Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistema de Produção, 16
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Dez/2003

Sistema de Produção de Citros para o Nordeste

Claudio Luiz Leone Azevêdo

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Colheita e pós-colheita

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Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Colheita e Pós-colheita

Colheita

É preciso colher os frutos no estádio de maturação ideal para consumo. É considerado maduro o fruto que apresentar características definidas para cada variedade. Em geral, o ponto de colheita se define da seguinte maneira: 

Laranjas e tangerinas

Lima ácida (Limão) ‘Tahiti’

  • mínimo de suco: 35-45%

  • sólidos solúveis (SST): 9-10 ºBrix

  • relação SST/ATT – ratio: 8,5-10.

  • mínimo de suco: 40%
  • perda da rugosidade da casca
  • cor verde-escuro -> verde-claro

O intervalo de segurança dos agrotóxicos deve ser obrigatoriamente respeitado para a colheita dos frutos. É obrigatória a limpeza e higienização de equipamentos e utensílios de colheita, tais como luvas, tesouras e caixas. É recomendado o uso de Equipamentos de Proteção Individual para proporcionar segurança aos colhedores.

Os frutos podem ser colhidos por torção do pedúnculo e arranquio ou por meio de tesouras ou alicates de colheita (recomendado). O arranquio é um método mais rápido, mas que promove maior grau de danos aos frutos, principalmente na região peduncular, favorecendo a entrada de patógenos e a perda de água. A colheita com tesouras é mais delicada e recomendada na PIC. É realizada em duas etapas: na primeira, faz-se um corte para retirar o fruto do galho e, na segunda, corta-se o pedúnculo rente ao cálice. A colheita por derriça não deve ser realizada.

Deve-se evitar colher frutos nas primeiras horas da manhã, quando ainda estão túrgidos ou com orvalho ou ainda molhados de chuva. Frutos com cortes ou qualquer outro tipo de injúria devem ser descartados ainda no campo. É proibida a mistura de frutos coletados no chão com os colhidos na planta. Obrigatoriamente, os frutos colhidos não devem ter contato direto com o solo, nem exposição direta às intempéries (sol e chuva, principalmente), e é recomendado que sejam levados para a empacotadora no mesmo dia da colheita.

Transporte

O transporte até a empacotadora deve ser feito em veículos e equipamentos adequados, limpos e higienizados. Frutos da PIC devem ser transportados separadamente, podendo, em casos restritos, ser transportados juntamente com frutas de outros sistemas de produção, desde que devidamente identificados e em embalagens separadas. Dar preferência a caixas plásticas limpas para evitar contaminação e danos aos frutos por amassamento. Deve-se evitar também o pisoteio da carga e a sobrecarga para evitar contaminação.

Recepção

Na recepção, os frutos da PIC devem ser obrigatoriamente identificados e registrados quanto à procedência para manter a rastreabilidade. Amostras dos frutos devem ser retiradas para avaliação da qualidade. É proibido o beneficiamento de frutas da PIC junto com frutas de outros sistemas de produção. É obrigatória a limpeza e a higienização dos ambientes e do maquinário antes do beneficiamento de frutas da PIC.

Lavagem

Para a lavagem das frutas é obrigatório o uso de produtos neutros ou específicos para a cultura, ou sanitizantes recomendados e registrados segundo a legislação vigente. A qualidade da água deve ser analisada periodicamente e a água residual deverá ser encaminhada ao tratamento antes do retorno ao solo ou ao leito dos rios.

Seleção

Descartam-se os frutos danificados mecanicamente, os frutos verdes, que têm ratio baixo, fraca coloração de suco e podem gerar sabor estranho e os frutos muito maduros, que são facilmente afetados por doenças e mais sensíveis aos danos mecânicos, o que pode gerar sabor estranho e contaminação do restante da carga.

Classificação

Muito importante para unificação da linguagem de mercado. Com ela reduz-se as perdas e consegue-se melhores preços. A classificação de laranjas, lima ácida ‘Tahiti’ e tangerinas está baseada na cor da casca (escala visual), diâmetro do fruto (mm) e presença de defeitos e manchas (%), que vão determinar, respectivamente, a coloração, a classe e a categoria do lote. Essas informações são veiculadas nos rótulos das embalagens.

Embalagens

As embalagens e a rotulagem destas devem seguir as recomendações da instrução normativa conjunta SARC/ANVISA/INMETRO/009, que estabelece que as embalagens não devem causar danos aos frutos e devem ter dimensões que permitam a paletização conforme o PBR – Palete Padrão Brasileiro, de 1,00 x 1,20 m. Podem ser recicláveis ou retornáveis. Neste último caso devem ser limpas e desinfectadas a cada utilização. No caso de comercialização em sacos, estes devem ser acondicionados em embalagens que atendam os requisitos de paletização. As embalagens devem ser armazenadas, obrigatoriamente, em locais protegidos da entrada de pragas e outros animais, guardando-se as novas em local separado das usadas.

Todas as embalagens devem ser rotuladas de acordo com a legislação vigente para identificação do produto e fins de rastreabilidade. O rótulo deve estar visível ao comprador, mesmo quando as embalagens estiverem paletizadas, empilhadas ou em exposição.

Armazenamento

As condições dependem da variedade, do local de cultivo e do estádio de maturação do fruto. De modo geral, laranjas podem ser armazenadas a 5ºC / 90-95% de umidade relativa por cerca de dois meses. As tangerinas são conservadas nas mesmas condições por quatro semanas. A lima ácida ‘Tahiti’ conserva-se a 10ºC / 90-95% U.R. por quatro semanas. Tratamentos fungicidas, filmes plásticos e cera auxiliam no prolongamento da vida útil pós-colheita dessas frutas.

Temperaturas mais baixas que as recomendadas podem ocasionar injúrias pelo frio, que geram manchas de coloração vermelha ou marrom e depressões na casca. A umidade relativa também deve ser controlada para que não favoreça a incidência de doenças quando muito alta ou a excessiva perda de peso quando estiver baixa.

Obrigatoriamente deve-se proceder à limpeza e higienização das câmaras, registrando as operações no caderno pós-colheita.

Boas Práticas

Para cuidar da qualidade da fruta é preciso cuidar das estruturas e das pessoas que as manipulam. As Boas Práticas são um conjunto de procedimentos que contribuem para o conforto do trabalhador, sua saúde e a higiene dentro do sistema de produção. Na Produção Integrada de Citros é recomendável a implementação de Boas Práticas na fazenda, bem como do sistema de monitoramento da qualidade chamada de APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – também conhecido como PAS – Programa Alimentos Seguros.

Há algumas situações observadas nas casas de embalagem que não são recomendadas para o manuseio das frutas:

  • Manuseio excessivo e inadequado das frutas

  • Acessórios deficientes (caixas, ferramentas)

  • Desconhecimento da qualidade microbiana da água

  • Limpeza e higiene deficientes

  • Deficiência de estruturas de apoio à higiene e saúde dos trabalhadores (banheiros, bebedouro, pias, etc.)

  • Ausência de planejamento de manutenção de instalações e equipamentos

  • Acessos mal conservados (estradas)

  • Ausência de drenagem e tratamento de água

  • Ausência de local específico para agroquímicos

  • Ausência de registros do uso e preparação de químicos

  • Deficiência no uso de EPIs

São listados aqui alguns exemplos, recomendações para melhorar a qualidade estética da fruta e reduzir os riscos de contaminação:

  • Construção de local específico para alimentação e repouso
  • Construção de banheiros separados da casa de embalagem
  • Programa de limpeza e manutenção de instalações e equipamentos
  • Construção de local específico para agroquímicos
  • Implementar registros de preparo e uso de agroquímicos
  • Utilizar minimamente os agroquímicos permitidos
  • Avaliar fluxo de embalagem
  • redução de manuseio
  • Conscientização e capacitação de pessoal
  • Implementar programas de monitoramento de qualidade (Ex.: APPCC)

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