As principais viroses do morangueiro são causadas por um complexo de vírus transmitidos por insetos (pulgões), nematóides, e outros vetores. Há relatos de ocorrência no Brasil, dos seguintes agentes patogênicos: o "vírus da faixa das nervuras do morangueiro" (Strawberry vein banding virus, SVBV; familia: Caulimoviridae), o "vírus da clorose marginal do morangueiro" (Strawberry mild yellow edge virus, SMYEV; genus: Potexvirus), o vírus do encrespamento do morangueiro (Strawberry crinkle virus, SCV; família: Rhabdoviridae) e o "vírus do mosqueado do morangueiro" (Strawberry mottle virus, SMoV). Este último, está proposto como membro tentativo de uma nova família de vírus biparticulados semelhantes a picornavírus. É rara a ocorrência isolada destes agentes. Mais comumente formam complexos virais que podem reduzir em até 80% a produção de frutos. Os quatro vírus são transmitidos por pulgões, SMYEV e SMoV (semi-persistentes) e SVB e SCV (persistentes). Esta característica faz com que inseticidas de ação rápida possam ser úteis em certas situações. Cerca de 16 outras doenças causadas por vírus, fitoplasmas e agentes desconhecidos, infectam o morangueiro em outras regiões, mas ainda não foram relatados no Brasil.
O manejo e controle de doenças virais, em qualquer cultivo, é sempre preventivo. Não há controle após a infecção. Em nossa situação ocorre um impasse porque a oferta interna de mudas de qualidade é limitada e o produtor é levado a lançar mão de materiais de origem e qualidade duvidosas. Para reduzir o risco de aquisição e plantio de material infectado o produtor deve:
- O uso de mudas livres de vírus é o principal e mais eficaz método de controle e manejo das doenças virais.
- Adquirir mudas sadias, livres de vírus, produzidas por viveiristas credenciados e idôneos, provenientes de matrizes indexadas, obtidas por termoterapia combinada com a cultura de meristemas.
- Exigir atestado de que as mudas foram indexadas.
- Arrancar e destruir plantas com manchas cloróticas ou necróticas e deformadas, com folhas pequenas ou outros sintomas suspeitos.
- Efetuar o controle de pulgões respeitando rigorosamente as carências; destruir fonte de pulgões virulíferos nas proximidades de novos plantios; tarefa difícil, pois Aphis gossypii, pulgão muito disseminado é um dos vetores.
- Não usar mudas originadas em lavouras de produção de morangos devido ao alto risco de infecção.
- Eliminar plantas da safra anterior.
Vírus do encrespamento (SCV)
O vírus do encrespamento (SCV) é um dos mais destrutivos vírus de morangos. Ocorre em todo o mundo com estirpes cuja virulência vai de muito fraca até severa. Mesmo estirpes fracas reduzem vigor, produção e tamanho dos frutos de algumas cultivares. Todas espécies de Fragaria são suscetíveis ao SCV, mas algumas cultivares infectadas podem não apresentar sintomas. A transmissão por pulgões é persistente, após a aquisição do vírus, os insetos o retêm por toda sua vida. Assim, um único pulgão pode transmitir o vírus para várias plantas. A disseminação é mais rápida com tempo quente.
Clorose marginal (SMYEV)
Enquanto a doença do encrespamento do morangueiro (SVC) é o mais danoso, a clorose marginal (SMYEV) é uma das mais disseminadas doenças do morangueiro causadas por vírus na Ásia, Austrália, Europa, África do Sul e EUA. Ocorre também em Fragaria chiloensis em áreas remotas e distantes de morangos cultivados, no Chile. Geralmente ocorre em complexos com mosqueado e encrespamento, na forma de estirpes de virulência variada. Sintomas iniciais nas indicadoras incluem epinastia e manchamento clorótico. Com o avanço da infecção, em plantas indicadoras, a clorose se intensifica e os tecidos infectados tornam-se necróticos. Severidade dos sintomas em campo depende da estirpe do vírus e da cultivar. Sintomas em cultivares. suscetíveis incluem nanismo, clorose marginal, distorção de folhas e frutos pequenos. Infecção conjunta de clorose marginal, encrespamento e mosqueado leva ao declínio da planta.
Mosqueado do morangueiro (SMoV)
O mosqueado do morangueiro (SMoV) é considerado o mais comum dos vírus em morangos onde quer que sejam plantados. O vírus forma muitas estirpes, comumente assintomáticas em cultivares comerciais, mas estirpes severas podem causar redução de produção de até 30%. Infecções mistas com outros vírus são comuns. A transmissão é do tipo semi-persistente como a da "clorose marginal" (SMYEV). A aquisição do vírus ocorre somente dentro de poucos minutos e o pulgão retém a capacidade de transmissão por algumas horas. As infecções mistas ocorrem porque uma espécie de pulgão pode transmitir mais de uma espécie de vírus.
Bandeamento de nervuras (SVBV)
O bandeamento de nervuras (SVBV) é o vírus de menor ocorrência em morangos, dos quatro principais transmitidos por pulgões, de forma persistente. Tem baixa incidência na Austrália, Brasil, Europa, Japão, EUA e Canadá. Cvs. comerciais suscetíveis sofrem redução de estolões, da produção e da qualidade dos frutos. Infecções mistas com SVBV e SCV causam perdas mais severas.
Palidose
Deve-se mencionar ainda doença que merece especial atenção: a palidose, de agente desconhecido. Ela ocorre nos EUA e na Austrália e afeta F. chiloensis no Chile. Clones de F. vesca são assintomáticas. A palidose modifica os sintomas de SCV, SVBV, SMYEV e SMV. Recentemente dois vírus, transmitidos por moscas brancas, foram identificados como potenciais agentes causais da palidose. A palidose, é latente na maioria das cvs. de morangos.
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