Embrapa Embrapa Uva e Vinho
Sistema de Produção, 7
ISSN 1678-8761 Versão Eletrônica
Dez./2005
Sistema de Produção de Ameixa Européia
João Bernardi
Cultivares

As cultivares de Prunus domestica mais plantadas em todo o mundo são: D'Agen, D'Ente 707, Sugar, President, Stanley, Magnific e Bluefree, entre outras. Essas cultivares são de dupla finalidade, servindo para o consumo in natura e para industrialização.
As informações disponíveis no Brasil referem-se em especial a parcelas experimentais, visto serem praticamente inexistentes as áreas de plantio comercial. Na Embrapa Uva e Vinho/Estação Experimental de Fruticultura Temperada, localizada em Vacaria, RS, foram avaliadas as cultivares D'Agen, Stanley, Magnific e President durante 10 anos. Pelas avaliações realizadas, as cultivares que melhor se desenvolveram e tiveram uma produção mais uniforme foram 'Stanley' e a 'D'Agen'. Essas cultivares são consideradas auto-compatíveis, mas a presença de uma cultivar polinizadora favorece o aumento da produção.

Descrição das cultivares

Stanley

É originária da Estação Experimental do Estado de Nova York, USA. Essa cultivar é a que melhor se desenvolveu e apresentou maior média de produção ao longo dos anos. Produz, em média, 14 toneladas por hectare, com alternância de produção entre ciclos, especialmente em função das condições climáticas de cada safra. Quando o inverno é irregular, a brotação e a floração são desuniformes e escassas. A quebra de dormência ajuda se tiver um mínimo de frio para que haja o efeito positivo, como ocorre com a maçã. A planta apresenta hábito de crescimento ereto, vigor médio e entra em produção no terceiro ano. A frutificação se dá em ramos de, no mínimo, dois anos, em esporões que ficam agrupados ou em brindilas curtas. O fruto apresenta coloração azul escura na película e a polpa verde-amarelada. É autocompatível, porém com uma polinizadora há maior produção. Boas polinizadoras são a President e a Bluefree. A floração da 'D'Agen' normalmente coincide com 'Stanley'. A floração varia de 20 de setembro até final de outubro, dependendo do ano. Em 2003/2004 a floração da Stanley se deu de 17/10 a 04/11, mostrando que há uma grande variação no período de floração. A maturação se dá entre 5 e 15 de fevereiro para consumo in natura. O fruto apresenta-se alongado com uma sutura ao longo do fruto e o seu peso é médio (36 a 60g, sendo a média de 44 g). É a cultivar que tem maior quantidade de açúcar, em torno de 17 graus Brix e acidez elevada quando não maduro. Apresenta excelente sabor quando os frutos estão maduros e doces. Para consumo in natura, o fruto é colhido quando está quase maduro, mas ainda firme, com vários repasses. Para industrialização, deve ser colhido quando ainda tem acidez e pode ser colhido em um só repasse. Para industrialização pode ser colhido mecanicamente com vibrador que derruba os frutos da árvore e uma lona no chão ou uma esteira. Essa cultivar não é a mais utilizada pelos outros países para a elaboração de ameixa seca, porém como no Brasil tem se mostrado mais produtiva, o fruto é de maior tamanho do que o 'D'Agen', além de ser bem aceita para consumo como fruta fresca e amadurecer em uma época de baixa oferta de ameixas japonesas no mercado interno. Outra vantagem adicional dessa cultivar é a sua resistência a doenças. É resistente a Xanthomonas sp., doença limitante para as cultivares de ameixa japonesa no Sul do Brasil. A única doença de importância é a podridão parda, quando perto da maturação. Se for produzida para industrialização, entretanto, esta doença não é importante, porque é colhida antes do ataque. Avaliações antigas mostraram que parece não ser muito atacada pela mosca das frutas.

 
Figura 1. Floração
Foto: João Bernardi
  Figura 2. Plantação
Foto: João Bernardi
 
 
Figura 3. Ramo
Foto: João Bernardi
  Figura 4. Planta
Foto: João Bernardi

D'Agen

Essa cultivar apresenta um produção média de 12 toneladas por hectare. Apresenta um fruto menor do que a Stanley, em torno de 35 g. A quantidade de açúcar é de 16 graus Brix. É a cultivar mais utilizada nos países produtores de ameixa seca, nos quais mais de 70% pertencem a essa cultivar. Para consumo in natura pode ter uma certa dificuldade de venda por causa do pequeno tamanho da fruta. È resistente a Xanthomonas sp . Apresenta um vigor maior que 'Stanley', originando plantas com elevada altura. A floração varia de 04 a 30 de setembro. Em 2003/2004, porém a floração foi de 01 a 19/10. A maturação ocorre entre 4 a 15 de janeiro. A coloração da epiderme é roxa e a da polpa é amarela.

Magnific

Essa é uma cultivar de excelente sabor. A floração varia de 15/09 a 02/10 e a maturação ocorre entre 05 a 18 de janeiro. É resistente a Xanthomonas sp. Apresenta o fruto de tamanho médio, 51 g. A maturação dessa cultivar não seria a melhor época porque compete com outras frutas de maior tamanho de fruto e bom sabor como a cv. Reubennel. A coloração da epiderme é roxa e a da polpa é amarela.

President

Essa é uma cultivar que em outros países é produtiva e usada também para desidratação. Nas avaliações feitas em Vacaria, RS, apresentaram baixa produção, em torno de 7 toneladas por hectare. Apresenta um fruto de tamanho grande, 70g. A coloração da epiderme é roxa e a da polpa é amarela. A floração varia de 15/09 a 10/10, podendo ser utilizada como polinizadora para a cultivar Stanley. A maturação ocorre entre 15 a 23 de janeiro. É resistente a Xanthomonas sp. Essa pode ser uma cultivar promissora, em função do tamanho da fruta, para consumo in natura e desidratação. A polinização pode ser feita com a cv. Stanley. A quantidade de açúcar é de 15 graus Brix.

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