Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 4
ISSN 1678-880X Versão Eletrônica
Jun./2008
Mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza)
Autores

Sumário

Apresentação
Introdução
Botânica
Clima
Produção de mudas
Plantio
Correção do solo
Adubação e nutrição
Tratos culturais
Irrigação
Doenças
Pragas
Colheita
Nematóides
Processamento
Comercialização
Receitas
Cultivares
Coeficientes técnicos
Referências

Expediente

Correção do solo

Nuno R. Madeira
Ronessa B. de Souza

A mandioquinha-salsa apresenta grande adaptabilidade a diversos tipos de solo, desde que se faça um bom manejo da água. No entanto, Deve-se dar preferência a solos de textura mediana A mandioquinha-salsa desenvolve-se melhor em solos de textura média, profundos e bem drenados, já que esta espécie não tolera encharcamento.

Apresenta, no entanto, grande adaptabilidade a diferentes tipos de solos, desde que se faça um preparo e adubação adequados e, principalmente, um bom manejo da água. Solos muito argilosos (“pesados”) ou mal preparados levam à produção de raízes curtas, arredondadas, assemelhando-se a batatas.

Para plantios em épocas chuvosas ou em solos com problemas de drenagem, faz-se necessário o uso de camalhões (leiras) de maior altura, de modo a minimizar o acúmulo de água junto às plantas Por outro lado, em solos muito arenosos, com baixa retenção de umidade, as leiras podem ser mais baixas. Além disso, o gasto com irrigação é sensivelmente maior e a incidência de nematóides, maior.

Solos com elevados teores de matéria orgânica apresentam restrições, pois proporcionam grande desenvolvimento vegetativo em detrimento do acúmulo de reservas e produção de raízes. Além disso, por apresentarem em geral coloração escura, esses solos podem levar à produção de raízes com manchas superficiais escurecidas que não saem com a lavação, depreciando seu aspecto visual. No caso de uso de solos com estas características, não se deve utilizar fertilizantes nitrogenados.

O preparo do solo consiste de aração, seguida de uma ou duas gradagens. Posteriormente, efetua-se o levantamento das leiras, que pode ser manual, com o auxílio de enxadas, ou mecanizado (Figura 1).

Foto: Nuno Rodrigues Madeira

Fig. 1. Sulcamento para o plantio

O enleiramento deve ser realizado em nível, de modo a conter as águas pluviais ou de irrigação. As leiras devem ter altura entre 20 e 30 cm, dependendo das condições físicas do solo e da pluviosidade do local. Camalhões em torno de 30 cm são indicados para solos de drenagem difícil ou áreas com alta incidência de chuvas. Em solos arenosos, com baixa retenção de umidade, os camalhões podem ser mais baixos, com até 10 cm.

Em pequenas áreas, é comum o levantamento das leiras com enxadas e a formação de pequenas covas sobre as leiras, onde o adubo é aplicado e incorporado superficialmente.

No enleiramento mecanizado, efetua-se inicialmente um sulcamento raso, seguido da distribuição do adubo nos sulcos. Em seguida, faz-se novo sulcamento, mais profundo e intercalado aos sulcos anteriormente formados, de modo que, ao se formar as leiras, o adubo fique disposto sob essas. Em áreas com maior declividade acima de 10% ou quando se utilizam tratores leves, o sulcamento intercalado pode ser dificultado.

Nesse caso, pode-se efetuar o primeiro sulcamento o mais raso possível, praticamente só riscando o solo, com a distribuição do adubo sobre as pequenas leiras formadas. A seguir, faz-se um segundo sulcamento mais profundo no mesmo local do sulco anterior, cobrindo o adubo.

Assim, esse será disposto um pouco abaixo da superfície nas leiras, sendo rapidamente alcançado pelas raízes. Existem máquinas, bastante utilizadas na cultura da batata, que efetuam simultaneamente a adubação e o enleiramento.

A calagem, prática que visa à correção da acidez do solo e o fornecimento de cálcio e magnésio, deve ser baseada na análise de solo e seguir orientação técnica. Deve ser feita com antecedência de 60 dias ou mais, para que ocorram as reações de neutralização do efeito tóxico do alumínio e a disponibilização de nutrientes essenciais às plantas. Neste período, é essencial a presença de umidade no solo. O calcário deve ser incorporado uniformemente a, pelo menos, 20 cm de profundidade. 

Para o cultivo da mandioquinha-salsa, considera-se como adequados os valores de pH de 5,5 a 6,5, saturação por bases (v) em torno de 70%, teor de magnésio mínimo de 0,9 cmolc.dm-3 e relação Ca:Mg em torno 3 a 4:1. A quantidade de calcário a ser aplicada pode ser calculada utilizando-se um dos seguintes critérios:

  • Método da elevação da porcentagem de saturação por bases
    t.ha-1 de calcário = (v1 – v2).T/PRNT  

onde:

        v1 = saturação por bases adequada para a cultura
        v2 = saturação por bases atual (análise de solo) = [(Ca2++Mg2++K+).100]/
        T = capacidade troca catiônica (Ca2++Mg2++K++(H + Al)) em cmolc.dm-3
         PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser aplicado (presente na especificação do produto).

  • Método da neutralização do Al3+ e fornecimento de Ca2++Mg2+
    t.ha-1 de calcário = Y.[Al3+-(5.t/100)]+[3-(Ca2++Mg2+)].100/PRNT          

onde: 
Y = fator que varia com a capacidade tampão de acidez do solo, utilizando-se para solos arenosos (0-15% de argila), de textura média (15-35%), argilosos (35-60%) e muito argilosos (60-100% de argila), respectivamente, os valores de Y = 0,5; 1,5; 2,5 e 3,5.
t = capacidade troca catiônica efetiva (Ca2++Mg2++K++Al3+) em cmolc.dm-3
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser aplicado (presente na especificação do produto).  

 

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