Manejo das plantas daninhas
As plantas daninhas concorrem com a cultura da mandioca principalmente por
água, luz e nutrientes, podendo causar perdas de até 90% na
produtividade, dependendo do tempo de convivência e da quantidade de
mato. O controle de plantas daninhas representa a maior parcela dos custos
de produção (cerca de 35% do total). O período crítico de competição
das plantas daninhas com a mandioca são os primeiros quatro a cinco meses
do seu ciclo, exigindo nessa fase cerca de 100 dias livre da interferência
do mato, a partir de 20 a 30 dias após sua brotação, dispensando daí
em diante as limpas até à colheita.
Cada região e
ecossistema tem sua peculiaridade quanto às plantas daninhas
predominantes, ainda que existam muitas delas comuns às diversas regiões
mandioqueiras do Brasil. Na Tabela 6 são apresentadas as plantas daninhas
de maior ocorrência na cultura da mandioca, no Brasil.
Controle cultural
Consiste
em criar condições para que a mandioca se estabeleça o mais rápido
possível, proporcionando-lhe vantagem competitiva com as plantas daninhas
na disputa por água e nutrientes. Para isso é importante um bom preparo
do solo, manivas de boa qualidade, escolha da variedade adaptada ao
ecossistema, densidade de plantio adequada, rotação de culturas e uso de
coberturas verdes. A rotação de culturas é um meio cultural que previne
o surgimento de altas populações de certas plantas daninhas adaptáveis
a determinada cultura; quando a mandioca é cultivada ano após ano na
mesma área, a associação plantas daninhas-cultura tende a aumentar,
sendo maior sua interferência sobre a cultura. O uso de coberturas
vegetais como o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), que inibem
determinadas espécies, é também importante na redução da população
das plantas daninhas, além de melhorar as condições do solo.
Controle mecânico
O controle mecânico
é realizado por meio de práticas de eliminação do mato, como arranquio
manual, capina manual, roçagem e cultivo mecanizado usando cultivadores
tracionados por animais ou trator. O custo de duas limpas à enxada,
para manter a cultura livre de competição por aproximadamente 100
dias (período crítico de interferência), está em torno de 18% do custo
total de produção.
|
Controle químico
Consiste
no uso de herbicidas, que são produtos químicos aplicados em pré e pós-emergência
do mato para seu controle, substituindo o controle mecânico. A maioria
dos herbicidas utilizados em mandioca são aplicados em pré-emergência
(antes da emergência do mato e da brotação da cultura) e aplicados logo
após o plantio ou preparo do solo, no máximo, três dias depois. A
escolha do herbicida depende do seu custo e das espécies de plantas
daninhas que ocorrem na área. Uma aplicação da mistura de tanque de
diuron + alachlor representa 8,5% do custo total de produção e substitui
aproximadamente duas limpas à enxada; essa mistura é de
Tabela
6. Plantas daninhas que ocorrem na cultura da mandioca, no Brasil. |
Famílias |
Nomes
científicos |
Nomes
populares |
Amaranthaceae |
Amaranthus
viridis |
Caruru
verde |
Amaranthus
spinosus |
Caruru-de-espinho |
Amaranthus
hybridus |
Caruru
roxo |
Alternanthera
tenella |
Apaga
fogo |
Commelinaceae |
Commelina
benghalensis |
Trapoeraba,
marianinha |
Commelina
difusa |
Trapoeraba,
marianinha |
Compositae |
Acanthospermum
australe |
Carrapicho
rasteiro |
Acanthospermum
hispidum |
Carrapicho-de-carneiro |
Eupatorium
ballataefolium |
Eupatorio,
picão-preto |
Eupatorium
laevigatum |
Eupatorio,
erva-formigueira |
Blainvillea
rhomboidea |
Picão
grande |
Centratheum
punctatum |
Perpétua |
Ageratum
conyzoides |
Mentrasto |
Bidens
pilosa |
Picão
preto |
Sonchus
oleraceus |
Serralha |
Emilia
sonchifolia |
Falsa
serralha |
Tagetes
minuta |
Cravo
de defunto |
Galinsoga
parviflora |
Picão
branco |
Galinsoga
ciliata |
Picão
branco, fazendeiro |
Convolvulaceae |
Ipomoea
sp. |
Corda-de-viola |
Cyperaceae |
Cyperus
rotundus |
Tiririca
roxa |
Cyperus
esculentus |
Tiriricão,
tiririca amarela |
Euphorbiaceae |
Croton
lobatus |
Café
bravo |
Euphorbia
heterophylla |
Amendoim
bravo |
Phyllanthus
tenellus |
Quebra-pedra |
Chamaesyce
hirta |
Erva-de-santa-luzia |
Chamaesyce
prostata |
Quebra-pedra
rasteiro |
Euphorbia
brasiliensis |
Leiteira |
Euphorbia
pilulifera |
Erva-de-santa-luzia |
Euphorbia
prostata |
Quebra-pedra
rasteiro |
Gramineae |
Brachiaria
plantaginea |
Capim
marmelada |
Rhynchelytrum
repens |
Capim
favorito |
Pennisetum
setosum |
Capim
oferecido |
Leptocloa
filiformis |
Capim
mimoso |
Echinochloa
colonum |
Capim
coloninho |
Digitaria
horizontalis |
Capim
colchão |
Setaria
vulpiseta |
Capim
rabo-de-raposa |
Eleusine
indica |
Capim
pé-de-galinha |
Leguminosae |
Senna
occidentalis |
Fedegoso |
Malvaceae |
Sida
spinosa |
Guanxuma,
malva |
Sida
rhombifolia |
Guanxuma,
relógio |
Sida
cordifolia |
Malva
branca |
Molluginaceae |
Mollugo
verticillata |
Cabelo
de guia |
Portulacaceae |
Portulaca
oleracea |
Beldroega |
Rubiaceae |
Spermacoce
verticillata |
Vassourinha
de botão |
Mitracarpus
hirtus |
Poaia
da praia |
Diodia
teres |
Mata
pasto |
Richardia
brasiliensis |
Poaia
branca |
Spermacoce
latifolia |
Erva
quente |
Richardia
scabra |
Poaia
do cerrado |
Fonte: vários autores
nacionais. |
grande eficácia no controle de mono e
dicotiledôneas em várias regiões do Brasil. Na Tabela 7 são
apresentados os principais herbicidas indicados pela pesquisa para o
controle do mato em mandioca. As doses mais elevadas são para solos com
teor de matéria orgânica superior a 1,5 % e alto teor de argila e/ou
infestação muito alta do mato.
Tabela 7. Herbicidas registrados para uso na cultura da mandioca no Brasil.
Nome comum |
Nome comercial |
Dose
(L ou kg/ha do produto comercial ) (1) |
Época de aplicação |
Ametrina |
Ametrex WG, |
2,0 – 2,5 |
Pré |
Herbipak WG |
|
|
|
|
Clomazone |
Gamit, |
1,6 - 2,0 |
Pré |
Clomazone 500 |
|
|
|
|
Clomazone |
Gamit 360 CS |
2,8 – 3,5 |
Pré |
|
|
|
|
Metribuzin |
Sencor 480 |
0,75 – 1,0 |
Pré |
|
|
|
|
Isoxaflutol |
Provence 750 WG |
0,10 – 0,12 |
Pré |
|
|
|
|
Cletodim |
Lord, |
0,35 - 0,45 |
Pós |
Select 240 EC |
|
|
|
|
Clomazone + Ametrina |
Sinerge EC |
4,0 - 5,0 |
Pré |
|
|
|
|
Fluazifope-P-butílico |
Fusilade 250 EW |
0,5 – 0,7 |
Pós |
(1)Líquido ou em pó. |
Fonte: MAPA – Agrofit (2012). |
|
Controle integrado
Consiste na integração
dos métodos cultural, biológico, mecânico e químico, com o objetivo de
aproveitar as vantagens de cada um deles e, assim, obter um resultado mais
eficiente, redução dos custos e menor efeito sobre o meio ambiente. O
uso de herbicidas nas linhas de plantio, combinado com o cultivador animal
ou tratorizado nas entrelinhas da mandioca, tem proporcionado o mais baixo
custo no controle do mato, em comparação com métodos mecânicos de
controle. Para os pequenos produtores, onde o uso de herbicidas ainda é
de difícil uso a curto prazo, a substituição do controle com enxada
pelo cultivador a tração animal é uma excelente alternativa para redução
dos custos das limpas e liberação de mão-de-obra familiar para outras
atividades da propriedade. O uso do feijão-de-porco (Canavalia ensiformis)
é uma boa opção para controlar plantas daninhas nas entrelinhas da
mandioca plantada em fileiras duplas, por inibir o mato e melhorar o solo,
permitindo também ao produtor fazer a rotação da cultura na mesma área;
deve-se deixar uma distância de 0,80 m entre as plantas de cobertura e as
linhas de mandioca, para evitar a competição com esta cultura. Em
virtude do alto custo das sementes das leguminosas, só justifica sua
utilização quando a semente for produzida pelo produtor.
Calibração de pulverizadores costais
- marcar
50 m na área onde será realizada a aplicação;
- determinar
a faixa de cobertura do bico ou bicos;
- encher
o reservatório com uma quantidade conhecida de água;
- bombear
até obter a pressão de trabalho desejada;
- procurar
manter a pressão e realizar a aplicação a um passo normal;
- determinar
por diferença a quantidade de água gasta;
- repetir
pelo menos três vezes o mesmo processo e obter uma média;
- calcular
o volume de aplicação por hectare pela fórmula:
|
Água
gasta em litros x 10.000 m2 |
Volume
de aplicação (litros por hectare)= |
-------------------------------------- |
|
Área
aplicada m2 |
Exemplo:
- Distância
percorrida: 50 m;
- faixa
de aplicação: 0,80 m;
- gasto
de água: 1,6 litros;
- área
aplicada: 50 m x 0,80 m = 40 m2;
|
1,6
litros x 10.000 m2 |
Volume
de aplicação (litros por hectare) = |
----------------------
= 400 litros/ha. |
|
40 m2 |
- marcar
50 m na área a ser aplicada;
- encher
o tanque do pulverizador ou colocar uma quantidade de água conhecida;
- regular
a pressão entre 1,4 e 2,8 kgf/cm2;
- determinar
o tempo gasto pelo trator para percorrer os 50 m. Repetir pelo menos
três vezes a operação;
- fixar
a altura da barra para se obter uma cobertura uniforme e determinar a
faixa de aplicação da mesma;
- com
o trator parado e com a mesma rotação de trabalho, medir a descarga
do maior número possível de bicos para se determinar a descarga (vazão)
média de cada bico no mesmo tempo que o trator gastou para percorrer
os 50 m;
- multiplicar
a descarga média por bico pelo número de bicos da barra para se
determinar a vazão da barra;
- calcular
a vazão por hectare pela fórmula:,
|
Descarga
da barra em litros x 10.000 m2 |
Volume
de aplicação (litros/hectare) = |
------------------------------------------ |
|
Área
coberta pela barra em m2 |
Exemplo:
- pressão:
2,8 kgf/cm2;
- tempo
gasto para percorrer 50 m: 36 segundos;
- descarga
média por bico: 1,0 litro;
- número
de bicos: 20;
- faixa
de aplicação da barra: 10 m;
- descarga
total da barra: 1,0 litro x 20 = 20 litros;
- área
coberta pela barra: 50 m x 10 m = 500 m2;
|
20
litros x 10.000 m2 |
Volume
de aplicação (litros/hectare) = |
-----------------------
= 400 litros/ha. |
|
500 m2 |
|