Produção de Morangos no Sistema Semi-Hidropônico

Adriane Regina Bortolozzo
João Bernardi
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza

Construção de estufas

Os ambientes protegidos são aqueles que propiciam um microclima adequado ou próximo ao ideal para o desenvolvimento das culturas. As estufas podem ser pequenas, cobrindo somente uma bancada, ou podem ser grandes e cobrir várias bancadas.

No cultivo do morangueiro, os modelos de ambientes protegidos mais utilizados são: túneis baixos, túneis médios e túneis altos. Estes ambientes são conhecidos, também, como estufas.

As armações das estufas podem ser construídas em vários formatos e com vários materiais: em madeira (Fig. 1), em cloreto de polivinil flexível (PVC) e mistas (com madeira e PVC; ou com madeira e aço galvanizado). Essas armações são cobertas com plástico, destinado a esse fim, colocados nas partes de cima, na frente, atrás, e nas laterais da estufa (Fig. 2).

Foto: Adriane Regina Bortolozzo

Figura 1. Estufa construída em madeira.

Foto: Adriane Regina Bortolozzo

Figura 2. Estufa sendo coberta.

Os plásticos das laterais (cortinas) podem ser erguidos dependendo das condições climáticas como chuva, frio, ventos, etc. Isso possibilita que temperaturas elevadas sejam amenizadas, ao erguê-los, em dias muito quentes, ou, então, manter ou impedir que as mesmas baixem muito, em dias mais frios. Nas laterais das estufas, são colocadas telas de nylon com, pelo menos, 0,5 m de altura. A tela tem o objetivo de proteger a estufa contra a entrada de animais, como roedores e gambás, que são bastante atraídos pelos frutos.

Orientação das Estufas

Para tirar mais vantagem da radiação solar constrói-se a estufa com o eixo maior na direção (orientação) leste-oeste. Isso faz com que haja uma redução no sombreamento das vigas da estrutura e as mesmas se tornam mais eficientes na transmissão da radiação solar.

A estufa deverá ser construída no sentido da direção dos ventos predominantes e não na direção perpendicular ao mesmo. Se esta orientação não coincidir com o eixo maior na posição leste-oeste (L-O), deve-se montar as bancadas, dentro da estufa, no sentido L-O.

As formas de cultivar os morangueiros dentro das estufas são variadas. Nesta publicação, destaca-se o cultivo que se convencionou chamar de semi-hidropônico. Para esse cultivo têm sido utilizadas as estufas modelo túnel alto, em forma de arco, construídas com, no máximo, 30 m de comprimento e pé-direito não menor que 3 m de altura. Esse formato de arco faz com que as estufas apresentem maior resistência a ventos e intempéries.

Características do Sistema Semi-Hidropônico

O sistema semi-hidropônico é bastante utilizado na Europa, onde é preferido por possibilitar a melhor utilização do espaço na pequena propriedade. No Brasil, porém, é necessário definir alguns componentes tecnológicos para otimizar o retorno ao produtor e à sociedade. Entretanto, já apresenta vantagens claras frente ao sistema convencional, tais como:

  • o produtor não precisa fazer rotação das áreas de produção, prática necessária para reduzir a podridão de raízes no sistema de túneis baixos. Dessa forma, chega a triplicar o potencial de uso da área de terra;
  • em prateleiras, com diferentes níveis, otimiza a área de produção;
  • o manejo da cultura pode ser realizado em pé, o que favorece a contratação de mão-de-obra;
  • cada novo ciclo de produção é estabelecido com a troca do saco plástico e do substrato a cada dois anos, o que auxilia na redução da incidência e do alastramento de podridões na cultura; se essas ocorrerem, elimina-se somente o saco infectado e não toda a área de produção;
  • o sistema protege as plantas do efeito da chuva e facilita a ventilação, condições que impedem o estabelecimento de doenças;
  • como há menor pressão de doenças, o uso de pesticidas pode ser substituído por práticas culturais, uso de agentes de controle biológico e produtos alternativos, reduzindo drasticamente o risco de contaminação dos frutos, sem afetar a rentabilidade da produção;
  • permite a produção de frutas com maior qualidade e menor perda por podridão;
  • o período da colheita pode ser estendido em, pelo menos, dois meses;
  • o sistema facilita a adoção de princípios de segurança dos alimentos, possibilitando a maior aceitação dos morangos pelo consumidor.
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