Embrapa Embrapa Uva e Vinho
Sistema de Produção, 6
ISSN 1678-8761 Versão Eletrônica
Dez./2005
Sistema de Produção de Morango para Mesa na Região da Serra Gaúcha e Encosta Superior do Nordeste
Osmar Nickel
Bernardo Ueno
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza
Doenças causadas por vírus

As principais viroses do morangueiro são causadas por um complexo de vírus transmitidos por insetos (pulgões), nematóides, e outros vetores. Há relatos de ocorrência no Brasil, dos seguintes agentes patogênicos: o "vírus da faixa das nervuras do morangueiro" (Strawberry vein banding virus, SVBV; familia: Caulimoviridae), o "vírus da clorose marginal do morangueiro" (Strawberry mild yellow edge virus, SMYEV; genus: Potexvirus), o vírus do encrespamento do morangueiro (Strawberry crinkle virus, SCV; família: Rhabdoviridae) e o "vírus do mosqueado do morangueiro" (Strawberry mottle virus, SMoV). Este último, está proposto como membro tentativo de uma nova família de vírus biparticulados semelhantes a picornavírus. É rara a ocorrência isolada destes agentes. Mais comumente formam complexos virais que podem reduzir em até 80% a produção de frutos. Os quatro vírus são transmitidos por pulgões, SMYEV e SMoV (semi-persistentes) e SVB e SCV (persistentes). Esta característica faz com que inseticidas de ação rápida possam ser úteis em certas situações. Cerca de 16 outras doenças causadas por vírus, fitoplasmas e agentes desconhecidos, infectam o morangueiro em outras regiões, mas ainda não foram relatados no Brasil.

O manejo e controle de doenças virais, em qualquer cultivo, é sempre preventivo. Não há controle após a infecção. Em nossa situação ocorre um impasse porque a oferta interna de mudas de qualidade é limitada e o produtor é levado a lançar mão de materiais de origem e qualidade duvidosas. Para reduzir o risco de aquisição e plantio de material infectado o produtor deve:

  • O uso de mudas livres de vírus é o principal e mais eficaz método de controle e manejo das doenças virais.
  • Adquirir mudas sadias, livres de vírus, produzidas por viveiristas credenciados e idôneos, provenientes de matrizes indexadas, obtidas por termoterapia combinada com a cultura de meristemas.
  • Exigir atestado de que as mudas foram indexadas.
  • Arrancar e destruir plantas com manchas cloróticas ou necróticas e deformadas, com folhas pequenas ou outros sintomas suspeitos.
  • Efetuar o controle de pulgões respeitando rigorosamente as carências; destruir fonte de pulgões virulíferos nas proximidades de novos plantios; tarefa difícil, pois Aphis gossypii, pulgão muito disseminado é um dos vetores.
  • Não usar mudas originadas em lavouras de produção de morangos devido ao alto risco de infecção.
  • Eliminar plantas da safra anterior.

Vírus do encrespamento (SCV)

O vírus do encrespamento (SCV) é um dos mais destrutivos vírus de morangos. Ocorre em todo o mundo com estirpes cuja virulência vai de muito fraca até severa. Mesmo estirpes fracas reduzem vigor, produção e tamanho dos frutos de algumas cultivares. Todas espécies de Fragaria são suscetíveis ao SCV, mas algumas cultivares infectadas podem não apresentar sintomas. A transmissão por pulgões é persistente, após a aquisição do vírus, os insetos o retêm por toda sua vida. Assim, um único pulgão pode transmitir o vírus para várias plantas. A disseminação é mais rápida com tempo quente.

Clorose marginal (SMYEV)

Enquanto a doença do encrespamento do morangueiro (SVC) é o mais danoso, a clorose marginal (SMYEV) é uma das mais disseminadas doenças do morangueiro causadas por vírus na Ásia, Austrália, Europa, África do Sul e EUA. Ocorre também em Fragaria chiloensis em áreas remotas e distantes de morangos cultivados, no Chile. Geralmente ocorre em complexos com mosqueado e encrespamento, na forma de estirpes de virulência variada. Sintomas iniciais nas indicadoras incluem epinastia e manchamento clorótico. Com o avanço da infecção, em plantas indicadoras, a clorose se intensifica e os tecidos infectados tornam-se necróticos. Severidade dos sintomas em campo depende da estirpe do vírus e da cultivar. Sintomas em cultivares. suscetíveis incluem nanismo, clorose marginal, distorção de folhas e frutos pequenos. Infecção conjunta de clorose marginal, encrespamento e mosqueado leva ao declínio da planta.

Mosqueado do morangueiro (SMoV)

O mosqueado do morangueiro (SMoV) é considerado o mais comum dos vírus em morangos onde quer que sejam plantados. O vírus forma muitas estirpes, comumente assintomáticas em cultivares comerciais, mas estirpes severas podem causar redução de produção de até 30%. Infecções mistas com outros vírus são comuns. A transmissão é do tipo semi-persistente como a da "clorose marginal" (SMYEV). A aquisição do vírus ocorre somente dentro de poucos minutos e o pulgão retém a capacidade de transmissão por algumas horas. As infecções mistas ocorrem porque uma espécie de pulgão pode transmitir mais de uma espécie de vírus.

Bandeamento de nervuras (SVBV)

O bandeamento de nervuras (SVBV) é o vírus de menor ocorrência em morangos, dos quatro principais transmitidos por pulgões, de forma persistente. Tem baixa incidência na Austrália, Brasil, Europa, Japão, EUA e Canadá. Cvs. comerciais suscetíveis sofrem redução de estolões, da produção e da qualidade dos frutos. Infecções mistas com SVBV e SCV causam perdas mais severas.

Palidose

Deve-se mencionar ainda doença que merece especial atenção: a palidose, de agente desconhecido. Ela ocorre nos EUA e na Austrália e afeta F. chiloensis no Chile. Clones de F. vesca são assintomáticas. A palidose modifica os sintomas de SCV, SVBV, SMYEV e SMV. Recentemente dois vírus, transmitidos por moscas brancas, foram identificados como potenciais agentes causais da palidose. A palidose, é latente na maioria das cvs. de morangos.

Topo
Todos os direitos reservados, conforme Lei n° 9.610