Embrapa Gado de Leite
Sistema de Produção, 2  
Aspectos Agro e Zooecológicos
Limirio de Almeida Carvalho
Luciano Patto Novaes
Carlos Eugênio Martins
Rosângela Zoccal
Paulo Moreira
Antônio Cândido Cerqueira Leite Ribeiro
Victor Muiños Barroso Lima

- Introdução
Importância econômica
- Aspectos agro e   zooecológicos
- Raças
-
Infra-estrutura
- Alimentação
- Reprodução
- Manejo Sanitário
- Mercados e   Comercialização
- Coeficientes Técnicos
-
Referências bibliográficas
- Glossário
- Editores

 

Aspectos Agro e Zooecológicos


Fisionomicamente, o Cerrado é uma savana mais ou menos densa, com uma cobertura herbácea contínua, e com um dossel descontínuo de elementos arbóreos e arbustivos, de galhos retorcidos, cascas espessas e, em muitas espécies, grandes folhas coriáceas.

As formações savânicas do Brasil abrangem terras onde coincidem as seguintes condições climáticas e edáficas: 

a) clima tropical estacional com chuvas da ordem de 1.500 mm anuais e duração da época seca, definida em termos de déficit hídrico, de 5 a 7 meses, coincidindo com os meses mais frios do ano; 
b) solos distróficos na grande maioria da região onde as condições de baixa fertilidade se somam a elevada acidez e altos valores de saturação de alumínio.

Ecologicamente, os dois principais fatores determinantes da presença dos Cerrados são os solos ácidos (álicos), de baixa fertilidade (distróficos), e o clima estacional. No entanto, existem outros tipos fisionômicos aos quais se associam determinados fatores. Por exemplo, quando as condições ambientais acima expostas se somam a ocorrência de solos arenosos, litólicos ou hidromórficos, que implicam em diferentes tipos de limitações adicionais, as fisionomias resultantes tendem a formas mais abertas, localmente chamadas de Campo Cerrado, Campo Sujo, ou Campo Limpo.

Ao contrário, quando ocorrem condições ambientais que implicam em compensações hídricas ou edáficas, as fisionomias tendem a formas mais densas, como Cerrado Denso ou Cerradão. Nestas circunstâncias podem ainda ocorrer as formações Mata Mesofítica e Mata de Galeria. Quando um fator limitante adicional atua plenamente, como é o caso da saturação hídrica dos solos em áreas de surgências, a vegetação típica dos Cerrados passa a ser substituída por campos Inundáveis, Veredas ou Campos de Murundus.

No estrato herbáceo os Cerrados apresentam como espécies dominantes o Capim-Flechinha (Echinolaena inflexa) e diversas espécies dos gêneros Agenium, Axonopus, Schizachryrium e Aristida.

As principais espécies dos estratos arbóreo e arbustivo são a Lixeira (Curatella americana), o Barbatimão (Stryphnodendron adstringens e Dimorphandra mollis), o Pau-Santo (Kielmeyera coriacea), o Pau-Terra (Qualea grandiflora), Gritadeira ou Douradão (Palicourea rigida), Cagaita (Eugenia desynterica) e o Murici (Byrsonima coccolobifolia).

A heterogeneidade de condições ambientais dos Cerrados é um elemento a ser levado em conta, especialmente na pesquisa agropecuária, uma vez que essa característica vai influir nas possibilidades de extrapolações de resultados. Cabe ressaltar uma característica marcante do clima dos Cerrados que é a interrupção do período de chuvas estivais. Este fenômeno, conhecido como veranico, assume importância agronômica decisiva, devido ao fato de que mais de 90% dos seus solos são fortemente ácidos e com elevada saturação de alumínio, o que limita o desenvolvimento de raízes das culturas à pequena camada da superfície do solo quando corrigida apenas com calcário (sem a aplicação concomitante do gesso agrícola). Dessa forma, o efeito da estiagem é mais acentuado nos Cerrados do que nas áreas onde o volume do solo explorado pelas raízes é maior.

O estudo de mapeamento dos solos da Região dos Cerrados é bastante recente, sendo a EMBRAPA/SNLCS a principal responsável por este levantamento, quando em 1981 publicou o Mapa de Solos do Brasil, em escala 1:5.000.000. Neste Mapa, devido à escala cartográfica utilizada, as unidades de solos mapeadas foram constituídas por associações de solos em que apenas os componentes principais são indicados.

Baseado no Mapa de Solos do Brasil, verifica-se que os Latossolos ocupam a maior parte da área total do Cerrado brasileiro, com uma área de 993.330 km2 (48,8%). Os solos de Areia Quartzosas ocupam uma área de 309.715 km2 (15,2%); os solos Podzólicos ocupam uma área de 307.677 km2 (15,1%); os solos Litólicos ocupam uma área de 148.134 km2 (7,3%); os solos tipo Lateritas Hidromórficas ocupam uma área de 122.664 km2 (6,0%); os solos Cambissolos ocupam uma área de 61.943 km2 (3,0%); os Solos Concrecionários ocupam uma área de 57.460 km2 (2,8%); as terras Roxas ocupam uma área de 34.231 km2 (1,7%), enquanto outros tipos de solos ocupam uma área total de 19.154 km2 (0,9%). Por esta estatística apresentada, verifica-se a importância que os Latossolos desempenham no Cerrado brasileiro.

- Processo de Formação do Solo
- Principais Segmentos da Pedopaisagem nas Áreas de Cerrado
- Manejo de Solo em Áreas de Relevo Acidentado
Informações Relacionadas

Copyright © 2002, Embrapa