Embrapa Gado de Leite
Sistema de Produção, 6
Infra-Estrutura

Orlando Monteiro de Carvalho Filho
Gherman Garcia Leal de Araujo
Pablo Hoentsch Languidey
José Luiz de Sá
Victor Muiños Barroso Lima

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Bancos de proteína de leucena intercultivada com milho e/ou sorgo


Trata-se de áreas cultivadas com leucena em alamedas (fileiras simples) espaçadas de 3,0 m, com uma planta de leucena a cada 0,5 m dentro das alamedas, associada ao cultivo intercalar de três linhas de milho e/ou sorgo, destinadas a prover forragem de alto valor nutritivo, sobretudo protéico, para suplementação alimentar do rebanho no período seco.

Via de regra, os solos da região semi-árida não apresentam restrições de fertilidade para o estabelecimento e persistência da leucena, devendo-se evitar aqueles muito rasos. Solos que permitam o aprofundamento do seu sistema radicular são os mais indicados.

Deficiências agudas de fósforo devem ser corrigidas mediante adubação localizada.

O preparo do solo pode ser o usualmente praticado pelos produtores, utilizando-se, basicamente, uma aração, após limpeza prévia da área: roçagem e/ou destoca com encoivaramento. È importante ressaltar que, com exceção de situações de topografia plana, as operações de estabelecimento devem ser executadas em curva de nível.

O plantio da leucena pode ser realizado por semeadura direta, simultânera ao milho, em sulcos, à taxa de 2 kg/ha (10 sementes/m linear de sulco) usando-se semeadeira a tração animal ou manual tipo "matraca", adaptando-se o obturador de modo a cairem de duas a três sementes/vez (duas covas/metro linear). O crescimento da leucena nos três primeiros meses é bastante lento e o seu estabelecimento por semeadura direta, embora consideravelmente mais barato, requer cuidados adicionais como; escarificação das sementes, imergindo-as em água quente (80ºC) por três minutos; plantio nas primeiras chuvas e primeira capina efetuada mais cedo e de forma mais cuidadosa. Estas recomendações são indicadas para regiões com pluviosidade acima de 600 mm anuais. Em situações de maior risco climático, o plantio da leucena deve ser efetuado por mudas com dois a três meses de viveiro espaçadas de 1,0 m nas linhas.

Entre as cultivares de leucena com disponibilidade de sementes em escala comercial, a Cuninghan e a Peru são as mais indicadas, pelo porte e pela maior proporção de folhagem na planta.

Para o milho os cultivares São Francisco, Sertanejo e Asa Branca, de ciclos mais curtos, são os mais indicados para a região semi-árida.

Por sua alta produção de massa verde e tolerância a déficits hídricos, embora resulte em uma silagem de qualidade um pouco inferior à do milho, é recomendável que se plante pelo menos 50% da área com o sorgo forrageiro IPA 452-4-2.

Usos da leucena

A partir do segundo ano do estabelecimento, poderão ser efetuados cortes para adubação verde no início da estação chuvosa, para adubação verde, para ensilagem e/ou fenação e ainda para pastejo direto da leucena.

Adubação verde

Esta prática é executada logo após as primeiras chuvas (cerca de 15 dias) cortando-se a leucena a 10 cm e deixando-se a massa foliar sobre o solo, entre as alamedas, para posterior incorporação, após retiradas do ramos mais lenhosos da área para não dificultar a aração. Estudos realizados permitiram indicam que a quantidade de N incorporada chega a 100 kg/ha/ano se efetuado um único corte para incorporação.

Ensilagem da leucena

A leucena pode ser cortada juntamente com o milho e/ou sorgo para confecção de silagens mistas, com benefícios em termos de enriquecimento protéico da silagem resultante, sem qualquer prejuízo para o processo fermentativo. Adições de 20 % de leucena ao milho resultam em elevação do teor de proteina bruta na silagem em até 12 % na matéria seca.

Silagens exclusivas de leucena podem ser confeccionadas em tambores (foto abaixo) ou em pequenos silos de superfície utilizando-se filmes de polietileno (ver ensilagem de gliricidia)

   Silagem de folhas de leucena confecionada manualmente, em tambores (R$0,06/kg)
Silagem de folhas de leucena confecionada manualmente, em tambores (R$0,06/kg)

Opcionalmente pode-se cortar a parte aérea da leucena para confecção de feno, seja triturando-a e deixando-a a secar, em terreiro de piso revestido, por dois dias, seja deixando-se as folhas desprenderem-se dos ramos sem triturá-los. Confeccionado desta última forma o feno obtido é de maior valor nutritivo, principalmente protéico (30%), em razão de constituir-se só de folhas, com baixo teor de fibras (inferior a 15 %), podendo, portanto, ser considerado um concentrado.

O feno de leucena pode ser armazenado a granel em locais secos, ou em sacos de ráfia reciclados.

Pastejo controlado da leucena

A terceira e posteriores rebrotas da leucena, que se verificam após o corte para ensilagem ou fenação, podem ser utilizadas diretamente pelas vacas em lactação em pastejo controlado de duas horas/dia, após ordenha da manhã. Para isso é recomendável que a área total de leucena seja subdivida em pelo menos três piquetes, para que se permita o descanso e consequente recuperação da plantas após desfolhamento pelo animal, já que se deixada sob pastejo contínuo haverá progressiva perda de vigor seguida de morte das mesmas.

Pastejo controlado em bancos de proteína de leucena
Pastejo controlado em bancos de proteína de leucena

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