Embrapa Gado de Leite
Sistemas de Produção, 1
ISSN 1678-314X Versão eletrônica
Jan./2003
Sistema de Produção de Leite (Zona da Mata Atlântica)
Autores

Início

Importância econômica
Aspectos agro e zooecológicos
Raças
Infra-estrutura
Alimentação
Reprodução
Manejo sanitário
Mercados e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário
Editores


Expediente

Infra-estrutura
Introdução
Caracterização da Propriedade
  Identificação da Propriedade
  Estrutura Física
Tecnologia Preconizada (utilizada)
  Produção de Alimentos - SISPAL
  Produção Animal - SISPAN
Gerenciamento Técnico, Administrativo e Financeiro – SISGER
Estrutura Organizacional
Planejamento das Instalações
  Anteprojeto
  Projeto
Definição das Instalações
Dependência das características dos sistemas produtivos
Fatores que afetam a escolha das instalações
Tecnologia preconizada (utilizada)

Descrever a tecnologia a ser utilizada ou substituída para atender à demanda de alimentação para os animais, adequar as forrageiras ao uso da terra e definir as instalações necessárias.

Produção de Alimentos - SISPAL

A produção de alimentos constitui uma das principais etapas na exploração racional de um sistema de produção de leite. Disponibilidade de forragens em quantidade e qualidade é o fator determinante para que o animal externe o seu potencial máximo de produção, influenciando diretamente a produtividade por animal, produção de leite, potencial reprodutivo e a saúde do rebanho.

Produção de Forrageiras e Pastagens

Escolha da Área

O conhecimento da propriedade é importante, pois permite selecionar forrageiras adaptadas a cada um dos diferentes segmentos da paisagem, ou seja, sua toposseqüência (topografia). De forma resumida, na Região Sudeste, ela é formada por várzeas, meia-encosta, morro e topo de morro.

Geralmente, as várzeas são passíveis de inundadações periódicas, férteis, e por isto prestam-se à produção de culturas e pastagens anuais (milho, sorgo, forrageiras de inverno, etc.) e pastagem permanente, neste caso, gramíneas forrageiras resistentes ao encharcamento devem ser usadas: capim-angola, setária, coast-cross, tangola, tanner grass etc.

As áreas de meia-encosta prestam-se à construção das residências e instalações rurais. Caracterizam-se por apresentar fertilidade natural bastante elevada, não apresentando impedimento à mecanização por tração motorizada e devem ser cultivadas com forrageiras de alto potencial de produção de biomassa, tais como o milho e sorgo para silagem, cana-de-açúcar para corte, capim-elefante para capineira e formação de pastagens de capim-elefante, colonião, tanzânia, mombaça, estrela africana etc.

As áreas de morro caracterizam-se por solos de baixa fertilidade natural e declividade acentuada, apresentando forte impedimento à mecanização por tração motorizada. Para este segmento, é obrigatória a utilização de práticas conservacionistas de manejo de solo e uso de forrageiras tolerantes a acidez do solo, baixa fertilidade natural, rápida cobertura do solo após o plantio e boa capacidade de semeadura, como as braquiárias e o capim-gordura.

Os topos de morro apresentam baixa fertilidade natural, mas permitem o uso de mecanização por tração animal ou motorizada, podendo ser cultivadas forrageiras adaptadas a solos de baixa fertilidade e acidez elevada, como as braquiárias.

Análise de solo

A análise do solo, para fins de diagnóstico de sua fertilidade, constitui-se numa das práticas mais importantes do processo produtivo, principalmente quando se pensa na utilização intensiva e racional dos solos.

Preparo da área

O preparo da área consiste em sua limpeza, deixando a área isenta de restos de culturas, entulhos diversos (galhos, toco, pedras etc) facilitando as operações posteriores (aração, gradagem, sulcamento e plantio). Havendo necessidade de desmatamento, roçada pesada ou queima, esta operação deverá ser devidamente autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA.

Conservação do solo

Consiste em garantir a perpetuação do recurso natural não-renovável e é feita por meio de curvas de nível, terraceamento em terrenos mais declivosos, podendo estes serem terraços de base estreita ou base larga. Uma prática simples e eficaz é não deixar a superfície do solo descoberta.

Calagem

A calagem tem como objetivos básicos neutralizar o alumínio tóxico presente na solução do solo, um dos responsáveis pela acidez do solo, bem como fornecer cálcio e magnésio, que constituem elementos essenciais para o crescimento das plantas. Sua necessidade é determinada pela análise do solo, com a quantidade de calcário a ser aplicada sendo obtida diretamente do laboratório credenciado ou pela interpretação dos resultados da análise do solo feita por um técnico. Determinada a quantidade de calcário a ser aplicada, a distribuição é feita a lanço (manual ou mecânica) sobre toda a área, antes da aração, com antecedência mínima de 20 a 30 dias do plantio, desde que o solo esteja úmido.

Preparo do solo

No plantio tradicional, consiste de aração e gradagem, operações não executadas quando o plantio for direto na palha. A operação de preparo do solo tem a finalidade de melhorar suas condições físicas, melhorando a aeração e a absorção de água, facilitando a semeadura e a germinação das sementes e mudas. A profundidade de aração deverá variar de 15 a 20 cm, podendo ser feita com tração animal ou mecanizada.

Quando se pensa em manejo racional do solo, em hipótese nenhuma, em áreas de relevo acidentado, é permitida a aração morro abaixo e morro acima.

Formação de capineira e pastos

Capineira é uma área de terra cultivada com gramíneas de elevado potencial de produção de forragem que são cortadas e picadas para fornecimento de alimento verde no cocho, em especial, na época seca.

O capim-elefante é a gramínea mais utilizada para este fim, apresentando, porém, grande exigência em termos de fertilidade do solo e manejo de cortes para evitar perda de qualidade da forragem.

Em propriedades menores, onde são alimentados poucos animais e com produtividade elevada, plantam-se os capins guatemala e venezuela, de rendimentos inferiores aos do capim-elefante, porém de excelente qualidade nutricional.

Estas espécies são plantadas nos meses de janeiro a novembro, por mudas oriundas de plantas com três a cinco meses de idade, distribuídas em sulcos espaçados de 0,70 a 1,00 m, devendo ser adubadas com adubo orgânico e fertilizantes químicos, tanto no plantio como em manutenção. No estabelecimento e ao longo de sua utilização, devem ser procedidos tratos culturais, tais como: controle de ervas-daninhas, formigas, lagartas, cigarrinha, cupins e outras pragas.

Culturas forrageiras

Várias são as culturas forrageiras que podem ser plantadas para a alimentação do rebanho. Os principais critérios para a escolha de qual forrageira plantar devem ser sua capacidade de produção e qualidade nutricional, seguidos de sua adaptabilidade à região em que se localiza o sistema de produção. Outro ponto importante é a facilidade operacional para o seu uso, como disponibilidade ou não de máquinas e equipamentos e mão-de-obra.

Cana-de-açúcar

Mandioca

Milho ou Sorgo

Girassol

  • Cana-de-açúcar

Cultura tradicional no Brasil, alta produção por unidade de área (70 a 200 t/ha), cultura de implantação e manejo simples, exigindo poucos tratos culturais, período de maturação e colheita coincidentes com o período de escassez de pasto, pequena taxa de risco de perda da cultura, disponibilidade e qualidade constantes se plantadas variedades de ciclos médio e tardio, cultura perene, produzindo um corte a cada doze meses, fonte rica de carboidratos, na forma de sacarose, bem consumida pelos animais e dispensa a conservação como silagem ou feno.

Suas limitações nutricionais para os bovinos estão relacionadas ao baixo teor de proteína bruta (2 a 3% na matéria seca), o qual é corrigido por meio da associação com 1% da mistura de nove partes de uréia e uma parte de sulfato de amônio, e a deficiência em alguns minerais, principalmente fósforo, enxofre, zinco e manganês, exigindo, para tanto, o fornecimento de uma boa mistura mineral aos animais suplementados com cana.

De modo geral, para culturas agronomicamente bem conduzidas, dois hectares de canavial são suficientes para suplementar 50 bovinos adultos durante 150 dias. O manejo de corte e retirada da produção é fator importante para a longevidade do canavial, devendo ser evitado o tráfego de veículos e máquinas sobre a área plantada, daí a necessidade de se preparar acessos e carreadores.

A escolha das variedades é fundamental e devem ser plantadas uma ou mais variedades industriais melhoradas de cana-de-açúcar, adaptadas às condições locais, considerando-se o relevo, a fertilidade do solo e o clima da região, além de apresentar características desejáveis como alta produtividade, alto teor de açúcar, rebrotação vigorosa, ausência de tombamento e resistência a pragas e doenças.

Adubação orgânica e química devem ser usadas no plantio e manutenção do canavial. Plantio em sulcos espaçados de 1,20 a 1,30 m com 0,30 m de profundidade, usando-se mudas retiradas de canaviais com 8 a 12 meses, vigorosos e sem infestação de pragas e doenças. Gasta-se de 10 a 12 toneladas de mudas para implantar um hectare, e duas são as épocas de plantio: cana de ano, plantada em setembro/outubro e colhida a partir de junho do ano seguinte; e a cana de ano e meio, plantada de janeiro a março (dependente de chuvas) e colhida a partir de junho do ano seguinte.

No estabelecimento e ao longo de sua utilização, devem ser procedidos tratos culturais, tais como: controle de ervas daninhas, formigas, lagartas, cigarrinha, cupins e outras pragas.

  • Mandioca

De fácil adaptação, a mandioca é cultivada em todos os estados brasileiros, solteira e em cultivo associado, exigindo solos bem drenados, não excessivamente argilosos, com boa profundidade efetiva e pH entre 5,0 e 6,0. O potencial máximo de produção é atingido com adubação adequada e dentre os macronutrientes, o fósforo permite resposta mais acentuada em termos de produtividade. O plantio é normalmente feito no início da estação chuvosa. Em Minas Gerais, a mandioca é plantada de outubro a dezembro, nas áreas de Cerrado, e de junho a setembro, na Zona da Mata. Selecionar uma cultivar para se conseguir boa uniformidade e maior produtividade do mandiocal, escolher manivas maduras provenientes de plantas com 10 a 14 meses de idade. Usar apenas o terço médio das manivas, eliminando a parte herbácea superior. Essas manivas devem possuir um diâmetro em torno de 2,5 cm, e a medula deve ocupar 50% ou menos disso.

O plantio é feito em sulcos de 10 cm de profundidade, e os melhores rendimentos têm sido obtidos com espaçamentos de 1,00 m x 0,50 m e 1,00 m x 0,60 m, em fileiras simples, e 2,00 x 0,60 m x 0,60 m, em fileiras duplas. É necessário o controle de plantas daninhas, pragas comuns (mandarová, ácaros, percevejo de renda, mosca branca, mosca-do-broto, broca do caule, cupins e formigas) e doenças (bacteriose, antracnose, podridão das raízes e o superbrotamento).

Na alimentação animal, tanto a parte aérea quanto as raízes podem ser consumidas pelos animais na forma fresca, seca ao sol sob a forma de raspa da raiz, feno de ramas e ensilada. O fornecimento da matéria fresca é o modo mais simples de fornecer raízes e parte aérea da mandioca aos animais. Trituração ou picagem e murcha em condição ambiente, por 24 horas, são necessárias para servir aos animais. Para ruminantes, tratando-se apenas da parte aérea, misturá-la com 50% de outros volumosos. A introdução deste alimento na alimentação animal deve ser feita de forma gradativa para adaptação, sendo a quantidade dependente da espécie, idade e da produção do animal.

A qualidade da silagem ou feno da parte aérea da mandioca depende da rapidez da colheita, picagem e acondicionamento do material a ser armazenado.

  • Milho ou Sorgo

Em sistemas sem irrigação, o plantio do milho deve ser feito no início do período chuvoso. Pode-se fazer dois plantios por ano em áreas irrigadas, nesse caso, usar cultivares precoces. Como o sorgo exige menos quantidade de água para se desenvolver, o seu plantio pode ser feito tanto no início como no final do período chuvoso. Culturas exigentes em solos com boa drenagem e férteis, podendo ser plantados em plantio tradicional ou plantio direto. Recomenda-se o uso de herbicidas em pré-plantio ou pré-emergência. Nesse caso, consulte um Engenheiro Agrônomo e peça uma indicação e o receituário para aquisição do herbicida, use equipamentos de proteção e siga as recomendações para uso dos produtos e o descarte das embalagens após o uso.

A cultivar de milho ou de sorgo deve ser aquela que mais se adapta à região e que seja boa produtora de grãos, para, assim, assegurar a produção de silagem de boa qualidade.

Cultivares normais (variedade ou híbrido) apresentam porte alto, atingindo o ponto de ensilagem cerca de 120 dias após o plantio de verão, estendendo-se em até 30 dias nos plantios tardios com colheita no inverno.

Cultivares precoces são de porte mais baixo, resistindo melhor ao tombamento e oferecem melhor relação espiga : colmo. O ponto de ensilagem pode ser antecipado em 20 dias em relação às cultivares normais.

O espaçamento, a profundidade de semeadura e o número de sementes por metro linear (densidade de plantio) dependem do tipo de solo, da disponibilidade de chuvas ou irrigação na área, da capacidade da cultivar em aproveitar a luz e os nutrientes, e do porte da planta. Para cultivares de milho de porte e ciclo normais, é recomendado o espaçamento de 0,90 a 1,00 m entre linhas, e para cultivares de porte mais baixo e precoces, o de 0,80 a 0,90m. A profundidade de plantio é de 4 cm para solos argilosos e de 5 a 8 cm para solos arenosos.

A densidade de plantio, população ou número de plantas por hectare deve ficar entre 40.000 e 50.000 plantas/ha para cultivares de ciclo normal, e de 50.000 a 60.000 plantas/ha para cultivares precoces.

A quantidade (kg) de sementes necessária para cada hectare depende do tamanho da peneira e devem ter um acréscimo de 20% para compensar eventuais perdas no campo, gastando-se em média de 20 a 26 kg de sementes/ha.

A população final para o sorgo deve ficar entre 150.000 e 200.000 plantas/ha, sendo gasto em média de 8 a 10 kg de sementes/ha, considerando sementes com valor cultural superior a 70% e um acréscimo de 30% para compensar perdas diversas.

A adubação é feita em função da análise de solo e do histórico de uso da área. A adubação de cobertura para o milho é realizada quando as plantas apresentarem 8 a 10 folhas bem desenvolvidas e, em sorgo, 30 a 35 dias após a emergência das plântulas. Doses de N acima de 100 kg/ha, como regra prática, recomenda-se que sejam divididas em duas aplicações com a primeira cobertura aos 20 a 25 dias com metade da dose de N e o restante aos 35 a 40 dias da emergência da plântula. O adubo deve ser colocado na superfície do solo próximo à linha de plantio, podendo ser distribuído a lanço, com adubadeira manual e/ou cultivador-adubadeira, ou ainda a tração mecânica.

Os tratos culturais necessários à condução da cultura são o controle mecânico ou químico de plantas daninhas e combate a pragas (formigas, lagartas etc.).

  • Girassol (Helianthus annuus L.)

É uma planta originária do continente norte-americano, pertencente à família das Compostas. Possui raiz pivotante profunda, que atinge cerca de dois metros ou mais de profundidade e ciclo vegetativo médio de 120 a 130 dias. A partir de pesquisas do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), da Embrapa e de algumas universidades, pode-se afirmar que o país possui hoje tecnologia para produção dessa cultura.

É uma cultura alternativa ao milho na produção de silagem na safrinha, pois possui maior tolerância às deficiências hídricas e ao frio, podendo atingir de 20 a 30 t/ha de matéria verde. Por isso, é uma excelente opção para os agricultores que produzem silagem na segunda safra, quando as condições climáticas são mais adversas. A silagem de girassol apresenta teor de proteína superior ao do milho (aproximadamente 30%), sendo também, em média, 20 a 30 dias mais precoce. A cultura do girassol para produção de silagem na safrinha não exige grandes investimentos em insumos, porém responde bem à utilização destes, pois o girassol aproveita bem os resíduos da adubação da cultura anterior e tem boa capacidade para suportar a competição com o mato. A calagem é indispensável, pois a planta é sensível à acidez do solo. A quantidade de calcário é a recomendada pela análise de solo para elevar o índice de saturação de bases para 70% e pH acima de 5,2.

Com base na análise de solos e do histórico da área, recomenda-se aplicar, na adubação, de 40 a 60 kg/hectare de nitrogênio, de 40 a 80 kg/hectare de P2O5 e de 40 a 80 kg/hectare de K2O. O nitrogênio deve ser aplicado 30% no plantio e o restante em cobertura até 30 dias após a emergência das plantas. Em áreas novas, recomenda-se também a aplicação de 20 kg/hectare de enxofre, que pode estar sendo suprido se há uso constante de sulfatos. Outro elemento indispensável para o girassol é o boro, cuja aplicação deve ser feita de forma convencional, nunca por via foliar.

Se houver necessidade de uso de herbicidas, há três registrados para a cultura: trifluralin, alchlor e setloxydim. Outro ponto interessante é a possibilidade de produção de até 20 a 30 kg de mel por hectare por meio da introdução de colméias nas culturas, o que indiretamente aumenta a produção de grãos pela melhor polinização, já que a sua florada dura de 15 a 30 dias, o que deve ser levado em consideração caso haja necessidade de uso de algum inseticida.

O período de plantio é muito amplo em todo o Brasil. Na Região Sudeste, deve ser plantado no período de safrinha, ou seja, de fevereiro a março. O plantio no período de safra normal (primavera-verão) é antieconômico, e pode ocasionar sérios problemas fitossanitários. O espaçamento entre linhas poderá variar de 0,70 a 0,90 m (0,70 m se usar plataforma para soja e 0,80 a 0,90 m se for usar plataforma de colheita para o milho), semeando-se de cinco a sete sementes por metro linear, dependendo da cultivar, procurando-se atingir 45 a 60 mil plantas por hectare. De acordo com o tamanho da semente, gasta-se de 4 a 5 kg de sementes por hectare. Mesmo plantado em épocas corretas, pode sofrer ataque de maritacas se estas não dispuserem de outras alternativas de alimentos na região, da mesma forma que para o sorgo, fator esse agravado pela perda de áreas com florestas.

Formação ou recuperação de pastagens

Consiste na implantação da espécie forrageira escolhida e pode ser feita por sementes e mudas. É o processo mais eficaz para se produzir leite, carne ou lã.

A formação de pastagens de gramíneas por sementes constitui o método mais utilizado, especialmente para áreas extensivas. As espécies forrageiras comumente usadas são as Brachiarias (decumbens e brizantha), os panicuns (capim-colonião, green panic, sempre verde, makueni, tobiatã, mombaça, tanzânia, massai), o andrópogon e a setária. Diversas espécies forrrageiras, principalmente as leguminosas, possuem tegumento externo protetor (casca), dificultando a entrada de umidade, prejudicando a germinação. A escarificação das sementes pode ser feita por procedimentos mecânicos, químicos e com água, havendo necessidade de fazer a inoculação da semente escarificada. Outras espécies possuem dormência fisiológica e precisam ser armazenadas em condições especiais para completarem a maturação.

Consciente de que pasto é uma cultura que agrega valor por meio dos animais que retiram os nutrientes para sua sobrevivência e produção, procedimentos importantes para implantar ou recuperar pastagens são a qualidade das sementes (pureza e germinação, valor cultural das sementes) e a adubação, fundamental para o seu estabelecimento e manutenção, além de um bom preparo do solo, semeadura correta e manejo consonante com os hábitos de crescimento da planta forrageira utilizada.

A propagação de gramíneas como a grama estrela, o capim coast-cross, tiftons e o capim-elefante, é feita por meio de mudas vegetativas. A área a ser plantada deve ser bem preparada. Aberto sulcos (20 a 25 cm de profundidade), realizar a adubação de plantio em função da análise do solo, distribuir as mudas (colhidas de viveiros sadios e não praguejados com outras espécies) no fundo dos sulcos e cobrir as mudas com uma camada de terra não muito espessa, para não retardar a brotação das gemas e aumentar o aparecimento de plantas daninhas na área.

Prática importante é realizar o pastejo de formação, o qual deve ocorrer 60-90 dias após o estabelecimento da forrageira. Consiste na entrada de grande número de animais na área em formação por um curto período de tempo, com o objetivo de forçar maior perfilhamento e permitir uma cobertura do solo mais rápida.

A divisão, a rotação das pastagens e o controle da carga animal têm sido uma forma de manejo eficiente para evitar a degradação, dando oportunidade às plantas de se recuperarem após o pastejo. Além disso, os animais têm oportunidade de selecionar partes mais nutritivas da planta, principalmente as folhas, que se desenvolveram com o período de descanso.

A manutenção de cobertura vegetal remanescente após o pastejo, além de promover a reciclagem de nutrientes, protege o solo contra o ressecamento excessivo e evita erosão por ocasião das chuvas mais intensas.

Banco de Proteína

É uma área de terra cultivada com leguminosa de elevado potencial de produção e qualidade de forragem que são cortadas e picadas para fornecimento de alimento verde no cocho, em especial, na época seca. Presta-se ao pastejo controlado, no qual os animais têm acesso diário, podendo ser de forma contínua ou limitada por um período de tempo. Guandu (arbustiva), leucena (arbórea), soja perene e estilosantes são as leguminosas mais utilizadas. Os procedimentos para a implantação são os mesmos recomendados para a formação de pastagens e capineiras.

Conservação de forragens

Na maioria das áreas agrícolas do mundo, fatores de clima impõem às forrageiras períodos de intenso crescimento alternados com períodos de baixa produção. O correto uso da silagem e da fenação permite o armazenamento de volumosos de boa qualidade que podem ser fornecidos ao gado nas épocas de escassez de pastagem ou como complemento ao pastejo ou, ainda, como principal alimento no caso de se adotar o confinamento total dos animais.

Várias forrageiras, sozinhas ou combinadas, podem ser ensiladas em diversos tipos de silos.

Silagem

Feno

Outros

Silagem

É a forragem verde armazenada na ausência de ar e conservada mediante fermentação em depósitos próprios, chamados silos. Várias forrageiras, sozinhas ou combinadas, podem ser ensiladas. O valor nutritivo da silagem vai depender principalmente da forrageira utilizada. O milho, o sorgo e o capim-elefante são as principais forrageiras usadas para ensilagem, sendo o milho a mais comum e de maior valor nutritivo dentre essas três. Recentemente, os capins tanzânia e mombaça e o girassol passaram a ser utilizados na confecção de silagem. Devido à sua menor digestibilidade, a silagem de sorgo tem apresentado 70 a 90% do valor nutritivo da silagem de milho. A silagem de capim-elefante, mombaça e tanzânia é qualitativamente bem inferior à do milho e do sorgo, enquanto a de girassol apresenta valor intermediário.

Feno

É um alimento volumoso, preparado mediante o corte e desidratação de plantas forrageiras. Esse processo é denominado fenação e que resulta na forragem desidratada e, dessa forma, ela pode ser armazenada por vários meses, sem perder o seu valor nutritivo. Excelente maneira de se aproveitar o excedente de pasto, entretanto, a qualidade do feno estará sujeita a grandes variações em função da condição da pastagem, da espécie forrageira, da época e idade da planta e da maior instabilidade climática no verão. A maioria das gramíneas forrageiras presentes nas pastagens pode ser utilizada, devendo-se evitar aquelas com caules grossos, difíceis de ceifar e secar. O ponto de feno ideal para enfardar o material é 20% de umidade, e uma maneira prática de averiguação é fechar com força uma amostra do feno da mão; se a forrageira quebrar quase totalmente ou, ao abrir a mão, não tiver tendência a voltar à forma inicial, indica que o feno está em condições de ser enfardado.

Outros

Outro produto que se obtém mediante a desidratação é a raspa de mandioca, que pode ser armazenada e utilizada como componente energético na alimentação do gado, em substituição parcial ao milho ou sorgo. A produção de raspa de mandioca em fazenda consiste no arranquio, transporte até o local onde será preparada a raspa, após a remoção do excesso de terra, lavagem opcional das raízes, picagem ou corte das raízes em fatias ou rodelas de no máximo 1 cm de espessura, secagem em terreiro com carga inicial de 5 a 10 kg de raspa por m², revirar o material a intervalos de duas a três horas, amontoar e cobrir durante a noite para proteção contra chuva ou orvalho. O ponto de secagem (menos de 15% de umidade) é atingido com 2 a 4 dias, dependendo das condições do tempo e dos procedimentos adotados, e é determinado de forma prática quando, tomando-se um pedaço de raspa, este riscar como se fosse giz.

Produção Animal - SISPAN

Preconizar as técnicas para o manejo das diversas categorias de animal, estabelecer as estratégias para o melhoramento genético, manejo reprodutivo e nutricional do rebanho e os critérios de ordenha e qualidade do leite.

  • Bezerros
  • Cria
  • Recria
  • Novilhas
  • Vacas
  • Melhoramento genético
  • Manejo reprodutivo
    • Manejo sanitário
  • Manejo nutricional
  • Ordenha e qualidade do leite
  • Outros

Detalhes sobre as atividades de produção, conservação e utilização de forrageiras e pastagens, alimentação, manejo reprodutivo e melhoramento genético, sanidade animal e ordenha podem ser encontrados no Manual Técnico: Trabalhador na Bovinocultura de Leite, produzido pela Embrapa-Senar-AR/MG, Embrapa Gado de Leite: 20 anos de pesquisa.

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