Embrapa Embrapa Uva e Vinho
Sistema de Produção, 6
ISSN 1678-8761 Versão Eletrônica
Dez./2005
Sistema de Produção de Morango para Mesa na Região da Serra Gaúcha e Encosta Superior do Nordeste
Fagoni Fayer Galegário
Míriam Amaro
Carlos Roberto Weihmann
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza
Japiassú de Melo Freire
Cassandro V. T. do Amarante
Henrique Pessoa dos Santos
Renar João Bender
Mário Calvino Palombini
José Fernando da Silva Protas
Enilton Fick Coutinho
Colheita e pós-colheita

Maturação e prática de colheita

A maturação dos frutos começa entre 2 a 3 meses depois do plantio e estende-se por até 7 meses, dependendo da região onde é cultivado. A distância do mercado, a cultivar e a preferência do consumidor vão determinar o ponto de colheita do fruto.
A maturidade na colheita tem um efeito significativo na vida útil dos morangos. Frutos destinados ao mercado de frutas in natura são geralmente colhidos com ¾ de coloração vermelha. Para comercialização em mercados mais próximos, podem ser colhidos mais maduros, o que lhes confere melhor qualidade sensorial. Frutos muito maduros são destinados à indústria.
O período de carência dos produtos fitossanitários empregados na cultura deve ser respeitado para que os morangos estejam isentos de resíduos que possam colocar em risco a saúde do consumidor.
A colheita deve ser feita nas horas mais frescas do dia, através de corte do pedúnculo ou cabo, colocando-se os morangos nos contentores com o máximo de cuidado. Os frutos devem ser resfriados o mais rapidamente possível (até duas horas após a colheita), para evitar a rápida maturação e deterioração.
Os frutos devem ser colhidos, de preferência, diretamente nas embalagens que vão para o mercado. Uma pré-seleção dos morangos no campo evita o contato de frutas sadias com frutas podres (que contém inóculos de fungos) e reduz o manuseio, diminuindo a ocorrência de lesões visíveis e não visíveis, que servirão como porta de entrada para podridões.
Se não for possível realizar a colheita diretamente nas embalagens, os frutos devem ser colhidos em caixas próprias para colheita e levados rapidamente para a casa de embalagem ou empacotadora, que deve ser mantida em perfeitas condições de higiene e livre de restos de frutos, caixas usadas, frutos descartados ou qualquer outro tipo de sujeira. Nunca se deve despejar sem cuidado os frutos das cestas de colheita sobre a mesa de classificação.
As mesas de classificação devem ser limpas com água e hipoclorito de sódio e os manipuladores dos frutos devem lavar as mãos e ser orientados para observarem normas de higiene pessoal. Próximo às mesas de classificação, deve sempre haver uma pia com torneira, água, sabão e papel descartável para os trabalhadores fazerem a higienização das mãos.

Classificação

Classificar é separar o produto em lotes homogêneos. A classificação dos morangos deve ser feita, no mínimo, de acordo com o tamanho e coloração (maturação).
Embalar na mesma caixa morangos de diferentes tamanhos, graus de maturação, cores, sanidade e qualidade, além de desagradar o consumidor, desvaloriza o produto e não permite que um preço justo seja praticado. A reunião, na mesma embalagem, de frutos sadios com frutos podres coloca em risco a sanidade de todo o conjunto de frutos.

Manuseio

Os morangos estão entre as frutas frescas mais perecíveis e necessitam de extremos cuidados no manuseio durante a colheita e pós-colheita. Seus tecidos, muito macios e facilmente danificáveis, estão sujeitos a invasões por organismos que causam apodrecimento dos frutos e severas perdas pós-colheita.
A supervisão cuidadosa das operações de colheita e manuseio, procurando evitar lesões nos frutos colhidos, pode fazer com que as perdas sejam minimizadas.
Os morangos apresentam alta taxa respiratória, que aumenta com a elevação da temperatura e com a ocorrência de danos mecânicos. Quanto mais elevada a taxa respitratória do fruto, mais rápido é seu metabolismo e mais rápida sua senescência. Portanto, a manutenção dos frutos em temperaturas baixas e a manipulação cuidadosa têm efeito benéfico na vida de prateleira e no controle da ocorrência de injúrias durante o manuseio e transporte dos frutos.

Embalagem

As embalagens comercialmente utilizadas são cumbucas transparentes de polietileno tereftalato (PET) ou bandejas de poliestireno expandido (isopor), com capacidade de 250 a 500 gramas de morangos, dispostos em uma ou duas camadas. As cumbucas normalmente são cobertas com filme de polivinil cloreto (PVC) esticável ou com tampas perfuradas. Quatro a seis cumbucas ou bandejas são acondicionadas em uma caixa paletizável de papelão ondulado, na qual são transportadas. Morangos destinados à venda para a indústria são acondicionados em caixas plásticas com a fruta a granel.
A permeabilidade e espessura dos filmes que cobrem as embalagens devem ser adequadas para evitar a fermentação dos frutos. A perfuração das cumbucas ou caixas de papelão deve ser adequada para permitir perfeito resfriamento das frutas e a qualidade do papelão deve ser garantida para se evitar desmoronamento das caixas e amassamento dos frutos, principalmente em ambientes com alta umidade.

Armazenamento

Rápido pré-resfriamento e subsequente armazenamento sob baixas temperaturas são importantes para a manutenção de boa aparência, firmeza e valor nutritivo dos morangos. Atrasos no pré-resfriamento resultam em aumento de perda de água, que se evidencia no murchamento dos morangos e na desidratação do cálice (parte verde).
Durante o armazenamento deve-se manter a temperatura da câmara fria de 0 a 1ºC e a umidade relativa entre 90 e 95%. Essas condições devem ser constantemente monitoradas e os equipamentos para seu controle, periodicamente aferidos. Baixas concentrações de O2 e altas concentrações de CO2 também exercem efeito benéfico à conservação dos morangos, sempre observando-se as concentrações ótimas para que não ocorra fermentação e ocorrência de sabor estranho nos morangos.

Transporte

O caminhão onde os morangos serão transportados deve estar limpo e refrigerado antes do início do carregamento das caixas.
A temperatura nas caçambas é mais elevada próximo às paredes que no centro da carga. Por isso, o palete deve ser posicionado no centro, tomando-se as devidas precauções para que as caixas se mantenham empilhadas.
Deve-se ter muito cuidado com a mistura de cargas e monitorar a temperatura dos outros produtos antes do carregamento para que os morangos não sejam aquecidos pelo contato com produtos não resfriados.
Mesmo que haja exposição a altas temperaturas (quebra da cadeia do frio) em alguma etapa do manuseio e transporte, é sempre melhor providenciar o resfriamento quando possível do que nunca resfriar.

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