Sistema de Produção de Destilado de Vinho

Alexandre Hoffmann

Custos de produção

Viabilidade financeira

A análise financeira de uma agroindústria de processamento de uva inicia pela definição do volume de produção que a empresa pretende elaborar. Depois, calcula-se o investimento físico, definem-se e calculam-se os custos fixos, estimam-se os custos variáveis, projetam-se os custos totais, identificam-se os custos de comercialização e a margem de lucro, calcula-se o preço de venda, apuram-se as receitas e os resultados operacionais, projeta-se o investimento inicial, para finalmente, analisar a viabilidade financeira do empreendimento.

Como você deve ter percebido, para fazer a análise financeira o empreendedor precisa de um bom volume de informações e deve fazer uma série de cálculos matemáticos. Por isso, se você deseja realmente abrir sua própria agroindústria de processamento de uva para elaboração de destilado de vinho, fique atento ao roteiro, para análise financeira que será apresentada, a seguir.

Objetivos da análise financeira

A análise financeira tem como objetivos:

  • identificar o investimento físico e financeiro do empreendimento
  • estimar o volume de produção da agroindústria
  • definir os custos dos materiais diretos e da mão-de-obra da empresa
  • calcular os custos fixos e de produção
  • projetar as receitas operacionais do negócio
  • montar a tabela de resultados operacionais
  • conhecer o valor do investimento inicial
  • avaliar a viabilidade financeira do empreendimento

Além disso, os dados apurados na análise financeira, combinados com as demais informações já vistas anteriormente, dão condições ao futuro empresário para:

  • aprimorar a idéia do negócio, tornando-a clara, precisa e de fácil entendimento
  • obter informações completas e detalhadas sobre o negócio que se pretende implementar
  • estabelecer, com base na explicitação da idéia, os pontos fortes e fracos do futuro empreendimento
  • proceder à negociação mais eficiente com fornecedores, financiadores ou futuros sócios, em conseqüência dessas definições.

    Para realizar a análise financeira da agroindústria para produção de destilados de vinho, é importante ter as seguintes informações:

  • o tamanho do mercado consumidor, para projetar o volume de produção do futuro negócio
  • a noção dos preços, prazos de entrega e de pagamento dos insumos a serem utilizados no processo produtivo, para determinar o custo médio de processament
  • o e comercialização dos produtos
  • tempo de envelhecimento em barricas
  • a concepção do modelo de negócio, para determinar e orçar o montante de investimentos físicos e financeiros necessários à implantação do empreendimento
  • o mapeamento do mercado e quais os preços médios dos concorrentes potenciais, para se ter certeza sobre as possibilidades de implantação do negócio

Riscos da atividade empresarial

É importante salientar que os procedimentos e os cálculos, recomendados nesse estudo, não eliminam os riscos inerentes a qualquer atividade empresarial, uma vez que a capacidade de assumir riscos é uma característica importante do perfil do empreendedor de sucesso.

Antes de passarmos para a análise financeira, vale um lembrete: os dados, informações, valores e situações criados não equivalem à realidade. Isso porque as mudanças verificadas, periodicamente, na economia brasileira, e o tempo decorrido entre o momento em que foram realizados os estudos e o momento em que você os utilizará, inviabilizam seu desenvolvimento em bases realistas.

Assim, os conceitos, cálculos matemáticos e o processo de desenvolvimento da análise financeira, apesar de identificarem o tipo de empresa, devem ser adaptados às necessidades de cada situação específica. Para isso, será necessário que o empresário realize uma pesquisa cuidadosa e identifique os valores reais, para os diferentes itens da análise financeira.

Os valores foram calculados em R$ 1,00 (excluímos os centavos) e foram arredondados para mais aqueles iguais ou acima de R$ 0,50 e para menos os abaixo de R$ 0,50.

A partir de agora, você acompanhará o desenvolvimento da análise financeira de nossa pequena agroindústria.

Volume de produção e investimento físico

O ponto de partida para o planejamento financeiro da agroindústria para processamento de uva para elaboração de vinhos brancos destinados à destilação foi a definição do volume de produção. E essa não é uma definição aleatória, mas que depende do mercado que queremos atingir, da disponibilidade de matéria-prima e da concorrência que vamos enfrentar.

Além disso, é preciso avaliar, com cuidado, a disponibilidade de capital próprio e de terceiros. Depois, calculamos quanto precisaremos gastar na montagem e manutenção de nossa agroindústria, ou seja, o custo das máquinas, destilaria, barricas para envelhecimento, equipamentos, ferramentas, veículos, mobiliário, imóveis e outros materiais permanentes que compõem o investimento fixo.

O que e quanto produzir

A análise financeira começa com a estimativa do plano de produção, que é a identificação do volume de produtos que pretendemos comercializar num determinado período de tempo. Depois, calculamos o valor do investimento físico - equipamentos e instalações necessárias para o cumprimento das metas de produção - onde relacionamos as quantidades e os custos das máquinas, equipamentos, veículos, ferramentas e demais materiais permanentes.

Para definir o volume de produção de nossa agroindústria, consideramos os seguintes fatores:

  • capacidade nominal dos recursos materiais, ou seja, capacidade nominal de produção das máquinas, equipamentos e instalações, além dos recursos financeiros
  • disponibilidade de matérias-primas, materiais secundários e embalagens
  • disponibilidade de recursos humanos na região

O volume anual de produção de vinhos brancos destinados à destilação, para a nossa agroindústria é de 26.000 litros.

Cálculo de rendimento

Para a produção de 26.000 L de vinho para destilação são necessários 40.000 Kg de uvas brancas neste caso, utilizaremos a cultivar Trebbiano bem adaptada, a qual possui alta produtividade e é relativamente neutra.

Estima-se que o vinho produzido tenha uma graduação alcoólica de 9% v/v.

Para obter destilado de 60% v/v é necessário:

Dividir o grau desejado do destilado pelo teor alcóolico do vinho

60% / 9% = 6,67

Esse é o fator de conversão que deve ser dividido pelo volume de vinho destinado à destilação, obteremos o volume de destilado a 60% v/v.

Volume de vinho / Fator = Volume destilado

Ex:

26.000 L / 6,67 = 3.900 L de destilado 60% v/v

O destilado deve passar por um período de envelhecimento no mínimo de 5 anos. Normalmente, no caso do envelhecimento em barricas, calcula-se uma perda média de 5% do volume com evaporação.

Calcula-se o volume de 3.900 L menos 5%, obtemos em torno de 3.700 L de destilado ao longo destes anos.

É necessário fazer a correção do destilado baixando a graduação alcoólica para o enquadramento como bebida destilada utilizando água destilada, adequando-se as normas que regem a legislação brasileira para destilados.

O modelo de equação para sabermos como obter um destilado de 40% v/v de álcool tomando como exemplo o volume de destilado e a graduação adequada utiliza-se a seguinte fórmula:

X = [(A - B) / B] x 100

Onde:

X : Quantidade de litros de água a adicionar em 100 L de destilado.

A : Grau alcoólico inicial do destilado.

B : Grau alcoólico desejado para o destilado.

[X = (60 - 40) / 40] x 100

X = 50

Sabendo-se da necessidade de água para obter uma graduação de destilado a 40% de volume em 100 L no nosso exemplo, adiciona-se o volume de 1.850 L de água aos 3.700 L de destilado. Obtém-se neste caso, 5.550 L de destilado a 40% v/v em condições para engarrafar.

Tomando como forma de embalagem garrafas de 750 ml, chega-se a um volume médio de 7.400 garrafas. Utilizaremos este volume como referência para os cálculos de gastos com embalagens a seguir.

Custo de investimento

Nesta etapa da análise financeira, vamos saber quanto precisaremos gastar na montagem da agroindústria. Isso inclui as máquinas e os equipamentos utilizados na produção, as ferramentas, os veículos, os mobiliários e outros materiais permanentes.

Chama-se esse conjunto de investimento físico, porque são gastos feitos de uma só vez e que ficam agregados ao patrimônio da empresa.

Quem pretende entrar no ramo agroindustrial de processamento de uva para elaborar destilado de vinho precisa escolher cuidadosamente os equipamentos, instalações e materiais permanentes que vai adquirir. Em primeiro lugar, o maquinário deve ser de qualidade e ter a garantia de assistência técnica eficiente, para evitar que a produção fique suspensa, caso aconteça algum problema. Uma máquina quebrada ou mal regulada, um destilador mal cuidado, pode acarretar enormes prejuízos no momento em que as matérias-primas estão sendo processadas.

As máquinas também devem ter uma capacidade de produção adequada às necessidades iniciais da empresa, com uma folga que possibilite uma expansão futura.

De modo geral, os fabricantes dos equipamentos fornecem as especificações técnicas das obras civis necessárias para a instalação das máquinas. A partir delas, o procedimento ideal é encomendar a um profissional especializado - arquiteto ou engenheiro - a planta baixa e hidráulica (dos encanamentos de água e esgoto) e elétrica (das fiações) do imóvel), as construções que atendam às especificações tanto para a área de produção como para as áreas de armazenamento e administração.

Os equipamentos mais importantes para o processamento dos destilados são : desengaçadeira/esmagadeira, prensa, bombas para transporte de uva e de vinho, recipientes utilizados para armazenamento do vinho, destilador descontínuo, barricas de envelhecimento, enxedora e capsuladora para garrafas. Além desses equipamentos foi prevista a construção de um prédio industrial para o funcionamento da cantina, com 80 m² de área útil e mais 50 m² utilizados para a destilação. É necessário um espaço físico destinado ao envelhecimento do destilado que abrigará as barricas, preferencialmente que haja controle de umidade e de temperatura.

Para concluir a tabela dos investimentos físicos, acrescentamos uma reserva técnica de 10% dos custos totais (Tabela 1).

Tabela 1. Investimo físico.

Descrição Quantidade Custo unitário (R$ 1,00) Custo total (R$ 1,00)
Caixas de plástico, com capacidade para 20 kg, furadas na parte inferior, para transporte da uva 400 22,00 8.800,00
Máquina desengaçadeira/esmagadeira para separação da ráquis e esmagamento da uva, com capacidade para 2.000 kg/hora. 1 7.200,00 7.200,00
Prensa Horizontal cap. 4.000 kg 1 25.000,00 25.000,00
Bomba para transporte da uva esmagada e do bagaço 1 3.500,00 3.500,00
Bomba para transporte do vinho 1 2.000,00 2.000,00
Recipientes de aço inoxidável com capacidade para 5.000 L, utilizados para clarificação dos mostos com controle de temperatura 3 7.000,00 21.000,00
Recipientes de aço inoxidável isotérmicos com capacidade para 10.000 L, utilizados para armazenamento do mosto 2 10.000,00 20.000,00
Destilador tipo alambique de cobre capacidade 500 L 1 17.000,00 17.000,00
Máquina lavadora e enchedora isobarométrica e arrolhadora e gabietadora para engarrafamento do espumante, com capacidade para 500 garrafas/hora, manual 1 5.000,00 5.000,00
Reservatórios de água 2 1.000,00 2.000,00
Equipamento de frio cap. 10.000 frigorias 1 40.000,00 40.000,00
Barrica de carvalho 20 1.600,00 32.000,00
Equipamentos 161.300,00
Obras civis: construção de galpão para cantina rural m² 80 450,00 36.000,00
Obras civis: construção da destilaria na cantina rural m² 50 450,00 22.500,00
Obras civis: construção de sala de envelhecimento para cantina rural m² 200 450,00 90.000,00
Reserva técnica (10%) 30.980,00
TOTAL 340.780,00

Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

Custos diretos

Os custos diretos estão relacionados com a produção e a venda. Esses custos apresentam particularidades em razão do tipo de atividade que a empresa exerce. Numa pequena agroindústria de processamento de uva, estão incluídos, nesses custos, os materiais diretos - matérias-primas, materiais secundários e embalagens - e a mão-de-obra direta - salários e encargos sociais dos recursos humanos ligados diretamente à produção.

Materiais diretos

O que se convencionou chamar tecnicamente de materiais diretos são as matérias-primas, materiais secundários, embalagens e demais materiais utilizados na elaboração de um produto, até o estágio em que ele chega ao consumidor final.

Não há processo de elaboração e técnicas de comercialização que façam o milagre de suprir os requisitos de qualidade, se as matérias-primas empregadas na elaboração forem de má qualidade. Isso quer dizer que boa parte do sucesso do empreendimento depende dos fornecedores de matéria-prima. É importante que eles sejam idôneos, confiáveis e que garantam a qualidade constante no fornecimento.

Os custos dos materiais diretos variam muito de produto para produto. Para produzir 7.400 garrafas de destilados, por exemplo, vamos precisar de 40.000 kg de uvas de cultivares neutras como Trebbiano, que atualmente têm um custo médio de R$ 0,60 ao Kg. Outros insumos entram na composição do vinho, além das embalagens, cartuchos para filtro, rolhas, cápsulas, rótulos, contra-rótulos, papel, cola e caixa de papelão.

O custo anual dos materiais diretos necessários para a produção de 7.400 garrafas de destilado, está indicado na Tabela 2.

Tabela 2. Custo anual dos materiais diretos.

Descrição Quantidade Custo unitário (R$ 1,00) Custo total (R$ 1,00)
Uvas da cultivar Trebbiano 40.000 0,60 24.000,00
Levedura seca ativa (kg) 5 130,00 650,00
Terra filtrante (kg) 10 3,50 35,00
Lenha para destilaria 30 30,00 900,00
Cartuchos para filtro (unidade) esterilizantes 1 300,00 300,00
Garrafas de 750 mL (unidade) 7400 2,50 18.500,00
Rolhas (unidade) 7.400,00 0,70 5.180,00
Cápsulas (unidade) 7.400,00 0,12 888,00
Conjunto rótulos, contra-rótulo e gargalo (unidade) 7.400 0,70 5.180,00
Papel seda (unidade) 7.400 0,02 148,00
Cola para caixas (kg) 2 20,00 40,00
Cartucho para 1 unidade 7.400 1,00 7.400,00
Caixas de papelão p/ 6 garrafas 1.250,00 1.70 2.125,00
TOTAL 65.346,00

Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

Tabela 3. Custo anual da mão-de-obra.

Discriminação Valores
Quantidade (R$ 1,00)
Técnico em enologia 1 14.400,00
Auxiliar de produção 1 8.400,00
Mão-de-obra temporária 2 3.000,00
Subtotal 5 25.800,00
Encargos sociais 20.201,00
TOTAL 4 46.001,00

Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

Depois de definido o número de empregados e os salários de cada um, vamos calcular a despesa anual com a folha de pagamento, acrescentando um percentual de 78,3%, correspondente aos encargos sociais, que são distribuídos como apresentado (Tabela 4).

É importante informar que alguns desses índices são variáveis como o número de faltas justificadas, o índice de rotatividade dos empregados, das férias, do número de feriados por ano, do índice de acidente de trabalho, de auxílio-doença, do Sistema "S" (Senac, Sesc, Senai, e Sebrae), insalubridade, periculosidade, entre outros.

Tabela 4. Composição dos encargos sociais.

Discriminação %
Contribuição da empresa INSS 20,00
SESI 1,50
SENAI 1,00
INCRA 0,20
SEBRAE 0,60
Salário-educação 2,50
Seguro sobre acidente de trabalho 2,00
Subtotal (Guia do INSS) 27,80
FGTS 8,50
Férias 16,00
Encargos sobre férias 13º salário 10,00
Provisão por multa de FGTS (50% x 8%) 4,00
13º salário (30/250) 12,00
TOTAL 78,30

Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

Custos fixos

Depois de calcular o custo anual dos materiais diretos e o valor da folha de pagamento, devemos nos preparar para arcar com os custos fixos do negócio, ou seja, aqueles que ocorrem independentemente da produção ou das vendas. Geralmente eles são compostos dos salários e dos respectivos encargos sociais do pessoal administrativos, e dos gastos gerais de administração.

O preço para manter o negócio

Nesta etapa da análise financeira, já conhecemos uma série de dados e informações importantes:

  • o volume anual de produção
  • a quantidade e os volumes das máquinas, equipamentos e demais matérias permanentes que formam o investimento físico
  • as quantidades e os custos anuais dos materiais diretos
  • o quadro de pessoal e o valor anual da folha de pagamento, incluindo salários e encargos sociais

Agora, vamos calcular os custos fixos anuais da agroindústria, isto é, as despesas de manutenção, necessárias para manter o empreendimento funcionando.

Os custos fixos são aqueles que não estão associados às quantidades de produtos processados, mantendo-se dentro de um mesmo patamar, independentemente, do aumento ou queda da produção ou das vendas. Esses custos ocorrem mesmo que a agroindústria não venda ou produza nenhum bem, sendo necessários para a manutenção do negócio em funcionamento, daí serem também denominados de custos de funcionamento ou custos de estrutura.

Geralmente, os custos fixos são compostos pelos salários e pelos encargos sociais do pessoal administrativo (secretárias, contínuos, vigilantes, gerente-administrativo, etc.; gastos com aluguéis; retirada pró-labore dos sócios; materiais de limpeza e conservação; materiais de expediente ou de escritório; honorários profissionais(contador, advogado, engenheiro, etc.); além dos gastos com depreciação, seguro e manutenção do investimento físico.

Para fins do nosso estudo, utilizamos uma média de valores para os custos fixos, já que eles variam muito de região para região. Eles dependem também, do estilo gerencial que o empresário imprime no seu negócio e do nível de simplicidade ou sofisticação da empresa.

Os custos mensais de depreciação, manutenção e seguros são calculados utilizando-se percentuais definidos em lei, que incidem sobre o valor do investimento físico. Para o gasto de depreciação dos equipamentos, por exemplo, o percentual é igual a 5% por ano. Assim, para se saber qual será o custo anual de depreciação dos equipamentos, por exemplo, aplicamos esse percentual sobre o seu valor, ou seja, 5% de R$ 161.300,00 = R$ 8.065,00. Os custos mensais de depreciação, manutenção e seguros estão indicados na Tabela 5. Os custos fixos anuais do empreendimento estão indicados na Tabela 6.

Tabela 5. Custo anual de depreciação, manutenção e seguro.

Discriminação Valores
% (R$ 1,00)
Depreciação
Equipamentos 5,0 8.065,00
Obras civis 3,5 5.197,00
Soma 13.262,00
Manutenção
Equipamentos 4,5 7.258,00
Obras civis 1,5 2.227,50
Soma 9.486,00
Seguros
Equipamentos 3,5 5.645,00
Obras civis 1,5 2.227,00
Soma 7.873,00
TOTAL 30.621,00

Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

Tabela 6. Custos fixos anuais.

Discriminação Valores
Tarifa de água, energia elétrica e telefone 960,00
Retirada pró-labore 12.000,00
Honorários profissionais 3.000,00
Fretes e transportes 1.080,00
Combustíveis e lubrificantes 720,00
Materiais de expediente e de limpeza 360,00
Depreciação 13.262,00
Manutenção 9.486,00
Seguros 7.873,00
Outros custos 600,00
TOTAL 49.341,00

Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

Custos de produção

Agora, que já conhecemos o custo anual dos materiais diretos, o quanto vamos gastar com a mão-de-obra direta e com os custos fixos, já temos todas as condições para calcular o custo de produção.

Veja, a seguir, os principais fatores que compõem o custo anual de produção da nossa agroindústria de processamento de uva para elaboração de destilado de vinho.

Quanto custam os produtos finais

É muito freqüente considerar que os custos de produção de um determinado bem são compostos exclusivamente pela matéria-prima, embalagem e outros materiais diretos utilizados em sua fabricação, esquecendo-se de agregar àqueles preços outros custos, como o de mão-de-obra direta e os custos fixos.

Para não incorrer no mesmo erro, lembre-se de que o custo de produção é, por definição, igual à soma dos custos dos materiais diretos, com o rateio dos custos fixos e dos custos da mão-de-obra direta.

Assim, se quisermos saber o Custo de Produção (CP), isto é, quanto vai custar produzir cada garrafa de destilado, basta somar esses três itens: Materiais Diretos (MD), Mão-de-obra Direta (MO) e Custo Fixo (CF), e dividir o resultado pelo Volume de Produção (VP), ou seja:

CP = (MD + MOD + CF) : VP

Os rateios são calculados proporcionalmente às quantidades fabricadas de cada produto, utilizando-se, para isso, o percentual de participação apresentado anteriormente: Assim, se quisermos saber o valor do rateio dos custos da mão-de-obra e dos custos fixos do vinho, por exemplo, basta aplicar o percentual de participação do produto sobre os valores do custo anual da mão-de-obra e do custo fixo para o mesmo caso.

Depois, somando-se o custo dos materiais diretos para o mesmo produto, com o rateio do custo de mão-de-obra direta e o rateio do custo fixo, temos como resultado o custo anual de produção.

Finalmente, para calcular o custo unitário de produção, basta dividir o custo anual de produção pela quantidade fabricada de cada produto. Assim, o custo unitário de produção é obtido pelo custo mensal de produção dividido pela quantidade anual de produção.

Veja, na Tabela 7, como ficaram nossas contas.

Tabela 7. Custos de produção.

Discriminação Materiais diretos Mão-de-obra direta Custos Total
Custo anual (R$ 1,00) 65.346 46.001,00 49.341,00 160.688,00
Quantidade 7.400 7.400 7.400 7.400
Custo unitário (R$) 8,83 6,21 6,67 21,71

Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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