Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 11
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para a Região dos Tabuleiros Costeiros
Jayme de Cerqueira Gomes
Edna Castilho Leal

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Plantas Daninhas

Controle de plantas daninhas em mandioca
Recomendações
Calibração de pulverizadores  terrestres


Controle de plantas daninhas em mandioca

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Todo produtor visa obter maior produção por hectare, com menor custo e melhor qualidade do produto. Para atingir essas metas, deve-se empregar os insumos agrícolas da melhor maneira possível. O controle de plantas daninhas é um insumo agrícola muito importante, mas sem os demais não resulta em maiores benefícios


Controle cultural

O controle cultural de plantas daninhas inclui todas aquelas práticas agrícolas que, manejadas eficientemente, asseguram o desenvolvimento vigoroso da cultura possibilitando-a de competir com vantagens, com as plantas daninhas.  As práticas que contribuem para um bom estabelecimento e desenvolvimento do cultivo são:  Bom preparo do solo,  seleção de variedades adaptadas, uso de manivas de boa qualidade, correta densidade de plantio, controle cultural de plantas daninhas, rotação de culturas e o uso de coberturas verdes.

A rotação de culturas é um meio cultural que serve para prevenir o surgimento de  populações de certas espécies de plantas daninhas a determinada cultura. Quando são aplicadas as mesmas práticas culturais seguidamente ano após ano no mesmo solo, a associação plantas daninhas-culturas tende a multiplicar-se rapidamente, aumentando sua interferência sobre a cultura.

As coberturas verdes, a exemplo do feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), são culturas geralmente muito competitivas com as plantas daninhas. O objetivo principal dessas coberturas é a melhoria das propriedades físicas e químicas do solo; entretanto, muitas dessas plantas possuem grande poder inibitório sobre determinadas invasoras, mesmo após o corte e  formação de uma cobertura morta sobre o solo.


Controle mecânico

O controle mecânico é realizado por meio de práticas de eliminação do mato, como o arranquio manual, a capina manual, a roçada e o cultivo mecanizado feito por cultivadores tracionados por animais ou trator.

A monda ou arranquio manual é o  método mais antigo de controle de plantas daninhas. Na cultura da mandioca é utilizado, principalmente, para a remoção de plantas daninhas entre as plantas de mandioca na linha de plantio da cultura, onde estas não são alcançadas pela enxada.

A capina manual através da enxada é um meio altamente eficaz no controle de plantas daninhas e ainda é amplamente utilizado na cultura da mandioca. Entretanto, com o alto custo da mão-de-obra braçal, a capina manual deixou de ser o método de controle mais econômico, apesar disso, é ainda de grande importância em várias regiões do Brasil

Atualmente, o custo de duas limpas à enxada, para manter a cultura livre de competição por aproximadamente 100 dias (período crítico de interferência), está em torno de 19 % do custo total, reduzindo consideravelmente a renda líquida do produtor.

A cultivação com implementos de tração animal ou mecanizada é um método de combater tanto plantas daninhas anuais bi-anuais quanto perenes, mediante o emprego de arados, grades e cultivadores.

Utilização de cultivadores do tipo planet, dotados de enxadas asa-de-andorinha.  Estes são bastante utilizados em lavoura de mandioca, sejam eles de tração animal ou mecanizada. O controle por este tipo de equipamento é obtido pelo:   1) rompimento da relação intima solo-raiz e a consequente suspensão da absorção de água;   2)  enterrio de pequenas plantas e consequentemente a morte por sufocação;   3)  corte da planta abaixo das gemas de crescimento.             As espécies daninhas anuais são facilmente controladas pelo cultivo, sendo este mais efetivo sob condições de calor e solo seco.  Em solos úmidos, ou se ocorrer chuva logo após o cultivo as raízes podem se restabelecer rapidamente, prejudicando ou até mesmo inutilizando a operação.


Controle químico

Consiste no uso de  herbicidas, que são produtos químicos aplicados em pré e pós-emergência do mato para seu controle, substituindo o controle mecânico. 

Atualmente, a maioria dos herbicidas utilizados em mandioca são de pré-emergência total (antes da germinação do mato e da brotação da cultura) e aplicados logo após o plantio ou, no máximo, cinco dias depois. A escolha do herbicida é conseqüência direta das espécies de plantas daninhas presentes e do seu custo. Atualmente, uma aplicação da mistura de tanque a exemplo do diuron + alachlor representa segundo Carvalho et al. (1990), 8,5 % do custo total de produção e substitui aproximadamente duas limpas à enxada. Essa mistura é de grande eficácia no controle de mono e dicotiledôneas em várias regiões do Brasil. 

A mandioca é uma planta que apresenta boa resistência a vários herbicidas, quando aplicados antes de sua brotação e nas doses recomendadas.

Atualmente, recomenda-se os herbicidas à base de glifosate em aplicações dirigidas, evitando atingir as folhas da cultura e quando a mandioca esteja com aproximadamente cinco meses apresentando 30 a 40 cm de haste em relação ao solo.

Tanto em pré como em pós-emergência o sucesso da aplicação depende do conhecimento das espécies de plantas daninhas presentes, seu estádio de desenvolvimento, escolha do herbicida ou mistura mais indicada, condições ambientais, condições do equipamento e da sua calibração/regulagem.


Controle integrado

Consiste na integração dos métodos químico, mecânico, biológico e cultural, com o objetivo de eliminar as deficiências de cada um deles e, assim, obter um resultado mais eficiente, redução dos custos e menor efeito sobre o meio ambiente.

O uso de herbicidas nas linhas de plantio, combinado com o cultivador animal ou tratorizado nas entrelinhas da mandioca, tem proporcionado  o mais baixo percentual em relação ao custo total de produção, quando comparado com outros métodos mecânicos de controle.

Para os pequenos produtores, onde o uso de herbicidas ainda é uma tecnologia de difícil adoção a curto prazo, a substituição do controle à enxada nas entrelinhas da cultura pelo cultivador tração animal tem se mostrado como excelente alternativa, para redução dos custos das limpas e liberação de mão-de-obra familiar para outras atividades da propriedade.

A utilização de coberturas verdes (leguminosas de ciclo curto) no controle integrado das plantas daninhas vem se mostrando como uma boa opção para mandioca plantada em fileiras duplas, pela sua efetividade no controle do mato e na melhoria da estrutura4 do solo, permitindo também ao produtor fazer a rotação da cultura na mesma área. Deve-se tomar o cuidado de evitar o plantio dessas leguminosas, a exemplo do feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) e do caupi próximo às linhas de mandioca, deixando no mínimo  um afastamento de 0,80 m para evitar a competição da cobertura vegetal com a cultura. Em virtude do alto custo das sementes das leguminosas, só justifica sua utilização quando a semente for produzida pelo produtor. Na Figura 1 é mostrado um exemplo do controle integrado, utilizando-se feijão-de-porco.

 

Figura 1. Controle integrado de plantas daninhas utilizando-se feijão-de-porco.
(Foto José Eduardo B. de Carvalho)

 

Recomendações

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Na Tabela 4 são apresentados os principais herbicidas pré e pós-emergentes recomendados pela pesquisa, para o controle de plantas daninhas na cultura da mandioca, no Brasil. As doses mais elevadas são para solos com teor de matéria orgânica superior a 1,5 % e/ou  infestação muito alta do mato.

Tabela 4. Herbicidas registrados para uso na cultura da mandioca no Brasil.

Nome comum

Nome comercial

Dose

(L ou kg/ha do produto comercial ) (1)

Época de aplicação

Ametrina

Ametrex WG,

2,0 – 2,5

P

Herbipak WG

 

 

 

 

Clomazone

Gamit,

1,6 - 2,0

P

Clomazone 500

 

 

 

 

Clomazone

Gamit 360 CS

2,8 – 3,5

P

 

 

 

 

Metribuzin

Sencor 480

0,75 – 1,0

P

 

 

 

 

Isoxaflutol

Provence 750 WG

0,10 – 0,12

P

 

 

 

 

Cletodim

Lord,

0,35 - 0,45

Pós

Select 240 EC

 

 

 

 

Clomazone + Ametrina

Sinerge EC

4,0 - 5,0

P

 

 

 

 

Fluazifope-P-butílico

Fusilade 250 EW

0,5 – 0,7

Pós

(1)Líquido ou em pó.
Fonte: MAPA – Agrofit (2012).
 


Calibração de pulverizadores  terrestres

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Consiste no ajuste correto do pulverizador para regular a descarga do herbicida a um nível constante, uniforme e na quantidade desejada.


Calibração de pulverizadores costais

  • Marcar 50 m na área onde será realizada a aplicação;

  • determinar a faixa de cobertura do bico ou bicos;

  • colocar uma quantidade conhecida de água no pulverizador;

  • bombear até obter uma pressão de trabalho desejada;

  • procurar manter a pressão e efetuar (realizar) a aplicação a um passo normal;

  • determinar por diferença a quantidade de água gasta;

  • repetir pelo menos três vezes o mesmo processo para obter uma média;

  • calcular a vazão por hectare pela fórmula:

Água gasta em litros X 10.000 m2

Vazão (litros por hectare) =   

-------------------------------------

Área aplicada m2

EXEMPLO DE CALIBRAÇÃO DE PULVERIZADOR COSTAL:

  • Distância percorrida:  50 m;

  • faixa de aplicação: 0,80 m;

  • gasto de água:  1,6 litros;

  • área aplicada:  50 m X 0,80 m = 40 m2.

Aplicando a fórmula:  Vazão = (1,6 X 10.000 m2 )/40 m² = 400 l/ha

 

Calibração de pulverizadores tratorizados

  • Encher o tanque do pulverizador ou colocar uma quantidade de água conhecida;

  • regular a pressão entre 1,4 e 2,8 kg/cm2;

  • marcar 50 m na área a ser aplicada;

  • determinar o tempo gasto pelo trator para percorrer os 50 m. Repetir pelo menos três vezes a operação;

  • fixar a altura da barra para se obter uma cobertura uniforme e determinar a faixa de aplicação da mesma;

  • com o trator parado e com a mesma rotação de trabalho, medir a descarga do maior número possível de bicos para se determinar a descarga (vazão) média de cada bico no mesmo tempo que o trator gastou para percorrer os 50 m;

  • multiplicar a descarga média por bico pelo número de bicos da barra para se determinar a vazão da barra;

  • calcular a vazão por hectare pela fórmula:

Descarga de barra em litros X 10.000 m2

Vazão (litros/hectare da solução) =

----------------------------------------

Área coberta pela barra em m2

em que a área coberta pela barra significa o produto da faixa de aplicação alcançada pela distância percorrida, que no caso foi 50 m. 

EXEMPLO DE CALIBRAÇÃO DE PULVERIZADOR TRATORIZADO:

  • Pressão:  2,8 kg/cm2;

  • tempo gasto para percorrer 50 m:  36 segundos;

  • descarga média por bico:  1,0 litro;

  • número de bicos:  20;

  • faixa de aplicação da barra:  10
  • descarga total da barra:  1,0 l X 20 = 20 litros;

  • área coberta pela barra:  500 m2.

Calcular a vazão aplicando a fórmula:  Vazão = (20 l X 10.000 m2 )/500 m² = 400 l/ha.

 

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