Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 13
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para o Estado do Pará
Pedro Luiz Pires de Mattos
Eloisa Maria Ramos Cardoso

Início

Importância econômica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Mudas e sementes
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Plantio


Época de plantio

A época de plantio adequada é importante para a produção da mandioca, principalmente pela sua relação com a presença de umidade no solo, necessária para brotação das manivas e enraizamento. A falta de umidade durante os primeiros meses após o plantio pode ocasionar sérias perdas na brotação e na produção, enquanto que o excesso, em solos mal drenados, favorece a podridão de raízes. A escolha adequada da época de plantio, portanto, também proporciona diminuição da incidência de pragas e doenças e da competição de ervas daninhas.

O plantio é normalmente feito no início da estação chuvosa, quando a umidade e o calor tornam-se elementos essenciais para a brotação e enraizamento. No caso de riscos de excesso de umidade no solo, o plantio pode ser realizado após o início das chuvas. Por causa da extensão do Brasil, as condições ideais para o plantio de mandioca não coincidem nos mesmos meses em todas as regiões. Por causa da extensão do Brasil, as condições ideais para o plantio de mandioca não coincidem em todas as regiões. Na maioria das áreas de produção do Estado do Pará, o plantio da mandioca ocorre em dois períodos climáticos distintos: no início das chuvas, realizado no final do mês de dezembro ou início de janeiro, conhecido como “plantio de inverno”; e o “plantio de verão” no final dos meses de maio e junho, quando as chuvas diminuem de intensidade e frequência. 

É importante conectar a época de plantio com a disponibilidade de material de plantio (manivas), seja ele recém-colhido, o que é preferível, ou armazenado. Nos cultivos industriais de mandioca é necessário combinar as épocas de plantio com os ciclos das cultivares e com as épocas de colheita, visando garantir um fornecimento contínuo de matéria-prima para o processamento industrial.


Espaçamento e plantio

Plantio direto, semeadura, transplante, espaçamento.

O espaçamento no cultivo da mandioca depende da fertilidade do solo, do porte da variedade, do objetivo da produção (raízes ou ramas), dos tratos culturais e do tipo de colheita (manual ou mecanizada).

De maneira geral, recomenda-se os espaçamentos de 1,00 x 1,00 m, em fileiras simples, e 2,00 x 0,60 x 0,60 m, em fileiras duplas. Em solos mais férteis deve-se aumentar a distância entre fileiras simples para 1,20m. Em plantios destinados à produção de ramas para ração animal recomenda-se um espaçamento mais estreito, com 0,80 m entre linhas e 0,50 m entre plantas. Quando a colheita for mecanizada, a distância entre as linhas deve ser de 1,20m, para facilitar o movimento da colhedeira. Se o mandiocal for capinado com equipamento motomecanizado, deve-se adotar espaçamento mais largo entre as linhas, para facilitar a circulação das máquinas. Para permitir a realização de capinas mecanizadas, a distância entre fileiras duplas deve ser de 2,00 m, no caso do uso de microtratores, ou de 3,00 m, para uso de tratores maiores. Nos pequenos cultivos, capinados à enxada, deve-se usar espaçamento mais estreito, para que a cultura cubra mais rapidamente o solo e dificulte o desenvolvimento das ervas daninhas.

O sistema de plantio em fileiras duplas oferece as seguintes vantagens: a) aumenta a produtividade; b) facilita a mecanização; c) facilita a consorciação; d) reduz o consumo de manivas e de adubos; e) permite a rotação de culturas na mesma área, pela alternância das fileiras; f) reduz a pressão de cultivo sobre o solo; e g) facilita a inspeção fitossanitária e a aplicação de defensivos.

Quanto ao plantio da mandioca, em solos não sujeitos a encharcamento pode ser feito em covas preparadas com enxada ou em sulcos construídos com sulcador à tração animal, motomecanizados e à enxada. Tanto as covas como os sulcos devem ter aproximadamente 10 cm de profundidade. As plantadeiras mecanizadas disponíveis no mercado fazem simultâneamente as operações de sulcamento, adubação, corte da maniva, plantio e cobertura das mesmas. Em solos argilosos recomenda-se plantar em cova alta ou matumbo, que são pequenas elevações de terra, de forma cônica, construídas com enxada, ou em camalhões, que são elevações contínuas de terra, que podem ser construídos com enxada ou arados.

As manivas-semente, estacas ou rebolos podem ser plantadas nas posições: vertical, inclinada ou horizontal. A maneira mais adotada é a horizontal, porque facilita a colheita das raízes. Neste sistema, simplesmente colocam-se as manivas nas covas ou distribui-se ao longo dos sulcos. Quando se usa a plantadeira mecanizada, as manivas também são colocadas na horizontal. As posições inclinada e vertical são menos utilizados porque as raízes aprofundam mais, dificultando o plantio e a colheita  aumentando os custos com mão-de-obra.

 

Consorciação

Amplamente utilizados pelos pequenos produtores das regiões tropicais, os sistemas de cultivo consorciados apresentam algumas vantagens sobre o monocultivo, principalmente por promover uma maior estabilidade da produção, melhor utilização da terra, melhor exploração de água e nutrientes, melhor utilização da força de trabalho, maior eficiência no controle de ervas e disponibilidade de mais de uma fonte alimentar.

Sistema de plantio em fileiras simples

O plantio de uma ou mais culturas entre as fileiras simples de mandioca apresenta o inconveniente da concorrência intra e interespecífica e da impossibilidade de se fazer mais de um cultivo intercalar durante o ciclo da mandioca. Nesse caso, a consorciação reduz as produtividades das culturas componentes dos sistemas.

Mandioca + feijão Vigna

O feijão é plantado intercalado às fileiras de mandioca. Em geral, planta-se o feijão no mês de maio, variando o espaçamento de 0,50m x 0,50m a 0,50m x 0,30 m, com três sementes por cova. Duas semanas após o plantio do feijão, entra a mandioca, em consorcio, no espaçamento de 1,00mx a 1,00m.

Mandioca + milho

O consórcio mandioca + milho é também bastante difundido no Estado do Pará.. Normalmente é feito o plantio de uma fileira de milho intercalada com a mandioca plantada no espaçamento de 1,00 m x 1,00m. O milho é plantado no espaçamento de 1,00 m entre linhas e 0,50 m entre covas.

Mandioca + milho + feijão Vigna

Esse sistema de consórcio triplo atualmente é o menos utilizado no Estado. Inicia com o plantio do milho solteiro no mês de janeiro (início do período chuvoso), no espaçamento de 1,00 m x 0,50. Após a colheita do milho no mês de maio, é plantado o feijão e duas semanas após, entra a mandioca no espaçamento de 1,00 m x 1,00 m, intercalado às fileiras simples de feijão, cujo espaçamento varia de 0,50m x 0,50m a 0,50m x 0,30 m. Para garantir uma boa germinação, usam-se três a quatro semente por covas nas culturas de feijão e milho, deixando após o desbaste, apenas uma planta por cova.

Mandioca + feijão Vigna

O feijão é plantado intercalado às fileiras de mandioca, cujo espaçamento varia desde 1,00 x 0,50 m até 2,00 x 1,00 m, dependendo do número de fileiras de feijão intercaladas e da espécie. Em geral, o número de fileiras de feijão entre as plantas de mandioca é de uma ou duas no espaçamento de 0,60 m, com 15 sementes por metro linear de sulco, ou 0,50 x 0,20 m, com duas sementes por cova. Geralmente, as culturas são plantadas na mesma época, mas existem casos em que o feijão é plantado antes da mandioca, com intervalo de tempo que vai de 15 a 60 dias.

Mandioca + milho

O consórcio mandioca + milho é também bastante difundido no Brasil. Normalmente é feito o plantio de uma fileira de milho entre duas de mandioca, no espaçamento de 1,00 m entre as fileiras do milho e de 0,20 m a 0,40 m entre covas na linha.

Mandioca + milho + feijão Vigna

Esse sistema de consórcio triplo também é muito utilizado. Geralmente, o espaçamento entre fileiras de mandioca varia de 1,00 x 0,50 m até 2,00 x 1,00 m, usando-se uma ou duas fileiras de milho entre duas de mandioca, alternadas com fileiras de feijão. Para garantir uma melhor germinação, usam-se três sementes por cova, tanto para o milho como para o feijão.

Sistema de plantio em fileiras dupla.

Tem a vantagem de racionalizar o consórcio, pelo uso dos espaços livres que existem entre cada fileira dupla da mandioca, nos quais é possível se fazer até dois plantios de culturas de ciclo curto durante o ciclo da mandioca. O melhor espaçamento em fileiras duplas é de 2,00 x 0,60x 0,60 m.

Mandioca + milho

Colocar duas fileiras de milho entre cada fileira dupla de mandioca, no espaçamento de 1,00 m entre fileiras e 0,20 m entre plantas. Não se recomenda o segundo plantio de milho durante o ciclo da mandioca, pois prejudica muito a produtividade desta cultura.

Mandioca + amendoim

Colocar três fileiras de amendoim entre cada fileira dupla de mandioca, no espaçamento de 0,50 m entre fileiras e 0,10 m entre plantas.

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