Embrapa Gado de Leite
Sistema de Produção, 6
Aspectos Agro e Zooecológicos

Orlando Monteiro de Carvalho Filho
Gherman Garcia Leal de Araujo
Pablo Hoentsch Languidey
José Luiz de Sá
Victor Muiños Barroso Lima

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Importância econômica
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Referências bibliográficas
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Aspectos Agro e Zooecológicos


Pode-se dizer que o que mais caracteriza o semi-árido do NE brasileiro é a sua inconsistência climática, ora comportando-se como clima sub-húmido ora como clima árido, imprimindo um perfil de produção acentuadamente estacional e irregular ao longo dos anos, o que restringe e dificulta sobremodo o planejamento e a execução das atividades agropecuárias.

A irregularidade, no tempo e no espaço, do regime pluviométrico dessa região, somada à excessiva fragmentação fundiária, aos limitados recursos naturais e de capital, reflete-se no baixo e oscilante desempenho dos agroecossistemas assentados na produção de leite, configurando frequentes crises sócio-econômicas de ciclos plurianuais.

As principais bacias leiteiras, já delimitadas anteriormente, localizam-se basicamente em duas grandes unidades de paisagem, segundo o zoneamento agroecológico da região Nordeste do Brasil:

  • Grande Depressão Sertaneja, abrangendo as mesoregiões homogêneas dos Sertões cearenses do Sertão alagoano e do sertão sergipano; e a maior parte do Centro Norte baiano;
  • Planalto da Borborema, incluindo a mesoregião do agreste Pernanbucano e do Sertão paraibano.

A Grande Depressão Sertaneja constitui-se na paisagem típica do semi-árido nordestino, caracterizada por uma superfície de pediplanação bastante monótona, com relevo predominantemente suave-ondulado, cortado por vales estreitos, observando-se, de forma isolada na linha do horizonte, elevações residuais, testemunhos dos ciclos intensos de erosão que atingiram grande parte dessa região.

O clima da área dessa unidade é quente, semi-árido, e apresenta dois períodos chuvosos distintos; o primeiro, em maior proporção, ocorre na região mais seca (sertão), com período chuvoso de outubro a abril; e o segundo ocorre na região de clima mais ameno (agreste), com periodo chuvoso de janeiro a junho, com pequenas variações. De modo geral, a precipitação média anual em toda a unidade de paisagem é da ordem de 500 a 800 mm.

Em razão da baixa pluviosidade, a vegetação natural predominante é a caatinga hipoxerófila, nas áreas menos secas, e de caatinga hiperxerófila, nas áreas de seca mais acentuada.

Os solos predominantes nas bacias leiteiras desta unidade apresentam grande diversidade, variando desde solos bruno não cálcicos, cascalhentos, de alta fertilidade natural, a planosolos rasos e pedregosos, além de solos litólicos ambos medianamente férteis, com problemas de salinidade nas meso regiões do Centro Norte Baiano e nos Sertões de Alagoas e Sergipe.

O potencial hidrogeológico pode ser estimado como baixo, na maior parte da área da unidade, com poços apresentando profundidade média de 60 metros e vazão de 1,3 l/s, sendo as águas carregadas de sais, na maioria dos casos.

O Planalto da Borborema ocupa uma área que se estende do sul de Alagoas até o Rio Grande do Norte, e é formada por maciços e outeiros altos que culminam entre 650 a 1000 metros de altitude, apresentando relevo movimentado, com vales profundos e estreitos. Os solos em geral são pouco profundos e de fertilidade natural bastante variada, com predominância de fertilidade média e alta.

O clima do planalto é seco, muito quente, semi-árido, com estação chuvosa estendendo-se até o outono, com precipitações médias anuais de 400 a 650 mm, condições em que predomina a caatinga hipoxerófila. Nesta unidade de paisagem, existem ainda áreas de microclimas com pluviosodades bem mais elevadas, com trechos de floresta perenifólia, subcaducifólia e caducifólia.

O potencial de águas subterrâneas também é baixo, com predominância de águas salinas.

- Exigências Ecológicas
  
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