Embrapa Gado de Leite
Sistema de Produção, 4
Aspectos Agro e Zooecológicos

Pedro Franklin Barbosa
André de Faria Pedroso
André Luiz Monteiro Novo
Armando de Andrade Rodrigues
Artur Chinelato de Camargo
Edison Beno Pott
Eli Antônio Schiffler
Eurípedes Afonso
Márcia Cristina de Sena Oliveira
Oscar Tupy
Rogério Taveira Barbosa
Victor Muiños Barroso Lima

- Introdução
Importância econômica
- Aspectos agro e   zooecológicos
- Raças
-
Infra-estrutura
- Alimentação
- Reprodução
- Manejo Sanitário
- Mercados e   Comercialização
- Coeficientes Técnicos
-
Referências bibliográficas
- Glossário
- Editores

 

Aspectos Agro e Zooecológicos

A região de São Carlos caracteriza-se, principalmente, pela existência de grandes áreas com topografia suavemente ondulada (4 a 10% de declividade), solos ácidos e de baixa fertilidade natural, do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, de textura média (25 a 30% de argila). Nessa região, a vegetação era constituída originalmente por espécies de Cerrados e de Mata Atlântica. Com o desmatamento ao longo de dezenas de anos, essa região sofreu alterações substanciais, com a substituição das matas por pastagens e culturas anuais e perenes.

Geograficamente, o Sistema Intensivo de Produção de Leite da Embrapa Pecuária Sudeste está localizado na Fazenda Canchim, em São Carlos - SP, cujas coordenadas são 22º 01’ de latitude sul e 47º 53’ de longitude a oeste de Greenwich, numa altitude de 856 metros (sede da fazenda). A média anual da precipitação pluvial é de 1.590 mm, apresentando um período mais seco de maio a outubro, com média de precipitação de  374 mm, e um período mais chuvoso, de novembro a abril, com média de precipitação de 1.216 mm. A média da temperatura anual é de 20,1º C e a média dos meses mais quentes (janeiro a março) de  22,6º C e a média dos meses mais frios (junho a agosto) de 18,6º C. A média da umidade relativa é de 73%.

O verão é quente e muito úmido (77,2% de umidade relativa), enquanto o inverno (junho a setembro) é frio e seco (65,9%). Essa baixa distribuição de chuvas durante esse período do ano, aliada às baixas temperaturas e baixa luminosidade, reduzem drasticamente a taxa fotossintética das culturas, diminuindo a produção de matéria seca e, conseqüentemente, afetam a estabilidade da produção de leite. A redução na produção de matéria seca obriga o produtor a utilizar suplementação volumosa nesse período.

As condições ambientais exercem fortes influências nos bovinos (na verdade, em todos os seres vivos). Diretamente afetam as funções orgânicas envolvidas na manutenção do equilíbrio interno do organismo (homeostasia). A influência indireta se dá na qualidade e quantidade de volumoso, no favorecimento ou não de doenças infecto-contagiosas, na ocorrência de endo e ectoparasitas etc. Os principais componentes do meio ambiente que afetam os bovinos são: clima (temperatura do ar, umidade relativa do ar, radiação solar, ventos), solo (fertilidade, topografia), luminosidade, precipitação.

As raças de origem européia (Bos taurus) foram selecionadas ao longo de centenas de anos para viverem e produzirem leite e carne em condições de clima temperado, estando portanto bem adaptadas a tal ambiente. As condições mais adequadas para os bovinos de origem européia correspondem a temperatura média mensal inferior a 20º C em todos os meses e umidade relativa do ar variando entre 50 e 80%. A temperatura crítica, sob a qual caem o consumo de alimentos e a produção de leite, está entre 24 e 26º C para a raça Holandesa, entre 27 e 29º C para a Jersey e acima de 29,5º C para a Pardo-Suíça. A zona de conforto térmico está entre -1º C e 21º C, com poucas variações conforme a raça européia, para animais adultos.
 

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