Embrapa

Embrapa Uva e Vinho
Sistema de Produção, 3
ISSN 1678-8761 Versão Eletrônica
Jan/2003

Sistema de Produção de Pêssego de Mesa na Região da Serra Gaúcha

Japiassu de Melo Freire
José Fernando da Silva Protas

Início

Clima

Cultivares
Obtenção e plantio da muda
Preparo do solo, calagem e adubação
Condução,poda e raleio
Principais Pragas
Doenças fúngicas e bacterianas do pessegueiro
Doenças virais do pessegueiro
Doenças causadas por nematóides na cultura do pessegueiro
Cuidados na aplicação de agrotóxicos
Tecnologia de aplicação de  agrotóxicos
Manejo e pós-colheita de pêssegos
Custos e rentabilidade
Referências
Glossário


Expediente
Autores
Custos e rentabilidade

    Considerando que a tendência do mercado internacional de frutas aponta para um cenário onde, cada vez mais, será valorizado o aspecto qualitativo da fruta, é provável que a evolução tecnológica seja focada no sentido de agregar às técnicas mais produtivas, aquelas que também privilegiam maior qualidade de consumo. Entretanto, o agricultor, como qualquer empresário, usa as tecnologias que maximizam os seus benefícios diretos , tendo em conta as restrições físicas, biológicas, econômicas e institucionais. Neste contexto, tem sido exigido das diferentes cadeias produtivas maior eficiência técnica e econômica de seus processos produtivos.
    No caso da produção de pêssego de mesa, a exploração racional de um pomar depende de um conjunto de fatores que podem afetar, direta ou indiretamente, o seu desempenho produtivo e a rentabilidade da atividade. Além, e compondo, com as condições naturais de clima e solo, podem ser relacionados fatores como: a escolha da cultivar, a estrutura e o sistema de condução do pomar, a estrutura de logística, a organização para competir no mercado e a relação de preços entre insumos e produto. Relacionado a cada fator e com a missão de torná-los competitivos, agregam-se a estes processos produtivos os conhecimentos tecnológicos.
    Tendo em vista a importância da produção de pêssego de mesa no processo de diversificação da matriz produtiva frutícola da Região da Serra Gaúcha, apresenta-se uma estimativa dos custos de produção (implantação, formação e manutenção), e da rentabilidade de 1 hectare da cultivar Chiripá.

Custos de implantação e formação do pomar
Custo de manutenção
Rentabilidade
Anexos

Custos de implantação e formação do pomar

seta

    Na tabela 1 é apresentada uma síntese dos custos de implantação, formação e manutenção de 1 ha de pomar de pêssego da cultivar chiripá, contemplando os gastos com insumos e serviços envolvidos em cada componente da estrutura de custos considerada: preparo do solo e plantio, fertilizantes, controle de doenças, controle de pragas, manejo da planta, e outros (depreciação do pomar, depreciação de máquinas e equipamentos e custo de comercialização), durante os períodos de implantação e formação do pomar, (1º, 2º, 3º e 4º anos), e manutenção, a partir do 5º ano. O espaçamento recomendado é de 5,00 x 3,00 metros e densidade de plantio de 667 plantas por hectare. Não foram considerados nos custos a remuneração da terra e os juros sobre o capital empregado. Os custos referentes a implantação e formação do pomar totalizam R$ 16.338,30 por hectare.
    Como se observa na tabela 1, os recursos investidos nos quatro primeiros anos (R$ 16.338,30), que correspondem à implantação e formação do pomar, com exceção do 2º ano, são relativamente bem distribuídos, com 30,68% no primeiro; 9,06% no segundo; 26,90% no terceiro e 33,36% no quarto ano. Quanto à composição destes custos, destacam-se no primeiro ano as atividades relativas ao preparo do solo, plantio e fertilizantes e, nos anos seguintes, as atividades de manejo das plantas e controle de doenças e pragas. Considerando o montante dos valores envolvidos e o perfil do produtor típico de pêssego na Região da Serra Gaúcha, o fato de a demanda por recursos nos primeiros quatro anos ser relativamente bem distribuída representa um fator positivo na viabilidade deste investimento neste contexto.

Custo de manutenção

seta

    No âmbito do presente trabalho, os custos de manutenção referem-se aqueles efetuados a partir do quinto ano de instalação do pomar, quando admite-se que o mesmo tenha atingido a plena produção. Conforme é apresentado na tabela 1, o custo de manutenção é superior ao verificado em cada um dos quatro anos anteriores (custos de implantação e formação), entretanto, analisando a formação deste custo de forma desagregada, a partir do anexo 1, verifica-se que a partir do quinto ano começam a ser depreciados (contabilizados nos custos de produção) os investimentos feitos na fase de implantação e formação do pomar (depreciação do pomar e depreciação de máquinas e equipamentos), originando-se daí o aumento dos custos de manutenção em relação aos de implantação e formação do pomar. Entretanto, é importante registrar que estes custos de depreciações não representam desembolsos anuais efetivos, embora sejam recursos que precisem ser capitalizados pelos produtores para investimentos futuros.

Tabela 1. Síntese do custo de implantação e manutenção de 1 ha de pêssego de mesa, na Serra Gaúcha

Discriminação 1° Ano 2° Ano 3° Ano 4° Ano 5° Ano
Custos
R$
Custos
R$
Custos
R$
Custos
R$
Custos
R$
           
I. Preparo do solo e plantio 2.860,50 120,50      
Participação % 57,06 8,14      
Insumos (Mudas) 1.000,50 100,50      
Serviços 1.860,00 20,00      
           
II. Fertilizantes 1.060,20 26,20 182,60 263,55 491,88
Participação % 21,15 1,77 4,15 4,84 7,40
Insumos 750,20 16,20 102,60 143,55 271,88
Serviços 310,00 10,00 80,00 120,00 220,00
           
III. Controle de doenças 207,78 256,00 1.102,46 1.102,46 1.102,46
Participação % 4,15 17,29 25,09 20,23 16,60
Insumos 61,48 106,00 562,46 562,46 562,46
Serviços 146,30 150,00 540,00 540,00 540,00
           
IV. Controle de pragas 215,19 158,89 822,85 790,85 822,85
Participação % 4,29 10,73 18,72 14,51 12,38
Insumos 68,89 68,89 282,85 250,85 282,85
Serviços 146,30 90,00 540,00 540,00 540,00
           
V. Manejo de Planta 669,36 878,72 2.199,22 3.117,22 2.987,62
Participação % 13,35 59,34 50,04 57,20 44,96
Insumos 9,36 18,72 519,22 537,22 147,62
Serviços 660,00 860,00 1.680,00 2.580,00 2.840,00
           
VI. Outros   40,50 87,75 175,50 1.239,53
Participação %   2,73 2,00 3,22 18,66
Depreciação do pomar         541,15
Depreciação de máquinas e equipamentos         428,38
CESSR   40,50 87,75 175,50 270,00
           
Participação % fases de implantação e formação 30,68 9,06 26,90 33,36 -
TOTAL GERAL 5.013,03 1.480,81 4.394,88 5.449,58 6.644,34

P.S - Os dados desagregados que originam os valores apresentados nesta tabela encontram-se nos anexos 1, 2, 3 , 4, 5, 6, 7 e 8.

Rentabilidade

seta

    Para o sistema proposto, assume-se como produtividade média anual esperada, por hectare, no 2º ano 3.000 kg, no 3º ano 6.500 kg, no 4º ano 13.000 kg e, a partir do 5º ano 20.000 kg. O preço médio de comercialização do kg de pêssego é de R$ 0,50/ kg, e, neste caso o valor bruto da produção (receita bruta total), em 1 hectare, a partir do 5º ano será de R$ 10.000,00 (anexo 9 ).
    Considerando o valor bruto da produção e os custos totais de manutenção a partir do 5º ano, estima-se para o sistema proposto resultados economicamente satisfatórios segundo os índices de eficiência econômica (Tabela 2), que passamos a analisar. A taxa de retorno alcançada é de 0,51 %, o que indica, que para cada R$ 1,00 do custo total de manutenção obtém-se um retorno de R$ 1,51. O ponto de nivelamento indica que, a partir do atingimento de uma produtividade de 13.282 kg/ha, a atividade começa a ser viável economicamente (receitas superiores aos custos). Neste caso, a margem de segurança do produtor é de 0,34, ou seja, para a atividade deixar de ser viável economicamente terá que haver uma queda de 34% na produtividade do pomar (passando de 20.000 kg/ha para 13.200 kg/ha), ou nos níveis de preços pagos pelo pêssego (passando de R$ 0,50/kg para R$ 0,33/kg).

Tabela 2. Avaliação econômica do cultivo de 1 ha de pêssego de mesa, na Serra Gaúcha.

Especificação Produtividade
Kg/ha/ano (A)
Valor da produção
R$/ha (B)
Custo total
R$/ha (C)
Taxa de retorno
(B ÷ C)
Ponto de
nivelamento
(C ÷ D)
Margem de
segurança %
(C-B ÷ B)
1 ha 20.000 10.000 6.640,97 1,51 13.282 - 034

Notas:
(A)Produtividade média anual de 1 ha de pêssego de mesa, no 5º ano.
(B)Valor bruto da produção (preço x quantidade produzida).
(C)Custo total da produção no 5º ano.
(D)Preço médio do pêssego de mesa: R$ 0,50/kg.

Anexos seta

Anexo 1. Custo de implantação e manutenção de 1 ha de pêssego de mesa, na Serra Gaúcha.

Anexo 2. Custo dos insumos e serviços para o preparo, correção do solo, plantio e adubação de 1 ha de pêssego de mesa, na Serra Gaúcha.

Anexo 3. Época de aplicação e dosagem de corretivos e fertilizantes.

Anexo 4. Custo dos insumos, materiais e serviços para o manejo de 1 ha de pêssego de mesa, na Serra Gaúcha.

Anexo 5. Custos dos insumos e serviços para o controle de doenças em 1 ha de pêssego de mesa, na Serra Gaúcha.

Anexo 6. Dosagem, número de aplicações e volume aplicado por hectare.

Anexo 7. Custos dos insumos e serviços para o controle de pragas em 1 ha de pêssego de mesa, na Serra Gaúcha.

Anexo 8. Dosagem, número de aplicações e volume aplicado por hectare.

Anexo 9. Preço, produção e receitas esperadas de 1 ha de pêssego de mesa, na Serra Gaúcha.

seta    

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