerais, principalmente fósforo, enxofre, zinco e manganês, exigindo para tanto o fornecimento de uma  boa mistura mineral aos animais suplementados com cana.

De modo geral, para culturas agronomicamente  bem conduzidas, dois hectares de canavial são suficientes para suplementar 50 bovinos adultos durante 150 dias. O manejo de corte e retirada da produção é fator importante para a longevidade do canavial, devendo ser evitado o tráfego de veículos e máquinas sobre a área plantada, daí, a necessidade de se preparar acessos e carreadores.

A escolha das variedades é fundamental e devem ser plantadas uma ou mais variedades industriais melhoradas de cana-de-açúcar, adaptadas às condições locais, considerando-se o relevo, a fertilidade do solo e o clima da região, além de apresentar características desejáveis como alta produtividade, alto teor de açúcar, rebrotação vigorosa, ausência de tombamento e resistência a pragas e doenças.

Adubação orgânica e química devem ser usadas no plantio e manutenção do canavial. Plantio em sulcos espaçados de 1,20 a 1,30 m com 0,30 m  de profundidade, usando-se mudas retiradas de canaviais com 8 a 12 meses, vigorosos e sem infestação de pragas e doenças. Gasta-se de 10 a 12 toneladas de mudas para implantar um hectare, e duas são as épocas de plantio. Cana de ano, plantada em setembro/outubro e colhida a partir de junho do ano seguinte e a cana de ano e meio, plantada de janeiro a março (dependente de chuvas) e colhida a partir de junho do ano seguinte.

No estabelecimento  e ao longo de sua utilização devem ser procedidos tratos culturais, tais como, controle de ervas daninhas, formigas, lagartas, cigarrinha, cupins e outras pragas.

Mandioca – de fácil adaptação, a mandioca é cultivada em todos os estados brasileiros, solteira e em cultivo associado,  exigindo solos bem drenados, não excessivamente argilosos, com boa profundidade efetiva e pH entre 5,0 e 6,0. O potencial máximo de produção é atingido com adubação adequada e dentre os macronutrientes, o fósforo permite resposta mais acentuada em termos de produtividade. O plantio é normalmente feito no início da estação chuvosa, em Minas Gerais, é plantada de outubro a  dezembro nas áreas de Cerrado e de junho a  setembro na Zona da Mata.  Selecionar  uma cultivar para se conseguir boa uniformidade e maior produtividade do mandiocal, escolher manivas maduras provenientes de de plantas com 10 a 14 meses de idade. Usar apenas o terço médio das manivas, eliminando a parte herbácea superior. Essas manivas devem possuir um diâmetro em torno de 2,5 cm,    sendo que a medula deve ocupar 50% ou menos disso.

O plantio é feito em sulcos de 10cm de profundidade, e os melhores rendimentos têm sido obtidos com espaçamentos de  1,00mx0,50m e 1,00mx0,60m, em fileiras simples e 2,00x0,60mx0,60m, em fileiras duplas.  É necessário o controle de plantas daninhas, pragas comuns (mandarová, ácaros, percevejo de renda, mosca branca, mosca do broto, broca do caule, cupins e formigas) e doenças (bacteriose, antracnose, podridão das raízes e o superbrotamento).

Na alimentação animal, tanto a parte aérea quanto as raízes podem ser consumidas pelos animais na forma fresca, seca ao sol sob a forma  de raspa da raiz, feno de ramas e ensilada. O fornecimento da matéria fresca é o modo mais simples de fornecer raízes e parte aérea da mandioca aos animais. Trituração ou picagem e murcha em condições ambiente, por 24 horas, são necessárias para servir aos animais. Para ruminantes, tratando-se apenas da parte aérea, misturá-la com 50% de outros volumosos. A introdução deste alimento na alimentação animal deve ser feita de forma gradativa para adaptação, sendo a quantidade dependente da espécie, idade e da produção do animal.

A qualidade da silagem ou feno da parte aérea da mandioca depende da rapidez da colheita, picagem e acondicionamento do material a ser armazenado.

Milho ou Sorgo – Em sistemas sem irrigação, o plantio do milho deve ser feito no início do período chuvoso. Pode-se fazer dois plantios por ano em áreas irrigadas, nesse caso, usar cultivares precoces. Como o sorgo exige menos quantidade de água para se desenvolver, o seu plantio pode ser feito tanto no início como no final do período chuvoso. Culturas exigentes em solos com boa drenagem e férteis, podendo ser plantados em plantio tradicional ou plantio direto. Recomenda-se o uso de herbicidas em pré-plantio ou pré-emegência, nesse caso, consulte um Engenheiro Agrônomo e peça uma  indicação e o receituário para aquisição do herbicida, use equipamentos de proteção e siga as recomendações para uso dos produtos e o descarte das embalagens após o uso.

A cultivar de milho ou de sorgo deve ser aquela que mais se adapta à região e que seja boa produtora de grãos, para assim, assegurar a produção de silagem de boa qualidade.

Cultivares normais (variedade ou híbrido) apresentam porte alto, atingindo o ponto de ensilagem cerca de 120 dias após o plantio de verão, estendendo-se em até 30 dias nos plantios tardios com colheita no inverno.

Cultivares precoces são de porte mais baixo, resistindo melhor ao tombamento e oferecem melhor relação espiga:colmo, e ponto de ensilagem pode ser antecipado em 20 dias, em relação às cultivares normais.

O espaçamento, a profundidade de semeadura e o número de sementes por metro linear (densidade de plantio) dependem do tipo de solo, da disponibilidade de chuvas ou irrigação na área, da capacidade da cultivar em aproveitar a luz e os nutrientes, e do porte da planta. Para cultivares de milho de porte e ciclo normais, é recomendado o espaçamento de 0,90 a 1,00 m entre linhas,  e para cultivares de porte mais baixo e precoces o de 0,80 a 0,90m. A profundidade de plantio é de 4 cm para solos argilosos  a 5 a  8 cm para solos arenosos.

A densidade de plantio, população ou número de plantas por hectare  deve ficar entre 40000 e 50000 plantas/ha para cultivares de ciclo normal, e de 50000 a 60000 plantas/ha para cultivares precoces.

A quantidade (kg) de sementes necessária cada hectare depende do tamanho da peneira, e devem ter um acréscimo de 20% para compensar eventuais perdas no campo, gastando-se em média de 20 a 26 kg de sementes/ha.

A população final para o sorgo deve ficar entre 150000 e 200000 plantas/ha, sendo gasto em média de 8 a 10 kg de sementes/ha. Considerando sementes com valor cultural superior a 70% e um acréscimo de 30% para compensar perdas diversas.

A adubação é feita em função da análise de solo e do histórico de uso da área. A adubação de cobertura para o milho é realizada quando as plantas apresentarem 8 a 10 folhas bem desenvolvidas e, em sorgo, 30 a 35 dias após a emergência das plântulas. Doses de N acima de 100 kg/ha, como regra prática, recomenda-se que sejam divididas em duas aplicações com a primeira cobertura aos 20 a 25 dias com metade da dose de N e o restante aos 35 a 40 dias da emergência da plântula.  O adubo deve ser colocado na superfície do solo próximo à linha de plantio, podendo ser distribuído a lanço, com adubadeira manual e/ou cultivador-adubadeira, ou ainda a tração mecânica.

Os tratos culturais necessários à condução da cultura são o controle mecânico ou químico de plantas  daninhas e combate a pragas (formigas, lagartas etc.).

Girassol (Helianthus annuus L.)-  é uma planta originária do continente norte-americano, pertencente à família das Compostas. Possui raiz pivotante profunda, que atinge cerca de 2 metros ou mais de profundidade e ciclo vegetativo médio de 120 a 130 dias. A partir de pesquisas do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), da EMBRAPA e de algumas universidades, pode-se afirmar que o país possui hoje tecnologia para produção dessa cultura.

É uma cultura alternativa ao milho na produção de silagem na safrinha, pois possui maior tolerância às deficiências hídricas e ao frio, podendo atingira de 20 a 30 t/ha de matéria verde. Por isso é uma excelente opção para os agricultores que produzem silagem na segunda safra, quando as condições climáticas são mais adversas. A silagem de girassol apresenta teor de proteína superior ao do milho (aproximadamente 30%), sendo também, em média, 20 a 30 dias mais precoce. A cultura do girassol para produção de silagem na safrinha não exige grandes investimentos em insumos, porém responde bem à utilização destes, pois o girassol aproveita bem os resíduos da adubação da cultura anterior e tem boa capacidade para suportar a competição com o mato. A calagem é indispensável, pois a planta é sensível à acidez do solo. A quantidade de calcário é a recomendada pela análise de solo para elevar o índice de saturação de bases para 70% e pH acima de 5,2.

Com base na análise de solos e do histórico da área, recomenda-se aplicar, na adubação, de 40 a 60 quilos por hectare de nitrogênio, de 40 a 80 kg / hectare de P2O5 e de 40 a 80 kg / hectare de K2O . O nitrogênio deve ser aplicado 30% no plantio e o restante em cobertura até 30 dias pós a emergência das plantas. Em áreas novas, recomenda-se também a aplicação de 20 kg / hectare de enxofre, que pode estar sendo suprido se há uso constante de sulfatos. Outro elemento indispensável para o girassol é o boro, cuja aplicação deve ser feita de forma convencional, nunca por via foliar.

Se houver necessidade de uso de herbicidas, há 3 registrados para a cultura: trifluralin, alchlor e setloxydim. Um outro ponto interessante é a possibilidade de produção de até 20 a 30 kg de mel por hectare através da introdução de colméias nas culturas, o que indiretamente aumenta a produção de grãos pela melhor polinização, já que a sua florada dura de 15 a 30 dias, o que deve ser levado em consideração caso haja necessidade de uso de algum inseticida.

O período de plantio é muito amplo em todo o Brasil, na região Sudeste, deve ser plantado no perído de safrinha, ou seja, de fevereiro a março. O plantio no período de safra normal (primavera-verão) é anti-econômico,  e pode ocasionar sérios problemas fitossanitários. O espaçamento entrelinhas poderá variar de 0,70 a 0,90 m (0,7 m se usar plataforma para soja e 0,8 a 0,9 m se for usar plataforma de colheita para o milho), semeando-se de 5 a 7 sementes por metro linear, dependendo da cultivar, procurando-se atingir 45 a 60 mil plantas por hectare. De acordo com o tamanho da semente, gasta-se 4 a 5 kg de sementes por hectare. Mesmo plantado em épocas corretas pode sofrer ataque de maritacas se estas não dispuserem de outras alternativas de alimentos na região, da mesma forma que para o sorgo, fator esse agravado pela perda de áreas com florestas.

. Formação ou recuperação de pastagens

Consiste na implantação da espécie forrageira escolhida e pode ser  feita por sementes e mudas. É o processo mais eficaz para  se produzir leite,  carne ou lã.

A formação de pastagens de gramíneas por sementes, constitui o método mais utilizado, especialmente para áreas extensivas e as espécies forrageiras comumente usadas são as Brachiarias (decumbens e brizantha), os panicuns (capim-colonião, green panic, sempre verde, makueni, tobiatã, mombaça, tanzânia, massai, o andropogun e a setaria. Diversas espécies forrrageiras, principalmente as leguminosa, possuem tegumento externo protetor (casca), dificultando a entrada de umidade, prejudicando a germinação. A escarificação das sementes pode ser feita por procedimentos mecânicos, químicos e com água, havendo necessidade de fazer a inoculação da semente escarificada. Outras espécies possuem dormência fisiológica e precisam ser armazenadas em condições especiais para completarem a maturação.

Consciente de que pasto é uma cultura que agrega valor através dos animais que retiram os nutrientes para sua sobrevivência e produção, procedimentos importantes para implantar ou recuperar pastagens são a qualidade das sementes (pureza e germinação, valor cultural das sementes), e adubação - fundamental para o seu estabelecimento e manutenção, além de um bom preparo do solo, semeadura correta e manejo consonante com os hábitos de crescimento da planta forrageira utilizada.

A propagação de gramíneas como a grama estrela, o capim coastal-cross, tiftons e o capim-elefante, é feita através de mudas vegetativas. A área a ser plantada deve ser bem preparada, aberto sulcos (20 a 25 cm de profundidade), realizar a adubação de plantio em função da análise do solo, distribuir as mudas (colhidas de viveiros sadios e não praguejados com outras espécies) no fundo dos sulcos e cobrir as mudas com uma camada de terra não muito espessa, para não retardar a brotação das gemas e aumentar o aparecimento de plantas daninhas na área.

Prática importante é realizar o pastejo de formação, o qual, deve ocorrer 60-90 dias após o estabelecimento da forrageira. Consiste na entrada de grande número de animais na área em formação por um curto período de tempo, com o objetivo de forçar maior perfilhamento e permitir uma cobertura do solo mais rápida.

A divisão, a rotação das pastagens e o controle da carga animal têm sido uma forma de manejo eficiente para evitar a degradação, dando oportunidade às plantas de se recuperarem após o pastejo. Além disso, os animais têm oportunidade de selecionar partes mais nutritivas da planta, principalmente as folhas, que se desenvolveram com o período de descanso.

A manutenção de cobertura vegetal remanescente após o pastejo, além de promover a reciclagem de nutrientes, protege o soo contra o ressecamento  excessivo e evita erosão por ocasião das chuvas mais intensas.

. Banco de Proteína

É uma área de terra cultivada com leguminosa de elevado potencial de produção e qualidade de forragem que são cortadas e picadas para fornecimento de alimento verde no cocho, em especial, na época seca, Presta-se ao pastejo controlado no qual, os animais têm acesso diário, podendo ser de forma contínua ou limitada por um período de tempo. Guandu (arbustiva), leucena (arbórea), soja perene e estilosantes são as leguminosas mais utilizadas. Os procedimentos para a implantação são os mesmos recomendados para a formação de pastagens e capineiras.

Conservação de forragens

Na maioria das áreas agrícolas do mundo, fatores de clima impõem às forrageiras  períodos de intenso crescimento alternados com períodos de baixa produção. O correto uso da silagem e da fenação permite o armazenamento de volumosos de boa qualidade que podem ser fornecidos ao gado nas épocas de escassez de pastagem ou como complemento ao pastejo ou, ainda, como principal alimento no caso de se adotar o confinamento total dos animais.

Várias forrageiras, sozinhas ou combinadas, podem ser ensiladas em diversos tipos de silos.

- Silagem

É a forragem verde armazenada na ausência de ar e conservada mediante fermentação em depósitos próprios, chamados silos. Várias forrageiras, sozinhas ou combinadas podem ser ensiladas. O valor nutritivo da silagem vai depender principalmente da forrageira utilizada. O milho, o sorgo e o capim-elefante são as principais forrageiras usadas para ensilagem, sendo o milho a mais comum e de maior valor nutritivo dentre essas três. Recentemente, os capins tanzânia e mombaça e o girassol passaram   a ser utilizados na confecção de silagem. Devido à sua menor digestibilidade, a silagem de sorgo tam apresentado 70 a 90% do valor nutritivo da silagem de milho. A silagem de capim- elefante, mombaça e tanzânia é, qualitativamentebem inferior à do milho e do sorgo, enquanto a de girassol apresenta valor intermediário.

- Feno

É um alimento volumoso, preparado mediante o corte e desidratação de plantas forrageiras. Esse processo é denominado fenação e que resulta na forragem desidratada e, dessa forma, ela pode ser armazenada por vários meses, sem perder o seu valor nutritivo. Excelente maneira de se aproveitar o excedente de pasto, entretanto, a qualidade do feno estará sujeita a grandes variações em função da condição da pastagem, da espécie forrageira, da época e idade da planta e da maior instabilidade climática no verão.  A maioria das gramíneas forrageiras presentes nas pastagens podem ser utilizadas, devendo-se evitar aquelas com caules grossos, difíceis de ceifar e secar. O ponto de feno ideal para enfardar o material é 20% de umidade e uma maneira prática de averiguação é fechar com força uma amostra do feno da mão; se a forrageira quebrar quase totalmente ou, ao abrir a mão, não tiver tendência a voltar à forma inicial, indica que o feno está em condições de ser enfardado.

- Outros

Outro produto que se obtém mediante a desidratação é a raspa de mandioca, que pode ser armazenada e utilizada como componente energético na alimentação do gado, em substituição parcial ao milho ou sorgo. A produção de raspa de mandioca a nível de fazenda consiste no arranquio, transporte até o local onde será preparada a raspa, após a remoção do excesso de terra, lavagem opcional das raízes, picagem ou corte  das raízes em fatias ou rodelas de no máximo 1 cm de espessura, secagem em terreiro com carga inicial de 5 a 10 kg de raspa por m², revirar o material a intervalos de 2 a 3 horas, amontoar e cobrir durante a noite para proteção contra chuva ou orvalho. O ponto de secagem (menos de 15% de umidade) é atingido com 2 a 4 dias, dependendo das condições do tempo e dos procedimentos adotados, e é determinado de forma prática quando, tomando-se  um pedaço de raspa, este riscar como se fosse giz.

 

Produção Animal (SISPAN)

Preconizar as técnicas para o manejo das diversas categorias de animal, estabelecer as estratégias para o melhoramento genético , manejo reprodutivo e nutricional do rebanho e os critérios de ordenha e qualidade do leite.

. Bezerros

. Cria

. Recria

. Novilhas

. Vacas

. Melhoramento genético

. Manejo reprodutivo

. Manejo sanitário

. Manejo nutricional

. Ordenha e qualidade do leite

. Outros

Detalhes sobre a atividade de produção, conservação e utilização de forrageiras e pastagens, alimentação, manejo reprodutivo e melhoramento genético, sanidade animal e ordenha podem ser encontrados  no Manual Técnico: Trabalhador na Bovinocultura de Leite, produzido pela Embrapa-Senar-AR/MG, Embrapa Gado de Leite: 20 anos de pesquisa.. 

Gerenciamento (SISGER)

Detalhar a forma de gerenciamento da propriedade quanto a:

. Gerenciamento do rebanho

. Descrever o sistema de registro de dados, se por fichas ou com auxilio de programas especiais (softwares) para o controle zootécnico do rebanho.

. Acompanhamento econômico e financeiro

. Análise financeira de unidade de produção de leite. Coronel Pacheco - MG EMBRAPA - CNPGL, 1994 15p EMBARRA - CNPGL, Documento, 58.

. Comercialização

. Informar os critérios e procedimentos adotados para a comercialização de leite e animais.

É importante ressaltar que diversos sistemas (software) de gerenciamento estão disponíveis no mercado e que são ferramentas fundamentais para este gerenciamento.

 

Estrutura organizacional

 

Estabelecer o número mínimo de pessoas necessário ao desenvolvimento do empreedimento, bem como elaborar o plano de treinamento e qualificação, delegar responsabilidades, estabelecer o plano de cargos e salários e definir as funções inerentes a cada cargo/atividade.

. Equipe de Assessoramento e Apoio Técnico

. Coordenação/Administração Geral e Responsáveis pelos Setores

. Quadro de Pessoal

. mão-de-obra para produção de alimentos

. mão-de-obra para manejo do rebanho

 

Planejamento das instalações

De posse das informações levantadas e estabelecido o conceito e forma do sistema de produção passa-se a fase do planejamento propriamente dito que é dividido em duas fases distintas, porém, interativas:  

Anteprojeto Projeto
Definição das Instalações Dependência das características dos sistemas produtivos

 

Anteprojeto

Topo da Página

Para que o planejamento de uma construção rural ou de um conjunto de instalações para animais seja bem elaborado, há necessidade de que todos os fatores de produção envolvidos sejam econômica e tecnicamente analisados pelo engenheiro projetista. Detalhes técnicos, construtivos e as características de cada tipo de construção devem ser levantados e considerados na fase de anteprojeto. Neste particular, projetar instalações para animais não significa apenas dimensionar estruturas e definir espaços, mas dimensioná-las em função das necessidades próprias do animal e de sua interação com o meio ambiente e o homem.

 

Projeto

Topo da Página

A definição de uma estrutura física de uma propriedade destinada a produção de bovinos de leite deve ser considerada sob duas fases. A primeira, concerne à área disponível e o programa de uso de solo, para, a partir deste referencial, determinar o dimensionamento/tamanho e a evolução do rebanho, que é determinante para a segunda fase, que consiste no planejamento das instalações, benfeitorias e a quantidade de máquinas motores e equipamentos necessários à condução do sistema de produção.

 

Definição das Instalações

Topo da Página

A intensificação dos sistemas de produção de leite tem evoluído para um sistema de exploração na qual o uso de tecnologia e capital passam a exigir, do produtor, melhor gerenciamento sobre os recursos produtivos. Esta tendência, afeta o sistema de produção como um todo, onde os investimentos realizados precisam ser analisados com efetividade. Assim, a adoção da exploração tecnificada poderá ser dirigida para o manejo animal em regime de pasto associado à estabulação parcial (semi-confinamento) ou estabulação completa (confinamento total). Estes tipos de manejo requerem o planejamento de instalações funcionais visando aumentar a eficiência da mão-de-obra, oferecer condição de conforto aos animais, reduzir o número de acidentes, bem como, reduzir os custos de produção de leite. Deste modo, torna-se essencial dar atenção ao planejamento dos componentes que constituem uma instalação típica para a exploração de bovinos de leite.  

O detalhamento do manejo é, sem dúvida, o requisito fundamental para o projetista desenvolver o projeto global das instalações, devendo ser cuidadosamente estudado para atender as necessidades preconizadas para o manejo adotado. Havendo falhas na concepção desse manejo, dificilmente se consegue projetar boas instalações, podendo comprometer o desempenho dos animais e inviabilizar o sistema de produção. Além disso, as instalações e os equipamentos desempenham função estratégica nas decisões do planejamento, pois elas representam uma parcela significativa do investimento produtivo, sendo que a vida útil das instalações é de 20 a 40 anos e a dos equipamentos, de 5 a 15 anos.

 

Dependência das características dos sistemas produtivos

Topo da Página

Definido o sistema de produção a ser adotado e o manejo detalhado do sistema produtivo, o projetista inicia a elaboração do anteprojeto das instalações, verificando o arranjo físico (“layout”) mais adequado do conjunto das instalações no local previamente determinado e preparado. Após a definição desse “layout” juntamente com o proprietário e demais membros de decisão, será elaborado o projeto global das instalações, com todas as informações e detalhes necessários para a edificação:

a) Plantas:

-          Planta baixa, cortes e fachadas (escala 1:50 ou 1:100)

-          Detalhes (escala 1:10, 1:20 ou 1:25)

-          Planta de cobertura (escala 1:200)

-          Planta de situação (escala 1:200)

 

b) Memorial descritivo das construções ou especificações técnicas: as informações deverão ser claras e concisas com as descrições dos serviços, modo e processo de execução, materiais, aparelhos e peças a serem utilizados de acordo com o projeto arquitetônico, estrutural, elétrico, hidráulico e outros que se fizerem necessários. 

c) Orçamento: deverá estimar o custo provável da obra a ser executada, considerando: materiais, mão-de-obra, encargos sociais, manutenção de equipamentos e ferramentas, benefícios e despesas indiretas (BDI).

O orçamento pode ser feito de duas maneiras: pela relação total de materiais e mão-de-obra (tabelas para composição de custos) e por unidade e custo (preços de unidades construtivas, obtido em revistas especializadas). 

d) Cronograma físico-financeiro: numa tabela planejam-se os serviços a serem executados, o período de execução (mensal ou trimestral), o tempo gasto para cada atividade (serviço) e a previsão de custo ou faturamento no período e o custo total do serviço. Um cronograma físico-financeiro bem elaborado facilita muito na administração da obra, trazendo economia de tempo e dinheiro. 

 

FATORES QUE AFETAM A ESCOLHA DAS INSTALAÇÕES 

As instalações destinadas a alojar o gado leiteiro devem ser simples, eficientes, de baixo custo, e proporcionar aos animais condições de conforto, espaço e proteção de um ambiente limpo, seco, e de boas condições sanitárias para evitar doenças e permitir uma produção higiênica do leite.

Fatores econômicos e técnicos, precisam ser considerados na escolha do tipo de instalação. Alguns princípios básicos devem ser seguidos quando do planejamento e escolha das instalações para um sistema de produção.

Localização: As instalações devem ser localizadas em área ampla, de fácil acesso, boa drenagem e relativamente distante de construções particulares, para evitar possíveis problemas com doenças, moscas e odores. Água de boa qualidade e eletricidade devem ser supridas.

Tamanho ou capacidade: As instalações devem ser suficientes para alojar o número de animais (jovens e adultos) existentes e que serão mantidos na propriedade. Também devem oferecer condições para que os animais sejam mantidos sob conforto físico e térmico quando são alimentados, ordenhados ou outra atividade de manejo.

Tipo de instalação: A escolha do tipo de instalação depende entre outros fatores, do capital disponível, maior ou menor intensidade de mecanização, quantidade e qualidade da mão-de-obra e da preferência do produtor. A instalação escolhida deve proporcionar alto grau de eficácia da mão-de-obra, que está envolvida diretamente com a movimentação de alimentos, esterco, leite e animais. O volume de cada uma dessas atividades é considerável, e movimentar, em linha reta, o alimento, dejetos e animais, aumenta grandemente a eficiência e eficácia da mão-de-obra. Evitando-se os cantos, os corredores afunilados, degraus e pisos escorregadios, melhora-se a locomoção de animais e se minimiza o risco de injúrias principalmente dos membros e úbere.

Indiferente do tipo de instalação adotado, componentes essenciais do sistema precisam ser incluídos nas instalações centrais. Estes componentes ou áreas, são destinadas a:

· alojar os animais;

· alimentar dos animais;

· armazenar volumosos e concentrados;

· ordenha

· maternidade, enfermaria e tratamento, locais para realizar inseminação artificial e outras áreas de serviço;

· área para cria e recria dos animais; e

· abrigo de máquinas e equipamentos.

Alojar os animais: As instalações destinadas a alojar as diversas categorias de animais se um rebanho são projetadas em acordo com o sistema de exploração a ser adotado: pasto ou confinamento. O manejo em pasto, requer estruturas mais simples e são em geral, mais baratas do que as utilizadas em confinamento. Neste caso, currais, sala de ordenha, sala de leite, escritório, bezerreiro convencional ou abrigos individuais, silos, abrigos rústicos para novilhas  e cochos cobertos para minerais, construídos nos pastos. tronco para contenção dos animais, depósito para alimentos e preparo de rações, reservatório de água, bebedouros, galpão para abrigo de máquinas e equipamentos  e cochos cobertos (O sistema de produção implantado no CNPGL. EMBRAPA - CNPGL. Documentos, 1).

Outro tipo de instalação que pode ser utilizada é o chamado Miniestábulo ou Sistema de sala-de-ordenha, que é  um estábulo de tamanho reduzido, destinado a comportar de 4 a 12 animais por vez, variando com o tamanho do rebanho, podendo a ordenha ser manual ou mecânica. A principal vantagem é a redução do custo de construção. É de fácil manejo, pois as vacas são manejadas em lotes. Antes da ordenha, as vacas ficam no curral-de-espera; depois de ordenhadas vão para o curral de descanso e alimentação, ou diretamente para o pasto.

Ilustrando este tipo de instalação, para um rebanho estabilizado com 48 vacas em lactação, deve-se, primeiramente, projetar a composição média do rebanho (número e categoria de animais) e o manejo a ser adotado. Para manter, em média, esse número de fêmeas lactantes, devem ocorrer, durante o ano, aproximadamente cinco nascimentos por mês. Desse modo, são necessários 13 abrigos individuais para alojar os bezerros(as) até aos 70 dias, quando serão transferidos para os pastos (piquetes).

 

Tabela 7 - Composição média do rebanho, exemplo hipotético. 

Categoria

Número de cabeças

Local de manejo e de alimentação suplementar

Vacas em lactação

48

Estábulo e pato

Vacas secas

12

Pasto

Novilhas gestantes

22

Pasto

Fêmeas de 1 a 2 anos

22

Pasto

Fêmeas até 1 ano

24

Abrigos individuais até aos 70 dias

Pasto após 70 dias.

Machos até 1 ano(1)

24

Abrigos individuais até aos 70 dias

 Pasto após 70 dias.

Total

152

 

(1) Quando se faz recria de machos.

 

Considerando o rebanho descrito, as instalações a serem projetadas poderão ser assim distribuídas, no caderno de plantas:

 

·        Conjunto A: 3 currais, para 16 vacas cada um, cocho para minerais, curral-de-espera, sala-de-ordenha para seis vacas, pedilúvio, sala-de-leite, escritório, depósito de ração e farmácia.

·        Conjunto B: Sala para picadeira e depósito de ração.

·        Estrutura para conservação de forragens (silos trincheira ou superfície, 320 t).

·        Conjunto de abrigos individuais para bezerros, (0 a 70 dias de idade).

Conjunto C: seringa, tronco coletivo, tronco individual e embarcadouro opcional.

O manejo em confinamento total exige maior investimento em instalações, máquinas e equipamentos, além de apresentar uma complexidade maior para o planejamento, porque necessita uma interação entre a movimentação de animais, alimentos e dejetos produzidos  Outro aspecto de grande importância é o sincronismo na realização e o monitoramento dessas operações, fato este, que requer mão-de-obra qualificada. Também, o gerenciamento técnico e econômico-financeiro precisam ser intensificado.

- Sistema de alimentação: Dele depende a necessidde de área para galpões de armazenamento de alimentos (volumosos e grãos) e área para confecção de ração (moinho desintegrador, misturador, etc.), se esta for produzida na fazenda. Silos devem ser localizados próximos da área de alimentação.

- Sistema de ordenha: Depende do número de vacas em lactação, nível de produção do rebanho, tempo desejado para a ordenha e, principalmente, pelo seu custo inicial.

- Descarte das fezes e urina: Na exploração de leite, onde os animais são mantidos em regime de semi ou estabulação completa, talvez este seja o maior problema. A movimentação do esterco para armazenamento pode ser na forma sólida (esterqueira e distribuição direta nos campos de culturas ou pastos), líquida (lagoa, utilizando-se da água da lavagem como veículo), sendo posteriormente descartado. Recentemente, foi introduzido no CNPGL, o manejo de esterco, no qual esterco e urina são depositados em tanques para aeração e homogeneização, acrescidos da água utilizada para limpeza automática dos galpões de confinamento. Após a estabilização, este esterco líquido (biofertilizante), é utilizado nas áreas de cultura através de sistema de irrigação. Outra interessante é a Compostagem, um processo biológico de transformação da matéria orgânica crua em substâncias húmicas, estabilizadas, com propriedades e características completamente diferentes do material que lhe deu origem. É uma técnica idealizada para se obter mais rapidamente e em melhores condições a desejada estabilização da matéria orgânica).

A compostagem é um processo de digestão aeróbia da matéria orgânica por microrganismos em condições favoráveis de temperatura, umidade, aeração, pH e qualidade da matéria-prima disponível. A eficiência do processo baseia-se na perfeita interação desses fatores.

Os principais tipos de compostagem utilizados, dependendo da quantidade da matéria-prima disponível, são: em leiras, pilhas aeradas, pilhas estáticas, caixas de alvenaria ou madeira, etc.

Atualmente os sistemas de compostagem têm recebido muita atenção dos pecuaristas pela oportunidade de venda do composto para produção orgânica, agregando valor à atividade leiteira. (Embrapa: Instrução Técnica para o Produtor de leite- Sustentabilidade da Atividade Leiteira nº 52. Tratamento e manejo de dejetos de bovinos).

- Flexibilidade de local: Novas instalações devem ser previstas de modo a permitir expansão futura e adaptação de novas tecnologias.

- Exigências legais: As instalações devem preencher todos os requerimentos legais para a produção e comercialização do leite (Normas de produção do M.A., exemplo: Leite B e Leite A).

- Orientação: a orientação das instalações é fator intimamente relacionado com o clima do local e que uma boa orientação tem maior importância em alojamentos abertos, onde, além de permitir uma máxima insolação interna no inverno, deve garantir a proteção contra os ventos dominantes e frios.

Em condições de clima tropical e subtropical, como ocorre em nosso hemisfério, as coberturas são orientadas, normalmente, no sentido leste-oeste, para que no verão haja menor incidência de radiação solar no interior das instalações e maior insolação da face norte no inverno.

Os cochos cobertos para volumosos, cuja geometria da cobertura é geralmente estreita e alongada, a melhor orientação é a leste-oeste, permitindo máximo sombreamento durante o verão e maior exposição da face norte no inverno. Nestas instalações, o cocho de alimentação deve ser locado na face sul, onde  permanece sombreado durante o ano todo, evitando o ressecamento da forragem e dando maior conforto aos animais.

Em abrigos exclusivos para sombreamento dos animais, onde não há limitação de espaço nas laterais para movimentação dos animais, a melhor orientação é a norte-sul. Desta forma, os animais se movimentam juntamente com o deslocamento da sombra do abrigo, permitindo maior exposição solar do piso, reduzindo a formação de lama e mantendo-o mais seco, além de usufruir do poder germicida da radiação solar na desinfecção do piso.

Nos bezerreiros, as baias individuais devem ser orientadas de modo que recebam o sol da manhã, devido aos efeitos benéficos dos raios solares sobre a saúde dos animais. Deste modo, os bezerreiros são projetados com todas as baias individuais do lado leste, as coletivas do lado oeste e a cobertura no sentido norte-sul.

No caso dos abrigos individuais (gaiolas) para bezerros, a abertura principal deve ficar exposta para o leste, permitindo a entrada do sol da manhã no interior dos mesmos, mantendo assim a cama mais seca e o sombreamento da lateral sul do abrigo, já que os bezerros têm livre acesso à sombra.

- Bezerreiros: geralmente, fazem parte do corpo dos estábulos clássicos e das salas-de-ordenha, quando a ordenha é feita com o bezerro ao pé. Entretanto, podem ser separados, principalmente se o aleitamento for artificial. As baias podem ser individuais ou coletivas, com piso de cimento ou ripado, devem dar acesso a solário ou piquete gramado.

O uso de abrigos individuais (gaiolas) é recomendado pela facilidade de manejo, limpeza, desinfecção e baixo custo. Além disso, os animais apresentam menos problemas sanitários, menor mortalidade e maior consumo de ração. (http: www.sinueloagopecuaria.com.br/produtos), Embrapa Gado de Leite - Orientações Técnicas para o Produtor de Leite, Folha solta nº 2. Manejo de bezerros nos abrigos individuais

- Baias para touros: mesmo com o uso da inseminação artificial, às vezes, há necessidade de se manter um ou mais touros na propriedade para repassar os animais, que por qualquer motivo não são fertilizados pela inseminação. Tecnicamente, recomenda-se o uso da inseminação artificial. A partir dos 3 a 4 anos de idade é comum os touros (principalmente de raças européias), quando mantidos presos, tornarem-se perigosos pela agressividade, e todo cuidado deve-se ter ao manejá-lo. Por esse motivo e por razões de segurança, a baia deve ser planejada de tal maneira, que não haja necessidade de entrar nela para alimentar e manejar o touro.

O abrigo deve ser sólido, bem construído, com paredes, cercas e cochos bem reforçados, localizado em lugares onde seja fácil levar as vacas em cio. O caso mais simples é uma cobertura  do tipo galpão,  no piquete, dotada de comedouro e bebedouro. As dimensões básicas das baias são de 10 a 16 m2, sendo de 3,20 x 3,20 m para raças menores e 4,00 x 4,00 m para raças de maior porte, divisórias com madeira de lei ou alvenaria de um tijolo com cintas e pilares de concreto armado, com 1,80 a 2,00 m de altura, pé direito de 2,70 a 3,00 m, portões de madeira ou de chapa com ferragens reforçadas. A fixação de argolas no focinho do touro, no cocho ou no esteio é muito importante para contenção do animal nos casos de vacinação, pulverização, aplicação de medicamentos e curativos. O piso deve ser concretado com 6 a 8 cm de espessura, com declive de 2 a 3% no sentido de canaletas coletoras de águas de limpeza e resíduos orgânicos.

O piquete de exercício adjacente à baia ou pequeno pasto é imprescindível para a saúde dos touros, 80 a 100 m2 de área são suficientes. As cercas devem ser fortes e resistentes, à semelhança daquelas indicadas para os currais para gado de corte.

- Cochos externos: são os cochos de sais minerais e os cochos para distribuição de volumosos e concentrados nos currais e nos pastos. Reserva-se nesses últimos um espaço linear de 0,60 a 0,80 m por animal adulto, dependendo do porte dos animais.

- Brete ou tronco para vacinação: é uma instalação imprescindível no manejo do gado, facilitando a pulverização, marcação, vacinação e outras atividades dependentes da contenção dos animais. Troncos maiores permitem a colocação de maior número de animais por vez, reduzindo o tempo gasto para execução das atividades de manejo. Sempre que possível, deve terminar num embarcadouro de gado, facilitando a carga e descarga de animais diretamente em caminhões.

Há também troncos metálicos, fixos ou móveis, que podem ser adquiridos no mercado.

- Currais: o número e o tamanho dos currais variam conforme o tamanho do rebanho e o sistema de exploração. A área recomendada por vaca varia de 2 a 10 m2, dependendo do tempo que o gado permanece preso.

O piso deve ser revestido por concreto, ou calçado com lajes de pedra, para evitar a formação de lama no período das chuvas, e de poeira na época seca. O piso de pedra, normalmente, é muito escorregadio podendo provocar acidentes e lesões nos animais.

As divisórias dos currais podem ser construídas com réguas e mourões de madeira (roliça ou serrada) de cimento, muros de alvenaria, tubos galvanizados, trilhos de estrada de ferro, etc. Atualmente vem ganhando preferência a construção de currais com o emprego de mourões de concreto armado ou eucalipto tratado e cordoalhas de aço, estas, por serem mais resistentes, duráveis e econômicos. Esta é uma alternativa ecológica e economicamente viável para construção de currais e divisórias em geral. Além disso, currais com emprego de cordoalhas permitem maior circulação do ar na altura dos animais melhorando o conforto térmico. (Informe Técnico: Manual de construção de currais com cordoalha da aço zincado. Belgo Mineira: www. belgomineira.com.br/agro).

- Sala-de-leite: a sala-de-leite deve ficar localizada junto à sala de ordenha para facilitar o transporte do leite para o tanque de expansão ou resfriador e também o livre acesso dos ordenhadores e ajudantes. Deve ter espaço suficiente para abrigar todos os equipamentos e utensílios de refrigeração do leite, pia ou tanque para limpeza dos equipamentos de ordenha.

Outras instalações: instalações como galpões para máquinas e equipamentos, depósito de ração, depósito de insumos (adubos, calcário, sal mineral), escritório, farmácia e demais dependências devem ser detalhadas e planejadas conforme as exigências do projeto, do manejo e das condições do proprietário.

Os silos, como construções de finalidade estratégica em uma granja leiteira, devem receber atenção. Eles objetivam a conservação de forragem sob a forma de silagem, imprescindível para superar os efeitos negativos da “época seca” sobre o desempenho dos animais, principalmente sobre a reprodução e produção de leite.

Convencionalmente, cinco tipos de silos podem ser construídos em propriedades rurais, e são denominados: aéreo, de encosta, cisterna, trincheira e de superfície. Recentemente,  os silos cilíndricos de plástico, conhecidos como "salsicha" vêm ganhando espaço. A escolha do tipo de silo a construir depende, principalmente, da quantidade de silagem a ser armazenada, da topografia, máquinas e equipamentos disponíveis, custo de cada unidade e a preferência do produtor. Cada tipo de silo apresenta uma série de vantagens e desvantagens, sendo as principais, apresentadas na Tabela abaixo.

Geralmente, os silos devem ficar próximos do local de trato dos animais para maior facilidade na distribuição da silagem e economia no transporte. Entretanto, em situações especiais, os silos poderão ser construídos próximos do local de produção da forragem a ser ensilada, para que haja maior rapidez no enchimento e fechamento dos mesmos, práticas essenciais à produção de silagem de boa qualidade. Nesta situação, os silos de plástico apresentam vantagem relativa sobre os demais, por ser de fácil transporte.

Tabela 8 - Vantagens e desvantagens dos principais tipos de silos.  

Vantagens

Desvantagens

1. Silo Aéreo

- Maior eficiência - perdas mínimas (5%);

- Facilidades na descarga;

- Compactação mais fácil;

- Valorização estética da propriedade;

- Possibilidade de ser construído mesmo em baixadas com lençol freático superficial e, ainda, ligado ao estábulo ou local de tratamento (cochos);

- Grande capacidade de volume.

- Maior custo inicial; requer mão-de-obra mais eficiente;

- Máquinas ensiladeiras mais caras, com ventilador.

2. Silo de Encosta

- As mesmas do silo aéreo, acrescentando-se que é menos caro e dispensa máquinas com ventiladores para carregamento.

- As mesmas do “aéreo”;

- Necessita de barranco bem elevado com relação ao local de trato, o que poucas propriedades podem oferecer.

3. Silo-Cisterna

- Carregamento e compactação fáceis;

- Menos caro que os anteriores.

- Descarga mais difícil;

- Não pode ser de grande capacidade, necessita ser feito em forma de baterias, devido à sua profundidade (máxima 7 m);

- Não pode ser construído em baixadas, devido ao lençol freático superficial;

- Revestimento indispensável.

4. Silo-Trincheira

- Construção mais simples e barata;

- Possibilidade de máquinas na abertura;

- Máquinas de ensilar mais simples;

 

- Grande superfície exposta e possibilidade de maiores perdas (10%);

- Compactação mais difícil;

- Grande quantidade de terra para cobertura;

- Necessidade de cerca em volta para proteger contra animais;

- Dificuldade de barranco próximo ao local do trato.  Obs.: Este item pode ser omitido, fazendo-se o silo todo escavado no solo, subterrâneo.

5. Silo de Superfície

- Mais opção de escolha de local para ensilagem;

- Máquinas ensiladeiras mais simples;

- Fechamento rápido;

- Pode ser mudado de local, quando necessário, sem perdas de investimento.

- Maiores perdas de qualidade (> 15%);

- Compactação mais difícil.

6. Silos cilíndricos de Plásticos

Possibilidade de transporte

Maior quantidade de silagem armazenada por m³

Máquina especial de custo elevado

Não reutilização do plástico

 

Todos os direitos reservados, conforme Lei n° 9.610. Topo da Página