Embrapa Semiárido
Sistemas de Produção, 6
ISSN 1807-0027 Versão Eletrônica
Ago/2010
Sistema de Produção de Melancia

Rita de Cássia Souza Dias, Renata Natália Cândido de Souza
Flávio de França Souza, Graziela da Silva Barbosa
Léia Santos Damaceno

Sumário

Apresentação
Socioeconomia
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Mercado
Custos e rentabilidade
Referências
Literatura recomendada
Glossário

Expediente

Produção de mudas

Vantagens da utilização de mudas

Fatores que influenciam na germinação das sementes, no estabelecimento e no desenvolvimento das mudas

Plantio

Transplantio

Produção de mudas de melancia sem sementes

Produção de mudas de melancia enxertadas

Transplantio para o Campos

O sistema de produção de melancia utilizando mudas tem grande importância em cultivos de melancia sem sementes ou em áreas com problemas de patógenos de solo que utilizam mudas enxertadas em Cucurbita ssp. Mas no cultivo de melancia com cultivares de polinização aberta predomina o semeio direto no campo em praticamente todo o Brasil. Entretanto, mesmo nesse sistema, a utilização de mudas para reposição de plantas em covas nas quais não houve germinação, é uma estratégia interessante para a garantia do estande inicial.
O mercado da melancia sem sementes no Brasil ainda não é uma realidade por causa da ausência de uma oferta ampla e regular do produto. Os poucos genótipos disponíveis aos agricultores são importados. O custo da semente é alto —R$ 0,19 a 0,40/semente — em relação ao preço das sementes de variedades. São necessárias condições especiais para uma boa germinação das sementes e obtenção de uma muda de melancia triploide.
No Brasil, a enxertia na produção comercial de mudas de hortaliças é uma técnica de uso recente. Entretanto, a mesma vem sendo adotada comumente por uma parte significativa dos olericultores e produtores de mudas em países como Japão, Holanda e Espanha, onde a produção de hortaliças possui caráter mais intensivo. Na Espanha, 95% da melancia cultivada é enxertada sobre um híbrido interespecífico de Cucurbita maxima x Cucurbita moschata, de total afinidade com a melancia, para resolver os problemas de fusariose, agente casual Fusarium oxysporum f. sp. niveum, uma vez que a resistência a essa enfermidade em algumas cultivares comerciais não assegurou uma produção normal em solos muito contaminados. Adicionalmente, esse híbrido oferece resistência a Verticilium, toler ância a Pythium e a nematoides, bem como confere mais vigor à planta.

Vantagens da utilização de mudas

A utilização de mudas de boa qualidade influenciará no sucesso de implantação de um cultivo considerando, entre outros fatores, um controle do estande inicial das plantas, o que pode ser dificultado com o plantio de sementes no local definitivo. A sementeira permite assegurar um cultivo homogêneo, principalmente por causa das baixas temperaturas do solo no início do cultivo em períodos frios.
São vários os métodos de produção de mudas que podem ser utilizados na cultura da melancia, no entanto, quaisquer que sejam, deve ser com o sistema de radicular protegido por um substrato, para evitar danos nas raízes. A escolha do método dependerá da avaliação da relação entre o custo e o benefício, da disponibilidade de materiais e de mão-de-obra necessários para cada método, do sistema de cultivo a ser usado, da disponibilidade, qualidade e custo de mudas prontas adquiridas de empresas especializadas, especialmente de híbridos triploides por causa do alto custo das sementes e dificuldade de germinação no plantio convencional.
Outras vantagens estão relacionadas com o maior equilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular, a economia de sementes e de defensivos, a ausência de choque de transplantio, o maior rendimento e aproveitamento de mão-de-obra, a economia de irrigação, a maior uniformidade da lavoura, o maior aproveitamento da área pela redução do ciclo da cultura e o aumento estimado em 20% a 30% na produtividade.
A produção de mudas em bandejas para posterior transplantio é, atualmente, a principal forma de estabelecimento das lavouras nas diferentes hortaliças. Muitos produtores têm se especializado na produção de mudas, que vem se tornando num negócio rentável. Avanços tecnológicos têm contribuído para o crescimento deste empreendimento. A disponibilidade de bandejas de diferentes materiais e tamanho de células, de substratos artificiais ou naturais prontos para a utilização bem como a possibilidade de automação de muitas operações — semeadura, irrigação, adubação, controle fitossanitário e manejo do ambiente — têm reduzido os custos e aumentado a qualidade das mudas produzidas.

Fatores que influenciam na germinação das sementes, no estabelecimento e no desenvolvimento das mudas

A otimização dos fatores que influenciam a germinação das sementes, o estabelecimento, o crescimento e o desenvolvimento das mudas de melancia começa com a escolha do local de produção que deve: possuir boa luminosidade, ter disponibilidade de água de boa qualidade, ser distante de Foto de inóculo de patógenos, sem a influência de ventos fortes e sem formação de neblina.

Qualidade da semente – A manutenção da qualidade da semente de melancia depende do período, da temperatura e da umidade de armazenamento. A utilização de sementes de alta qualidade fisiológica propicia não só uma emergência satisfatória, como também o estabelecimento de plântulas vigorosas, que garantem o estande mais uniforme da cultura, a eliminação de operações de desbaste e a maturação uniforme das plantas.

Água e oxigênio – Quanto ao fornecimento de água, deve-se evitar estresse na semente e na muda, que pode ser causado tanto por falta — déficit hídrico — quanto excesso — anoxia —. Em condições de excesso, a água ocupa todo espaço poroso do substrato e reduz a troca gasosa entre raiz e ambiente. Durante o crescimento da muda, a deficiência de oxigênio reduzirá a própria absorção de água, causando murcha, afetando a membrana celular, as relações de água, a nutrição mineral, a produção e transporte de reguladores de crescimento, a fotossíntese, a respiração e o transporte de carboidratos. Enquanto o excesso de água promoverá lixiviação de nutrientes do substrato, diminuindo a sua disponibilidade para as plantas.

Irrigação – Qualquer restrição no suprimento de água afeta a germinação das sementes, a emergência e o crescimento das plântulas. A irrigação na sementeira deve ser uniforme e com gotas pequenas, evitando-se o excesso de água. Grandes gotas de água podem descobrir as sementes e prejudicar a germinação. O substrato deve ser mantido com umidade uniforme, evitando-se excessos ou falta. Para maior uniformidade da germinação, logo após a semeadura deve-se cobrir a superfície do substrato com material que reduz a evaporação e evitam-se danos à superfície causados pela irrigação. A irrigação deve ser efetuada imediatamente após a semeadura para maior uniformidade da germinação.
A quantidade de água a ser aplicada em cada irrigação dependerá do formato do recipiente, do volume, do tamanho e das partículas do substrato, etc., e a quantidade total não deve ultrapassar a capacidade de retenção por promover a lixiviação, que leva os nutrientes necessários às mudas.

Temperatura e luz – A temperatura influencia todas as atividades fisiológicas durante a germinação da semente, o crescimento e o desenvolvimento das plantas, controlando a taxa das reações químicas. A cultura da melancia é mais sensível a baixas temperaturas, especialmente durante a germinação e a emergência. As condições de clima ameno a quente, de dias longos e de baixa umidade relativa do ar favorecem o desenvolvimento da cultura e a qualidade dos frutos de melancia.
A luz do sol em excesso pode causar danos às plântulas logo após a emergência. Por esta razão, deve-se promover o sombreamento, por exemplo, usando-se telas sombreadoras tipo sombrite, que devem ser retiradas tão logo a plântula esteja estabelecida.

Nutrientes – A cultura da melancia é mais exigente em nutrição, em relação a outras cucurbitáceas, em função da obtenção de frutos de sabor acentuadamente doce. Logo, o estado nutricional ótimo da muda de melancia é fundamental para o seu crescimento, desenvolvimento e potencial de produção no campo após o transplantio.

Recipientes e substratos – O uso de recipientes é um dos métodos mais recomendados na produção de mudas de melancia em razão da sensibilidade do sistema radicular que não suporta danos — consequência da incapacidade de regeneração das raízes —, da maior uniformidade das mudas, maior sanidade, menor estresse durante o transplantio, além da disponibilidade de diferentes substratos que podem ser produzidos pelo produtor de mudas ou adquiridos em casas especializadas de produtos agrícolas.
Os recipientes podem ser individuais ou multicelulares e de tamanhos variados. Os individuais mais utilizados são os tubetes, sacos plásticos e copos de plástico e de papel de jornal. Os multicelulares são as bandejas de diversos materiais como plástico, poliestireno expandido, fibras vegetais prensadas e resinadas. As bandejas de plástico ou de poliestireno são de limpeza e desinfestação fáceis, além de duráveis. Para a produção de mudas de melancia é recomendável o uso de bandejas piramidais de isopor — poliestireno expandido — em torno de 128 células, nas seguintes dimensões: 37,5 cm x 67,5 cm x 9 cm, de largura, comprimento e altura, respectivamente. Bandejas com células de menor dimensão gastam menos substrato, mas exigem maior frequência de irrigação.
Diversos materiais podem ser utilizados como substratos. Na maioria das vezes são utilizados dois ou mais em mistura, objetivando otimizar o fornecimento de água, oxigênio e nutrientes às plântulas, além de proporcionar boas características físico-químicas e facilidade no manuseio durante a produção e o transplantio das mudas. Os substratos comerciais mais utilizados são aqueles à base de fibra de coco, vermiculita, composto orgânico, cascas de árvores e arroz carbonizadas, que não devem ser molhados durante o armazenamento e nem estocados por longo tempo. Pode-se utilizar também no enchimento das bandejas uma mistura contendo terra vegetal, casca de arroz carbonizada e solo em partes iguais, sendo a adubação realizada com cerca de 1,2 kg da fórmula 4-14-8 para cada 100 L da mistura, necessitando-se fazer o tratamento do solo com defensivos disponíveis no mercado para esse fim.
Os “copos de papel” podem ser feitos de folhas de jornal, tendo como molde o fundo de uma garrafa ou latinha de formato cilíndrico e diâmetro de 8 cm. Para confecção, corta-se uma folha de jornal transversalmente, obtendo-se quatro a cinco tiras. Marca-se a altura escolhida geralmente de 10 cm a 12 cm, a partir do fundo, por meio de fita adesiva. As tiras são enroladas no molde, obedecendo-se a altura e dobrando a ponta do papel de modo a formar o fundo do copinho, sem utilização de cola. Finalmente, bate-se o fundo do molde sobre a mesa de trabalho e retira-se o copinho pronto. Para o enchimento dos copos de papel jornal, pode ser usada a mistura de 85 L de terra; 15 L de esterco de curral curtido; 200 g a 300 g de superfosfato simples e 30 g a 50 g de sulfato de potássio.

 

Plantio

A semente, que pode ser desinfestada com uma solução de hipoclorito de sódio e água — na proporção de 1:3 —, deve ser colocada no centro da célula contendo substrato comercial à base de vermiculita e cinzas vegetais (Figura 1) ou fibra de casca de coco, ou solo mais esterco — para copos de papel jornal — a uma profundidade de cerca de 2 cm a 4 cm, cobrindo-a com uma camada de 0,5 cm a 0,7 cm do próprio substrato. Deve-se colocar uma semente em cada célula ou recipiente para se evitar o desbaste, que exige muita mão de obra e, também, como forma de reduzir o gasto de sementes, principalmente quando se utiliza semente de híbridos, que, geralmente, têm valor elevado.
Após o semeio, principalmente de cultivares comerciais, é importante a realização de pulverizações preventivas com fungicidas indicados para a cultura da melancia. O gasto de sementes varia de acordo com a cultivar de melancia utilizada e o espaçamento adotado, em função das cultivares de maior desenvolvimento vegetativo às mais compactas o número de plantas por hectare varia de 3.333 a 10.000, respectivamente. Entretanto, a quantidade média por hectare é de 1 kg de sementes. As mudas devem permanecer em ambiente protegido até o momento do transplantio.

Foto: Rita de C. S. Dias.
Figura 1. Produção de mudas de melancia em bandeja de poliestireno, preenchido com substrato à base de vermiculita e cinzas vegetais.

Transplantio

A operação de transplantio, que consiste na transferência da muda do local da sua produção para a área de cultivo definitivo, é uma etapa fundamental para a sobrevivência e desempenho da muda. Para se proceder ao transplantio, cuidados devem ser tomados para evitar ou reduzir o estresse hídrico, nutricional ou físico durante e após essa operação.
As mudas de melancia devem ser transplantadas cerca de 11 a 13 dias após, ou quando as plantas tiverem no início da emergência da primeira folha definitiva (Figura 1), preferencialmente, ao final da tarde, quando a transpiração é menor. Em seguida, procede-se a irrigação da área.

Produção de mudas de melancia sem sementes

Para melhorar a germinação das sementes triploides, deve-se evitar o excesso de umidade do substrato e as bandejas devem ser mantidas, preferencialmente, em condições ambientais acima de 90% de umidade relativa do ar e em torno de 26 ºC. Como alternativa, as bandejas podem ser cobertas com plástico transparente, que auxiliará na formação de um microclima de elevada umidade, impedindo que o substrato fique seco até o início da germinação. Com a emergência das plântulas, segue-se o manejo convencional de produção de mudas de melancia.
Durante a germinação, é comum observar a aderência da casca da semente aos cotilédones de algumas plântulas, podendo resultar em distorção ou morte das mesmas. Para reduzir esse problema, recomenda-se plantar as sementes com a região do hilo (de onde emerge a raiz) voltada para a superfície do solo. Além disso, as cascas que não caírem durante a germinação, devem ser removidas manualmente, tendo-se o cuidado de não danificar a plântula.
Com o objetivo de ajustar o método de produção de mudas de melancia triploides, visando à obtenção de melhores índices de germinação dos híbridos sem sementes, realizou-se, na Embrapa Semiárido, um ensaio com seis cultivares de melancia com diferentes ploidias.
A semeadura foi realizada em bandejas de poliestireno expandido para 128 mudas, preenchidos com substrato Plantmax e com fibra de coco. Após preenchimento com os substratos, procedeu-se uma irrigação leve e efetuou-se o semeio de seis cultivares de melancia, sendo três diploides — ‘Crimson Sweet’, ‘800 PVP’ e ‘TopGun’ — e duas triplóides — ‘Extasy Seedless’ e híbrido experimental ‘CPATSA’ — e uma linha tetraploide. Após o semeio, as bandejas foram cobertas com bolsas plásticas, sendo mantidas em casa-de-vegetação durante 72 horas, à temperatura 22,5 oC a 30,9 oC, e umidade relativa do ar variando de 89% a 59%. Somente após a retirada da cobertura plástica, no quarto dia após o semeio, voltou-se a irrigar as plântulas com regador.
Apesar das condições de temperatura e umidade não terem sido constantes e ideais para a germinação de sementes triploides — em torno de 95% de umidade relativa do ar e temperatura em torno de 27 oC —, observou-se uma interação entre genótipos e substrato, sendo que a fibra de coco promoveu uma melhor germinação dos genótipos (90%) (Tabela 1).
Provavelmente, por ser muito higroscópico — que tem a capacidade em absorver água —, absorve melhor a umidade ambiental e favorece à germinação das sementes sem necessitar “encharcar” as sementes. Observou-se que as sementes diploides apresentaram superioridade na germinação nos dois substratos. Os híbridos triploides tiveram um incremento na germinação no substrato fibra de coco de 21,9% e 6,5%. Apesar de não ter atingido os índices de germinação mais desejáveis (95-100%), ficou claro que a umidade no substrato utilizado na produção de mudas, associado à temperatura tem efeitos importantíssimos na germinação dos genótipos, como os triploides e tetraploides, e que estes, na maioria, não suportam as condições convencionais de produção de mudas das cultivares de melancia com sementes.

Tabela 1. Germinação de sementes diploides, triploides e tetraploides de melancia, submetidas a diferentes substratos na produção de mudas. Petrolina, PE - 2007.

Genótipos de melancia

Germinação (%)

Substratos

Plantmax

Fibra de coco

1. Crimson Sweet

93,75

96,87

2. Topgun

100

100

3. 800 PVP

100

100

4. Extasy Seedless

68,75

90,62

5. Triploide Experimental CPATSA

78,13

84,38

6. Tetraploide CPATSA

65,63

68,75

Média dos substratos

84,37 b¹

90,10 a

CV (%)

8,53

¹Dados seguidos pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade. Em relação ao nível de ploidia dos genótipos: 1, 2, 3= diploide; 4 e 5= triploide; 6= tetraploide.
Fonte: Paiva et. al (2007).


Produção de mudas de melancia enxertadas

A enxertia, na olericultura, é uma técnica empregada para plantas das Famílias Solanaceae e Cucurbitaceae. Objetiva conferir resistência às mudas, desta forma, possibilita o cultivo em áreas contaminadas por patógenos do solo ou confere habilidades em relação a determinadas condições edafoclimáticas, resistência à baixa temperatura, à seca, ao excesso de umidade e aumento da capacidade de absorção de nutrientes. Quando realizada sobre porta-enxertos apropriados oferece uma série de vantagens em relação ao cultivo normal, como redução dos danos causados por fungos de solo.
A enxertia colabora também para o melhor aproveitamento de água e nutrientes, para o aumento do vigor da planta e prolongamento do período de colheita, pois na maioria das vezes o porta-enxerto possui sistema radicular mais vigoroso que o da planta enxertada.
De forma geral, um porta-enxerto deve reunir alta resistência aos principais patógenos do solo, vigor e rusticidade, compatibilidade com a cultivar enxertada, ótimas condições morfológicas para a realização da enxertia (tamanho do hipocótilo, consistência, etc.), e não afetar desfavoravelmente a qualidade dos frutos.
Para o sucesso da enxertia é importante considerar que o enxerto e o porta-enxerto se encontrem nos estádios de crescimento adequados a cada método. Quando o desenvolvimento das plantas utilizadas como enxerto e porta-enxerto possuírem velocidades de crescimento diferenciadas, é necessário programar a semeadura, para que ambas atinjam os respectivos estádios de crescimento adequados, que dependem da variedade e do método de enxertia utilizado. Também são necessários cuidados fitossanitários para prevenir infecções por patógenos nas feridas produzidas ao enxertar.
A enxertia deve ser realizada quando começa a aparecer a primeira folha definitiva no porta-enxerto e na variedade, eliminando-se a mesma do porta-enxerto. Utilizando-se um bisturi, faz-se a incisão, de mais ou menos 1 cm, no porta-enxerto, em sentido diagonal, de cima para baixo (Figura 2a), e de baixo para cima, no enxerto (Figura 2b). Para controle fitossanitário preventivo, após a união das mudas (Figura 2c), aplica-se um fungicida como profilaxia de infecção nas hastes (Figura 2d). As mudas devem ser fixadas com clipe de enxertia (Figura 2e) ou parafilme, e, imediatamente, transferidas para copos plásticos descartáveis, com pequenos orifícios no fundo do mesmo, contendo substrato adequado para produção de hortaliças. As mudas enxertadas devem ser mantidas em local protegido e com sombreamento (não deve passar de 60%, considerando dias ensolarados). Entre 10 a 15 dias após a realização da enxertia, pode-se fazer o desmame, com o auxílio de um bisturi ou um outro utensílio similar (Figura 2f). Entretanto, antes desse procedimento deve-se avaliar em algumas mudas enxertadas se houve a cicatrização no ponto de enxertia. Assim, o sistema radicular da variedade é cortado e este passa a ser alimentado apenas pelo do porta-enxerto.

Foto: Renata Natália C. de Souza (a e d), Rita de Cássia S. Dias (b e c) e Graziela da S. Barbosa (e e f).
Figura 2.a) Incisão em sentido diagonal para baixo e b) para cima no porta-enxerto; c) união do enxerto e porta-enxerto; d) aplicação de fungicida na região da enxertia e e) fixação com clipe de enxertia; e f) corte do sistema radicular do enxerto (desmame).

Transplantio para o Campo

Aproximadamente 24 horas após o desmame, as mudas podem ser transplantadas para o local definitivo (Figura 3) e após uma semana, retira-se os clipes. Em torno de duas semanas, deve-se eliminar os ramos do porta-enxerto. O manejo cultural (adubação, irrigação, capinas, condução de ramos e tratos fitossanitários) deve ser o mesmo recomendado para o cultivo convencional de melancia.

Foto: Rita de C. S. Dias.
Figura 3.Transplantio de muda de melancia enxertada, cv. BRS Opara, no Campo Experimental de Bebedouro da Embrapa Semiárido.

Avaliou-se o desempenho agronômico da cultivar BRS Opara enxertada por encostia em quatro genótipos de abóbora (Cucurbita moschata), BGC 186, BGC 217, BGC 830 e BGC 830.1 e em dois genótipos de melancia forrageira (Citrullus lanatus variedade citroides): BGCIA 223 e BGCIA 857. As mudas enxertadas foram transplantadas para o local definitivo no Campo Experimental de Bebedouro da Embrapa Semiárido. Obteve-se um incremento médio de produtividade de 40% em relação às plantas de 'BRS Opara' sem enxertia (23,5 t/ha). O melhor resultado foi verificado na cv. BRS Opara enxertada em BGCIA 223 (43,1 t/ha).

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