seta

Embrapa Uva e Vinho
Sistema de Produção, 3
ISSN 1678-8761 Versão Eletrônica
Jan/2003

Sistema de Produção de Pêssego de Mesa na Região da Serra Gaúcha

Lucas da R. Garrido

Início

Clima

Cultivares
Obtenção e plantio da muda
Preparo do solo, calagem e adubação
Condução,poda e raleio
Principais Pragas
Doenças fúngicas e bacterianas do pessegueiro
Doenças virais do pessegueiro
Doenças causadas por nematóides na cultura do pessegueiro
Cuidados na aplicação de agrotóxicos
Tecnologia de aplicação de agrotóxicos
Manejo e pós-colheita de pêssegos

Custos e rentabilidade

Referências
Glossário


Expediente
Autores
Tecnologia de aplicação de agrotóxicos

    Tecnologia de aplicação de agrotóxicos é o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, com mínimo de contaminação de outras áreas.
     Os agrotóxicos devem exercer a sua ação sobre um determinado organismo que se deseja controlar. Portanto, o alvo a ser atingido é esse organismo, seja ele uma planta daninha, um inseto, um fungo ou uma bactéria. Qualquer quantidade do produto químico que não atinja o alvo não terá qualquer eficácia e estará representando uma forma de perda. A fixação pouco exata do alvo eleva invariavelmente a perda de grande proporções, pois o produto é então aplicado sobre partes que não têm relação direta com o controle. Por exemplo, em média, 30% do produto aplicado visando folhas atingem o solo por ocasião da aplicação (Matuo, 1990).
     A utilização de agrotóxicos é influenciada por diversos fatores, dentre os quais destacam-se o clima, o hospedeiro, o alvo biológico, o ingrediente ativo e o veículo utilizado no produto. O clima tem um grande efeito tanto sobre a ocorrência de pragas e doenças como também na eficiência obtida após a aplicação de um determinado produto. É aconselhável que as pulverizações com agrotóxicos sejam realizadas nas horas mais frescas o dia, ou seja, pela manhã e ao final da tarde, a fim de evitar a evaporação rápida do produto aplicado. As aplicações eficientes são conseguidas também com velocidade de vento inferior a 2,0 m s-1. Na prática, velocidade entre 2,0 e 3,1 m s-1 as folhas das árvores são ligeiramente agitadas. Deve-se interromper a pulverização quando o valor da velocidade ultrapassar 3,0 m s-1 (Matuo, 1990).
     A forma de aplicação de agroquímicos mais utilizada na cultura do pessegueiro é a líquida. Nesse tipo de aplicação, o tamanho da gota é um dos mais importantes fatores para a eficácia do controle. O tamanho da gota aplicada é diretamente relacionado à penetração do produto, à uniformidade de distribuição e à efetividade de deposição (Alonso, 1998).
     As principais formulações de agrotóxicos mais empregadas utilizando a água como veículo são: pó molhável, concentrado emulsionável e a suspensão concentrada (Azevedo, 2001).
     O pó molhável, quando diluído em água, forma uma mistura homogênea de sólido no meio aquoso (suspensão). A suspensão não é tão estável e necessita de agitação contínua para que a calda se mantenha homogênea. Por outro lado, o atrito de partículas sólidas nas passagens estreitas do pulverizador (válvulas, bicos) provoca desgaste com o passar do tempo. Como a dosagem é recomendada por  massa (peso) e tendo em vista as dificuldades de determinar a massa no campo, é freqüente a medição em volume, por meio de "canecas", o que resulta em erros de aplicação. Há necessidade também de utilizar um outro recipiente para a diluição do produto em água, para então ser adicionado ao tanque do pulverizador.
     Na formulação concentrado emulsionado o ingrediente ativo é primeiramente dissolvido em um solvente apropriado e são adicionados adjuvantes. O resultado da diluição do concentrado emulsionável na água é uma mistura homogênea onde glóbulos líquidos da formulação ficam dispersos na fase aquosa (emulsão), constituindo uma calda de aspecto leitoso. A estabilidade da emulsão é muito melhor que a da suspensão e, portanto, a necessidade de agitação não é tão crítica. Não possuindo partículas sólidas, a calda não provoca desgaste nem obstrução das passagens estreitas do pulverizador.
     A suspensão concentrada é uma formulação líquida para ser dissolvida em água. Na sua elaboração, geralmente o ponto de partida é o próprio pó molhável, que é suspendido em pequena porção de água e nele se adicionam os adjuvantes para manter essa suspensão estável. No entanto, a suspensão nem sempre é estável no armazenamento, pois durante o repouso as partículas sólidas se sedimentam e após certo tempo formam uma camada de separação e não mais se ressuspendem.
     A água é o diluente mais comum nas aplicações por via líquida. Entretanto, a água apresenta duas limitações:

  • Tensão superficial - a água apresenta alta tensão superficial. Isso faz com que a gota depositada numa superfície permaneça esférica, fazendo com que tenha pouca superfície de contato. Adicionando-se um agente tensoativo ou surfactante, a gota se espalha facilmente na superfície, molhando mais área. Algumas formulações já apresentam agentes molhantes, emulsionantes incorporados, porém na sua ausência torna-se necessária a adição de agentes tensoativos, conhecidos como espalhantes adesivos, para melhorar a performace da aplicação.
  • Evaporação - a superfície do líquido é enormemente aumentada quando fragmentada em pequenas gotas. A água é um líquido volátil e pode se evaporar no trajeto entre o pulverizador e o alvo visado.

     Em dias de alta temperatura o fenômeno da evaporação das gotas de pulverização é bastante problemático, agravando-se principalmente nos dias secos. As aplicações com gotas médias a pequenas, muitas vezes não chegam a atingir o alvo, evaporando antes.
     O alto volume empregado rotineiramente nos pomares de pêssego pode ser caracterizado pela aplicação de um volume de calda até além da capacidade máxima de retenção das folhas, de modo que haja escorrimento. Nesse tipo de aplicação, o depósito do produto químico sobre a superfície tratada é proporcional à concentração da calda utilizada e independente do volume de calda aplicado. Esse volume é muito variável dependendo do grau de enfolhamento da cultura. A medida que a planta cresce e aumenta o índice de enfolhamento devem-se efetuar os necessários ajustes, como o aumento do volume de aplicação ou a diminuição do tamanho de gotas tornado-as mais concentradas, proporcionando assim o aumento no grau de cobertura do alvo.
     Na aplicação de agrotóxicos por via líquida, o tamanho de gota é um dos mais importantes fatores para a eficácia do controle. O tamanho da gota aplicada é diretamente relacionado à penetração do produto, à uniformidade de distribuição e à efetividade de deposição. Para fungicidas se recomendam-se gotas com diâmetro de 100 a 200 µm , resultando em 70 a 100 gotas  cm-2; para inseticidas 50 a 200 µm  e 50 a 70 gotas cm-2 e para a aplicação de herbicidas 200 a 300 µm  e 20 a 30 gotas  cm-2. A medição do número de gotas por cm2 pode ser facilmente obtida utilizando-se papel sensível a água, distribuído pelo dossel da planta e pulverizando-se água nas mesmas condições empregadas durante a aplicação dos agrotóxicos (Alonso, 1998).
     O bico é a peça final do pulverizador e tem por função formar gotas. Na maioria das vezes, a vazão do pulverizador é estabelecida pela vazão do bico (ou pela somatória das vazões dos bicos, quando existirem vários). Assim, além de ser responsável pela qualidade das gotas formadas, é também uma peça chave na vazão do equipamento. Os principais bicos utilizados são: o bico cone, que trabalha com altas pressões 150 a 300 lbf  pol-2, e forma gotas de 50 µm a 300 µm, sendo, de modo geral, usado principalmente na aplicação de fungicidas, inseticidas e adubos foliares. Já o bico leque trabalha com pressões menores, 30 a 60 lbf pol-2, gerando gotas de 300 a 500 m m, sendo recomendado para a aplicação de herbicidas (Alonso, 1998; Matuo, 1990).

Regulagem do tubo atomizador

Verifique, antes de iniciar a regulagem:

  • Se o filtro de sucção está limpo;

  • Se as mangueiras não estão furadas ou dobradas;

  • Se os componentes do regulador de pressão (sede de válvula, válvula e mola) não estão gastas ou presas por eventuais sujeiras;

  • Se a bomba está lubrificada (nível de óleo ou graxa) e se não apresenta vazamentos;

  • Se os bicos são do mesmo tipo e se não estão danificados ou desgastados.

Como efetuar a calibração

1 - Escolha um lote de 100 plantas
2 - Abasteça completamente o pulverizador
3 - Escolha a marcha de trabalho
4 - Ligue a tomada de força
5 - Acelere o motor até a rotação a 540 rpm na tomada de força
6 - Inicie o movimento do trator no mínimo 5 plantas antes do ponto marcado
7 - Pulverize nas 100 plantas marcadas
8 - Complete o tanque e meça o volume gasto em litros. Para medidas precisas, o pulverizador deve estar na mesma posição antes e depois da operação
9 - Repita essa operação várias vezes e tire a média. Quando a topografia do terreno for irregular, marque as 100 plantas e repita todas as operações em vários locais
10 - Calcule o volume de pulverização em L / planta, através da seguinte fórmula:
          Q = vol / 100
          Q = volume de pulverização em L / planta
          Vol = volume gasto em litros

11 - Calcule volume total de calda (VTC) por hectare ou pelo número de plantas no pomar:
          Pessegueiro com espaçamento 3 m x 6 m
          Total de plantas em 1 ha: 555 plantas
           VTC = Q x 555

12 - Calcule a quantidade de produto que deve ser adicionado por tanque


Observações:

1 - se o volume de pulverização for abaixo do desejado, aumente a pressão, diminua a velocidade ou troque os bicos por um de maior vazão;
2 - Se o volume de pulverização for acima do desejado, diminua a pressão, aumente a velocidade ou troque os bicos por um de menor vazão.

Atenção: Para aumentar ou diminuir a velocidade troque a marcha, não alterando a aceleração
      

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