Embrapa Gado de Leite
Sistema de Produção, 6
Manejo Sanitário

Orlando Monteiro de Carvalho Filho
Gherman Garcia Leal de Araujo
Pablo Hoentsch Languidey
José Luiz de Sá
Victor Muiños Barroso Lima

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Manejo Sanitário


Como já mencionado anteriormente, uma das vantagens comparativas do ambiente semi-árido é a salubridade de seu clima com respeito à ocorrência de doenças tantos dos animais como das plantas. A maior parte dos problemas de saúde animal, nesta região, são reflexos diretos ou indiretos de uma alimentação deficiente, agravados pela utilização de genética e manejo inadequados, em outras palavras, quando não se consegue o equilíbrio desejável na gestão desses fatores.

Assim, as práticas voltadas para manter a sanidade do rebanho consistem basicamente de cuidados dispensados às vacas gestantes, ao parto, aos recém nascidos, na prevenção contra as principais doenças infecto-contagiosas e no controle de endo e ectoparasitos.

Vacas gestantes/parto

Nos últimos dois meses de gestação deve-se proceder a secagem do leite, para que a glândula mamária possa "descansar" e preparar-se para a próxima lactação.

Três semanas antes do parto devem ser levadas para um pasto maternidade localizado próximo ao curral de modo a facilitar a inspeção diária e a necessária intervenção, quando necessária, na hora do parto. É importante que, neste período, já recebam a mesma dieta que irão ter após o parto.

Especialistas afirmam que deve-se interferir ao mínimo no parto, ainda que este, possa se traduzir em algumas horas de desconforto para o animal, devendo-se sempre consultar um veterinário em casos de ocorrência de complicações, evitando-se recorrer a "curiosos" sem qualificação para tanto.

Cuidados com os recém nascidos

Tão logo quanto possível após nascida, a cria deve mamar o colostro – a absorção máxima se dá entre as primeiras 6 até as 10 horas declinando gradualmente até as 36 horas – sendo importante que permaneça com a mãe nas primeiras 24 horas ou que pelo menos nela possa mamar a intervalos de 12 horas, o equivalente a 10% do seu peso. Esses cuidados são cruciais para a futura saúde do animal, já que é pela ingestão e absorção do colostro que ele adquire os anticorpos, que são as defesas contra os agentes causadores das doenças.

O corte e desinfecção do umbigo é outra prática necessária para evitar a contaminação de doenças, usando-se, para isso, uma solução desinfetante constituída de álcool iodado a 10%.

Doenças infecto-contagiosas

Não se pretende discorrer sobre as doenças que acometem o gado de leite, portanto detalhes e casos específicos devem ser reportados ao veterinário da região. Entretanto vale ressaltar mais uma vez que trabalhando-se com animais rústicos, bem alimentados e manejados de modo a terem conforto e bem estar, os problemas relacionados com as principais doenças em gado leiteiro, no ambiente semi-árido passam a ser secundários e resolvidos na maioria das vezes com medidas preventivas, entre estas as vacinações obrigatórias contra aftosa, raiva, e brucelose que seguem esquemas específicos regulamentados pelas campanhas oficiais de governo.

Vacinações contra o carbúnculo sintomático devem ser realizadas em todos os animais acima de três meses de idade, sendo repetida de seis em seis meses, até os dois anos de idade. Outras vacinas disponíveis no mercado devem ser utilizadas mediante indicação do veterinário.

A mamite (inflamação da glândula mamária, causada comumente pelas bactérias do gênero estreptococos e estafilococos, mas também pelos coliformes) constitui-se num dos mais sérios problemas de saúde animal na pecuária leiteira, causando grandes prejuízos à cadeia produtiva do leite. Segundo os especialistas, trata-se basicamente de um doença de manejo, em que índices elevados indicam uma ou mais práticas estão sendo executadas de forma inadequada. Portanto, na sua prevenção deve ser considerado todo o manejo diário da propriedade, desde quando o animal estão no pasto, vem para a ordenha e voltam para o pasto.

É principalmente na ordenha, seja manual ou mecânica, que se deve observar a condução do processo preventivo, já que quando mal conduzida é a grande causadora da mamite. Assim alguns cuidados são recomendados:

  • Adotar o teste da caneca telada ou de fundo escuro, realizado diariamente, que permite detectar a mamite clínica nos primeiros jatos de leite, quando grumos ficam depositados e facilmente percebidos na tela ou no fundo escuro da caneca;

  • Seguir linha de ordenha, onde primeiramente são ordenhadas as vacas sadias, depois as que já tiveram mamite e foram curadas e finalmente aquelas que estão com mamite e em tratamento;

  • Nos casos de mamite clínica (aquela que se pode ver a olho nú) o animal deve ser retirado do recinto, para não contaminar o ambiente, e ser ordenhado mais tarde após os sadios; se a mamite for crônica o animal deve ser descartado.

O tratamento das vacas com mamite varia segundo cada caso, devendo ser precedidos de ordenhas sucessivas em torno de quatro/dia e, se for o caso de necessidade de medicamento, tratar após a última ordenha do dia.

 

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