Embrapa Gado de Leite
Sistema de Produção, 2
Manejo Sanitário

Limirio de Almeida Carvalho
Luciano Patto Novaes
Carlos Eugênio Martins
Rosângela Zoccal
Paulo Moreira
Antônio Cândido Cerqueira Leite Ribeiro
Victor Muiños Barroso Lima

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Controle de Carrapatos

   Uma das doenças mais importantes que afeta nossos rebanhos é a carrapatose. É doença que causa enormes prejuízos e  grande desconforto para os animais prejudicando o seu desenvolvimento e  produção. Os carrapatos além dos problemas que normalmente causam  também transmite doenças que afetam de forma drástica o animal. Estas doenças são a babesiose e a anaplasmose que fazem parte do complexo “tristeza parasitária”.

   Um grande complicador no combate aos carrapatos é que não podemos eliminá-los do rebanho pois apesar de transmitir a tristeza parasitária são eles que mantém os níveis de anticorpos contra esta doença. Os carrapatos  inoculam constantemente os agentes da tristeza parasitária nos bovinos e então estes estão sempre sendo estimulados a produzir anticorpos contra a tristeza parasitária. Por outro lado, é imperativo que nossa vigilância esteja sendo levada com seriedade pois qualquer descuido, a população de carrapatos pode aumentar de tal forma que pode levar alguns animais a morte. É comum em propriedades descontroladas que os animais estão tão afetados que começam  a emagrecer, não tem o rendimento esperado, chegam ao extremo de morrer. Uma proposta de controle é o estratégico que consiste em banhar os animais de forma a não deixar o desenvolvimento de teleóginas por um período de 120 dias. No sudeste este controle deve ser realizado na época de maior calor que coincide com a época das chuvas quando aumenta também a umidade relativa.  A partir de dezembro, começa um pico de crescimento do carrapato que deve ser combatido por banho carrapaticida. Estes banhos devem ser realizado a cada 21 dias, com um total de cinco a seis banhos. Este combate deve cobrir um período de 120 dias sem que haja desenvolvimento de teleóginas. Este banho pode ser dado por aspersão ou pour on. Se o carrapaticida utilizado tiver maior tempo residual, estes banhos podem ser mais espaçados com intervalos de 35 dias. O importante é combater os carrapatos de maneira que não permita o desenvolvimento de teleóginas. 

   As formas de dar banho pode variar com o produto. De um modo geral o banho por aspersão requer em torno de quatro a cinco litros de solução por animal adulto. O animal tem que ser molhado totalmente desde a cauda até a ponta do focinho.  Um dos grandes problemas que encontramos nos banhos carrapaticidas é que nas partes baixas e nas reentrâncias da pele muitas vezes não ficam bem molhados e os carrapatos que ali estiverem não sofrerão os efeitos do veneno. Estes carrapatos vão  se desenvolver e contaminarão as pastagens prejudicando de forma drástica o controle destes parasitas.

   Quando formos banhar o rebanho, devemos atingir todo o contingente no menor espaço de tempo. Por exemplo, não é  recomendado que se banhe os animais solteiros numa semana e os de leite na semana seguinte. Além de termos um controle muito trabalhoso em quem foi banhado pode um destes animais trocar de lote e ser o contaminador daquele pasto. O ideal é que se banhe todo o rebanho no máximo em três dias.

   Um agravante do combate aos carrapatos é que nesta época  em que se tem a maior precipitação pluviométrica. Quando os animais tomam banho carrapaticida e logo após são atingidos por uma chuva, dependendo do produto utilizado, este é lavado e perde o efeito. Neste caso  o controle é interrompido e não se alcança os resultados esperados. Este é um dos grandes causadores de insucesso do combate estratégico dos carrapatos. Outro que se deve chamar a atenção, é que os banhos não foram dados de forma adequada tanto em quantidade quanto em qualidade não atingindo todos os pontos do corpo do animal. Há uma variação enorme da quantidade gasta pelos proprietários para banhar seus rebanhos. Esta quantidade varia de meio litro até  oito litros por animal. Como se há de convir, com meio litro de calda não é possível banhar todo um animal adulto. Por outro lado oito litros para banhar um animal está se desperdiçando o produto.

   Um dos grandes problemas que encontramos nas propriedades é a forma de se dar banho. Quando se faz uso de aspersores, os costais são o vilão da história. Com uma capacidade para 20 litros de calda, que daria para banhar entre quatro e cinco animais temos visto que nas propriedades esta mesma quantidade de calda o funcionário banha ate 40 animais. Conclui-se que este banho foi mal dado. Este problema vem da bomba que é pesada, o trabalho realizado pelo operador é pesado e por este motivo, os três primeiros animais tem banhos melhores, os outros vem o cansaço e o operador não agüenta mais então não consegue trabalhar adequadamente fugindo do objetivo.

   É muito comum neste casos as pessoas reclamarem do produto e muita vezes há troca do produto sem que se preocupe com o princípio ativo que pode com freqüência ser o mesmo que o anterior. Às vezes, no segundo banho com o mesmo produto o operador consegue um melhor sucesso mas quando vamos saber porque, simplesmente houve maior capricho no banho.

   Outra forma de agir das pessoas é a troca constante de base medicamentosa sem critério. Isto ocorre sempre que não se tem sucesso com os tratamentos então, troca-se por outra base mas o vilão continua sendo o banho mal realizado.

   Todos estes cuidados devem ser observados na hora de planejar o controle estratégico. Qualquer erro em qualquer fase, pode comprometer seriamente o sucesso.

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