Embrapa Semiárido
Sistemas de Produção, 6
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Ago/2010
Sistema de Produção de Melancia

José Adalberto de Alencar

Sumário

Apresentação
Socioeconomia
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Mercado
Custos e rentabilidade
Referências
Literatura recomendada
Glossário

Expediente

Agrotóxicos

Classificação dos agrotóxicos quanto ao grau de toxicidade
Escolha do equipamento de pulverização
Pulverizador costal manual
Atomizador costal motorizado
Pulverizador tratorizado de barra
Manutenção dos equipamentos de pulverização
Seleção do agrotóxico
Transporte e armazenamento dos agrotóxicos
Cuidados durante o preparo da calda e aplicação dos produtos
Lavagem e descarte das embalagens vazias
Período de carência

Embora os agrotóxicos sejam de fácil aplicabilidade e apresentem resultados imediatistas, o seu emprego contínuo e na maioria das vezes de forma errônea tem acarretado impactos severamente negativos para o homem, animais e ambiente. No entanto, quando estes são aplicados na agricultura seguindo todas as normas de uso e de cuidados que lhes são peculiares, tornam-se um importante aliado do agricultor no controle ou convivência com as pragas de importância econômica presentes no agroecossistema da melancia.

Pela Lei no 7.802, regulamentada pelo Decreto no 4.074, de 4 de janeiro de 2002, o termo agrotóxico e afins é definido como produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso no setor de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.

Classificação dos agrotóxicos quanto ao grau de toxicidade

a) Classe I - extremamente tóxico (faixa vermelha).

b) Classe II - altamente tóxica (faixa amarela).

c) Classe III - medianamente tóxica (faixa azul).

d) Classe IV - pouco tóxica (faixa verde).

Escolha do equipamento de pulverização

Há poucos equipamentos específicos no mercado para o uso na aplicação de produtos químicos no controle de pragas da melancia. Estes equipamentos devem ser escolhidos de acordo com o objetivo da pulverização, condições econômicas do agricultor, fase de desenvolvimento da cultura e do tamanho da área a ser pulverizada.

A seguir serão apresentados os principais tipos de pulverizadores utilizados na aplicação dos agroquímicos visando ao controle de pragas da melancia.

Pulverizador costal manual

É um dos equipamentos de pulverização mais comumente utilizados, principalmente por pequenos agricultores, que possuem baixo poder aquisitivo. O rendimento com esse equipamento pode atingir até 0,9 hectare homem/dia. Uma das desvantagens que o pulverizador costal manual oferece é a não manutenção da pressão constante. Todavia, este problema pode ser solucionado intercalando-se entre o gatilho e o bico uma válvula reguladora de vazão/pressão disponível no mercado. Esta válvula faz com que, havendo falta de pressão, a calda seja impedida de passar para o bico. Se a pressão no êmbolo estiver acima daquela da válvula, esta deixará passar a calda somente na pressão estipulada. Desta forma, a pulverização será sempre constante.

Atomizador costal motorizado

É um equipamento que possui bomba centrífuga e permite uma vazão uniforme da calda a ser aplicada. Gera gotas de espectros e diâmetros adequados, as quais, pelo efeito da corrente de ar servem para aumentar a penetração na massa foliar da melancia e proporcionar uma boa cobertura nas partes de difícil acesso pela calda. Esse tipo de pulverizador proporciona um rendimento de até 0,9 hectare homem/hora. As desvantagens são: o peso da máquina, ruído e falta de habilidade por maior parte dos operadores em manter o perfeito funcionamento da máquina podendo, com isso, comprometer a cobertura adequada do cultivo com o produto que está sendo aplicado.

Pulverizador tratorizado de barra

É um tipo de pulverizador específico para culturas de porte rasteiro, como é o caso do cultivo da melancia. Neste equipamento é possível ajustar a velocidade de deslocamento, a distância entre os bicos, a distância destes da cultura e a pressão de trabalho em função da cultura e da praga. Podendo, ainda, ser permitido acoplar acessórios para melhor direcionamento do jato da calda para o alvo.

Manutenção dos equipamentos de pulverização

Os equipamentos devem estar sempre em condições adequadas de uso. Devem ser lavados com água e sabão após cada aplicação. Tanto a revisão, como a lavagem do pulverizador deve ser feita longe de crianças, animais, córregos e nascentes.

Para que haja um perfeito funcionamento da máquina de pulverizar e para que o manuseio com a mesma não proporcione riscos à saúde do aplicador, alguns cuidados fundamentais devem ser tomados tais como: utilizar equipamentos sem apresentar vazamentos; usar bicos apropriados para a cultura; utilizar filtros de entrada antes do tanque, antes da bomba e dos bicos, no caso de pulverização motorizada; aferição da pressão de pulverização através de manômetro e corrigir o pH da calda de pulverização caso seja necessário.

Seleção do agrotóxico

Na seleção do agrotóxico a ser utilizado deve-se considerar alguns parâmetros como:

a) Selecionar produtos com eficiência conhecida para o alvo que se deseja controlar.

b) Conhecer a seletividade, poder residual e grau de toxicidade do princípio ativo.

c) Conhecer os mecanismos de ação dos produtos, não os associando quando estes forem iguais.

d) Conhecer a fenologia da cultura, o hábito e o ciclo de desenvolvimento do inseto ou forma afim, pois, estes são fatores determinantes para utilização de alguns produtos específicos.

e) Utilizar produto registrado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Transporte e armazenamento dos agrotóxicos

Existe uma legislação que normatiza o transporte e o armazenamento dos agrotóxicos. Os fornecedores desses produtos estão capacitados para o transporte dos mesmos, por isso, sempre que possível, deve-se utilizar os seus serviços para o transporte desses insumos. Caso não seja possível, alguns cuidados deverão ser tomados durante o transporte, tais como: não misturar a carga com medicamentos, alimentos e pessoas; o veículo deve apresentar ótimas condições de deslocamento; não transportar embalagens que apresentem vazamentos e não estacionar o veículo próximo a residências ou local de aglomeração de pessoas ou animais.

Os agrotóxicos devem ser armazenados em local com boa ventilação, livre de inundações e distante de residências, instalações para animais ou de locais onde se armazenam alimentos ou rações. Os produtos devem ser devidamente agrupados em prateleiras, por classe de princípio ativo, nunca devem estar em contato direto com o piso e sempre apresentar os rótulos intactos. O depósito deve ficar trancado e sinalizado com uma placa indicativa alertando sobre a presença de material tóxico.

Cuidados durante o preparo da calda e aplicação dos produtos

O preparo da calda pode ser realizado pela adição direta do produto no tanque de pulverização ou através de pré-diluição. Neste último caso, dissolve-se o produto em pequena quantidade de água, agitando-se até a completa homogeneização da suspensão. A seguir despeja-se a suspensão no tanque de pulverização que deve estar contendo dois terços do volume de água a ser utilizada. Após essa etapa, completa-se o volume total de água do tanque. Durante esse processo alguns cuidados são fundamentais, tais como:

a) A utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs) torna-se imprescindível para quem manuseia com os agrotóxicos (Figura 1). Destacando-se: macacão, luvas, botas de borracha, óculos protetores e máscara.

b) O preparo da calda deve ser realizado em local sombreado, aberto e com boa ventilação.

c) As instruções presentes nos rótulos do produto devem ser seguidas corretamente.

d) Evitar inalação, respingo e contato com os produtos, não desentupir bicos ou orifícios com a boca, assim como, não beber, comer ou fumar durante o manuseio e a aplicação dos produtos.

e) Evitar pulverizar nas horas mais quentes do dia, contra o vento e em dias de vento forte e chuvosos.

d) A embalagem deverá ser aberta com cuidado para evitar derramamento do produto.

e) Fazer a lavagem da embalagem vazia logo após o esvaziamento da mesma, longe de locais que possam ser contaminados e causem riscos à saúde das pessoas.

f) Verificar o pH da água de pulverização e corrigir, caso necessário, seguindo-se as instruções do fabricante do agrotóxico que será aplicado.

g) O uso de uma pressão adequada ao objetivo a que se destina a pulverização é fundamental para a obtenção de uma distribuição uniforme do produto sobre a planta.

Foto: Rita de Cássia de S. Dias.
Figura 1. Preparo de calda em local aberto, com a utilização dos EPIs: macacão, luvas, botas de borracha, óculos protetores e máscara.

 

Lavagem e descarte das embalagens vazias

Pela legislação em vigor, torna-se obrigatório o recolhimento das embalagens vazias à uma unidade de recebimento autorizada pelos órgãos ambientais. Antes do recolhimento é obrigatório que o agricultor efetue a tríplice lavagem nos tipos de embalagens que permitirem esta prática, enquanto, as embalagens não laváveis devem permanecer intactas, adequadamente tampadas e sem vazamentos. As embalagens vazias devem ser acondicionadas em saco plástico padronizado que deve ser fornecido pelo revendedor para posterior recolhimento à unidade de recebimento.


Período de carência

Trata-se do número de dias que deve ser considerado entre a última aplicação e a colheita. O período de carência vem escrito na bula do produto. Este prazo é importante para garantir que o produto vegetal colhido não possua resíduos acima do limite máximo permitido. Pois, a produção de produtos agrícolas com resíduo acima do limite máximo permitido pelo Ministério da Saúde é ilegal. A colheita poderá ser apreendida e destruída. Além do prejuízo da colheita, o agricultor ainda poderá ser multado e processado.


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