Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 11
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para a Região dos Tabuleiros Costeiros
Jayme de Cerqueira Gomes
Edna Castilho Leal

Início

Importância econômica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Mudas e sementes
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Mandioca na alimentação animal
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Colheita e Pós-colheita

 
Colheita 


O início da colheita da mandioca depende de fatores como: 1) técnicos – a) ciclo das cultivares (precoces - 10-12 meses; semiprecoces - 14-16 meses; e tardias - 18-20 meses); b) ocorrências observadas ao longo do ciclo de cada cultivar ou de cada gleba, como o ataque de pragas ou doenças, que podem antecipar ou retardar a colheita; c) condições em que se encontram as diferentes áreas de mandioca na ocasião da colheita, como o grau de infestação de plantas daninhas e a recuperação das plantas, por exemplo, do ataque de mandarovás e/ou de ácaros, já tendo ocorrido a reposição do amido consumido na reconstituição da parte aérea danificada; e d) sistema de plantio em relação às condições de umidade do solo, pois nas culturas instaladas em covas ou camalhões as raízes de reserva se desenvolvem mais superficialmente em relação ao nível do solo, o que não acontece quando o plantio é em sulcos; 2) ambientais – a) condições de solo e clima, que determinam as facilidades e dificuldades para o arranquio das plantas. Nas regiões em que se predominam indústrias de produtos de mandioca, a colheita é feita geralmente nos períodos secos e quentes ou secos e frios, entre as estações chuvosas, pois as raízes apresentam suas qualidades desejáveis em seu mais alto grau. Na Região Nordeste, onde a mandioca é considerada produto de subsistência, a colheita ocorre o ano inteiro, para atender ao consumo e à comercialização nas feiras livres; e b) estado das estradas e dos caminhos de acesso ao mandiocal; e 3) econômicos – a) situação do mercado e dos preços dos produtos; b) disponibilidade de mão-de-obra e de recursos de apoio, pois a colheita da mandioca é a operação do sistema de produção que requer maior emprego do elemento humano. Um homem colhe 600 a 800 kg de raízes de mandioca numa jornada de trabalho de oito horas, podendo alcançar até 1.000 kg se o mandiocal estiver em solo mais arenoso, limpo e com boa produção por planta; e c) premência de tempo, casos em que  compromissos financeiros ou de âmbito contratual devem ser satisfeitos dentro da época preestabelecida, apesar de não combinarem com a época da colheita da mandioca.

As épocas mais indicadas para colher a mandioca são aquelas em que as plantas encontram-se em período de repouso, ou seja, quando pelas condições de clima e do ciclo elas  diminuíram o número e o tamanho das folhas e dos lobos foliares e atingiram o máximo de produção de raízes com elevado teor de amido. Embora já existam implementos mecanizados de fabricação nacional, a colheita da mandioca é primordialmente manual e/ou com auxílio de implementos constando de duas etapas: a) poda das ramas, efetuada a uma altura de 20 a 30 cm acima do nível do solo; e b) arranquio das raízes, com a ajuda de ferramentas, a depender das condições de umidade e/ou características do solo. Após o arranquio ou colheita das raízes, estas são amontoadas em pontos na área a fim de facilitar o recolhimento pelo veículo transportador, devendo-se evitar que permaneçam no campo por mais de 24 horas entre a colheita e a transformação para que não ocorra a deterioração fisiológica e/ou microbiológica. O transporte das raízes do campo até o local do beneficiamento é feito das mais diferentes formas, a depender da distância e do volume de raízes por meio de cestos, panacus, carroças, caixas, sacos, grades de madeira etc. No Paraná e Mato Grosso do Sul utilizam-se bolsões de lona conhecidos por “big bag”  para grandes carregamentos de raízes. Esses bolsões são distribuídos na área para colocação das raízes, mais ou menos 800 kg, e um trator equipado com sistema hidráulico eleva as bolsas para cima dos caminhões, ocasião em que um operário desfaz o nó e as raízes caem dentro da carroceria do caminhão.

Pós-colheita

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As raízes da mandioca constituem excelente fonte energética, onde estão também presentes compostos cianogênicos potenciais, que oferecem riscos à saúde em caso de processamento inadequado. As raízes de mandioca podem ser usadas para consumo de mesa (“aipim” ou “mandioca mansa”, com baixo teor de compostos cianogênicos potenciais – concentração menor que 100 ppm) ou de forma industrial (“mandioca” ou “mandioca brava”, com alto teor de compostos cianogênicos potenciais – concentração maior que 100 ppm).

Em termos tecnológicos, o escurecimento enzimático é um fator importante a ser considerado no processamento. Após a colheita e após o descascamento, inicia-se esse processo de deterioração de forma mais intensa, que pode ser evitado com a aplicação de tratamentos antioxidantes (por exemplo, por imersão em solução diluída de ácidos orgânicos) e/ou branqueamento (tratamento térmico brando).

Os principais produtos derivados do “aipim” ou “mandioca mansa” são o minimamente processado ou os processados como mandioca pré-cozida congelada ou frita, como os “chips”, por exemplo (Figura 7).

Os principais produtos derivados da “mandioca” ou “mandioca brava” são a farinha seca (Figura 8) e farinha d’água (Figura 9), fécula ou polvilho doce (Figura 10) e polvilho azedo.

Figura 7. Fluxograma geral do processa-mento de mandioca para produ-ção de mandioca frita.

Figura 8. Fluxograma geral do processa-mento de mandioca para produção de farinha seca.

 

Figura 9. Fluxograma geral do processa-mento de mandioca para produ-ção de farinha d’água. Figura 10. Fluxograma geral do processa-mento de mandioca.

 

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