Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 8
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para a Região do Cerrado
Luciano da Silva Souza
Josefino de Freitas Fialho

Início

Importância econômica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Mudas e sementes
Plantio
Irrigação
Consorciação e rotação de culturas
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita

Mandioca na alimentação animal
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Plantas Daninhas

Manejo das plantas daninhas, Controle cultural e Controle mecânico.
Controle químico, Controle integrado, Calibração de pulverizadores costais e Calibração de pulverizadores tratorizados

Manejo das plantas daninhas, Controle cultural e Controle mecânico 


Manejo das plantas daninhas

As plantas daninhas concorrem com a cultura da mandioca principalmente por água, luz e nutrientes, podendo causar perdas de até 90% na produtividade, dependendo do tempo de convivência e da quantidade de mato. O controle de plantas daninhas representa a maior parcela dos custos de produção (cerca de 35% do total). O período crítico de competição das plantas daninhas com a mandioca são os primeiros quatro a cinco meses do seu ciclo, exigindo nessa fase cerca de 100 dias livre da interferência do mato, a partir de 20 a 30 dias após sua brotação, dispensando daí em diante as limpas até à colheita.

Cada região e ecossistema tem sua peculiaridade quanto às plantas daninhas predominantes, ainda que existam muitas delas comuns às diversas regiões mandioqueiras do Brasil. Na Tabela 6 são apresentadas as plantas daninhas de maior ocorrência na cultura da mandioca, no Brasil.


Controle
cultural

Consiste em criar condições para que a mandioca se estabeleça o mais rápido possível, proporcionando-lhe vantagem competitiva com as plantas daninhas na disputa por água e nutrientes. Para isso é importante um bom preparo do solo, manivas de boa qualidade, escolha da variedade adaptada ao ecossistema, densidade de plantio adequada, rotação de culturas e uso de coberturas verdes. A rotação de culturas é um meio cultural que previne o surgimento de altas populações de certas plantas daninhas adaptáveis a determinada cultura; quando a mandioca é cultivada ano após ano na mesma área, a associação plantas daninhas-cultura tende a aumentar, sendo maior sua interferência sobre a cultura. O uso de coberturas vegetais como o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), que inibem determinadas espécies, é também importante na redução da população das plantas daninhas, além de melhorar as condições do solo.


Controle
mecânico

O controle mecânico é realizado por meio de práticas de eliminação do mato, como arranquio manual, capina manual, roçagem e cultivo mecanizado usando cultivadores tracionados por animais ou trator. O custo de duas limpas à enxada, para manter a cultura livre de competição por aproximadamente 100 dias (período crítico de interferência), está em torno de 18% do custo total de produção.

Controle químico, Controle integrado, Calibração de pulverizadores costais e Calibração de pulverizadores tratorizados


Controle químico

Consiste no uso de herbicidas, que são produtos químicos aplicados em pré e pós-emergência do mato para seu controle, substituindo o controle mecânico. A maioria dos herbicidas utilizados em mandioca são aplicados em pré-emergência (antes da emergência do mato e da brotação da cultura) e aplicados logo após o plantio ou preparo do solo, no máximo, três dias depois. A escolha do herbicida depende do seu custo e das espécies de plantas daninhas que ocorrem na área. Uma aplicação da mistura de tanque de diuron + alachlor representa 8,5% do custo total de produção e substitui aproximadamente duas limpas à enxada; essa mistura é de

Tabela 6. Plantas daninhas que ocorrem na cultura da mandioca, no Brasil.

Famílias

Nomes científicos

Nomes populares

Amaranthaceae

Amaranthus viridis

Caruru verde

Amaranthus spinosus

Caruru-de-espinho

Amaranthus hybridus

Caruru roxo

Alternanthera tenella

Apaga fogo

Commelinaceae

Commelina benghalensis

Trapoeraba, marianinha

Commelina difusa

Trapoeraba, marianinha

Compositae

Acanthospermum australe

Carrapicho rasteiro

Acanthospermum hispidum

Carrapicho-de-carneiro

Eupatorium ballataefolium

Eupatorio, picão-preto

Eupatorium laevigatum

Eupatorio, erva-formigueira

Blainvillea rhomboidea

Picão grande

Centratheum punctatum

Perpétua

Ageratum conyzoides

Mentrasto

Bidens pilosa

Picão preto

Sonchus oleraceus

Serralha

Emilia sonchifolia

Falsa serralha

Tagetes minuta

Cravo de defunto

Galinsoga parviflora

Picão branco

Galinsoga ciliata

Picão branco, fazendeiro

Convolvulaceae

Ipomoea sp.

Corda-de-viola

Cyperaceae

Cyperus rotundus

Tiririca roxa

Cyperus esculentus

Tiriricão, tiririca amarela

Euphorbiaceae

Croton lobatus

Café bravo

Euphorbia heterophylla

Amendoim bravo

Phyllanthus tenellus

Quebra-pedra

Chamaesyce hirta

Erva-de-santa-luzia

Chamaesyce prostata

Quebra-pedra rasteiro

Euphorbia brasiliensis

Leiteira

Euphorbia pilulifera

Erva-de-santa-luzia

Euphorbia prostata

Quebra-pedra rasteiro

Gramineae

Brachiaria plantaginea

Capim marmelada

Rhynchelytrum repens

Capim favorito

Pennisetum setosum

Capim oferecido

Leptocloa filiformis

Capim mimoso

Echinochloa colonum

Capim coloninho

Digitaria horizontalis

Capim colchão

Setaria vulpiseta

Capim rabo-de-raposa

Eleusine indica

Capim pé-de-galinha

Leguminosae

Senna occidentalis

Fedegoso

Malvaceae

Sida spinosa

Guanxuma, malva

Sida rhombifolia

Guanxuma, relógio

Sida cordifolia

Malva branca

Molluginaceae

Mollugo verticillata

Cabelo de guia

Portulacaceae

Portulaca oleracea

Beldroega

Rubiaceae

Spermacoce verticillata

Vassourinha de botão

Mitracarpus hirtus

Poaia da praia

Diodia teres

Mata pasto

Richardia brasiliensis

Poaia branca

Spermacoce latifolia

Erva quente

Richardia scabra

Poaia do cerrado

Fonte: vários autores nacionais.

grande eficácia no controle de mono e dicotiledôneas em várias regiões do Brasil. Na Tabela 7 são apresentados os principais herbicidas indicados pela pesquisa para o controle do mato em mandioca. As doses mais elevadas são para solos com teor de matéria orgânica superior a 1,5 % e alto teor de argila e/ou infestação muito alta do mato.

Tabela 7. Herbicidas registrados para uso na cultura da mandioca no Brasil.

Nome comum

Nome comercial

Dose

(L ou kg/ha do produto comercial ) (1)

Época de aplicação

Ametrina

Ametrex WG,

2,0 – 2,5

P

Herbipak WG

 

 

 

 

Clomazone

Gamit,

1,6 - 2,0

P

Clomazone 500

 

 

 

 

Clomazone

Gamit 360 CS

2,8 – 3,5

P

 

 

 

 

Metribuzin

Sencor 480

0,75 – 1,0

P

 

 

 

 

Isoxaflutol

Provence 750 WG

0,10 – 0,12

P

 

 

 

 

Cletodim

Lord,

0,35 - 0,45

Pós

Select 240 EC

 

 

 

 

Clomazone + Ametrina

Sinerge EC

4,0 - 5,0

P

 

 

 

 

Fluazifope-P-butílico

Fusilade 250 EW

0,5 – 0,7

Pós

(1)Líquido ou em pó.
Fonte: MAPA – Agrofit (2012).
 


Controle integrado

Consiste na integração dos métodos cultural, biológico, mecânico e químico, com o objetivo de aproveitar as vantagens de cada um deles e, assim, obter um resultado mais eficiente, redução dos custos e menor efeito sobre o meio ambiente. O uso de herbicidas nas linhas de plantio, combinado com o cultivador animal ou tratorizado nas entrelinhas da mandioca, tem proporcionado o mais baixo custo no controle do mato, em comparação com métodos mecânicos de controle. Para os pequenos produtores, onde o uso de herbicidas ainda é de difícil uso a curto prazo, a substituição do controle com enxada pelo cultivador a tração animal é uma excelente alternativa para redução dos custos das limpas e liberação de mão-de-obra familiar para outras atividades da propriedade. O uso do feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) é uma boa opção para controlar plantas daninhas nas entrelinhas da mandioca plantada em fileiras duplas, por inibir o mato e melhorar o solo, permitindo também ao produtor fazer a rotação da cultura na mesma área; deve-se deixar uma distância de 0,80 m entre as plantas de cobertura e as linhas de mandioca, para evitar a competição com esta cultura. Em virtude do alto custo das sementes das leguminosas, só justifica sua utilização quando a semente for produzida pelo produtor.


Calibração de pulverizadores costais

  • marcar 50 m na área onde será realizada a aplicação;
  • determinar a faixa de cobertura do bico ou bicos;
  • encher o reservatório com uma quantidade conhecida de água;
  • bombear até obter a pressão de trabalho desejada;
  • procurar manter a pressão e realizar a aplicação a um passo normal;
  • determinar por diferença a quantidade de água gasta;
  • repetir pelo menos três vezes o mesmo processo e obter uma média;
  • calcular o volume de aplicação por hectare pela fórmula:

Água gasta em litros x 10.000 m2

Volume de aplicação (litros por hectare)=

 --------------------------------------

Área aplicada m2

Exemplo:

  • Distância percorrida: 50 m;
  • faixa de aplicação: 0,80 m;
  • gasto de água: 1,6 litros;
  • área aplicada: 50 m x 0,80 m = 40 m2;

1,6 litros x 10.000 m2

Volume de aplicação (litros por hectare) =

---------------------- = 400 litros/ha.

            40 m2

 
  • marcar 50 m na área a ser aplicada;
  • encher o tanque do pulverizador ou colocar uma quantidade de água conhecida;
  • regular a pressão entre 1,4 e 2,8 kgf/cm2;
  • determinar o tempo gasto pelo trator para percorrer os 50 m. Repetir pelo menos três vezes a operação;
  • fixar a altura da barra para se obter uma cobertura uniforme e determinar a faixa de aplicação da mesma;
  • com o trator parado e com a mesma rotação de trabalho, medir a descarga do maior número possível de bicos para se determinar a descarga (vazão) média de cada bico no mesmo tempo que o trator gastou para percorrer os 50 m;
  • multiplicar a descarga média por bico pelo número de bicos da barra para se determinar a vazão da barra;
  • calcular a vazão por hectare pela fórmula:,

Descarga da barra em litros x 10.000 m2

Volume de aplicação (litros/hectare) =

------------------------------------------

Área coberta pela barra em m2

Exemplo:

  • pressão: 2,8 kgf/cm2;
  • tempo gasto para percorrer 50 m: 36 segundos;
  • descarga média por bico: 1,0 litro;
  • número de bicos: 20;
  • faixa de aplicação da barra: 10 m;
  • descarga total da barra: 1,0 litro x 20 = 20 litros;
  • área coberta pela barra: 50 m x 10 m = 500 m2;
20 litros x 10.000 m2
Volume de aplicação (litros/hectare) = ----------------------- = 400 litros/ha.
          500 m2

Copyright © 2003, Embrapa

Topo da Página