Embrapa Hortaliças
Sistema de Produção, 1
ISSN ___ Versão Eletrônica
Jan/2003

Cultivo de tomate para industrialização

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Início

Doenças causadas por vírus

Importância econômica
Composição nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências nutricionais
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário

  • Viroses do complexo do vira-cabeça do tomateiro

A doença vira-cabeça do tomateiro é causada por várias espécies de tospovírus na família Bunyaviridae. Dentre elas, seis ocorrem no Brasil mas somente quatro infectam o tomateiro: Tomato spotted wilt virus (TSWV), Tomato Chlorotic spot virus (TCSV), Groundnut ringspot virus (GRSV) e Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV. As espécies TSWV, TCSV, GRSV e CSNV apresentam um amplo círculo de hospedeiros abrangendo mais de 1000 espécies botânicas principalmente nas famílias Solanaceae e Compositae. No Brasil as espécies de tripes, Frankliniella occidentalis e F. shultzei são importantes vetores dessas espécies de tospovírus . Uma particularidade da transmissão do vírus pelo tripes é que o vetor somente pode adquirir o vírus na fase de larva tornando-se posteriormente apto a transmiti-lo por toda a sua vida. Outra particularidade na transmissão é que também o vírus se multiplica no vetor portanto, a relação de transmissão é do tipo circulativa/propagativa. Em geral, os tospovírus causam grandes prejuízos econômicos às hortaliças e ornamentais. Frequentemente surtos epidêmicos são observados principalmente nas culturas de tomate, pimentão e alface.

Os sintomas observados em plantas doentes são: em tomateiro arroxeamento ou bronzeamento das folhas, ponteiro virado para baixo, redução geral do porte da planta e lesões necróticas nas hastes (Figura 1). Os frutos de tomate quando maduros, apresentam lesões anelares concêntricas (Figura 2). Não existem evidências de transmissão por sementes. Atualmente existem no mercado várias cultivares/híbridos de tomate mesa e indústria com resistência aos tospovírus todas, portadoras do gene de resistência Sw-5.

  • Mosaico-do-fumo e mosaico-do-tomateiro

A virose do mosaico-do-fumo, causada pelo TMV (Tobacco mosaic virus) e virose mosaico-do-tomateiro, causada pelo ToMV (Tomato mosaic virus) infectam diversas plantas. As perdas dependem da época de infecção, sendo maiores em infecções precoces. Freqüentemente no tomateiro estes vírus causam infecção latente (sem sintomas), mas estirpes severas podem induzir mosaico suave alternado com embolhamento foliar (Figura 3) . No campo, a transmissão destes vírus é exclusivamente mecânica, através do contato direto entre plantas, mãos de operários. Outra forma de transmissão muito eficiente é através de sementes contaminadas.

  • Risca do tomateiro e mosaico (Potyvirus)

Duas espécies de potyvirus infectam o tomateiro: uma estirpe do vírus Y da batata (Potato virus Y - PVY) e o mosaico amarelo do pimentão (Pepper yellow mosaic virus - PepYMV). A transmissão desses vírus se dá através de várias espécies de pulgões ou afídeos através de picadas de prova (transmissão não persistente) portanto, a transmissão do vírus ocorre em segundos. As formas aladas são mais importantes epidemiologicamente do que as formas ápteras. As infecções após a floração são menos danosas. O sintoma do PVY no tomateiro se manifesta como mosaico e necrose generalizada das nervuras das folhas ficando a planta com aparência de pinheiro de natal. O PepYMV induz mosaico e deformação foliar.

  • Topo-amarelo e Amarelo-baixeiro

Doenças causadas por vírus de um mesmo grupo (Luteovirus), ao qual também pertence o vírus-do-enrolamento-da-folha da batata. A doença topo amarelo se caracteriza pela presença de folíolos pequenos, com bordas amareladas e enroladas para cima assemelhando-se a pequenas colheres. As plantas com amarelo-baixeiro apresentam as folhas de baixo geralmente amareladas e cloróticas (Figura 4). A transmissão é exclusivamente por pulgão, que, uma vez tendo adquirido o vírus, pode transmiti-lo por toda a vida, de modo persistente. A ocorrência destas viroses é esporádica mas, surtos epidêmicos podem ocorrer.

  • Geminiviroses

No Brasil, sem dúvida são os vírus que mais causam danos econômicos na cultura do tomate. Na última década associado à introdução no país do novo biotipo de mosca branca, Bemisia tabaci biotipo B também referida como B. argentifolii, surtos epidêmicos de geminiviroses passaram a ocorrer em todas as regiões produtoras de tomate do Brasil. Sendo um vetor muito móvel e com amplo círculo de hospedeiros uma grande diversidade de espécies de geminivírus que estavam restritas às ervas daninhas migraram para o tomateiro. No presente, pelo menos seis novas espécies de geminivírus já estão relatadas no tomateiro mas a sua distinção no campo através de sintomatologia é impossível. Em geral, os sintomas se manifestam como clorose das nervuras (Figura 5), a partir da base da folha Seguido de mosaico amarelo, rugosidade e até mesmo enrolamento das folhas (Figura 6). Quando a infecção é precoce, as perdas são totais e o controle muito difícil devido a alta população de mosca branca presente no campo. A transmissão do vírus através da mosca branca é do tipo persistente ou circulativa, isto é, uma vez adquirido o vírus a mosca passa a transmiti-lo por toda a sua vida.

  • Controle das viroses

Para o controle de viroses devem ser tomadas medidas preventivas e em conjunto por todos os produtores da região, pois não existem medidas curativas. Recomenda-se: plantar sementes de boa procedência ou, caso se faça a produção própria, observar os cuidados constantes no item - Produção de sementes; produzir mudas em viveiro ou telado à prova de insetos e em local isolado de campos cultivados com plantas hospedeiras principalmente solanáceas e compostas; manter sempre limpas as mãos, instrumentos e implementos, lavando-os com sabão ou detergente após cada operação; nunca fumar durante o manuseio das mudas; evitar plantios seqüênciados e não sendo possível, não fazer novos plantios ao lado de campos abandonados com alta incidência de viroses; controlar adequadamente as plantas daninhas.

A aplicação de inseticidas não tem qualquer efeito no controle de viroses de transmissão não persistente, como os potyvirus. Para vírus transmitidos de forma persistente ou circulativa, a utilização de inseticidas pode ter um efeito de reduzir a incidência da doença desde que as medidas anteriores tenham sido observadas.

Outros agentes causadores de doenças:
Bactérias
Fungos
Nematóides
Distúrbios fisiológicos

  

Figuras

1. Vira-cabeça (Topovírus): Plantas arroxeadas.

2. Vira-cabeça (Topovírus): Frutos com manchas, às vezes em forma de anéis.

3. Mosaico. Folhas com manchas de diferentes tonalidades de verde.

4. Topo-amarelo e amarelo-baixeiro: Amarelecimento e deformação das folhas mais novas.

5. Geminiviroses: Com amarelecimento internerval.

6. Geminiviroses: Plantas subdesenvolvidas e com folhas deformadas.


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