Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 2
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para o Estado do Amapá
Pedro Luiz Pires de Mattos
Valéria Saldanha Bezerra

 

Importância econômica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Mudas e sementes
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Apresentação


Tradicionalmente, o cultivo da mandioca tem um papel importante no Brasil, tanto como fonte de alimento como geradora de emprego e renda, notadamente nas regiões Nordeste e Norte do Brasil. Nessas regiões, para famílias com renda mensal de menos de um salário mínimo, o consumo de farinha de mandioca representa em torno de 10% das despesas anuais com alimentação; o que ratifica a importância desse produto para a população de baixa renda.

A safra brasileira de raízes de mandioca no ano de 2001 foi de 24,48 milhões de toneladas para uma área colhida de 1,77 milhões de hectares, representando uma produtividade média de 14 toneladas por hectare. A região Norte respondeu com 26% desta safra com um total de 5,97 milhões de toneladas de raízes produzidas em uma área de cultivo de 450 mil hectares, ou seja, uma produtividade de 14,2 toneladas de raízes por hectare, um pouco acima da média nacional. No Estado do Amapá, a produtividade média é de 9,5 t/raízes/ha, bem abaixo tanto da média nacional, como da média da região Norte (IBGE, 2001).

Os municípios de maior relevância produtiva no Estado do Amapá são Macapá – que compreende as microrregiões de Bailique, Fazendinha e São Joaquim; município de Mazagão – compreendendo as microrregiões de Carvão e Mazagão Velho; o município de Oiapoque, compreendendo as microrregiões de Clevelândia e Vila Velha e o município de Laranjal do Jari (Tabela 1).

Tabela 1. Área plantada, área colhida, quantidade produzida, rendimento médio da cultura da mandioca no Estado do Amapá – 1996/2000.

1996

Área Plantada

(ha)

Área Colhida

(ha)

Quantidade Produzida

(t)

Rendimento Médio

(t/ha)

Valor da Produção

(Mil Reais)

Estado

2.503

2.485

23.305

9,378

8.568

Laranjal do Jari

-

-

-

-

-

Macapá

1.403

1.400

12.783

9,130

5.022

Mazagão

400

400

4.200

10,500

1.260

Oiapoque

350

350

3.150

9,000

1.260

1997

 

 

 

 

 

Estado

3.355

3.245

31.340

9,657

12.332

Laranjal do Jari

350

350

3.750

10,714

1.500

Macapá

1.585

1.550

14.490

9,348

5.677

Mazagão

790

785

8.400

10,700

3.360

Oiapoque

540

500

4.750

9,500

1.900

1998

 

 

 

 

 

Estado

3.550

3.550

35.500

10,000

14.146

Laranjal do Jari

383

383

4.248

11,091

1.699

Macapá

1.696

1.696

16.413

9,677

6.511

Mazagão

859

859

9.515

11,076

3.806

Oiapoque

547

547

5.380

9,835

2.152

1999

 

 

 

 

 

Estado

4.000

6.903

40.141

10,035

16.004

Laranjal do Jari

400

745

4.500

11,250

1.800

Macapá

2.130

3.791

20.870

9,798

8.296

Mazagão

880

1.426

9.520

10,818

3.808

Oiapoque

520

891

5.200

10,000

2.080

2000

 

 

 

 

 

Estado

8.602

8.317

47.500

9,500

21.549

Laranjal do Jari

918

888

4.910

10,229

2.126

Macapá

4.476

4.335

23.505

9,402

11.054

Mazagão

1.761

1.690

10.860

10,149

4.709

Oiapoque

1.215

1.190

6.530

8,945

2.938

Fonte: SIDRA/IBGE, 2002.

No Estado do Amapá (Fig. 1), geralmente o cultivo da mandioca é realizado através do sistema de agricultura migratória. Áreas de mata de terra firme são derrubadas e queimadas, para que a cultura possa ser beneficiada com a fertilidade proporcionada pela queima da vegetação. Após anos sucessivos de cultivo com a mandioca, a área torna-se improdutiva, devido ao esgotamento da fertilidade do solo, sendo abandonada pelo agricultor, que consequentemente vai à procura de novas áreas. Também áreas de várzeas altas são utilizadas para o cultivo da mandioca, aproveitando a deposição natural de nutrientes deixados pelas marés dos rios barrentos.

Uma das alternativas agrícolas do estado são as áreas de cerrado, ocupadas com plantios silviculturais como pinus e eucalipto, e que também apresentam perfil para cultivos de fruteiras. No entanto, há uma demanda para a utilização deste ecossistema para produção de culturas alimentares anuais e a mandioca, inserida neste contexto, apresenta material genético para ser utilizada potencialmente neste ecossistema.

Figura 1. Mapa do estado do Amapá


A mandioca é a mais importante atividade agrícola dos produtores amapaenses, tanto do ponto de vista social como econômico. A mandioca é cultivada pelo segmento de pequenos produtores, em que a primeira preocupação está em garantir o sustento da família e o excedente é comercializado diretamente para o consumidor nas feiras de produtores localizadas na cidade de Macapá, e/ou para atravessadores que compram a produção na propriedade. No caso de São Joaquim do Pacuí e Laranjal do Jari alguns produtores transacionam com a agroindústria das cooperativas locais, na forma de venda de raízes e/ou no sistema de "meia".

 

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