Bacteriose
A
bacteriose, causada por Xanthomonas axoponodis pv. manihotis, é a
principal doença da mandioca, sobretudo no Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Nas condições de Cerrado essa doença adquiri grande expressão econômica,
podendo provocar perdas totais.
Os
sintomas da bacteriose caracterizam-se por manchas angulares, de aparência
aquosa, nos folíolos, murcha das folhas e pecíolos, morte descendente
e exsudação de goma nas hastes, além de necrose dos feixes vasculares
e morte da planta. Os prejuízos causados pela bacteriose variam com
as condições climáticas, suscetibilidade ou tolerância das variedades,
práticas culturais empregadas, épocas de plantio e nível de contaminação
do material de plantio. A variação brusca de temperatura entre o dia
e a noite é o fator mais importante para a manifestação severa da
doença, sendo que a amplitude diária de temperatura superior a l0ºC
durante um período maior que cinco dias é a condição ideal para o
pleno desenvolvimento da doença. As perdas de produção estão em torno
de 30% em cultivos usando variedades suscetíveis e, em locais com
condições favoráveis para a doença, os prejuízos podem ser totais.
Por outro lado, usando variedades tolerantes, mesmo com a ocorrência
de condições favoráveis as perdas de produção chegam no máximo a 30%.
A
utilização de variedades resistentes é a medida mais eficiente para
o controle da bacteriose; mas, também, contribuem as práticas culturais
como a utilização de manivas sadias e a adequação das épocas de plantio.
As variedades atualmente em uso nas áreas de ocorrência da bacteriose
caracterizam-se por apresentar uma tolerância aceitável à doença.
Na Região Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito
Federal e Tocantins), as variedades recomendadas são IAC-12, IAC-13,
IAC-14, Mantiqueira, Branca de Santa Catarina, IAC 352-6, IAC 352-7,
IAC 12-829, IAC 7-127, Sonora, EAB 81 e EAB 653.
Podridão radicular
A
podridão radicular é a doença de pouca expressão nas Região do Cerrado,
sendo mais limitante na Região Nordeste, cujas perdas de produtividade
de raízes nas áreas de maior ocorrência estão em torno de 30%. Na
Região Norte ela é particularmente importante nos ecossistemas de
Várzea e de Terra Firme, nos quais as perdas chegam a ser superiores
a 50% no primeiro e atingem até 30% no segundo. Em alguns casos têm-se
observado prejuízos totais, principalmente em áreas com solos adensados
e sujeitos a constantes encharcamentos.
Os
mais importantes agentes causadores da podridão radicular são os fungos
Phytophthora sp. e Fusarium sp., não somente pela abrangência geográfica,
mas, principalmente, pelas severas perdas na produção. Alguns estudos
mostram que a ocorrência de Phytophthora sp. é mais acentuada em plantios
de mandioca implantados em áreas sujeitas a encharcamento, com textura
argilosa e de pH neutro ou ligeiramente alcalino. No caso de Fusarium
sp., acredita-se que sua sobrevivência está relacionada a solos ácidos
e adensados. Outros agentes causais como Diplodia sp., Sytalidium
sp. e Botriodiplodia sp. podem, em áreas favorecidas por microclima,
tornar-se patógenos prejudiciais à cultura.
Os
sintomas da podridão radicular são bastante distintos em função dos
agentes causais. Normalmente, Phytophthora sp. ataca a cultura na
fase adulta, causando podridões “moles” nas raízes, com odores muito
fortes, semelhantes ao de matéria orgânica em decomposição; mostram
uma coloração acizentada que se constitui dos micélios ou mesmos esporos
do fungo nos tecidos afetados. O aparecimento de sintomas visíveis
é mais freqüente em raízes maduras; entretanto, existem casos de manifestação
de sintomas na base das hastes jovens ou em plantas recém-germinadas,
causando murcha e morte total. No caso do Fusarium sp., os sintomas
podem ocorrer em qualquer fase do desenvolvimento da planta e raramente
causam danos diretos nas raízes. O ataque ocorre no ponto da haste
junto ao solo, causando infecções e muitas vezes obstruindo totalmente
os tecidos vasculares, impedindo a livre circulação da seiva e, conseqüentemente,
provocando podridão indireta das raízes. Ao contrário de Phytophthora
sp., os sintomas provocados nas raízes pelo ataque de Fusarium sp.
são caracterizados por uma podridão de consistência seca e sem o aparente
distúrbio dos tecidos.
As
medidas de controle da podridão radicular envolvem a integração do
uso de variedades tolerantes, associado a práticas culturais como
rotação de culturas, manejo físico e químico do solo, sistemas de
cultivo e outras. Na Região Norte, trabalhos de pesquisa executados
nas várzeas mostraram que o uso de variedade tolerante, associado
à rotação de culturas e sistemas de plantio, reduziu a podridão em
cerca de 60%. As variedades consideradas tolerantes até então conhecidas
são: Osso Duro, Cedinha, Bibiana, clone 148/02, Aramaris e Kiriris,
para o Nordeste, e Zolhudinha, Mãe Joana e Embrapa 8, para o Norte.
Superalongamento
O
superalongamento, causado por Sphaceloma manihoticola, é uma das doenças
causadas por fungos mais importantes da cultura da mandioca. A sua
ocorrência no Brasil foi constatada pela primeira vez em 1977 na Região
Norte, no Amazonas e Pará; após quase dez anos foi detectado no Mato
Grosso, atacando grandes cultivos comerciais, e mais recentemente
também foi observado no Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e, por
último, na Bahia. Atualmente a doença encontra-se sob controle, não
constituindo problema para a mandioca.
Os
principais sintomas caracterizam-se pelo alongamento exagerado das
hastes tenras ou em desenvolvimento, formando ramas finas com longos
entrenós. Em casos severos as plantas afetadas podem ser identificadas
pelas lesões típicas de verrugoses nas hastes, pecíolos e nervuras;
também é comum observar retorcimento das folhas, desfolhamento e morte
dos tecidos. A disseminação da doença é bastante rápida durante a
estação chuvosa, pois os esporos são facilmente transportados a longas
distâncias pelo vento e chuva. O estabelecimento da doença em áreas
livres da mesma ocorre principalmente por meio de manivas-semente
contaminadas.
Os
prejuízos causados pelo superalongamento dependem da quantidade de
inóculo inicial, da suscetibilidade das cultivares utilizadas e das
condições climáticas. Em cultivar suscetível originada de plantação
afetada, e com ocorrência de condições ambientais favoráveis à da
doença, as perdas de produção podem atingir até 70%, enquanto que
em cultivar tolerante, sob as mesmas condições, a perda chega no máximo
a 30%.
As
medidas de controle do superalongamento são basicamente a seleção
de manivas sadias para o plantio, eliminação de plantas infectadas,
uso de cultivares tolerantes ou resistentes e rotação de culturas
nas áreas anteriormente afetadas.
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Superbrotamento
O
superbrotamento é uma doença causada por fitoplasma, que tem sido
encontrada atacando a cultura da mandioca no Brasil, sendo particularmente
importante na microrregião da Serra da Ibiapaba, no Ceará, apesar
da sua ocorrência ser registrada em quase todas as regiões produtoras
de mandioca.
Em
condições altamente favoráveis ao desenvolvimento da doença, pode
provocar uma redução de até 70% no rendimento de raízes, e acentuada
diminuição nos teores de amido, que chega a 80% em cultivares suscetíveis.
O superbrotamento também pode causar perdas na produção de manivas-semente,
tendo em vista que, nas plantas afetadas, as hastes apresentam-se
com um tamanho muito reduzido e excesso de brotação das gemas.
Os
sintomas da doença caracterizam-se pela emissão exagerada de hastes
a partir da haste principal, também chamados de envassouramento ou
flocos, além de provocar raquitismo e amarelecimento generalizado
das plantas afetadas. Acredita-se que a disseminação da doença ocorra
por meio de vetores transmissores, normalmente insetos que têm o hábito
sugador, além de manivas-semente contaminadas utilizadas para o plantio.
O
controle do superbrotamento pode ser efetuado preventivamente, evitando
a introdução de material de plantio de áreas afetadas, seleção rigorosa
do material de plantio em áreas de ocorrência da doença e eliminação
de plantas doentes dentro do cultivo. A utilização de variedades resistentes
é o método mais eficiente de controle da doença; em trabalho realizado
no Ceará foram identificados os genótipos Embrapa 54–Salamandra, Embrapa
55–Tianguá, Embrapa 56–Ubajara e Embrapa 57–Ibiapaba, resistentes
à doença e com características agronômicas e industriais desejáveis.
Viroses
O
mosaico das nervuras apresenta ampla abrangência geográfica,
embora seja particularmente importante no ecossistema do Semi-Árido
Nordestino, não somente pela severa manifestação produzida, como também
pela influência negativa na qualidade dos produtos obtidos. Não existe
definição clara do seu efeito na produção pois, enquanto alguns acreditam
que o ataque severo pode reduzir a produtividade em até 30%, outros
afirmam que ela não é afetada pelo vírus, e sim a qualidade do produtos,
especialmente o teor de amido na raiz. Os sintomas caracterizam-se
pela presença de cloroses intensas entre as nervuras primárias e secundárias,
nas plantas afetadas. Em casos severos da doença é comum observar
um forte retorcimento do limbo foliar.
O
“couro de sapo” tem sido observado de modo muito restrito em
algumas lavouras localizadas no Amazonas, Pará e Bahia. Entretanto,
a doença é considerada como potencialmente importante, pois sua manifestação
severa em plantios de mandioca pode inviabilizar economicamente a
produção. O ataque severo do vírus pode provocar redução em torno
de 70% na produtividade ou até mesmo perdas totais em variedades suscetíveis.
O vírus pode também reduzir drasticamente a qualidade do produto,
especialmente os teores de amido nas raízes, cuja diminuição pode
variar de 10 a 80%.
O
mosaico comum ocorre normalmente em regiões com temperaturas
mais amenas, no Sul e Sudeste do Brasil. A manifestação severa da
doença em variedades suscetíveis pode causar perdas de produção entre
10 a 20%; o vírus também prejudica a qualidade dos produtos, causando
reduções nos teores de amido que variam entre 10 a 50%. Os sintomas
são clorose da lâmina foliar e retorcimento dos bordos das folhas,
especialmente em folhas em formação. Em alguns casos tem-se observado
que, quando as folhas vão se desenvolvendo, os sintomas desaparecem
por completo, notadamente quando as condições ambientais tornam-se
adversas para o desenvolvimento da doença.
Como
métodos de controle das viroses são sugeridos a seleção de material
de plantio, uso de variedades resistentes e eliminação de plantas
afetadas dentro do cultivo.
Outras doenças
Em
alguns casos, dependendo das condições ambientais e da suscetibilidade
das variedades utilizadas, a antracnose causada por Colletotrichum
gloeosporioides pode causar prejuízos esporádicos ou temporários na
mandioca; em determinadas épocas ela ocorre de maneira mais intensiva,
causando perdas significativas na produção de raízes e redução da
qualidade dos produtos.
As
cercosporioses em mandioca são bem conhecidas, apesar de não causarem
maiores prejuízos para a cultura; portanto, não são motivo de preocupação
para os produtores.
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