Sistema de Produção de Graspa

Luiz Antenor Rizzon

Introdução

A descoberta que do bagaço de uva poderia ser extraído álcool é muito antiga. Inicialmente, a destilação do bagaço era feita para a produção de álcool, com a finalidade farmacológica, somente mais tarde foi utilizada para a produção da graspa. Por volta do ano de 1.400, já havia indicação da produção de graspa na região de Friuli, na Itália. No entanto, somente depois, com a utilização de destiladores equipados com retificadores, é que a produção da graspa foi aperfeiçoada.

O ambiente típico onde a graspa surgiu e ainda hoje é mais apreciada é aquele da região fria do norte da Itália. Por isso, é considerada uma bebida típica de pessoas que desenvolvem atividades agrícolas. Nesse sentido, a graspa tornou-se, com o tempo, uma bebida evocadora das origens agrícolas, especialmente nas regiões montanhosas e frias. Para a Itália a graspa não é simplesmente um destilado, mas, também, um símbolo da colonização antiga.

É comum no norte da Itália o consumo da graspa adicionada ao café preto ou tomada pura em pequena quantidade, de manhã, antes de iniciar as atividades, ou como digestivo após as refeições.

O termo grappa (grafia italiana) não é de origem latina como se poderia supor, mas de origem germânica. Os diversos dialetos italianos atribuem diferentes grafias à graspa: grapa (Lombardia), rapa (Piemonte), graspa (Vêneto). Esta última é a mais utilizada no Brasil, provavelmente porque os imigrantes italianos que colonizaram a Serra Gaúcha, na sua maioria, eram oriundos do Vêneto.

Na Itália, onde a graspa atinge maior produção mundial, as maiores regiões produtoras são o Vêneto e o Piemonte, onde é definida como: Destilado de forte graduação alcoólica (38°GL a 60°GL), com aroma particular, obtido por destilação e retificação do bagaço de uva. Inicialmente, a graspa era utilizada com finalidade terapêutica, passando depois a ser consumida como bebida.

No Brasil, existem poucas referências históricas da graspa, no entanto, há indícios que ela já tenha sido elaborada no final do século passado, pelos imigrantes italianos, na Serra Gaúcha. Nessa região, já se elaborou quantidades apreciáveis de graspa. Hoje, poucas empresas se dedicam a esta atividade, e os pequenos produtores, agricultores que faziam da graspa um subproduto do vinho que elaboravam artesanalmente, ou do bagaço oriundo de empresas de maior porte, também deixaram de produzí-la. A diminuição da produção está associada a algumas causas: dificuldade de estocar o bagaço, baixo rendimento de produção, qualidade da matéria-prima e a dificuldade de conservação dos alambiques.

Não se tem precisa a quantidade de graspa consumida no Brasil e nem no Rio Grande do Sul. Várias campanhas anti-alcoolismo promoveram ataques contra o consumo da graspa, utilizando o conceito de que a mesma possuía elevado teor alcoólico. Entretanto, é importante afirmar que seu teor alcoólico, regulamentado por lei, é igual ao de outras bebidas destiladas.

Acredita-se que a graspa bem elaborada, seguindo uma tecnologia correta, pode vir a ser um produto mais popularizado, com características específicas como é na Itália, transformando-se em mais uma alternativa para o pequeno vitivinicultor.

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