Sumário
Apresentação
Botânica
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Solos
Cultivares
Produção de mudas
Tratos culturais
Irrigação
Plantas daninhas
Diagnose foliar
Pragas
Doenças
Pós-colheita
Processamento
Produção de sementes
Cultivo protegido
Propriedades nutracêuticas
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário
Expediente
|
Solos |
Preparo do solo e calagem
A berinjela pode ser cultivada em diversos tipos de solos, desde os arenosos até os muito argilosos. Entretanto, desenvolve-se melhor em solos de textura média, profundos, ricos em matéria orgânica, com boa retenção de umidade e bem drenados, uma vez que a cultura não tolera encharcamento.
Antes do preparo do terreno, deve-se retirar amostras de solo da camada de 0-20 cm e, quando possível, da camada subsuperficial (20-40 cm), para realização de análises químicas, imprescindíveis à adequada recomendação de corretivos e fertilizantes. O procedimento para amostragem do solo pode ser encontrado nos Manuais de Recomendação de Adubação ou por meio de consulta a um técnico.
O preparo do solo geralmente consiste de uma a duas arações e duas gradagens. A aração deve atingir a profundidade de 30 cm, sendo seguida por uma gradagem de nivelamento. Em seguida aplica-se o calcário à lanço, distribuído de maneira uniforme no terreno, incorporando-o na camada de 0 a 20 cm de forma homogênea por meio de uma segunda gradagem. A calagem deve ser realizada com antecedência em relação ao plantio, com tempo suficiente para que o calcário reaja no solo, o que leva em torno de 60 a 90 dias e só ocorre na presença de umidade. Deve-se utilizar preferencialmente o calcário dolomítico. O calcário calcinado, de maior custo, pode ser uma boa opção para casos em que se tenha urgência para o plantio, visto que reage em cerca de 15 dias.
Para maior eficiência dos fertilizantes aplicados e melhor desenvolvimento das plantas de berinjela recomenda-se correção do pH a valores 5,5 a 6,5 e saturação por bases em torno de 70%. A quantidade de calcário a ser aplicada dependerá do resultado da análise de solo e pode ser calculada utilizando-se de um dos critérios descritos a seguir:
1. Método da elevação da porcentagem de saturação por bases:
t ha -1 de calcário = (V2–V1)T/PRNT, em que:
V2 = 70% (saturação por bases desejada)
V1 = saturação por bases atual (análise de solo) = [(Ca 2+ + Mg 2+ + K +) x 100]/T
T= capacidade de troca catiônica a pH 7,0 [Ca 2+ + Mg 2+ + K + + (H + Al)] em cmolc dm -3
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser aplicado.
2. Método da neutralização do Al3+ e fornecimento de Ca2+ + Mg2+:
t ha-1 de calcário = Y [Al3+ - (5,0 x t/100)] + [3,0 – (Ca2+ + Mg2+)] x 100/PRNT
em que:
Y = fator que varia com a capacidade tampão de acidez do solo, a ser definido de acordo com a textura. Para solos arenosos (0-15% de argila), de textura média (15-35), argilosos (35-60) e muito argilosos (60-100% de argila) utiliza-se valores Y de 0,5; 1,5; 2,5 e 3,5, respectivamente.
t = capacidade de troca catiônica efetiva (Ca2+ + Mg2+ + K+ + Al3+) em cmolc dm-3
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário a ser aplicado.
O plantio da berinjela pode ser realizado em sulcos ou covas. O sulco deve ter aproximadamente 20 cm de profundidade. O espaçamento é de 1,2 a 1,5 m entre fileiras e de 0,7 a 1,0 m dentro da fileira. Para as cultivares híbridas atuais, que apresentam plantas extremamente vigorosas, ou quando se pretende prolongar o período de colheita deve-se optar pelos maiores espaçamentos. A muda deve ser transplantada na mesma profundidade da sementeira, sem enterrar o coleto para evitar a podridão-do-colo.
Adubação
A recomendação de adubação para a berinjela deve ser feita com base nos resultados da análise de solo e seguir orientação técnica. Para Latossolos do Distrito Federal, a Embrapa Hortaliças adota a recomendação de adubação apresentada na Tabela 1. A adubação de plantio deve ser aplicada cerca de 10 dias antes do transplante das mudas, no sulco de plantio, juntamente com 30 t ha-1 (60 m3 ha-1) de esterco de curral curtido ou 10 t ha-1 (20 m3 ha-1) de esterco de galinha. Considerando que a berinjela é muito exigente em magnésio, caso o teor deste elemento no solo esteja abaixo de 1,5 cmolc dm-3, deve-se adicionar 150 kg ha-1 de sulfato de magnésio, atentando para a relação Ca:Mg do solo, que deve ficar em torno de 3-6:1. As adubações em cobertura deverão ser realizadas aos 45 e 90 dias após o transplante com 25 kg ha-1 de N e 25 kg ha-1 de K2O por aplicação. Entretanto, caso tenha sido aplicado esterco de galinha puro no plantio e dependendo do desenvolvimento da planta não há necessidade de adubação nitrogenada em cobertura.
Os estados da região Sudeste, principais produtores de berinjela no Brasil, possuem recomendações de adubação adequadas e calibradas às suas condições de solo e clima. Para São Paulo, as recomendações encontram-se na Tabela 2. Deve-se aplicar 10 a 20 t ha-1 de esterco de curral curtido ou 1/4 dessas quantidades de esterco de galinha, juntamente com a adubação de plantio, cerca de 10 dias antes do transplante das mudas. É recomendável que se aplique também 30 kg ha-1 de S no plantio caso não se utilize adubos contendo enxofre em sua formulação, como o sulfato de amônio, por exemplo. A adubação em cobertura com N e K deve ser parcelada de 4 a 6 vezes, a partir de 30 dias após o transplantio.
As recomendações de adubação para Minas Gerais, visando uma produtividade de 25 a 70 t ha-1, estão apresentadas na Tabela 3. Todo o P (100%) e parte do N e do K (40%) devem ser aplicados antes do plantio, enquanto o restante do potássio e do nitrogênio (60%) deverão ser parcelados ao longo do ciclo, em cobertura, sendo seis aplicações de 10% a cada 15 dias. Deve-se adicionar 20 a 40 t ha-1 de esterco de curral curtido ou 5 a 10 t ha-1 de esterco de galinha, aplicados 10 a 15 dias antes do transplantio, incorporados e bem misturados ao solo, nos sulcos ou nas covas de plantio. As maiores doses deverão ser utilizadas nos solos arenosos.
Na Tabela 4 estão descritas as quantidades de adubos para o cultivo da berinjela no estado do Rio de Janeiro visando obter uma produtividade de 20 a 30 t ha-1. A adubação orgânica, 20 a 30 t ha-1 de esterco de curral ou composto orgânico ou 10 a 15 t ha-1 de cama de aves ou 5 a 8 t ha-1 de esterco de aves, deve ser aplicada 20 a 30 dias antes do transplantio juntamente com 2/3 da dose de P e 1/3 da dose de K. O restante do P (1/3) deve ser aplicado no transplantio das mudas. O resto do K (2/3) será adicionado em duas coberturas junto com o N, a primeira após o transplantio e a segunda 30 dias depois, sendo 1/3 da dose de K e 30 kg ha-1 de N por vez. Se houver sintoma de deficiência de N, aplicar mais uma dose de 30 kg ha-1 de N.
Tabela 1. Recomendação de adubação para berinjela na região do Distrito Federal.
Nutriente |
teor
de P no solo (Mehlich-1)
(mg dm-3) |
<
10 |
10-30 |
30,1-60 |
>
60 |
cobertura
(kg ha-1) |
plantio
(kg ha-1) |
P2O5 |
300-400 |
200-300 |
100-200 |
50 |
|
|
|
|
|
|
|
Nutriente |
teor
de K no solo (mg dm-3) |
cobertura1/ (kg ha-1) |
<
60 |
60
-120 |
120,1-240 |
>
240 |
plantio
(kg ha-1) |
K2O |
100-150 |
50-100 |
0-50 |
- |
50 |
|
|
|
|
|
|
Nutriente
N |
plantio
(kg
ha-1) |
cobertura1/ (kg ha-1) |
100 |
50 |
|
|
|
|
|
|
Nutriente |
plantio
(kg
ha-1) |
cobertura
(kg ha-1) |
B |
2 |
-- |
Zn |
4 |
-- |
1/adubação em cobertura deve ser parcelada em 2 vezes, aos 45 e 90 dias após o transplante.
Fonte: EMATER-DF (1987).
Tabela 2. Recomendação de adubação para a cultura da berinjela no estado de São Paulo.
Nutriente |
teor
de P no solo (resina)
(mg dm-3) |
<
25 |
25-60 |
>
60 |
|
plantio
(kg ha-1) |
cobertura
(kg ha-1) |
P2O5 |
600 |
320 |
160 |
-- |
|
|
|
|
|
|
Nutriente |
teor
de K no solo (mg dm-3) |
|
<
60 |
60
-120 |
>
120 |
|
plantio
(kg ha-1) |
cobertura1/ (kg ha-1) |
K2O |
180 |
120 |
60 |
80-120 |
|
|
|
|
|
|
Nutriente
N |
plantio
(kg
ha-1) |
cobertura1/ (kg ha-1) |
40 |
80-120 |
Nutriente |
Zn
no solo (mg dm-3) |
|
< 0,6 |
|
>
0,6 |
|
plantio
(kg ha-1) |
cobertura1/ (kg ha-1) |
Zn |
3,0 |
|
|
0,0 |
|
Nutriente
N |
plantio
(kg
ha-1) |
cobertura1/ (kg ha-1) |
40 |
80-120 |
Nutriente |
plantio
(kg ha-1) |
cobertura1/ (kg ha-1) |
B |
1 |
80-120 |
1/adubação em cobertura deve ser parcelada de 4 a 6 vezes, a partir de 30 dias após o transplantio.
Fonte: Raij et al. (1997).
Tabela 3. Recomendação de adubação para a cultura da berinjela no estado de Minas Gerais.
Fósforo |
Potássio |
Nitrogênio |
P
no solo (Mehlich-1) (mg
dm-3) |
Dose
de P2O5
(kg
ha-1) |
K
no solo (mg
dm-3) |
Dose
de K2O1/ (kg
ha-1) |
Dose
de N1/
(kg
ha-1) |
Baixo |
200 |
<
50 |
160 |
100 |
Argiloso2/ |
Text.
média |
Arenoso |
<
32 |
<
48 |
<
80 |
Médio |
160 |
51-90 |
120 |
100 |
Argiloso |
Text.
média |
Arenoso |
32
– 47 |
48
– 79 |
80
– 119 |
Bom |
120 |
91-140 |
80 |
100 |
Argiloso |
Text.
média |
Arenoso |
48
– 72 |
80
– 120 |
120
– 180 |
Muito
bom |
80 |
>140 |
50 |
100 |
Argiloso |
Text.
média |
Arenoso |
>
72 |
>
120 |
>
180 |
1/aplicar 60% do K e do N em seis coberturas a cada 15 dias após o transplante. 2/ Considera-se como argilosos, de textura média e arenosos aqueles solos com teores maiores que 35, de 15 a 35, e menores que 15% de argila, respectivamente.
Fonte: Ribeiro et al. (1999).
Tabela 4. Recomendação de adubação para a cultura da berinjela no estado do Rio de Janeiro.
Nutriente |
teor
de P no solo (Mehlich-1)
(mg dm-3) |
<
10 |
10-30 |
20,1-30 |
>
30 |
plantio
(kg ha-1) |
P2O5 |
120 |
90 |
60 |
-- |
|
|
|
|
|
Nutriente |
teor
de K no solo (mg dm-3) |
<
45 |
45-90 |
90,1-135 |
>
135 |
plantio
+ cobertura1/ (kg ha-1) |
K2O |
90 |
60 |
30 |
-- |
|
|
|
|
|
Nutriente
N |
cobertura1/(kg
ha-1) |
60 |
1/Realizar duas adubações de cobertura com 1/3 da dose de K e 30 kg ha-1 de N por aplicação, a primeira após o transplantio e a segunda 30 dias depois. Se houver sintoma de deficiência de N, aplicar mais uma dose de 30 kg ha-1de N.
Fonte: De-Polli (1988).
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