Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 1 - 2ª Edição
ISSN xxxx-xxxx Versão Eletrônica
Dez./2006
Cultivo de Tomate para Industrialização
Autores

Sumário


Apresentação

Importância econômica
Composição nutricional
Clima
Solos
Adubação
Deficiências nutricionais
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita e pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário


Autores
Expediente

Doenças - Fungos

Mancha-de-estenfílio (Stemphyllium spp.)

Caracterizada pela presença de manchas pequenas, escuras e angulares nas folhas (Figura 1). Algumas manchas apresentam rachaduras no centro das lesões. Os sintomas começam a surgir nas folhas mais jovens, ao contrário do que ocorre com as manchas causadas por Alternaria e por Septoria. O ataque severo provoca intensa queima das folhas, devida ao coalescimento das lesões e necrose das hastes. Os frutos não apresentam sintomas. Temperatura elevada (acima de 25 ºC) e umidade alta favorecem o ataque do fungo. O fungo sobrevive de um ano para outro, saprofiticamenteSaprófita-que se alimenta de materias em decomposição, nos restos culturais e em hospedeiros alternativos. A doença é também transmitida pela semente. Como medidas de manejo, recomenda-se: plantar cultivares resistentes, não deixar que ocorra desequilíbrio nutricional na planta e incorporar os restos culturais imediatamente após a colheita.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 1 - Manchas necróticas pequenas
em folhas mais novas da planta.

Mela-de-rizoctonia (Rhizoctonia solani)

A doença manifesta-se durante a floração, formação e maturação dos frutos, quando é maior a cobertura foliar. As folhas e hastes infectadas apresentam podridão mole e aquosa (mela), principalmente nas partes que ficam em contato com o solo. Os frutos doentes apresentam podridão marrom, mole e aquosa, coberta por um mofo marrom-claro (Figura 2). Para o manejo, recomenda-se: não plantar em solos compactados ou sujeitos a encharcamentos, evitar locais e épocas favoráveis à doença, adotar uma densidade adequada de plantas, plantar preferencialmente cultivares mais eretas e controlar a irrigação, principalmente durante as fases de floração e frutificação.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 2 - Frutos com podridão marrom na
superfície em contato com o solo.

Murcha-de-fusário (Fusarium oxysporum fsp. lycopersici)

Plantas com esta doença apresentam murcha das folhas superiores, principalmente nas horas mais quentes do dia. As folhas mais velhas tornam-se amareladas e, muitas vezes, observa-se murcha ou amarelecimento em apenas um lado da planta ou da folha (Figura 3). Os frutos não se desenvolvem, amadurecem ainda pequenos e a produção é reduzida. Ao cortar o caule próximo às raízes, verifica-se necrose do sistema vascular (Figura 4). Temperatura alta (em torno de 28 °C), solos arenosos com pH baixo e o ataque de nematóides favorecem a doença. O fungo sobrevive no solo por períodos superiores a sete anos, principalmente por meio de microescleródios (estrutura de resistência do fungo). Como medidas de manejo e controle, recomenda-se: plantar cultivares com resistência às raças do patógeno, evitar o plantio em áreas sabidamente infestadas pelo fungo e/ou por nematóides patogênicos ao tomateiro e fazer rotação de cultura com gramíneas.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 3 - Murcha e seca de folhas.
Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 4 - Escurecimento dos vasos do caule
de plantas infectadas.

Murcha-de-verticílio (Verticillium dahliae)

O sintoma inicial desta doença é a murcha suave e parcial da planta nas horas mais quentes do dia (Figura 5). As folhas mais velhas tornam-se amareladas e necrosadas nas bordas, em forma de "V" invertido. Os frutos ficam pequenos e mal formados. Na região do colo do caule, verifica-se leve necrose vascular, não tão intensa quanto a causada por F. oxysporum f. sp. lycopersici. O fungo é bem adaptado a regiões de solos neutros ou alcalinos e com temperaturas amenas (20 a 24 °C). No entanto, já foi relatada sua ocorrência no Estado de Pernambuco, onde as temperaturas médias são comumente elevadas. O fungo sobrevive no solo por mais de oito anos por meio de microescleródios e infecta mais de 200 hospedeiras. Como medidas de manejo, recomenda-se plantar cultivares resistentes e fazer rotação da cultura com gramíneas.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 5 - Planta murcha e com folíolos com amarelecimento das bordas, em forma de "V".

Pinta-preta (Alternaria solani)

Esta doença afeta toda a parte aérea da planta, a partir das folhas mais velhas e próximas ao solo. Na folha, a doença caracteriza-se pela presença de manchas grandes, escuras, circulares, com anéis concêntricos (Figura 6). O ataque severo provoca desfolha acentuada e expõe o fruto à queima de sol. Também é comum o aparecimento de cancro no colo, nas hastes (Figura 7) e nos frutos (Figura 8). A doença é favorecida por temperatura elevada (24 a 34 °C) e umidade alta. O fungo sobrevive nos restos culturais e infecta outras hortaliças como a batata e a berinjela, além de plantas invasoras como o juá-de-capote. A doença é também transmitida por sementes.

Não existem cultivares comerciais resistentes. Deve-se pulverizar preventivamente com os fungicidas registrados para essa doença. Recomenda-se, também, incorporar os restos culturais imediatamente após a última colheita e fazer rotação de cultura com gramíneas.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 6 - Manchas com lesões
concêntricas nas folhas.
Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 7 - Manchas no caule.

 

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Fig. 8 - Fruto com podridão na
região do pedúnculo.

Podridão-de-esclerócio (Sclerotium rolfsii)

Plantas doentes apresentam uma podridão mole e aquosa, principalmente nas folhas, hastes e frutos, que ficam em contato direto com o solo (Figura 9). Em condições de alta umidade, há um crescimento micelial muito vigoroso, de cor branca, semelhante a fios de algodão, na superfície dos tecidos afetados. Algumas vezes esse micélio se desenvolve na superfície do solo, próximo à planta. Também é comum a formação de pequenos grânulos de cor marrom-clara (escleródios) na superfície dos tecidos afetados. O escleródio é uma forma de sobrevivência do fungo no solo por vários anos. A incidência da doença é maior em períodos quentes (30 a 35 °C) e chuvosos, em lavouras conduzidas em solos muito argilosos e/ou compactados, com encharcamento do solo. Excesso de folhas, solo úmido e contato do fruto com o solo favorecem a doença.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 9 - Frutos em contato com o solo
apodrecem e desenvolvem micélio
branco e escleródios na superfície.

Podridão-de-esclerotínia (Sclerotinia sclerotiorum)

O fungo afeta as solanáceas, leguminosas, brássicas e outras famílias botânicas. Os sintomas aparecem na fase reprodutiva do tomateiro. A doença é observada em reboleiras, identificada pela seca prematura da planta. O fungo causa "mela" das folhas e das hastes e, com o amadurecimento da planta, o caule apresenta uma podridão seca, cor de palha (Figura 10), contendo, em seu interior, os escleródios em forma de grânulos pretos, semelhantes a fezes de rato (Figura 11). Os frutos permanecem fixados à planta doente e raramente apresentam sintomas de podridão. Os escleródios podem permanecer viáveis por mais de 10 anos no solo. O ataque é mais severo em lavouras cultivadas sob condições de clima ameno (15 a 21 °C) e umidade alta. A doença é agravada em solos com problemas de compactação, onde há acúmulo de água, e em plantios muito densos, com crescimento vegetativo vigoroso e com baixa circulação de ar.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 10 - Ramos secos, cor de palha.
Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 11 - Ramos secos, cor de palha, no interior
dos quais se desenvolvem os escleródios.

Requeima (Phytophthora infestans)

A requeima causa manchas encharcadas, grandes e escuras nas folhas (Figura 12) e nas brotações (Figura 13). Na face inferior da lesão nas folhas, geralmente observa-se um mofo pulverulento esbranquiçado. Nos frutos, a podridão é dura, de coloração marrom-escura. O ataque severo provoca grande desfolha e podridão dos frutos (Figura 14). A doença é favorecida em condições de clima ameno e úmido. Epidemias também podem ocorrer em regiões secas ou em épocas relativamente quentes, desde que a temperatura da noite permaneça em torno de 18 a 22 °C por períodos prolongados e a umidade do ar seja alta (acima de 90%). Deve-se evitar o plantio em local de clima frio e úmido, sujeito a excesso de neblina e orvalho. Em épocas e locais com clima favorável à doença e em áreas onde a requeima ocorre de forma endêmica, sugere-se pulverizar preventivamente ou logo no início do aparecimento dos primeiros sintomas.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 12 - Sintoma inicial de requeima.
Manchas encharcadas, grandes e escuras.
Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 13 - Sintoma inicial de
requeima nas brotações.

 

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 14 - Folhas e frutos severamente
atacados por requeima.

Septoriose (Septoria lycopersici)

Doença caracterizada pela presença de manchas pequenas, circulares, esbranquiçadas, com pontuações negras (picnídios) no centro da lesão nas folhas (Figura 15). O fungo infecta inicialmente as folhas mais velhas. Ataques severos causam também lesões nas hastes, pedúnculo e cálice; porém, os frutos permanecem sadios. A incidência é mais severa nos cultivos feitos durante o período quente (25 a 30 °C) e chuvoso do ano, mas ataques severos podem ocorrer também no período seco, desde que haja bastante orvalho ou excesso de irrigação. O fungo sobrevive nos restos culturais do tomateiro e é transmitido por meio das sementes. Várias solanáceas são hospedeiras alternativas desse fungo, dentre elas a batata e a berinjela. Devem-se fazer pulverizações preventivas com os fungicidas registrados (consultar Agrofit). É importante a rotação de cultura com gramíneas e a incorporação dos restos culturais imediatamente após a última colheita.

Foto : Acervo da Embrapa Hortaliças
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Fig. 15 - Folhas com manchas arredondadas,
com o centro mais claro.

 

Outros agentes causadores de doenças

 

Bactérias 
Nematóides
 
Vírus
 
Danos fisiológicos

 

 

 

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