Embrapa Gado de Leite
Sistemas de Produção, 1
ISSN 1678-314X Versão eletrônica
Jan./2003
Sistema de Produção de Leite (Zona da Mata Atlântica)
Autores

Início

Importância econômica
Aspectos agro e zooecológicos
Raças
Infra-estrutura
Alimentação
Reprodução
Manejo sanitário
Mercados e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário
Editores


Expediente

Raças

Escolha da Raça ou do Cruzamento
Sistema de Produção
Escolha do recurso genético mais adequado para a propriedade em questão
Distinção entre animais cruzados
Vacas mestiças
Heterose ou Vigor Híbrido

 

Vacas Mestiças

1. Absorção por uma raça européia especializada

2. Cruzamento alternado simples Europeu x Zebu (E-Z)

3 .Cruzamento alternado com repetição do Europeu (E-E-Z) ou (E-E-E-Z)

4. Formação de uma nova raça sintética

5. Utilização contínua de vacas ½ sangue Holandês-Zebu ou uso do F1

5.1 Cruzamento com Holandês e venda de fêmeas ¾ HZ

5.2 Cruzamento terminal

5.3 Rebanho F1 e ¾ HZ

6. Uso de vacas ¾ HZ

7. Cruzamento triplo ou "tricross"

Cerca de 70% da produção de leite no Brasil provém de vacas mestiças Holandês-Zebu. Na pecuária leiteira, considera-se gado mestiço aqueles animais derivados do cruzamento de uma raça pura de origem européia e que seja especializada na produção de leite (Holandesa, Pardo-Suíça, Jersey, etc.), com uma raça de origem indiana, uma das várias que formam o grupo Zebu (Gir, Guzerá, Indubrasil, Sindi ou Nelore). A raça Holandesa predomina nos cruzamentos, sendo o mais comum o de Holandês com o Gir, mais conhecido como "Girolando". Há também o "Guzolando", resultado do cruzamento de Holandês com Guzerá e já há alguns produtores fazendo o "Nerolando", que é o cruzamento do Holandês com o Nelore.

Quando se cruza uma vaca F1 com um touro Holandês puro, obtém-se o ¾ HZ. Ao cruzar as fêmeas ¾ HZ com touro Holandês, tem-se o 7/8 HZ. Cruzando-se as fêmeas 7/8 HZ com touro Holandês puro, obtêm-se o 15/16 HZ. Se continuar cruzando com touro Holandês P.O., vai apurando a raça Holandesa, até obter os puros por cruza ou PC.

Pesquisa realizada durante mais de 15 anos pela Embrapa Gado de Leite mostrou que a perfomance de cada cruzamento é variável com a tecnologia adotada nas fazendas. Nas propriedades com melhor nível de manejo, as vacas mais holandesadas (¾ HZ; 7/8 HZ e H) foram as mais produtivas. Nas fazendas mais simples, onde se emprega menos tecnologia, as vacas mais azebuadas foram as mais produtivas, exceto as 5/8 HZ, conforme se pode ver na Tabela 5. Isto porque não se considerou a seleção, ou seja, não foram usados touros mestiços provados, pois eles não estavam e ainda não estão disponíveis no mercado. Em qualquer caso, as vacas mais azebuadas foram as mais resistentes a ectoparasitas (Tabela 6), as mais pesadas e as mais longevas.

Teoricamente, quanto mais puxada para o lado do Holandês, mais leite a vaca vai dar, porque a raça Holandesa tem maior especialização leiteira do que as zebuínas (Veja Tabela 5). Mas também, quanto mais holandesado o rebanho, mais exigente em trato, mais susceptível a carrapato (Tabela 6), mais sensível ao calor, os animais têm dificuldade em subir morros muito altos para pastar, etc. Também, após o grau de sangue ¾ HZ, os machos não são bons para serem criados e recriados para corte.

Nas fazendas com melhor manejo, a produção de leite (litros/vaca/dia) é bastante semelhante entre vacas mestiças com graus de sangue ½ HZ ,¾ HZ, 7/8 HZ e 15/16 HZ. As mais holandesadas são mais produtivas (litros/lactação) porque têm período de lactação maior do que as mais azebuadas (Tabela 5).

Para manter o rebanho mestiço, o mais apropriado é cruzar as vacas 15/16 HZ com um touro Zebu de boa genética, e preferencialmente Gir leiteiro ou Guzerá provado para leite, voltando o gado para próximo do meio-sangue. Neste caso, os filhos desse cruzamento terão 47% de genética (sangue) Holandesa e 53% de Zebu.

Ao se cruzar vacas 7/8 ou 15/16 HZ com touro Zebu, volta-se muito o gado e pode ocorrer casos de vacas com lactação curta ou que não desça o leite sem o bezerro ao pé, mas nada que não se resolva com uma pequena seleção ou descarte.

Tabela 5. Características de primeira lactação, em animais de seis graus de sangue H-Z, em fazendas de dois níveis de manejo.

Grau de sangue

Nível alto

Nível baixo

Duração da lactação (dias)

Produção de leite (kg)

Produção de gordura (kg)

Produção de proteína (kg)

Duração da lactação (dias)

Produção de leite (kg)

Produção de gordura (kg)

Produção de proteína (kg)

¼

211

1396

55

48

268

1180

54

40

½

305

2953

132

100

375

2636

114

83

5/8

191

1401

46

43

283

1423

59

45

¾

329

2981

121

94

367

2251

94

70

7/8

295

2821

104

84

304

1672

66

51

H

365

3147

113

93

258

1226

49

38

Fonte: Madalena et al., 1990.

Tabela 6. Infestações por ecto e endoparasitos em novilhas de seis graus de sangue H-Z.

Grau de sangue

Média de carrapatos

Média de coopérias

Média de
bernes

¼

44

11.917

4,18

½

71

4.861

4,34

5/8

151

14.610

3,94

¾

223

26.115

8,77

7/8

282

26.422

7,28

H

501

21.938

8,43

Fonte: Lemos et al., 1993.

Heterose ou Vigor Híbrido

O objetivo do cruzamento é obter um melhoramento genético rápido, reunindo em um só animal as boas características de duas ou mais raças, aproveitando-se a heterose ou vigor híbrido. A heterose é o fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produção) do que a média dos pais. A heterose é mais pronunciada quanto mais divergentes (geneticamente diferentes) forem as raças ou linhagens envolvidas no cruzamento. Existem resultados de pesquisas científicas mostrando heterose para produção de leite variando de 17,3% até 28% nos cruzamentos entre as raças Holandesa e Zebu. A heterose afeta características particulares e não o indivíduo como um todo. A heterose é máxima nos animais F1 ou de "primeira cruza". O F1 reúne as boas características de ambos os progenitores. No caso do cruzamento de vaca Gir com touro Holandês P.O., as fêmeas F1 vão apresentar maior precocidade e maior aptidão leiteira (características típicas do Holandês) do que a Gir, e maior resistência a ectoparasitas (Veja Tabela 6), mais tolerância ao calor e maior rusticidade do que o Holandês. A performance (produção) do indivíduo F1 vai depender da qualidade genética dos progenitores (do touro e da vaca). Assim, existem bons e maus animais F1 (ou meio-sangue), refletindo a qualidade genética do touro e da vaca envolvidos no cruzamento. Portanto, é importante utilizar sempre touros provados para leite, sejam eles europeus ou Zebus.

Até início dos anos 90, a recomendação para se obter F1 era cruzando vacas Gir com touros Holandês P.O. Isto porque a população de Gir era grande, a vaca Gir era relativamente de baixo custo e dispunha-se de touros Holandeses provados para leite, sendo as vacas Holandesas de maior valor. Desde 1993, dispõe-se de touros Gir leiteiro provados para produção de leite. Também, as vacas Holandesas não estão com preço muito elevado, enquanto a população de Gir diminuiu. Assim, pode-se utilizar tanto o cruzamento de vacas Gir com touro Holandês, como o cruzamento recíproco, vacas Holandesas com touro Gir. Geneticamente, a qualidade do F1 é a mesma, com o mesmo potencial de produção de leite. Pode haver efeito materno no tamanho dos animais F1, sendo os filhos das vacas Holandesas maiores.

Absorção por uma raça européia especializada

Consiste na utilização contínua de touros europeus de uma raça especializada na produção de leite até atingir o puro por cruza ou PC, podendo-se absorver para qualquer raça européia pura. Entretanto, a raça Holandesa, por ser a mais conhecida e difundida, dada a sua alta produção, é a mais utilizada.

Absorção por Holandês

As fêmeas F1 e suas descendentes (filhas, netas, bisnetas, etc) são cruzadas seguidamente com touro Holandês P.O. até obtenção de animais puros por cruza ou PC. É um esquema indicado para produtores de melhor nível tecnológico.

Cruzamento alternado simples Europeu x Zebu (E-Z)

Pode-se utilizar qualquer raça européia pura, mas na prática o mais usado é a Holandesa, transformando o esquema em cruzamento alternado simples Holandês x Zebu (H x Z). Neste esquema, alternam-se as raças paternas (touros) a cada geração, obtendo-se animais com aproximadamente ¾ Holandês + 1/4 Zebu e, na próxima geração, ¾ Zebu + 1/4 Holandês (HZ). As raças de Zebu mais usadas são a Gir e a Guzerá.

É um esquema bom para pequenos produtores, que desejam produzir leite a pasto e recriar os machos para corte. Porém, pode ser mais caro para os pequenos produtores, pela necessidade de manter dois touros na propriedade, um Holandês e um Zebu. Isto é facilitado onde a inseminação artificial é uma prática usual.

Cruzamento alternado com repetição do Europeu (E-E-Z) ou (E-E-E-Z)

No caso do (E-E-Z) repete-se uma raça européia por duas gerações seguidas, obtendo-se animais com aproximadamente 7/8 Europeu + 1/8 Zebu e retorna com a outra, no caso a Zebu.

No caso do (E-E-E-Z), repete-se o touro europeu por três vezes obtendo-se animais com até 15/16 (E) + 1/16 Z, e retorna com touro Zebu, podendo ser um esquema bom se as condições de manejo e alimentação forem satisfatórias. Neste sistema a Holandesa é a raça européia mais utilizada, transformando o esquema em (H-H-Z) ou (H-H-H-Z), sendo este último utilizado no Sistema Intensivo de Produção de Leite à Pasto da Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco – MG, que funciona com bons resultados desde 1977. Na prática, este esquema funciona da seguinte maneira: as fêmeas F1 são cruzadas com touro Holandês por duas gerações seguidas, obtendo-se ¾ HZ e depois o 7/8 HZ. Depois, utiliza-se touro Zebu (Gir ou Guzerá) para cruzar as vacas 7/8 HZ voltando o gado para próximo do meio-sangue. Os produtores de melhor nível tecnológico podem utilizar touro Holandês por três gerações seguidas até obtenção de 15/16 HZ, quando então deve utilizar um touro Zebu para voltar o gado. Assim como o touro Holandês, recomenda-se também utilizar touro Zebu provado para leite, Gir ou Guzerá, para obtenção de melhores animais cruzados.

Ao se cruzar vacas 7/8 HZ ou 15/16 HZ com touro Zebu, voltando o gado para próximo do meio-sangue, pode ocorrer casos de vacas com lactação curta ou que não desça o leite sem o bezerro ao pé. Neste caso o produtor deverá fazer alguma seleção para eliminar do rebanho as fêmeas com lactação curta, (por exemplo, vacas com lactação menor que 250 dias deverão ser descartadas) ou que não se adaptem à ordenha mecânica (não dar leite sem o bezerro). Também, novilhas de primeira cria com lactação baixa (por exemplo, abaixo de 1.800 litros/lactação) devem ser descartadas. Isto permite um melhoramento genético do rebanho, aumentando a produtividade média da fazenda.

Um problema que ocorre nesse sistema é a falta de padronização racial no rebanho, havendo vacas mais azebuadas e outras mais holandesadas, o que dificulta as práticas de manejo, principalmente no que tange ao controle de ectoparasitas, ao estresse de calor, manejo de ordenha com ou sem bezerro, etc.

Formação de uma nova raça sintética

Para fixação de uma nova raça, é necessário o acasalamento entre touros e vacas mestiças, geralmente de um mesmo grau de sangue, por exemplo, bimestiço Girolando, que é o 5/8 HZ.

A partir do F1 pode-se obter o girolando ou 5/8 H + 3/8 Gir, como demonstrado nos diagramas I e II, fixando o grau de sangue da nova raça.

Na tentativa de obter e fixar uma raça leiteira tropical, o MAPA, por intermédio da Portaria 079, de 7 de fevereiro de 1996, oficializou a criação da raça "Girolando", que é o cruzamento do Holandês com Gir, tendo 5/8 de "sangue" Holandês + 3/8 de Gir. A Associação Brasileira de Criadores de Girolando, sigla "Girolando", é a Entidade Oficial encarregada do Registro Genealógico, tendo como finalidade incrementar a criação da raça Girolando, um gado leiteiro produtivo e padronizado, adaptado à região tropical e subtropical. A sede da "Girolando" fica em Uberaba, MG.

O diagrama I ilustra a estratégia de cruzamento mais comum utilizada para obtenção do gado Girolando. Touros P.O. da raça Holandesa, de preferência provados para leite, são cruzados com vacas Gir, obtendo-se o F1. As fêmeas F1 são cruzadas com touro Gir, tembém provado, obtendo-se o ¼ H + ¾ G. As fêmeas ¼ H + ¾ G são então cruzadas com touro Holandês P.O. obtendo-se animais 5/8 H + 3/8 G, que acasalados entre si formam o bimestiço que se pretende fixar como raça pura, adaptada aos trópicos. Para implementar este esquema, estão disponíveis no mercado touros Holandês P.O e Gir leiteiro P.O. provados (pelo teste de progênie) para produção de leite.

Outra opção para obter animais bimestiços é cruzar touro Holandês P.O. com vacas Gir, obtendo-se o F1. As fêmeas F1 são cruzadas com touro Holandês P.O. obtendo-se as ¾ H + ¼ Gir. As fêmeas ¾ H + ¼ G são então cruzadas com touros ½ HG (F1), ou o inverso, fêmeas ½ HZ cruzados com touro ¾ HZ, obtendo-se o 5/8 H + 3/8 G. O problema neste esquema é que não se dispõe de touros meio-sangue, e nem touros ¾ HZ, provados para leite. Neste caso o melhor é escolher o touro pelo "pedigree" e pela produção da mãe.

A Associação Girolando aceita o uso de touros 5/8 H + 3/8 G para cruzar com vacas ¾ H + ¼ G, visando formar um grupamento de animais próximo ao grau de sangue desejado de 5/8 H + 3/8 G, (4,5 de H + 3,5/8 de G), conforme demonstrado no diagrama II.

Estratégia de Cruzamento

Fonte: Associação Brasileira de Criadores de Girolando.

 

Após atingir o grau de sangue desejado de 5/8 H + 3/8 G, o rebanho deve ser estabilizado, utilizando-se touros 5/8 H + 3/8 G, mantendo-se assim o bimestiço Girolando. Este é o exemplo clássico de estabilização de raças bimestiças em todo o mundo. Isto será acelerado após dispor de touros 5/8 H + 3/8 G provados para leite. Com o processo de seleção, a raça poderá aumentar sua média de produção de leite.

O tempo requerido para estabilizar a raça Girolando em 5/8 H + 3/8 G é considerável, no mínimo de 10 a 15 anos. Para acelerar este processo, o produtor poderá adquirir fêmeas ¾ H + 1/4 G e cruzá-las com touro ½ HG, ou fêmeas ½ HG cruzadas com touro ¾ HG. Fêmeas ¼ H + ¾ G têm pouca disponibilidade no mercado, mas cruzadas com touro Holandês P.O. vai dar o 5/8 H + 3/8 G, como no diagrama I.

Atualmente, a Associação Girolando, em convênio com a Embrapa Gado de Leite, tendo como parceiros diversas instituições nacionais, executa um programa de teste de progênie de touros, nos graus de sangue ¾H G e 5/8 H G. Os produtores interessados em participar deste programa devem contactar a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, no endereço: A.B.C. Girolando – Rua Orlando Vieira do Nascimento, 74 – Caixa Postal 493, CEP 38040-280, Uberaba – MG – Fone/Fax: (34) 3336-3111, E-mail: girolando@mednet.com.br.

Utilização de vacas ½ sangue Holandês-Zebu ou uso do F1

Um rebanho leiteiro de animais F1 explora ao máximo a Heterose ou vigor híbrido entre as raças Holandesa e Zebu. São animais rústicos, com boa resistência a carrapatos (Tabela 6) e ao calor, bom porte, boa produção leiteira, bem valorizada no mercado. Os machos F1 são bons para corte. O produtor de leite pode optar por comprar fêmeas F1 no mercado ou dispor de um rebanho de vacas Zebu para fazer o F1 para reposição anual de 20% a 25% do seu rebanho.

Em pesquisa realizada pela Embrapa Gado de Leite, os animais ½ HZ (ou F1) apresentaram desempenho superior aos de outros cruzamentos, nas condições predominantes de manejo na região, conforme se nota na Tabela 5, sendo, portanto, uma alternativa recomendável para as mesmas.

Dispondo-se de animais F1, vários esquemas de cruzamentos são possíveis:

  • Cruzamento com Holandês e venda de fêmeas ¾ HZ

As fêmeas F1 são cruzadas com touro Holandês P.O. obtendo-se o ¾ H + 1/4 Z. As fêmeas ¾ HZ são boas produtoras de leite, porém são mais exigentes em trato do que as F1 e são mais sensíveis a carrapatos e ao calor. Produtores que não desejam manter as fêmeas ¾ HZ no rebanho leiteiro poderão recriá-las e cruzá-las (ou inseminar) em julho e agosto, de modo a parirem em abril e maio do ano seguinte, quando serão vendidas a bom preço, já que são animais muito valorizados no mercado brasileiro. O rebanho leiteiro seria formado apenas por vacas F1, fazendo-se a reposição anual sempre com fêmeas F1.

  • Cruzamento terminal

As fêmeas F1 são cruzadas com touros de raças de corte, como Nelore, Canchim, Tabapuã, Guzerá, etc., destinando-se para abate todas as crias, machos e fêmeas. Neste caso, o produtor obtém uma boa renda com a venda de animais para corte, mas deverá adqüirir as fêmeas F1 ou ter um rebanho de vacas Zebu (Gir ou Guzerá) para produzir as fêmeas F1 na própria fazenda. No caso de se utilizar touro Guzerá, de preferência provado para leite, poderá vender as novilhas ¾ HZ para produtores de leite, obtendo melhor renda do que vendê-las para abate.

Este é o esquema conhecido como "vaca de leite, bezerro de corte". Uma vaca F1 de boa genética, mantida em pasto de boa qualidade e mais o uso de 1 a 2 kg de concentrado/vaca/dia, pode produzir uma média de oito litros de leite por dia, em lactação de 300 dias. Neste caso, têm-se 2.400 litros de leite para venda, o que rende cerca de R$ 720,00/ano (2.400 litros x R$ 0,30). Se considerar o bezerro criado ao pé da vaca, pode-se ter uma renda de R$ 1.000.00 por vaca/ano. Nenhuma vaca de corte rende tanto, exceto as de genética de ponta.

  • Rebanho F1 e ¾ HZ

Neste caso, o produtor também poderá optar por cruzar as fêmeas F1 com um touro Holandês, obtendo as ¾ HZ e aproveitando os machos ¾ HZ para corte, fazendo a cria e recria dependendo da disponibilidade de pastagem, ou vendendo os bezerros no mercado local. As fêmeas ¾ HZ poderão ser cruzadas com touros de raças de corte, (Nelore, Canchim, Tabapuã, Guzerá, etc.) e destinando para abate tanto os machos como as fêmeas, repetindo o bordão "vaca de leite, bezerro de corte". Neste caso o rebanho leiteiro é formado por vacas F1 e ¾ HZ. De vez em quando, o produtor deverá adquirir fêmeas F1 para repor até 30% das F1, selecionando no próprio rebanho as fêmeas para repor as ¾ HZ.

Uso de vacas ¾ HZ

As vacas ¾ HZ são boas produtoras de leite e não têm tanto problema de carrapatos como as mais holandesadas. Assim, muitos produtores preferem produzir leite só com rebanho de vacas ¾ HZ.

As fêmeas ¾ HZ podem ser cruzadas com touros de raças de corte, como Nelore, Canchim, Tabapuã, Guzerá, etc., destinando-se para abate todas as crias, machos e fêmeas. Neste caso, o produtor obtém uma boa renda com a venda de animais para corte, mas deverá adqüirir as fêmeas ¾ HZ no mercado regional. No caso de se utilizar touro Guzerá, poderá vender as novilhas (filhas das vacas ¾ HZ) para produtores de leite, obtendo melhor renda do que vendê-las para abate. Este esquema retorna ao conhecido "vaca de leite, bezerro de corte".

Cruzamento triplo ou "tricross"

Consiste na utilização de uma segunda raça européia, geralmente a Pardo-Suíça, a Jersey ou Simental, nos cruzamentos com animais Holandês X Zebu, obtendo-se animais denominados "tricross", mantendo-se um bom nível de heterose.

Embora não se disponha de muitos resultados de pesquisa no Brasil, é tecnicamente recomendável que as fêmeas HZ sejam cruzadas com touro Jersey, para obtenção do tricross, mantendo-se o vigor híbrido. Se as fêmeas são F1, as crias serão 50% Jersey, 25% Zebu (Gir ou Guzerá ) e 25% Holandês, com os machos de baixo valor como animais de corte.

As fêmeas são muito valorizadas porque o Jersey transmite precocidade, alta fertilidade, docilidade, longevidade, além de as fêmeas serem menores, possibilitando criar maior número de animais por hectare. Também, a Jersey corrige muitos problemas de teto e úbere, além de as vacas "tricross" produzirem leite com maior teor de sólidos totais, que é muito importante para quem faz queijos.

Copyright © 2003, Embrapa