Embrapa Hortaliças
Sistema de Produção, 1
ISSN ___ Versão Eletrônica
Jan/2003
Cultivo de tomate para industrialização
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Doenças causadas por fungo

Importância econômica
Composição nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências nutricionais Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


  • Mancha-de-estenfílio (Stemphyllium spp.)

Caracterizada pela presença de manchas pequenas, escuras e angulares nas folhas. (Figura 1) Algumas manchas apresentam rachaduras no centro das lesões. Os sintomas começam a surgir nas folhas mais jovens, ao contrário do que ocorre com as manchas causadas por Alternária e por Septória. O ataque severo provoca intensa queima das folhas, devido ao coalecimento das lesões e necrose das hastes. Os frutos não apresentam sintomas.

Temperatura elevada (acima de 25º C) e umidade alta favorecem o ataque do fungo. Plantas com deficiência nutricional são mais vulneráveis. O fungo sobrevive de um ano para outro, saprofiticamente, nos restos culturais e em hospedeiros alternativos. A doença e também transmitida pela semente. Como medidas de manejo, recomendam-se: plantar cultivares resistentes, não deixar que ocorra desequilíbrio nutricional na planta e incorporar os restos culturais imediatamente após o fim da ultima colheita.

  • Mela-de-rizoctonia (Rhizoctonia solani)
A doença se manifesta durante a floração, formação e maturação dos frutos, quando é maior a cobertura foliar. As folhas e hastes infestadas apresentam podridão mole e aquosa (mela), principalmente nas partes que ficam em contato direto com o solo. Os frutos doentes apresentam podridão marrom, mole e aquosa, coberta por um mofo micelial marrom-claro. (Figura 2) Geralmente observam-se grânulos de solo ou tecido foliar aderidos as lesões. No início da infecção as lesões no fruto podem apresentar anéis concêntricos.

Excesso de irrigação e chuvas durante a fase de maturação dos frutos favorecem a incidência da doença. O ataque e mais severo em lavouras com alta densidade de plantas, conduzidas em solos orgânicos, argilosos ou compactados e onde ha acumulo de água na superfície do solo. A doença se desenvolve mais em lavouras de plantio direto e em áreas onde os restos da cultura anterior não foram bem incorporados ou decompostos.

Para o manejo e o controle da doença, recomenda-se: não plantar em solos compactados ou sujeitos a encharcamentos, evitar locais e épocas favoráveis a doença, adotar uma densidade adequada de plantas, plantar preferencialmente cultivares mais eretas, controlara irrigação de modo a evitar o excesso de água no solo, principalmente durante as fases de floração e frutificação, planejar a data de plantio para evitar a ocorrência de chuvas na fase de frutificação e maturação dos frutos e incorporar os restos culturais imediatamente após a ultima colheita.

  • Murcha-de-fusárlo (Fusarium oxysporum fsp. Lycopersici
Plantas com esta doença apresentam murcha das folhas superiores, principalmente nas horas mais quentes do dia. As folhas mais velhas tornam-se amareladas e muitas vezes observa-se murcha ou amarelecimento de apenas um lado da planta ou da folha (Figura 3) . Os frutos não se desenvolvem, amadurecem ainda pequenos e a produção e reduzida. Ao cortar o caule próximo as raízes, verifica-se necrose do sistema vascular, caracterizada pelo escurecimento dos tecidos periféricos a região da medula (Figura 4) . Não se observa podridão na medula e nem nas raízes, mas estas ficam atrofiadas.

Temperatura alta (em torno de 28°C), solos arenosos e com pH baixo são mais favoráveis a doença. Baixos teores de nitrogênio e fósforo e alto teor de potássio também favorecem a infecção. O ataque de nematóides aumenta a severidade da doença, em função dos ferimentos causados nas raízes, que servem de porta de entrada para o patógeno.

O fungo sobrevive no solo por períodos superiores a sete anos, principalmente através de microescleródios (estrutura de resistência do fungo). A doença se dissemina através de mudas infestadas, implementos agrícolas e da água de irrigação.

A doença se manifesta durante a floração, formação e maturação dos frutos, quando e

Como medidas de manejo e controle, recomendam-se: plantar cultivares com resistência as raças do patógeno, evitar o plantio em áreas sabidamente infestadas pelo fungo e/ou por nematóides patogênicos ao tomateiro e fazer rotação de cultura com gramíneas.

  • Murcha-de-verticílio (Verticillium dahliae)
O sintoma inicial desta doença é a murcha suave e parcial da planta nas horas mais quentes do dia. (Figura 5) As folhas mais velhas se tomam amareladas e necrosadas nas bordas, em forma de "V" invertido. Os frutos ficam pequenos e mal formados e a produção é reduzida. As plantas afetadas apresentam leve redução de crescimento e tem o sistema radicular atrofiado. Cortando-se o caule na região do colo verifica-se leve necrose vascular, podem não tão intensa quanto a causada por F. oxysporum f sp. lycopersici.

V. dahliae e bem adaptado a regiões de solos neutros ou alcalinos e com temperaturas amenas (20 a 24°C). No entanto, já foi relatada a sua ocorrência no Estado de Pernambuco, onde as temperaturas medias são comumente elevadas. O fungo sobrevive no solo por mais de oito após através de microescleródios e infecta mais de 200 hospedeiras. A disseminação da doença ocorre através de sementes infectadas e de mudas produzidas em solos infestados pelo fungo. A doença também é disseminada planta a planta através da água de irrigação.

Como medidas de manejo, recomendam-se plantar cultivares resistentes e fazer rotação da cultura com gramíneas.

  • Pinta-preta (Alternaria solani)
Esta doença afeta toda a parte aérea da planta, a partir das folhas mais velhas e próximas ao solo. Na folha, a doença caracteriza-se pela presença de manchas grandes, escuras, circulares, com anéis concêntricos.(Figura 6) O ataque severo provoca desfolha acentuada e expõe o fruto a queima de sol. Também é comum o aparecimento de cancro no colo e nas hastes. Nesse caso, o sintoma é caracterizado por lesões grandes, com anéis concêntricos, semelhantes aos que ocorrem nas folhas.(Figura 7) Nos frutos, verifica-se uma podridão deprimida, grande, circular, próxima ao pedúnculo, coberta por um mofo preto na superfície.(Figura 8) A doença ocorre tanto na estação chuvosa quanto na seca, sendo favorecida por temperatura elevada (24° a 34°C) e umidade alta.

O fungo sobrevive nos restos culturais e infecta outras hortaliças como a batata e a berinjela. A doença é transmitida também por sementes.

Não existem cultivares comerciais resistentes. Deve-se pulverizar preventivamente com os fungicidas registrados para essa doença. Recomenda-se também incorporar os restos culturais imediatamente após a ultima colheita e fazer rotação de cultura com gramíneas.

  • Podridão-de- esclerócio (Sclerotium rolfsii)
Plantas doentes apresentam uma podridão mole e aquosa, principalmente nas folhas, hastes e frutos, que ficam em contato direto com, o solo.(Figura 9) Em condições de alta umidade, ha um crescimento micelial muito vigoroso, de cor branca, semelhante a fios de algodão, na superfície dos tecidos afetados. Algumas vezes esse micélio se desenvolve na superfície do solo, próximo a planta. É comum também a formação de pequenos grânulos de cor marrom-claro (escleródios) na superfície dos tecidos afetados.

A incidência da doença é maior em períodos quentes (30 a 35°C) e chuvosos, em lavouras conduzidas em solos muito argilosos e/ou compactados, com encharcamento do solo. Ferimentos nas raízes e no colo das plantas também favorecem a infecção e agravam o desenvolvimento da doença. O fungo sobrevive no solo por vários anos na forma de escleródios e nos restos culturais.

Em locais e épocas favoráveis à doença, adotar menor densidade de plantio e plantar preferencialmente cultivares de porte ereto. Evitar excesso de água no solo, principalmente durante a floração e frutificação, e planejar a data de plantio de modo a evitar chuvas na fase de frutificação e maturação dos frutos. A área de plantio deve ser descompactada.

  • Podridão-de-esclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum)
Os sintomas desta doença aparecem na fase reprodutiva do tomateiro, durante a floração e formação de frutos. A doença é observada em reboleiras, identificada pela secagem prematura e localizada de varias plantas. O fungo causa "mela" das folhas e das hastes em contato com o solo. Com o amadurecimento da planta, o caule e as hastes infectadas apresentam uma podridão seca, cor de palha (Figura 10), que geralmente contém no seu interior grande quantidade de escleródios em forma de grânulos pretos, semelhantes a fezes de rato.(Figura 11) Os frutos permanecem fixos a planta doente e raramente apresentam sintomas de podridão. Os escleródios podem permanecer viáveis por mais de 10 anos no solo. A sua disseminação ocorre através dos implementos agrícolas.

O fungo afeta as solanáceas, leguminosas, brássicas e outras famílias botânicas.

O ataque é mais severo em lavouras cultivadas sob condições de clima ameno (15 a 21°C) e umidade alta. A doença é agravada em solos com problemas de compactação, onde há acúmulo de água, e em plantios muito densos com crescimento vegetativo vigoroso e com baixa circulação de ar.

O controle requer manejo integrado, incluindo as seguintes ações: não plantar sob condição de clima frio e chuvoso; não plantar em solo compactado sujeito a encharcamento; não fazer cultivos sucessivos de batata, ervilha, feijão, girassol, pimentão, soja e tomate; adotar menor adensamento em locais e épocas favoráveis a doença; plantar preferencialmente cultivares de porte ereto; evitar o excesso de água no solo, principalmente durante a floração e formação dos frutos; incorporar os restos culturais o mais profundo possível, logo após a colheita, visando provocar o apodrecimento dos escleródios; e em áreas novas e ainda não infestadas, fazer rotação da cultura com gramíneas, para evitar a entrada e o aumento da população do fungo no solo.

  • Requeima (Phytophthora Infestans)
A requeima causa manchas encharcadas, grandes e escuras nas folhas.(Figura 12) Na face inferior da lesão geralmente observa-se um mofo pulverulento esbranquiçado, que é a esporulação do fungo. As brotações jovens apresentam podridão encharcada e escura, semelhante aos sintomas nas folhas (Figura 13). Nos frutos, a podridão é dura, de coloração marrom-escura. O ataque severo provoca grande desfolha e podridão dos frutos.(Figura 14)

A doença é favorecida por condições de clima ameno e tímido. Epidemias também podem ocorrerem regiões secas ou em épocas relativamente quentes, desde que a temperatura da noite permaneça em tomo de 18°C a 22°C por períodos prolongados e a umidade do ar seja alta (acima de 90%).

Deve-se evitar a irrigação em excesso e o plantio em local frio e tímido, sujeito a excesso de neblina e orvalho. Em 6pocas e locais com clima favorável a doença e em áreas onde a requeima ocorre de forma endêmica, pulverizar preventivamente ou logo no inicio do aparecimento dos primeiros sintomas.

  • Septoriose (Septoria lycopersici)

  • Doença caracterizada pela presença de manchas pequenas, circulares, esbranquiçadas, com pontuações negras (picnídios) no centro da lesão nas folhas.(Figura 15) 0 fungo infecta inicialmente as folhas mais velhas. Ataques severos causam também lesões nas hastes, pedúnculo e cálice, porém os frutos permanecem sadios. A incidência é mais severa nos cultivos feitos durante o período quente (25 a 30°C) e chuvoso do ano, porém ataques severos podem ocorrer também no período seco, desde que haja bastante orvalho ou excesso de irrigação. O fungo sobrevive nos restos culturais do tomateiro e é transmitido através das sementes. Várias solanáceas são hospedeiras alternativas desse fungo, dentre elas a batata e a berinjela.

    Devem-se fazer pulverizações preventivas com os fungicidas registrados (consultar Agrofit). É importante a rotação de cultura com gramíneas e a incorporação dos restos culturais imediatamente após a última colheita.

     

    Outros agentes causadores de doenças:
    Bactérias
    Nematóides
    Vírus
    Distúrbios fisiológicos

     

    Figuras

    1. Mancha-estenfílio. Manchas necróticas pequenas em folhas mais novas da planta.

    2. Rizoctoniose. Frutos com podridão marrom na superfície em contato com o solo.

    3. Murcha-de-fusário: Murcha e seca de folhas.

    4. Murcha-de-fusário: Escurecimento dos vasos do caule de plantas infectadas.

    5. Murcha-de-verticílio: Planta murcha, com folíolos com amarelecimento das bordas, em forma de "V".

    6. Pinta-preta: Manchas com lesões concêntricas nas folhas. 

    7. Pinta-preta: Manchas no caule.

    8. Pinta-preta: Fruto com podridão na região do pendúculo.

    9. Podridão-de-esclerócio. Frutos em contato com o solo apodrecem e desenvolvem micélio branco e escleródios na superfície.

    10. Podridão de esclerotínia. Ramos secos, cor de palha.

    11. Podridão de esclerotínia. Ramos secos, cor de palha, no interior das quais se desenvolvem os escleródios.

    12. Sintoma inicial de requeima: manchas encharcadas, grandes e escuras.

    13. Sintoma inicial de requeima nas brotações.

    14. Folhas e frutos severamente atacados por requeima.

    15. Septoriose. Folhas com manchas arredondadas, com o centro mais claro.

     

     

    Informações Relacionadas

    AGRFIT – Produtos fitossanitários registrados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento - MAPA http://www.agricultura.gov.br/ddiv/

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