Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 2
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para o Estado do Amapá
Pedro Luiz Pires de Mattos
Valéria Saldanha Bezerra

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Importância Econômica


A situação atual do mercado nacional de mandioca, diferentemente da situação do mercado nas décadas de 70 e 80, vem obrigando o setor produtivo a buscar cada vez mais melhorias na produtividade para ampliação na produção de raízes. Em termos de Brasil, a elevação da safra de 23,3 milhões de toneladas de raízes de mandioca em 2000, para 24,5 em 2001, deve-se a um aumento de 1,8% na área colhida para uma elevação de 3,02% na produtividade (Gráfico 1).

Fonte: IBGE, 2002


Na região Norte é mais visível ainda, para a manutenção de uma mesma safra de 5,9 milhões de toneladas em 2000 e 2001, houve uma redução de 6,8% na área colhida acompanhado de uma elevação de 7,6% na produtividade (Gráfico 2)

Fonte: IBGE, 2002


Diferentemente do que acontece no Brasil e na região Norte, o Estado do Amapá, segundo dados do IBGE (2001), aumentou sua produção de raízes de mandioca de 47,5 mil t em 2000 para 69,45 mil t em 2001, a partir de uma ampliação de 45% na área cultivada sem qualquer melhoria na produtividade (Gráfico 3).

Fonte: IBGE, 2002


O crescimento da área plantada não pode ter sido da magnitude informada pelo IBGE (2001), pelo fato de que a oferta de farinha nas feiras de produtores de Macapá no período 98/2001, praticamente não ter sofrido alteração (Gráfico 4). Acreditamos que esta falha deva-se a não contabilização das áreas de produção dos assentamentos da reforma agrária, que já vinham comercializando sua produção de farinha de mandioca nas feiras de produtores de Macapá.

Fonte: Divisão de Feiras da SEAF


A farinha de mesa é o principal produto obtido das raízes da mandioca no Amapá. O processamento ocorre de três maneiras: diretamente pelo produtor e sua família incluindo muitas vezes mão-de-obra contratada; na forma de "meia" onde o dono do "retiro" entrega o roçado em ponto de colheita para o "meeiro" e este se responsabiliza pela colheita e processamento, a farinha produzida é dividida meio a meio entre as partes; e, de forma cooperativada.

A produção local de farinha de mandioca que é direcionada para os mercado das cidades de Macapá e Santana, é originária dos municípios de Macapá, Santana, Laranjal do Jari, Mazagão, Cutias do Araguari, Itaubal do Piririm, Porto Grande, Pedra Branca do Amapari, Ferreira Gomes e Tartarugalzinho (SEAF, 2001). No entanto, com exceção de Macapá, Santana e Laranjal do Jari, é insignificante a parcela de farinha produzida e comercializada na sede desses municípios.

A oferta total de farinha desses municípios ao mercado de Macapá e Santana no ano de 2001 foi de 5.234 toneladas. O calculo foi feito a partir da produção de 45.056 mil toneladas de raízes colhidas por esses municípios em 2001 (IBGE, 2001), retirando-se 12% desse total que é a parcela consumida e/ou comercializadas na forma "in natura" (macaxeira), e um rendimento médio de raízes para farinha levantado na pesquisa, na ordem de 22%, e a retirada, também medida na pesquisa, de uma segunda parcela de 40% de farinha destinada ao autoconsumo (Tabela 2).

Tabela 2. Área colhida, quantidade raízes e de farinha de Mandioca produzida pelos municípios que ofertam o produto nos mercados de Macapá, Santana e Laranjal do Jari. Ano 2001.

Assim que para um mercado de vendas estimado em 12,3 mil toneladas de farinha de mandioca no ano de 2001, o produto local ofertado de 5,234 mil toneladas, representou 43% do mercado de Macapá e Santana (Gráfico 5).

Fonte: Dados da Pesquisa

O principal gargalo para ampliar-se a participação do produto local no mercado doméstico, é representado pela tipologia da produção local de mandioca, que produz farinha sem uma escala constante, e a um preço pouco remunerativo tanto para o mercado atacadista como varejista doméstico, que assim prefere comercializar o produto adquirido do Pará.

No mercado das feiras de produtores de Macapá e Santana, destaca-se o município de Macapá como o maior fornecedor, muito embora com forte redução de oferta no período 99/2001. No ano de 1999 participava com 54,32%, em 2000 sua participação reduziu para 41,5%, e em 2001 foi de 38,71%. Esse decréscimo pode ser atribuído ao fato que o distrito do Pacuí reduziu nesse período em 37,86% a sua oferta de farinha nas feiras de produtores de Macapá (Gráfico 6).

Fonte: Divisão de Feiras da SEAF

Outro gargalo é a falta de uma infra-estrutura básica de armazenamento e distribuição, que não permite qualquer ampliação para atender a demanda local, muito menos o funcionamento de um mercado integrado às bolsas de mercadorias do sul e sudeste do Brasil, como era de se esperar com a consolidação das agroindústrias de mandioca em fomento pelo governo do Estado do Amapá.

Ao analisar-se o volume de farinha de mandioca comercializada no ano de 1999 para 2001, no circuito representado pelas feiras de produtores de Macapá, verifica-se que a oferta do produto manteve-se a mesmo, ao redor de 2.800 toneladas/ano (Gráfico 4), o que representou apenas 18,9% do mercado local de farinha em 2001 (Gráfico 7).

Onde se conclui que seria um benefício para a população, ou seja, um preço de farinha de mandioca 25% menor que os demais mercados varejistas locais, fato que justificaria o montante de um milhão de reais gastos por ano no aluguel da frota de caminhões (SEAF, 2002); na realidade, percebe-se que este não alcança maioria da população de baixa renda de Macapá.

O tamanho do mercado de farinha de mandioca nos municípios de Macapá e Santana, medido junto aos maiores atacadistas localizados nestes municípios, estão organizados nas Tabelas 3 e 4.

Tabela 3. Quantidade mensal de farinha de mandioca comercializada pelo mercado atacadista e feiras de produtores de Macapá. Ano 2001

Tabela 4. Quantidade mensal de farinha de mandioca comercializada pelo mercado atacadista e feiras de produtores de Macapá. Ano 2002

O tamanho médio mensal medido pelas vendas nos mercados locais de Macapá e Santana no ano de 2001, levantados na pesquisa, foi de 941.349 kg de farinha de mandioca. Um volume de vendas 21,5% inferior ao projetado a partir do diagnóstico do Projeto Novas Fronteiras do Cooperativismo realizado no ano de 1997, que estimou o consumo per capita nestes municípios, na ordem de 37,787 kg de farinha mandioca/hab/ano. Levantado-se em consideração que em 2001 a população urbana estimada nestes locais é de 363.268 habitantes (IBGE, 2001), que multiplicado pelo consumo per capita projetaria um consumo mensal de 1.143.900 kg de farinha.

No período de janeiro a junho de 2002, o tamanho médio mensal medido pelas vendas nos mercados locais de Macapá e Santana levantado na pesquisa, foi de 1.069.597 kg de farinha de mandioca. E da mesma maneira como procedeu-se comparativamente acima, um volume de vendas 27,7% inferior ao projetado a partir do diagnóstico do Projeto Novas Fronteiras do Cooperativismo realizado no ano de 1997.

As diferenças entre o tamanho do mercado em vendas medido na pesquisa em 2001 e 2002, de 21,5% e 27,7%, deveu-se ao fato da impossibilidade da pesquisa, em levantar os pequenos atacadistas de Macapá e Santana, e também a forma não muito organizada de algumas informações levantadas junto aos grandes atacadistas.

No município de Laranjal do Jari, face à inexistência de registros, a pesquisa foi realizada apenas no mês de junho/2002, junto aos quatro maiores supermercados locais, que atuam ao mesmo tempo com varejistas e atacadistas; e junto a intermediários e outros, que transacionam com o produto na faixa do Beiradão localizado em frente a cidade de Monte Dourado no Pará, (Tabela 5).

Tabela 5. Quantidade de farinha de mandioca comercializada no mercado varejista/atacadista de Laranjal do Jari. Junho/2002

O tamanho médio mensal medido pelas vendas no mercado da cidade de Laranjal do Jari em junho/2002, levantado na pesquisa, foi de 102.258 kg de farinha de mandioca. Um volume de vendas 10% superior ao projetado a partir do diagnóstico do Projeto Novas Fronteiras do Cooperativismo realizado no ano de 1997, que estimou o consumo per capita nas cidades de Macapá e Santana, na ordem de 37,787 kg de farinha mandioca/hab/ano. Levantado-se em consideração que a pesquisa foi realizada em um único mês do ano, a diferença de 10% possa assim ser explicada. O consumo per capita observado nos dois maiores municípios amapaenses está muito superior à média mundial de 17,40 kg/hab./ano, mas abaixo da brasileira que está em torno de 50,60 kg/hab/ano.


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