Embrapa Embrapa Uva e Vinho
Sistema de Produção, 6
ISSN 1678-8761 Versão Eletrônica
Dez./2005
Sistema de Produção de Morango para Mesa na Região da Serra Gaúcha e Encosta Superior do Nordeste
João Bernardi
Alexandre Hoffmann
Mário Calvino Palombini
Luís Eduardo C. Antunes
Arlindo Calgaro
José Pasa
Japiassú de Melo Freire
Plantio

    O plantio do morangueiro é feito através de mudas. Para o plantio, devem-se obter mudas de viveiristas idôneos, produtivas e livres de doenças e pragas. As mudas devem ser produzidas em regiões altas e frias, para assegurar a qualidade.

Escolha da muda
Época do plantio
Preparo da muda antes do plantio
Irrigação
Plantio
Cuidados após o plantio das mudas

Escolha da muda

    A qualidade de uma muda é um dos fatores que assegura o sucesso de um cultivo e se traduz em boa produção e produtividade. Uma muda de boa qualidade de morangueiro deve ser de vigor mediano (não muito viçosa), medir cerca de 15 cm, medidos entre a ponta do rizoma até a ponta das folhas, possuir bom sistema radicular e não ter nenhum sintoma de qualquer doença e praga. As mudas utilizadas devem ser fiscalizadas, de origem conhecida, originárias de material básico indexado e possuírem coroa com diâmetro em torno de 1,5 cm.

Época do plantio

    O morangueiro é uma planta muito sensível às condições climáticas. Assim, uma cultivar que produza bem numa determinada região poderá não se adaptar em outra, produzir menos ou ser mais atacada por pragas ou doenças. A época ótima de plantio é diferente para cada região e cultivar. A caracterização do vigor para cada cultivar é apresentada na Tabela 1.

Tabela 1. Características de vigor e fotoperíodo das principais variedades de morangueiros.
Cultivar Vigor¹ Fotoperíodo²
Oso Grande M C
Camarosa A C
Dover B C
Konvoy Cascata M C
Vila Nova M C
Santa Clara M C
Sweet Charlie M C
Toyonoka M C
Aromas M N
Diamante M N
Seascape M N
Verão M N
Capitola M N
Selva M N
A= Alto; M= Médio; B= Baixo. 2. C = Dias Curtos; N = Neutro
Fonte: Embrapa Uva e Vinho

Preparo da muda antes do plantio

    Deve-se tomar cuidado ao retirar as mudas do viveiro, irrigando-se o solo para soltar a terra e facilitar o arranquio das mudas. A umidade do solo evita danos no sistema radicular, à folhagem e à coroa no momento de serem arrancados. Após o arranquio, deverão ser feitos feixes de mudas, colocadas em caixas ou engradados para evitar a compactação. O transporte deve ser feito em veículos com carrocerias fechadas ou cobertas com lona, para evitar que o ar venha secar as folhas e as raízes, o que dificultaria o pegamento das mudas.
    Ao chegar na lavoura, caso necessário, deve-se fazer a poda no sistema radicular, deixando as raízes com 10 cm de comprimento. Deve-se tirar algumas folhas deixando-se somente 2 a 3 sadias. Como normalmente trabalha-se com grande número de mudas e estas devem ser plantadas no mesmo dia, estando prontas para o plantio, deve-se mantê-las à sombra e umedecê-las levemente. Em condições de temperatura elevada e umidade do ar baixa, torna-se necessário umedecer as mudas para que não desidratem e se assegure bom pegamento na lavoura.
    O plantio deverá ser feito de preferência, sob condições de temperatura amena. Logo após o plantio, deverá ser realizada irrigação por aspersão, para proporcionar bom pegamento das mudas na lavoura.

Irrigação

    Para a irrigação, é importante analisar a água quanto a presença de coliformes fecais e metais pesados. Devem ser utilizadas uma ou duas linhas de tubos gotejadores por canteiro, espaçando-se os gotejadores 10 cm entre si. Nos casos onde há argila em suspensão na água, devem-se instalar filtros de areia ou decantadores no sistema de irrigação e filtros de disco para reter partículas maiores. Do plantio até a cobertura do solo, recomenda-se irrigar por aspersão. A partir daí, recomenda-se irrigar por gotejamento, sendo instalado o sistema antes da colocação da lona plástica.

Plantio

    A maneira tradicional de se fazer o plantio das mudas é a manual. A muda deve ser preparada (toalete), deixando somente as 3 folhas mais novas. A raiz poderá ser cortada, deixando-a com 10 centímetros. Ao plantar, deve-se ter o cuidado de enterrá-la sem dobrar as raízes, cuidando-se para não enterrar a coroa ou o coração da muda e distanciadas 30 a 40 cm entre si. Com o auxílio do dedo indicador e do médio estendidos e juntos, dobrando-se o anelar e mínimo. enterra-se estes dois dedos no solo, deixando-se um buraco na forma de cova. Após o plantio devem ser cobertos com terra o rizoma e as raízes.
    Deve-se ter os seguintes cuidados ao plantar:

  • quando se fizer a cova cono solo deve-se evitar fazer uma depressão na terra. Isto causa a acumulação de solo no coração da muda, prejudicando o pegamento;
  • para a cv. Campinas e a cv. Chandler, a coroa da muda deverá ficar um pouco acima do nível da terra (1 cm) para que a planta emita raízes ao longo do rizoma, para a cv. Oso Grande, deve-se enterrar a metade da coroa para que a planta emita raízes do rizoma logo abaixo da coroa.

Cuidados após o plantio das mudas

    Uma vez plantadas as mudas, deve-se fazer uma irrigação por aspersão no final da tarde, para que a terra encoste nas raízes e a planta possa absorver água e os elementos nutritivos do solo e haja bom pegamento das mudas.
    Sob condições de pouca chuva, é necessário irrigar a plantação por um período de 10 dias para que se forme um bom sistema radicular. Durante o dia deve-se fazer cinco ou mais irrigações, sendo de 10 minutos cada, nas horas mais quentes do dia, com o intuito de fornecer água ao solo e baixar a temperatura do ambiente. Quanto mais quente for o dia, maior deve ser o número de irrigações. O produtor também deverá controlar o aparecimento de grilos, lagartas e formigas na lavoura, pois podem causar severos danos às mudas, diminuindo seu pegamento e ocasionando falhas na cultura.

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