Embrapa Gado de Leite
Sistemas de Produção, 1
ISSN 1678-314X Versão eletrônica
Jan./2003
Sistema de Produção de Leite (Zona da Mata Atlântica)
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Importância econômica
Aspectos agro e zooecológicos
Raças
Infra-estrutura
Alimentação
Reprodução
Manejo sanitário
Mercados e comercialização
Coeficientes técnicos
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Infra-estrutura

Bezerreiros

Geralmente, fazem parte do corpo dos estábulos clássicos e das salas de ordenha, quando a ordenha é feita com o bezerro ao pé. Entretanto, podem ser separados, principalmente se o aleitamento for artificial. As baias podem ser individuais ou coletivas, com piso de cimento ou ripado, e devem dar acesso a solário ou piquete gramado.

O uso de abrigos individuais (gaiolas) é recomendado pela facilidade de manejo, limpeza, desinfecção e baixo custo. Além disso, os animais apresentam menos problemas sanitários, menor mortalidade e maior consumo de ração. (Embrapa Gado de Leite - Orientações Técnicas para o Produtor de Leite, Folha solta nº 2. Manejo de bezerros nos abrigos individuais. Sinuelo Agropecuária: www.sinueloagropecuaria.com.br)

Baias para touros

Mesmo com o uso da inseminação artificial, às vezes, há necessidade de se manter um ou mais touros na propriedade para repassar os animais, que, por qualquer motivo, não são fertilizados pela inseminação. Tecnicamente, recomenda-se o uso da inseminação artificial.

A partir dos três a quatro anos de idade, é comum os touros (principalmente de raças européias), quando mantidos presos, tornarem-se perigosos pela agressividade, e deve-se ter todo cuidado ao manejá-lo. Por esse motivo, e por razões de segurança, a baia deve ser planejada de tal maneira que não haja necessidade de entrar nela para alimentar e manejar o touro.

O abrigo deve ser sólido, bem construído, com paredes, cercas e cochos bem reforçados, localizado em lugares onde seja fácil levar as vacas em cio. O caso mais simples é uma cobertura do tipo galpão, no piquete, dotada de comedouro e bebedouro. As dimensões básicas das baias são de 10 a 16 m2, sendo de 3,20 x 3,20 m para raças menores e 4,00 x 4,00 m para raças de maior porte. Divisórias com madeira de lei ou alvenaria de um tijolo com cintas e pilares de concreto armado, com 1,80 a 2,00 m de altura, pé direito de 2,70 a 3,00 m, portões de madeira ou de chapa com ferragens reforçadas.

A fixação de argolas no focinho do touro, no cocho ou no esteio é muito importante para contenção do animal nos casos de vacinação, pulverização, aplicação de medicamentos e curativos. O piso deve ser concretado com 6 a 8 cm de espessura, com declive de 2 a 3% no sentido de canaletas coletoras de águas de limpeza e resíduos orgânicos.

O piquete de exercício adjacente à baia ou pequeno pasto é imprescindível para a saúde dos touros, 80 a 100 m2 de área são suficientes. As cercas devem ser fortes e resistentes, à semelhança daquelas indicadas para os currais para gado de corte.

Cochos externos

São os cochos de sais minerais e os cochos para distribuição de volumosos e concentrados nos currais e nos pastos. Reserva-se nesses últimos um espaço linear de 0,60 a 0,80 m por animal adulto, dependendo do porte dos animais.

Brete ou tronco para vacinação

É uma instalação imprescindível no manejo do gado, facilitando a pulverização, marcação, vacinação e outras atividades dependentes da contenção dos animais. Troncos maiores permitem a colocação de maior número de animais por vez, reduzindo o tempo gasto para execução das atividades de manejo. Sempre que possível, deve terminar num embarcadouro de gado, facilitando a carga e descarga de animais diretamente em caminhões.

Há também troncos metálicos, fixos ou móveis, que podem ser adquiridos no mercado.

Currais

O número e o tamanho dos currais variam conforme o tamanho do rebanho e o sistema de exploração. A área recomendada por vaca varia de 2 a 10 m2, dependendo do tempo que o gado permanece preso.

O piso deve ser revestido por concreto, ou calçado com lajes de pedra, para evitar a formação de lama no período das chuvas, e de poeira na época seca. O piso de pedra, normalmente, é muito escorregadio, podendo provocar acidentes e lesões nos animais.

As divisórias dos currais podem ser construídas com réguas e mourões de madeira (roliça ou serrada) de cimento, muros de alvenaria, tubos galvanizados, trilhos de estrada de ferro, etc. Atualmente, vem ganhando preferência a construção de currais com o emprego de mourões de concreto armado ou eucalipto tratado e cordoalhas de aço, estas, por serem mais resistentes, duráveis e econômicos. Esta é uma alternativa ecológica e economicamente viável para construção de currais e divisórias em geral. Além disso, currais com emprego de cordoalhas permitem maior circulação do ar na altura dos animais, melhorando o conforto térmico. (Informe Técnico: Manual de construção de currais com cordoalha da aço zincado. Belgo Mineira: www.belgomineira.com.br)

Sala de leite

Deve ficar localizada junto à sala de ordenha, para facilitar o transporte do leite para o tanque de expansão ou resfriador e também o livre acesso dos ordenhadores e ajudantes. Deve ter espaço suficiente para abrigar todos os equipamentos e utensílios de refrigeração do leite, pia ou tanque para limpeza dos equipamentos de ordenha.

Outras instalações

Instalações como galpões para máquinas e equipamentos, depósito de ração, depósito de insumos (adubos, calcário, sal mineral), escritório, farmácia e demais dependências devem ser detalhados e planejados conforme as exigências do projeto, do manejo e das condições do proprietário.

Silos

Os silos, como construções de finalidade estratégica em uma granja leiteira, devem receber atenção. Eles objetivam a conservação de forragem sob a forma de silagem, imprescindível para superar os efeitos negativos da época seca sobre o desempenho dos animais, principalmente sobre a reprodução e produção de leite.

Convencionalmente, cinco tipos de silos podem ser construídos em propriedades rurais, e são denominados: aéreo, de encosta, cisterna, trincheira e de superfície. Recentemente, os silos cilíndricos de plástico, conhecidos como "salsicha", vêm ganhando espaço. A escolha do tipo de silo a construir depende, principalmente, da quantidade de silagem a ser armazenada, da topografia, máquinas e equipamentos disponíveis, custo de cada unidade e a preferência do produtor. Cada tipo de silo apresenta uma série de vantagens e desvantagens, sendo as principais apresentadas na Tabela 8.

Geralmente, os silos devem ficar próximos ao local de trato dos animais para maior facilidade na distribuição da silagem e economia no transporte. Entretanto, em situações especiais, os silos poderão ser construídos próximos ao local de produção da forragem a ser ensilada, para que haja maior rapidez no enchimento e fechamento, práticas essenciais à produção de silagem de boa qualidade. Nesta situação, os silos de plástico apresentam vantagem relativa sobre os demais, por ser de fácil transporte.

Tabela 8. Vantagens e desvantagens dos principais tipos de silos.

Vantagens

Desvantagens

1. Silo aéreo

  • Maior eficiência - perdas mínimas (5%);
  • Facilidades na descarga;
  • Compactação mais fácil;
  • Valorização estética da propriedade;
  • Possibilidade de ser construído, mesmo em baixadas com lençol freático superficial e, ainda, ligado ao estábulo ou local de tratamento (cochos);
  • Grande capacidade de volume.
  • Maior custo inicial; requer mão-de-obra mais eficiente;
  • Máquinas ensiladeiras mais caras, com ventilador.

2. Silo de encosta

  • As mesmas do silo aéreo, acrescentando-se que é menos caro e dispensa máquinas com ventiladores para carregamento.
  • As mesmas do “aéreo”;
  • Necessita de barranco bem elevado com relação ao local de trato, o que poucas propriedades podem oferecer.

3. Silo-cisterna

  • Carregamento e compactação fáceis;
  • Menos caro que os anteriores.
  • Descarga mais difícil;
  • Não pode ser de grande capacidade, necessita ser feito em forma de baterias, devido à sua profundidade (máxima 7 m);
  • Não pode ser construído em baixadas, devido ao lençol freático superficial;
  • Revestimento indispensável.

4. Silo-trincheira

  • Construção mais simples e barata;
  • Possibilidade de máquinas na abertura;
  • Máquinas de ensilar mais simples;
  • Grande superfície exposta e possibilidade de maiores perdas (10%);
  • Compactação mais difícil;
  • Grande quantidade de terra para cobertura;
  • Necessidade de cerca em volta para proteger contra animais;
  • Dificuldade de barranco próximo ao local do trato. Obs.: Este item pode ser omitido, fazendo-se o silo todo escavado no solo, subterrâneo.

5. Silo de superfície

  • Mais opção de escolha de local para ensilagem;
  • Máquinas ensiladeiras mais simples;
  • Fechamento rápido;
  • Pode ser mudado de local, quando necessário, sem perdas de investimento.
  • Maiores perdas de qualidade (> 15%);
  • Compactação mais difícil.

6. Silos cilíndricos de plásticos

  • Possibilidade de transporte;
  • Maior quantidade de silagem armazenada por m³.
  • Máquina especial de custo elevado;
  • Não-reutilização do plástico.

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