Sistema de Produção de Destilado de Vinho

Luiz Antenor Rizzon
Júlio Meneguzzo

Principais alterações do destilado de vinho

Turvações

Uma das principais causas do aparecimento de turvações no destilado de vinho é a utilização de água com excesso de cálcio por ocasião da redução do grau alcoólico. O cuidado que se deve ter é com a utilização de água destilada e com baixos teores de sais, especialmente de cálcio.

Outra causa de turvação é a insolubilização de álcoois superiores devido à redução do grau alcoólico. Nesse caso, o destilado apresenta aspecto leitoso. Para evitar esse problema, recomenda-se, antes do engarrafamento, resfriar o destilado até -10°C a -15°C por, no mínimo, 48 horas e filtrar quando a temperatura ainda estiver baixa.

Aparecimento de cor amarela

A causa provável é a presença de ferro em teores acima de 2,0 mg/l, proveniente de alguma parte do destilador ou recipiente utilizado no transporte e conservação como, mangueira, balde e barrica. O tratamento recomendável é a redestilação do destilado.

Cheiro de mofo

Em conseqüência da limpeza inadequada do destilador e também da participação de uva atacada de podridão do cacho para elaboração do vinho para destilar. O tratamento recomendado é a limpeza total do destilador, antes de iniciar o processo de destilação, além de utilizar uva sã na vinificação. A utilização de carvão desodorizante, na proporção de 0,5g/l até 1,0 g/l, poderá reduzir o cheiro de mofo como também de aromas específicos do destilado.

Cheiro de fumaça e queimado

Devido ao aquecimento excessivo durante o processo de destilação, principalmente, na presença de quantidade elevada de partículas sólidas. Recomenda-se destilar em fogo brando de modo suave. A redestilação com separação adequada dos componentes de "cabeça" reduz o defeito.

Gosto metálico

Devido à passagem de elementos minerais, especialmente o cobre na destilação. Em primeiro lugar, o destilador deve estar em condições de limpeza adequada para iniciar o processo de destilação. Convém realizar uma destilação com água antes da época de destilação. A separação das partes é recomendada, visto que o cobre sai em quantidades maiores com os componentes de "cabeça". A redestilação, com separação adequada das partes, também é recomendável.

Gosto amargo

Em conseqüência da presença no destilado de componentes que atribuem gosto amargo, provavelmente, devido à destilação de vinhos alterados. A recomendação, nesse caso, é destilar vinhos que não estejam alterados, separar adequadamente as partes.

Teor elevado de metanol

Em conseqüência da destilação de vinhos com elevado teor desse álcool, especialmente vinhos tintos e separação deficiente dos componentes de "cabeça" na destilação. Recomenda-se utilizar vinho branco com baixo teor de metanol e separar, adequadamente, os componentes de "cabeça".

Principais causas responsáveis pelo aparecimento de defeitos no destilado de vinho

Os principais defeitos organolépticos e analíticos dos destilados de vinho se originam do próprio vinho ou da técnica de destilação, dentre eles destacam-se:

  • a excessiva quantidade de borras nos vinhos ou a presença de borras alteradas;
  • a falta de controle da temperatura de saída do destilado na parte final da serpentina;
  • o fracionamento feito de maneira inadequada das partes do destilado; presença de quantidade excessiva de componentes de "cabeça";
  • realização de destilações muito rápidas originando destilados desequilibrados;
  • aquecimento excessivo e
  • limpeza inadequada do destilador.

Características Sensoriais do Destilado de Vinho

As características organolépticas de um destilado de vinho são a conseqüência de um equilíbrio da sua composição que depende da uva e da tecnologia da vinificação, da destilação e do envelhecimento.

A maneira mais tradicional de consumo do "Conhaque" é como digestivo após as refeições. Atualmente, está sendo generalizado o seu consumo como aperitivo, do mesmo modo que outras bebidas fermento-destiladas. Além disso, o "Conhaque" é utilizado também na elaboração de coquetéis e na composição de certos pratos e molhos, atribuindo sabor especial.

O copo, geralmente utilizado para o consumo do "Conhaque", é do tipo balão. Segundo alguns especialistas, o formato exageradamente arredondado desse copo mantém aromas aprisionados, não favorecendo a sua liberação para a percepção do degustador. O copo na forma de tulipa, com a boca levemente fechada para concentrar o aroma, é o mais recomendado para apreciar o "Conhaque".

A degustação de um "Conhaque" é, principalmente, um desafio para o olfato. A complexidade aromática de um produto de qualidade não se libera em apenas alguns segundos. Requer, certamente; entre cinco e dez minutos para revelar todas as suas nuances e personalidade. É recomendável oxigenar progressivamente o "Conhaque", agitando o copo e fazendo circular a bebida no seu interior. Não é, obrigatoriamente, necessário aquecer o copo na palma da mão. A temperatura elevada, que é muitas vezes superior a 30°C, faz prevalecer os constituintes mais pesados em detrimento dos aromas mais finos e sutis.

A adição de um pouco de água favorece a percepção de aromas finos que, geralmente, são encobertos pelo cheiro do álcool.

É difícil descrever todos os aromas que podem apresentar os diferentes "Conhaques". No entanto, é justamente nesse aspecto que reside o charme e o interesse da sua descoberta na degustação. Essa diversidade de aroma provém dos diferentes aspectos que interferem na sua produção, como os fatores naturais onde é produzida a uva, o modo de vinificação, destilação, o envelhecimento em barris de carvalho e os cortes entre os destilados. Dentre esses fatores, o envelhecimento, em barris de carvalho, acrescenta maciez, suavidade e equilíbrio ao destilado de vinho, assim como atribui notas de baunilha muito apreciadas. Além de dois anos nesses recipientes, salienta-se gostos particulares de frutas passas e aroma balsâmico, típico de um produto evoluído.

O olfato, como foi visto, desempenha um papel fundamental na degustação do "Conhaque", no entanto, a visão deve, inicialmente, apreciar a limpidez da bebida e a sua cor que pode variar, desde o amarelo dourado para aqueles de pouca intensidade de cor, até os tons mais escuros para aqueles de maior intensidade.

A absorção do "Conhaque" e sua apreciação, na boca, é menos importante em relação à avaliação olfativa, visto que o álcool modifica os aromas sentidos através do olfato.

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