Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 3
ISSN 1678-880x Versão Eletrônica
Nov. / 2007
Berinjela (Solanum melongena L.)
Autores

Sumário

Apresentação
Botânica
Clima
Solos
Cultivares
Produção de mudas
Tratos culturais
Irrigação
Plantas daninhas
Diagnose foliar
Pragas
Doenças
Pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Cultivo protegido
Propriedades nutracêuticas
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário



Expediente

Diagnose foliar


Sintomas de distúrbios nutricionais

O estado nutricional das plantas é avaliado por meio da diagnose foliar (análise de tecidos vegetais) e diagnose visual (observação de sintomas de deficiência ou excesso). A análise química foliar é importante para o ajuste fino da adubação, visando a maximizar a produtividade e a aumentar a eficiência no uso dos fertilizantes. Para a berinjela recomenda-se amostrar 15 folhas completamente desenvolvidas, recém-maduras, por ocasião do florescimento da planta, sendo uma folha por planta. A Tabela 1 apresenta os teores de nutrientes no tecido vegetal adequados para a berinjela. Por sua vez, a observação visual também é útil para diagnosticar desequilíbrios nutricionais. Entretanto, quando os sintomas se manifestam, a produção já pode ter sido prejudicada. Portanto, em qualquer cultivo, o ideal é que não ocorram sintomas visuais de desequilíbrios e, se ocorrerem, que sejam detectados e corrigidos o mais rápido possível. Neste caso, deve-se buscar orientação técnica de um profissional com conhecimento da cultura para a escolha da adubação corretiva adequada.

Tabela 1.Teores foliares de macro e micronutrientes adequados para a berinjela

Ref.

Nutriente

N

P

K

Ca

Mg

S

Fe

Zn

Cu

Mn

B

 

------------------------g kg-1------------------------

--------------------mg kg-1---------------------

(1)

40-60

3-12

35-60

10-25

3-10

 ----

50-300

20-250

7-60

40-250

25-75

(2)

42-60

3-6

35-50

8-15

3-6

4-6

50-100

20-40

5-10

50-100

20-40

Fonte: Silva (1999); Hochmuth e Maynard (1996).

Os sintomas de desequilíbrios nutricionais mais comumente observados na cultura da berinjela são os seguintes:

Nitrogênio: sua deficiência causa redução do crescimento das plantas, caule fino, flores e frutos mal formados e pequenos, clorose das folhas mais velhas. O excesso de nitrogênio favorece o crescimento vegetativo em detrimento da produção de frutos. Além disso, aumenta a suscetibilidade às doenças foliares e diminui a conservação pós-colheita dos frutos.

Potássio:sob deficiência deste nutriente ocorre clorose e posterior necrose nas bordas das folhas mais velhas, progredindo com o tempo para o centro do limbo. Não se conhece sintomas visíveis de toxidez de K, entretanto seu excesso induz deficiências de magnésio e cálcio. O potássio parece estar envolvido no processo de tolerância a doenças e favorece a qualidade dos frutos, que apresentam coloração mais acentuada, maior resistência ao transporte e maior conservação pós-colheita.

Fósforo: sua carência resulta em menor crescimento das plantas e as folhas adquirem coloração verde escura mais intensa que as folhas normais. Ocorrem queda de flores e drástica redução de produtividade, podendo inclusive não haver produção de frutos. Entretanto, deve-se atentar para a queda de flores e de frutinhos causadas por temperaturas baixas, as quais podem ainda originar frutos deformados e coloridos desigualmente. O excesso de P pode causar deficiências induzidas de micronutrientes, especialmente de zinco e cobre.

Cálcio: sob deficiência de Ca, as folhas novas não se desenvolvem adequadamente, ficando pequenas. Ocorre amarelecimento das bordas das folhas mais novas em direção à região internerval. O florescimento e a produção de frutos são severamente afetados. Nos frutos, o sintoma típico de deficiência de Ca é denominado “fundo preto”, podridão apical ou estilar. Toxidade deste nutriente ainda não foi relatada, entretanto, sabe-se que o excesso ocasiona desequilíbrios com outros nutrientes, especialmente o magnésio e o potássio.

Magnésio:sua deficiência ocasiona clorose internerval das folhas velhas.

Enxofre:Sua deficiência provoca clorose nas folhas novas e perda de brilho dos frutos.

Boro: plantas deficientes apresentam paralisação do crescimento. As folhas inferiores tornam-se coriáceas; as superiores quebradiças e amarelas e as folhas apicais pequenas, retorcidas. Ocorre morte da gema apical.O caule apresenta internódios curtos e fendas longitudinais. No inicio da produção, os botões florais secam e caem com facilidade. Os frutos apresentam exposição da placenta, sintoma denominado lóculo aberto.

Zinco: a carência provoca redução no crescimento das plantas. As folhas novas aparecem em pequeno número e não se desenvolvem bem, ficando pequenas, coriáceas, com formato de concha, sobressaindo as nervuras. Caule fino com internódios curtos. Ocorre acentuada queda de flores e poucas chegam a se abrir.

Cobre: plantas novas em pleno desenvolvimento interrompem o crescimento, apresentam encurtamento de internódios, folhas pequenas e enrugadas. Manchas cloróticas pequenas aparecem distribuídas por toda área do limbo das folhas superiores, incluindo as nervuras. Poucos botões florais e poucos frutos.

Ferro: a deficiência geralmente se manifesta nos estádios de pré-florescimento ou amadurecimento dos frutos, caracterizando-se por amarelecimento das folhas inferiores, que secam e persistem na planta. Folhas superiores apresentam manchas amarelas internervais por todo o limbo e florescimento normal.

Manganês: os sintomas iniciam-se nas flores que apresentam-se defeituosas, rompendo-se as pétalas. Caule pouco desenvolvido. Folhas superiores pequenas, de bordas ondeadas e franzidas, nervuras salientes e de coloração esbranquiçada, limbo enrugado e aveludado. Frutos pequenos e defeituosos.

Molibdênio: folhas superiores apresentam formato normal, porém com esmaecimento na coloração verde, formato irregular com saliências e reentrâncias no limbo.



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