Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 2
ISSN 1678-880x Versão Eletrônica
Nov./2007
Pimenta (Capsicum spp.)
Autores

Sumário

Apresentação
Importância econômica
Botânica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Produção de mudas
Plantio
Tratos culturais
Irrigação
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Colheita
Comercialização

Consumo
Processamento
Produção de sementes
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário

Agrotóxicos



Expediente

Importância econômica

 

Com a chegada dos navegadores portugueses e espanhóis ao continente americano, muitas espécies de plantas foram descobertas, entre elas as pimentas. As pimentas do gênero Capsicum já eram utilizadas pelos nativos e mostraram-se mais picantes (pungentes) que a pimenta-do-reino ou pimenta-negra, do gênero Piper, cuja busca foi, possivelmente, uma das razões das viagens que culminaram com o descobrimento do Novo Mundo.

Diversos relatos de exploradores do Brasil-colônia demonstram que a pimenta era amplamente cultivada e representava um item significativo na dieta das populações indígenas. Ainda hoje, a importância das pimentas continua grande, seja na culinária, nas crenças, na medicina alopática ou natural e inclusive como arma de defesa. São remédios para artrites (pomadas a base de capsaicina), dores musculares (emplastro ‘Sabiá’), dor de dente, má digestão, dor de cabeça e gastrite. A capsaicina, responsável pela pungência das pimentas, é a única substância que, usada externamente no corpo, gera endorfinas internamente que promovem uma sensação de bem-estar, acionando o potencial imunológico.

Os índios Caetés foram os primeiros brasileiros a usar a pimenta como arma, sem imaginar que séculos depois a oleorresina de pimenta em aerossol ou em espuma, os famosos ‘pepper spray’ e ‘pepper foam’, seriam utilizados pela polícia moderna.

É igualmente substancial a contribuição histórica brasileira na dispersão destas plantas pelo mundo, eficientemente feita pelos navegadores portugueses e pelos povos que eram transportados em suas embarcações. As rotas de navegação no período 1492-1600 permitiram que as espécies picantes e doces de pimentas viajassem o mundo. As pimentas foram então, introduzidas na África, Europa e posteriormente na Ásia.

Cinco séculos depois do descobrimento das Américas, as pimentas passaram a dominar o comércio das especiarias picantes, sendo de relevância tanto em países de clima tropical como temperado. Atualmente, a China e a Índia tem mais de 1.000.000 hectares cultivados com Capsicum, e os tailandeses e os coreanos-do-sul, tidos como os maiores consumidores de pimenta do mundo, comem de 5 a 8 gramas por pessoa/dia.

O cultivo de pimentas ocorre praticamente em todas as regiões do país e é um dos melhores exemplos de agricultura familiar e de integração pequeno agricultor-agroindústria. As pimentas (doces e picantes), além de serem consumidas frescas, podem ser processadas e utilizadas em diversas linhas de produtos na indústria de alimentos. A área anual cultivada é de cerca de dois mil ha e os principais estados produtores são Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul. A produtividade média depende do tipo de pimenta cultivada, variando de 10 a 30 t/ha. A crescente demanda do mercado, estimado em 80 milhões de reais ao ano, tem impulsionado o aumento da área cultivada e o estabelecimento de agroindústrias, tornando o agronegócio de pimentas (doces e picantes) um dos mais importantes do país. Além do mercado interno, parte da produção brasileira de pimentas é exportada em diferentes formas, como páprica, pasta, desidratada e conservas ornamentais.

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