Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistema de Produção, 16
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Dez/2003

Sistema de Produção de Citros para o Nordeste

Claudio Luiz Leone Azevêdo

Importância econômica
Clima
Solos
Adubação
Variedades
Mudas e sementes
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita

Processamento
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Apresentação

A citricultura brasileira apresenta números expressivos que traduzem a grande importância econômica e social que a atividade tem para a economia do País. Alguns desses números são mostrados concisamente: a área plantada está ao redor de 1 milhão de hectares e a produção de frutas supera 19 milhões de toneladas, a maior no mundo há alguns anos. O País é o maior exportador de suco concentrado congelado de laranja cujo valor das exportações desse e de outros derivados tem gerado cerca de 1,5 bilhão de dólares anuais. O setor citrícola brasileiro somente no Estado de São Paulo gera mais de 500 mil empregos diretos e indiretos. Há que se considerar, no entanto, a importância da citricultura para a economia de regiões pobres como o Nordeste, objeto deste sistema de produção. Poderiam ser mencionados como fatores responsáveis pela ascensão e pela posição de liderança da citricultura brasileira na produção mundial:

1. Condições ecológicas apropriadas desde a Amazônia até o Estado do Rio Grande do Sul, o que permite a instalação de pomares sem o uso obrigatório de irrigação, como também a disponibilidade de área, facilitando a expansão dos cultivos;

2. As áreas produtoras mais importantes estão perto das capitais dos estados, aproveitando de tal modo a estrutura que já existe, como energia elétrica, rodovias pavimentadas, portos marítimos e todos os meios de comunicação;

3. Acervo satisfatório de tecnologias geradas principalmente pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas) cujo caráter pioneiro, vale salientar, pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e algumas companhias estatais, universidades e setor privado, este último, representado pelo Fundecitrus (Fundo de Desenvolvimento da Citricultura);

4. O agricultor capaz e empreendedor, comprometido com as políticas de desenvolvimento do País. Outros fatores indiretos relacionados ao mercado poderiam ser considerados importantes como a crise da indústria do café durante os anos vinte, que induziu os citricultores especialmente do Estado de São Paulo a diversificarem seus cultivos e as geadas sucessivas que aconteceram na Flórida principalmente nos anos 80, que incrementaram tremendamente as importações de suco concentrado congelado de laranja, estimulando a estruturação de um parque industrial com elevada condição de competitividade. Todas essas condições favoráveis, apoiadas pelos mercados externos e interno com alta capacidade de consumo, fizeram do Brasil o líder mundial no mercado de citros com 18% da produção mundial (Tabela 1).

TABELA 1.  Área colhida, produção e rendimento de citros dos dez países maiores produtores, 2003.

País

Área colhida
 (ha)

Produção
(t)

Rendimento 
(t/ha)

Brasil

935.107

18.779.100

20,08

Estados Unidos

419.416

13.763.490

32,82

China

1.409.772

12.711.424

9,02

México

496.700

6.293.051

12,67

Espanha

303.800

6.175.400

20,33

Índia

264.500

4.580.000

17,32

Rep. Islâmica do Irã

222.587

3.703.000

16,64

Nigéria

730.000

3.250.000

4,45

Itália

174.132

3.249.144

18,66

Egito

143.231

2.527.276

17,64

Mundo

7.348.434

102.685.840

13,97

Fonte: FAO (2003)

Em 22 dos 27 estados brasileiros são cultivadas frutas cítricas e cerca de 99,0% da laranja total produzida é originada de dez estados: São Paulo, Bahia, Sergipe, Mina Gerais, Rio Grande do Sul, Pará, Santa Catarina, Goiás e Rio de Janeiro, situados nas regiões fisiográficas Sudeste, Nordeste, Sul, Norte, Centro Oeste.

Região Nordeste

A região Nordeste fica situada entre 2° e 18° latitude Sul e entre 35° e 50° longitude Oeste. O clima é superúmido quente (tropical), com as médias anuais de temperatura e precipitação variando de 20° a 28° C e de 300 para 2.000 mm, respectivamente. O número de horas de sol varia de 2.300 horas por ano, nas áreas úmidas, a 3.000 horas, nas áreas semi-áridas. A maior parte desta região fica situada no "Polígono das Secas" (abaixo de 750 mm) e compreende os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, ocupando 18,2% da superfície do território nacional.

 

Figura 1. Mapa da região Nordeste, Brasil

Embora considerada a região mais pobre do Brasil, inclui o segundo e o terceiro produtor nacional de citros .

 

TABELA 2.  Área colhida, produção e rendimento da citricultura na região Nordeste do Brasil, em 2001.

Estado

Área colhida
(ha)

Produção
(t)

Rendimento
(t/ha)

Rio Grande do Norte

452

4.076

9,02

Pernambuco

1.656

8.497

5,13

Piauí

995

9.655

9,70

Maranhão

1.852

10.919

5,90

Paraíba

2.012

15.638

7,77

Ceará

2.902

26.765

9,22

Alagoas

4.155

36.573

8,80

Sergipe

51.224

595.011

11,62

Bahia

52.276

900.133

17,22

Nordeste

117.524

1.607.267

13,68

Brasil

937.403

19.073.309

20,35

Fonte: IBGE (2003)

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