A ameixeira européia pertence à espécie Prunus domestica L., seus frutos são utilizados preferencialmente para secagem e são infectadas pela maioria dos patógenos que causam doenças nas outras fruteiras de caroço. As doenças mais freqüentes nas ameixeiras no país e outras que têm importância potencial serão apresentadas a seguir.
Doenças associadas ao ataque de fungos
Podridão Parda
O agente causal desta doença é Monilinia fructicola, a única espécie deste gênero constatada em fruteiras temperadas no Brasil. Esta espécie é descrita Nos Estados Unidos da América e no Canadá, em Austrália e Nova Zelada e no Japão. Nas regiões chuvosas pode causar perdas elevadas de fruta as que podem ocorrer no campo e também na frigorificação e transporte.
Sintomas e sinais: na primavera o patógeno causa requeima de ramos novos e das flores e podridão firme de cor marrom nos frutos maduros como nos imaturos. Nas flores a podridão se inicia pelo escurecimento dos sépalas e outros órgãos florais e, posteriormente, quando o patógeno coloniza o pedúnculo, a flor murcha e nos restos florais desenvolvem-se as estruturas do patógenos. Outros fungos podem também colonizar como patógenos secundários, as partes danificadas. Cancros desenvolvidos no local onde morreram as flores podem ser encontradas em cultivares mais suscetíveis. Os frutos podem ser infectados tanto na planta como fora dela e é comum verificar o desenvolvimento da podridão nos frutos de raleio ou nos que caem em pré- colheita por diversos fatores. Sobre as lesões desenvolvem-se uma massa marrom acinzentada com conídios do patógenos, na superfície de frutos mumificados parcialmente cobertos pelo solo, desenvolve-se a estrutura sexuada apotécio.
Ciclo da doença: o patógeno sobrevive nos ramos com flores e frutos infectados e nos frutos mumificados. A infecção é direta nos órgãos suscetíveis e, geralmente, iniciada pelos conídios que são disseminados pela chuva e o vento. A infecção pode ocorrer com poucas horas de molhamento sob condições de temperaturas amenas. Sendo que a infecção pode ocorrer entre 5ºC a 30ºC, condições comuns no desenvolvimento da cultura, a incidência e severidade desta doença é mais dependente da presença de inoculo no pomar e da umidade que segue períodos de chuva especialmente na floração e no período de maturação dos frutos. A presença de feridas causadas por insetos ou granizo facilita a penetração dos frutos pelo patógeno.
Controle: a medida de controle mais importante e a destruição das fontes de inoculo e, neste caso, é indispensável a remoção e destruição permanente dos frutos doentes no verão e em pós colheita e a eliminação dos frutos do raleio e dos que ficam no pomar após a colheita.O controle químico é geralmente com fungicidas protetores tais como o cobre enxofre e o captan e com produtos dos grupos dos inibidores da síntese do ergosterol, das estrobilurinas e das anilino pirimidinas.
Sarna
O agente causal desta doença é Cladosporium carpophilum e ocorre ocasionalmente em ameixeiras européias.
Sintomas e sinais: os sintomas consistem em lesões pequenas, verde escuras, afetando principalmente os frutos e os ramos novos. O fungo sobrevive nos ramos colonizados.
Controle: as medidas recomendadas são a diminuição do inóculo inicial eliminando os ramos, dando condições de arejamento da copa das plantas, monitorando o inicio da infecção e com o uso de fungicidas protetores durante os primeiros estádios de desenvolvimento dos frutos.
Podridão dos frutos imaturos
Esta podridão é ser causada por Botrytis cinerea e por Sclerotinia sclerotiorum.
Sintomas e sinais: apresenta sintomas semelhantes aos constatados na podridão parda. O primeiro patógeno coloniza as partes florais recém formadas e o segundo as ataca somente na senescência. A podridão dos frutos se inicia nos pontos de contato das partes florais com o fruto. As lesões podem ser limitadas no seu desenvolvimento pelas mecanismos de defesa dos frutos formando uma cicatriz e ocorrendo a deformação da fruta. Sob condições de alta umidade nos restos florais Botrytis desenvolve uma massa cinzenta de micélio e conídios e Sclerotinia, micélio branco e escleródios grandes e pretos.
Esta doença pode surgir de forma epidêmica em condições de chuvas freqüentes, alta umidade e temperaturas amenas durante a floração. A doença não tem sido descrita no Brasil, há relatos dela na maioria das regiões produtoras de fruta.
Controle: recomenda-se a limpeza do pomar de restos de frutos e ramos e a proteção das plantas com fungicidas protetores, benzimidazóis e dicarboximidas.
Podridões de frutos e doenças em pós-colheita
Os patógenos associados a estas doenças são Rhizopus stolonifer, Mucor piriformis, Penicillium expansum e Geotrichum candidum e algumas espécies de Aspergillus que podem produzir micotoxinas (A. niger e A. flavus). Estes patógenos podem causar perdas elevadas de fruta durante sua armazenagem após secado impróprio das ameixas.
Controle: as medidas recomendadas são fundamentadas na profilaxia e na secagem adequada da fruta.
Ferrugem: o agente causal citado no Brasil é Transchelia discolor e em outras regiões o fungo T. pruni-spinosae também pode causar perdas severas em fruteiras de caroço. Na ameixeira européia é descrita a formae specialis T. discolor f. sp. domesticae. A incidencia de ferrugem nas fruteiras de caroço é comum em áreas de produção de fruteiras de caroço no Brasil.
Sintomas e sinais: os primeiros sintomas surgem nas folhas como manchas de margens não definidas de cor verde claro no inicio e a seguir amareladas. Na face inferior das folhas desenvolvem-se as pústulas amarelo-alaranjadas. O patógeno sobrevive no inverno nos ramos ou nas folhas que permanecem nas plantas e as infeções ocorrem com freqüência com mais de 18 h de molhamento foliar e temperaturas médias de 20°C.
Controle: a remoção das fontes de inoculo antes do inicio da primavera é a medida de maior importância para redução da doença. Outras práticas recomendadas são o monitoramento do inicio dos sintomas para fazer intervenções químicas e em condições de freqüência maior da doença, podem ser aplicados fungicidas protetores nos dois meses antes da colheita.
Cancro por Leucostoma (Cancro por Cytospora, Cancro por Valsa)
A doença pode ser causada por Leucostoma cincta ou por L. persoonii as que são patógenos de diversas espécies das Rosáceas. É uma doença muito importante nas regiões produtoras dos Estados Unidos de América, tem relato de ocorrência em outras fruteiras na Europa e em outros países de América do Sul e não foi descrita no Brasil.
Sintomas e sinais: o patógeno coloniza ferimentos das plantas, tecido morto ou danificado ou pelas cicatrizes da queda das folhas e avança até os ramos onde são desenvolvidos os cancros. Sobre eles desenvolvem-se os corpos de frutificação e frequentemente as plantas doentes sofrem a seguir o ataque de escolitídeos.
Controle: a proteção das plantas deve ser fundamentada na eliminação das fontes de inoculo constituídas por ramos infectados a proteção dos ferimentos e medidas que permitam o desenvolvimento adequado das plantas.
Morte dos ramos por Eutypa
O patógeno é Eutypa armeniaca (E. lata) é citado em outros países produtores e é mais freqüente em áreas chuvosas e ocorre com maior freqüência no damasqueiro. Causa cancro e morte dos ramos penetrando a partir de ferimentos de poda e nesta situação ocorre a murcha das folhas dos extremos dos ramos. O patógeno desenvolve estromas com peritécios nos ramos infectados.
Podridões de raízes
Os patógenos que podem infectar as raízes da ameixeira são Armillaria mellea, Clitocybe tabescens, Rosellinia necatrix, Sclerotium rolsfsii, Phytophthora cactorum, P. cambivora, P. cryptogea, P. drechsleri, megasperma, e P. syringae. Estas doenças não tem sido estudadas no Brasil.
Sintomas e sinais: Os fungos colonizam as raízes causando podridões com desenvolvimento de micélio em todos os casos menos quando o agente causal é uma espécie de Phytophthora. Após a destruição das raízes principais e com a podridão atingindo acima de 25% do perímetro do tronco observam-se os sintomas reflexos que consistem no amarelescimento e/ou avermelhamento das folhas, murcha dos brotos novos e morte dos ramos.
Controle: as estratégias de controle destas doenças são fundamentadas no estabelecimento do pomar em solos previamente cultivados e com boa drenagem, no uso de mudas sadias e a adubação equilibrada das plantas.
Doenças associadas ao ataque de bactérias
Mancha bacteriana ou bacteriose
A doença é causada por Xanthomonas campestris pv pruni e pode causar danos sérios às cultivares suscetíveis de ameixeira européia.
Sintomas e sinais: a bactéria penetra por aberturas naturais ou por ferimentos causados no manejo das plantas ou pela poeira arrastada pelo vento. Pode causar manchas nas folhas, frutos e ramos novos as que se iniciam como uma lesão pequena e encharcada de margens angulares e posteriormente desenvolve uma cor marrom a vermelho. Ataques severos nas folhas podem ser seguida de desfoliação precoce das ameixeiras. Nos ramos pode causar cancros os que surgem na primavera ou no fim do verão. As condições que propiciam a infecção são chuvas freqüentes as que dispersam o patógeno e permitem sua penetração no hospedeiro. O patógeno sobrevive nos ramos e nas gemas durante o inverno.
Controle: as medidas recomendadas são baseadas no uso de cultivares resistentes, na eliminação dos ramos doentes durante o inverno e se possível no fim da primavera, o estabelecimento do pomar em locais abrigados do vento, e o uso de cúpricos na queda das folhas, no inverno e no fim da primavera. A utilização de antibióticos tem apresentado controle insatisfatório.
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