Normas
gerais sobre o uso de agrotóxicos
Toxicidade dos defensivos
agrícolas
Equipamentos de proteção
individual (EPIs)
Transporte dos agrotóxicos
Armazenamento dos agrotóxicos
Recomendações gerais
Pequenos depósitos
Receituário agronômico
Aquisição dos defensivos
agrícolas
Cuidados no manuseio dos
defensivos
Cuidados antes das aplicações
Cuidados durante as aplicações
Cuidados após as aplicações
Descarte das embalagens vazias
Causas de fracassos
no controle fitossanitário
Manutenção e lavagem
dos pulverizadores
Normas
gerais sobre o uso de agrotóxicos
Agrotóxicos são os produtos e os agentes
de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores
de produção, no armazenamento e beneficiamento dos produtos agrícolas,
nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de
outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais,
cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim
de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos (Lei
Federal 7.802 de 11.07.89).
Toxicidade
dos defensivos agrícolas
A toxicidade da maioria dos defensivos
é expressa em termos do valor da Dose Média Letal (DL50), por
via oral, representada por miligramas do produto tóxico por quilo de peso
vivo, necessários para matar 50% de ratos e outros animais testes.
Assim, para fins de prescrição das medidas
de segurança contra riscos para a saúde humana, os produtos são enquadrados
em função do DL50, inerente a cada um deles, conforme mostra
o Quadro 2.
Quadro
2. Classificação toxicológica dos agrotóxicos
em função do DL50. |
Classe
toxicológica
|
Descrição
|
Faixa
indicativa de cor
|
I
|
Extremamente tóxicos
(DL50 < 50 mg/kg
de peso vivo)
|
Vermelho vivo
|
II
|
Muito tóxicos
(DL50 – 50 a 500 mg/kg
de peso vivo)
|
Amarelo intenso
|
III
|
Moderadamente tóxicos
(DL50 – 500 a 5000
mg/kg de peso vivo)
|
Azul intenso
|
IV
|
Pouco tóxicos
(DL50 > 5000 mg/kg
de peso vivo)
|
Verde intenso
|
Equipamentos
de proteção individual (EPIs)
Os EPIs mais comumente utilizados são:
máscaras protetoras, óculos, luvas impermeáveis, chapéu impermeável de
abas largas, botas impermeáveis, macacão com mangas compridas e avental
impermeável. Os EPIs a serem utilizados são indicados via receituário
agronômico e nos rótulos dos produtos.
Recomendações relativas aos EPIs
-
devem ser utilizados em boas condições,
de acordo com a recomendação do fabricante e do produto a ser utilizado;
-
devem possuir Certificado de Aprovação
do Ministério do Trabalho;
-
os filtros das máscaras e respiradores
são específicos para defensivos e têm data de validade;
-
as luvas recomendadas devem ser resistentes
aos solventes dos produtos;
-
o trabalhador deve seguir as instruções
de uso de respiradores;
-
a lavagem deve ser feita usando luvas
e separada das roupas da família;
-
devem ser mantidos em locais limpos,
secos, seguros e longe de produtos químicos.
Transporte
dos agrotóxicos
O transporte de defensivos pode ser perigoso,
principalmente, quando as embalagens são frágeis, devendo-se tomar as
seguintes precauções:
-
evitar a contaminação do ambiente e
locais por onde transitam;
-
nunca transportar defensivos agrícolas
junto com alimentos, rações, remédios etc.;
-
nunca carregar embalagens que apresentem
vazamentos;
-
embalagens contendo defensivos e que
sejam suscetíveis a ruptura deverão ser protegidas durante seu transporte
usando materiais adequados;
-
verificar se as tampas estão bem ajustadas;
-
impedir a deterioração das embalagens
e das etiquetas;
-
evitar que o veículo de transporte
tenha pregos ou parafusos sobressalentes dentro do espaço onde devem
ser colocadas as embalagens;
-
não levar produtos perigosos dentro
da cabine ou mesmo na carroceria se nela viajarem pessoas ou animais;
-
não estacionar o veículo junto às casas
ou locais de aglomeração de pessoas ou de animais;
-
em dias de chuva sempre cobrir as embalagens
com lona impermeável se a carroceria for aberta.
Armazenamento
dos agrotóxicos
Um fator importante na armazenagem é a
temperatura no interior do depósito. As temperaturas mais altas podem
provocar o aumento da pressão interna nos frascos, contribuindo para a
ruptura da embalagem, ou mesmo, propiciando o risco de contaminação de
pessoas durante a abertura da mesma. Pode ocorrer ainda a liberação de
gases tóxicos, principalmente daquelas embalagens que não foram totalmente
esvaziadas, ou que foram contaminadas externamente por escorrimentos durante
o uso. Estes vapores ou gases podem colocar em risco a vida de pessoas
ou animais da redondeza.
Recomendações
gerais:
-
armazenar em local coberto de maneira
a proteger os produtos contra as intempéries;
-
a construção do depósito deve ser de
alvenaria, não inflamável;
-
o piso deve ser revestido de material
impermeável, liso e fácil de limpar;
-
não deve haver infiltração de umidade
pelas paredes, nem goteiras no telhado;
-
funcionários que trabalham nos depósitos
devem ser adequadamente treinados, devem receber equipamento individual
de proteção e ser periodicamente submetidos a exames médicos;
-
junto a cada depósito deve haver chuveiros
e torneira, para higiene dos trabalhadores;
-
um "chuveirinho" voltado
para cima, para a lavagem de olhos, é recomendável.
-
as pilhas dos produtos não devem ficar
em contato direto com o chão, nem encostadas na parede;
-
deve haver amplo espaço para movimentação,
bem como arejamento entre as pilhas;
-
estar situado o mais longe possível
de habitações ou locais onde se conservem ou consuma alimentos, bebidas,
drogas ou outros materiais, que possam entrar em contato com pessoas
ou animais;
-
manter separados e independentes os
diversos produtos agrícolas;
-
efetuar o controle permanente das datas
de validade dos produtos;
-
as embalagens para líquido devem ser
armazenadas com o fecho para cima;
-
os tambores ou embalagens de forma
semelhante não devem ser colocados verticalmente sobre os outros que
se encontram horizontalmente ou vice-versa;
-
deve haver sempre disponibilidade de
embalagens vazias, como tambores, para o recolhimento de produtos
vazados;
-
deve haver sempre um adsorvente como
areia, terra, pó de serragem ou calcário para adsorção de líquidos
vazados;
-
deve haver um estoque de sacos plásticos,
para envolver adequadamente embalagens rompidas;
-
nos grandes depósitos é interessante
haver um aspirador de pó industrial, com elemento filtrante descartável
para se aspirar partículas sólidas ou frações de pós vazados;
-
se ocorrer um acidente que provoque
vazamentos, tomar medidas para que os produtos vazados não alcancem
fontes de água, não atinjam culturas, e que sejam contidos no menor
espaço possível. Recolher os produtos vazados em recipientes adequados.
Se a contaminação ambiental for significativa, avisar as autoridades,
bem como alertar moradores vizinhos ao local.
Pequenos
depósitos
-
não guardar defensivos agrícolas ou
remédios veterinários dentro de residências ou de alojamento de pessoal;
-
não armazenar defensivos nos mesmos
ambientes onde são guardados alimentos, rações ou produtos colhidos;
-
se defensivos forem guardados num galpão
de máquinas, a área deve ser isolada com tela ou parede, e mantida
sob chave;
-
não fazer estoque de produtos além
das quantidades previstas para uso a curto prazo, como uma safra agrícola;
-
todos os produtos devem ser mantidos
nas embalagens originais. Após remoção parcial dos conteúdos, as embalagens
devem ser novamente fechadas;
-
no caso de rompimento de embalagens,
estas devem receber uma sobrecapa, preferivelmente de plástico transparente
para evitar a contaminação do ambiente. Deve permanecer visível o
rótulo do produto;
-
na impossibilidade de manutenção na
embalagem original, por estar muito danificada, os produtos devem
ser transferidos para outras embalagens que não possam ser confundidas
com recipientes para alimentos ou rações. Devem ser aplicadas etiquetas
que identifiquem o produto, a classe toxicológica e as doses a serem
usadas para as culturas em vista. Essas embalagens de emergência não
devem ser mais usadas para outra finalidade.
Receituário
agronômico
-
somente os engenheiros agrônomos e
florestais, nas respectivas áreas de competência, estão autorizados
a emitir a receita. Os técnicos agrícolas podem assumir a responsabilidade
técnica de aplicação, desde que o façam sob a supervisão de um engenheiro
agrônomo ou florestal (Resolução CONFEA No 344 de
27-07-90).
-
para a elaboração de uma receita é
imprescindível que o técnico vá ao local com problema para ver, avaliar,
medir os fatores ambientais, bem como suas implicações na ocorrência
do problema fitossanitário e na adoção de prescrições técnicas.
-
as receitas só podem ser emitidas para
os defensivos registrados na Secretaria de Defesa Agropecuária - DAS
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que poderá
dirimir qualquer dúvida que surja em relação ao registro ou à recomendação
oficial de algum produto.
Aquisição
dos defensivos agrícolas
-
procurar orientação técnica com o engenheiro
agrônomo ou florestal;
-
solicitar o receituário agronômico,
seguindo-o atentamente;
-
adquirir o produto em lojas cadastradas
e de confiança;
-
verificar se é o produto recomendado
(nome comercial, ingrediente ativo e concentração);
-
observar a qualidade da embalagem,
lacre, rótulo e bula;
-
o prazo de validade, o número de lote
e a data de fabricação devem estar especificados;
-
exigir a nota fiscal de consumidor
especificada.
Cuidados
no manuseio dos defensivos
O preparo da calda é uma das operações
mais perigosas para o homem e o meio ambiente, pois o produto é manuseado
em altas concentrações. Normalmente esta operação é feita próximo a fontes
de captação de água, como poços, rios, lagos, açudes etc. Geralmente ocorrem
escorrimentos e respingos que atingem o operador, a máquina, o solo e
o sistema hídrico, promovendo desta forma a contaminação de organismos
não alvos, principalmente daqueles que usarão a água para sua sobrevivência.
Cuidados
antes das aplicações
Siga sempre orientação de um técnico para
programar os tratamentos fitossanitários.
Leia atentamente as instruções constantes
do rótulo do produto e siga-as corretamente.
O rótulo das embalagens deve conter as
seguintes informações:
-
a dosagem a ser aplicada;
- número e intervalo entre aplicações;
- período de carência;
- culturas, pragas, patógenos etc. indicados;
- DL50;
- classe toxicológica;
- efeitos colaterais no homem, animal, planta e meio ambiente;
- recomendações gerais em caso de envenenamento;
- persistência (tempo envolvido na degradação do produto);
- modo de ação do produto;
- formulação;
- compatibilidade com outros produtos químicos e nutrientes.
Precauções:
-
inspecione sempre o plantio;
-
abra as embalagens com cuidado, para
evitar respingo, derramamento do produto ou levantamento de pó;
-
mantenha o rosto afastado e evite respirar
o defensivo, manipulando o produto de preferência ao ar livre ou em
ambiente ventilado;
-
evitar o acesso de crianças, pessoas
desprevenidas e animais aos locais de manipulação dos defensivos;
-
não permita que pessoas fracas, idosas,
gestantes, menores de idade e doentes, apliquem defensivos. As pessoas
em condições de aplicarem defensivos devem ter boa saúde, serem ajuizadas
e competentes;
-
estar sempre acompanhado quando estiver
usando defensivos muito fortes;
-
verifique se o equipamento está em
boas condições;
-
use aparelhos sem vazamento e bem calibrados,
com bicos desentupidos e filtros limpos;
-
use vestuários EPIs durante a manipulação
e aplicação de defensivos. Após a operação, todo e qualquer equipamento
de proteção deverá ser recolhido, descontaminado, cuidadosamente limpo
e guardado.
Cuidados
durante as aplicações
-
não pulverizar árvores estando embaixo
delas;
-
evitar a contaminação das lavouras
vizinhas, pastagens, habitações etc.;
-
não aplique defensivos agrícolas em
locais onde estiverem pessoas ou animais desprotegidos;
-
não aplique defensivos nas proximidades
de fontes de água;
-
não fume, não beba e não coma durante
a operação sem antes lavar as mãos e o rosto com água e sabão;
-
não use a boca - nem tampouco arames,
alfinetes ou objetos perfurantes - para desentupir bicos, válvulas
e outras partes dos equipamentos;
-
não aplique defensivos quando houver
ventos fortes, aproveite as horas mais frescas do dia;
-
não fazer aplicações contra o sentido
do vento;
-
não permitir que pessoas estranhas
ao serviço fiquem no local de trabalho durante as aplicações;
-
evitar que os operários durante a operação
trabalhem próximo uns dos outros.
Cuidados
após as aplicações
-
as sobras de produtos devem ser guardadas
na embalagem original, bem fechadas;
-
não utilize as embalagens vazias para
guardar alimentos, rações e medicamentos; queime-as ou enterre-as;
-
não enterre as embalagens ou restos
de produto junto às fontes de água;
-
queime somente quando o rótulo indicar
e evite respirar a fumaça;
-
respeite o intervalo recomendado entre
as aplicações;
-
respeite o período de carência;
-
não lave equipamentos de aplicações
em rios, riachos, lagos e outras fontes de água;
-
evite o escoamento da água de lavagem
do equipamento de aplicações ou das áreas aplicadas para locais que
possam ser utilizados pelos homens e animais;
-
ao terminar o trabalho, tome banho
com bastante água fria e sabão. A roupa de serviço deve ser trocada
e lavada diariamente.
Descarte
das embalagens vazias
O destino das embalagens vazias é atualmente
regulamentado por lei e de responsabilidade do fabricante do produto,
que periodicamente deve recolhê-las.
Causas
de fracassos no controle fitossanitário
-
aplicação de defensivos deteriorados.
O defensivo pode deteriorar-se pelas condições de armazenagem e preparo;
-
uso de máquinas e técnicas de aplicação
inadequadas;
-
não observância dos programas de tratamento,
tanto no que diz respeito à época, intervalo, como em número de aplicações;
-
escolha errônea dos defensivos.
-
início do tratamento depois que grande
parte da produção já está seriamente comprometida;
-
confiança excessiva nos métodos de
controle químico.
Manutenção
e lavagem dos pulverizadores
A manutenção e limpeza dos aparelhos que
aplicam defensivos, devem ser realizadas ao final de cada dia de trabalho
ou a cada recarga com outro tipo de produto, tomando os seguintes cuidados:
-
colocar os EPIs recomendados;
-
após o uso, certificar de que toda
a calda do produto foi aplicada no local recomendado;
-
junto com a água de limpeza, colocar
detergentes ou outros produtos recomendados pelos fabricantes;
-
repetir o processo de lavagem com
água e com o detergente por no mínimo, mais duas vezes;
-
desmontar o pulverizador, removendo
o gatilho, molas, agulhas, filtros e ponta, colocando-os em um balde
com água;
-
limpar também o tanque, as alças
e a tampa, com esponjas, escovas e panos apropriados;
-
certificar-se de que o pulverizador
está totalmente vazio;
-
verificar se a pressão dos pneus
é a correta, se os parafusos de fixação apresentam apertos adequados,
se a folga das correias é a conveniente etc.;
-
verificar se há vazamento na bomba,
nas conexões, nas mangueiras, registros e bicos, regulando a pressão
de trabalho para o ponto desejado, utilizando-se somente a água
para isso;
-
destravar a válvula reguladora de
pressão, quando o equipamento estiver com a bomba funcionando sem
estar pulverizando. O mesmo procedimento deverá ser seguido nos
períodos de inatividade da máquina;
-
no preparo da calda, utilizar somente
água limpa, sem materiais em suspensão, especialmente areia;
-
regular o equipamento, sempre que
o gasto de calda variar de 15% em relação ao obtido com a calibração
inicial;
-
trocar os componentes do bico sempre
que a sua vazão diferir de 5% da média dos bicos da mesma especificação.
|