Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 11
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para a Região dos Tabuleiros Costeiros
Jayme de Cerqueira Gomes
Edna Castilho Lea

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Manejo de plantas daninhas

As plantas daninhas concorrem com a cultura da mandioca, pelos fatores de produção, principalmente por água e nutrientes, diminuindo consideravelmente a produtividade da cultura. O grau dessa competição depende das espécies, da densidade populacional e, principalmente, do período que permanecem vegetando juntas, podendo causar perdas de até 90% na produtividade.

Dentre os custos de produção, o mais elevado é o da mão-de-obra para o controle de plantas daninhas, demandando em média  50 % de toda aquela requerida no ano agrícola, devido ao crescimento inicial muito lento da mandioca, demorando para a cultura “fechar” e cobrir o solo, e representando  35 a 40 % do custo total de produção.

A colheita manual quando realizada com a cultura no limpo apresenta-se, normalmente, com rendimentos da ordem de 1.000 a 1.500 kg/homem/dia; já se realizada com a cultura no mato, principalmente em áreas de Brachiaria decumbens, dificilmente este rendimento ultrapassará os 500 kg/homem/dia;


Matointerferência - período crítico

Para a elaboração de um programa de controle de plantas daninhas, participação no manejo integrado de pragas (MIP) e na redução da perda de solo e água por escoamento provocando erosão, é muito importante saber em que época ou período do ciclo da mandioca há maior competição do mato pelos fatores de crescimento.

Para as condições dos tabuleiros costeiros esse período inicia-se dos 20 a 30 dias após o brotamento da cultura, extendendo-se até 150 dias após plantio, exigindo nessa fase do ciclo um período médio de 100 dias livre da interferência do mato.

Esse conhecimento permite também ao produtor a racionalização dos recursos disponíveis e, conseqüentemente, redução dos custos de produção, evitando gastos com limpas desnecessárias.


Principais plantas daninhas que ocorrem na cultura da mandioca

Levantamentos realizados nos Estados de Minas Gerais e Bahia  identificaram mais de duzentas espécies, representando mais de 100 gêneros pertencentes a mais de 40 famílias entre mono e dicotiledôneas. As de maior ocorrência foram Compositae, Gramineae, Leguminosae, Rubiaceae, Malvaceae, Euphorbiaceae, Convolvulaceae, Portulacaceae, Amaranthaceae, Commelinaceae, Cyperaceae e Molluginaceae.

Cada região e ecossistema tem sua peculiaridade quanto às plantas daninhas predominantes, ainda que existam muitas delas comuns às diversas regiões mandioqueiras do Brasil. Na Tabela 3 são apresentadas as plantas daninhas de maior ocorrência na cultura da mandioca.

Tabela 3.Relação das plantas daninhas que ocorrem na cultura da mandioca.

FAMÍLIAS

NOMES CIENTÍFICOS

NOMES POPULARES

Compositae

Acanthospermum australe

Carrapicho rasteiro

 

Acanthospermum hispidum

Carrapicho-de-carneiro

 

Eupatorium ballataefolium

Eupatori

 

Eupatorium laevigatum

Eupatorio

 

Blainvillea rhomboidea

Picão grande

 

Centratheum punctatum

Perpétua

 

Ageratum conyzoides

Mentrasto

 

Bidens pilosa

Picão preto

 

Sonchus oleraceus

Serralha

 

Emilia sonchifolia

Falsa serralha

 

Tagetes minuta

Cravo de defunto

 

Galinsoga parviflora

Picão branco

 

Galinsoga ciliata

Picão branco, fazendeiro

Gramineae

Brachiaria plantaginea

Capim marmelada

 

Rhynchelytrum repens

Capim favorito

 

Pennisetum setosum

Capim oferecido

 

Leptocloa filiformis

Capim mimoso

 

Echinochloa colonum

Capim coloninho

 

Digitaria horizontalis

Capim colchão

 

Setaria vulpiseta

Capim rabo-de-raposa

 

Eleusine indica

Capim pé-de-galinha

Leguminosae

Senna occidentalis

Fedegoso

Malvaceae

Sida spinosa

Guanxuma, malva

 

Sida rhombifolia

Guanxuma, relógio

 

Sida cordifolia

Malva branca

Rubiaceae

Borreria verticillata

Vassourinha de botão

 

Mitracarpus hirtu

Poaia da praia

 

Diodia teres

Mata pasto

 

Richardia brasiliensis

Poaia branca

 

Borreria alata

Erva quente

 

Richardia scabra

Poaia do cerrado

Euphorbiaceae

Croton lobatus

Café bravo

 

Euphorbia heterophylla

Amendoim bravo

 

Phyllanthus tenellus

Quebra-pedra

Euphorbiaceae

Euphorbia pilulifera

Erva-de-santa-luzia

 

Euphorbia prostata

Quebra-pedra rasteiro

 

Euphorbia brasiliensis

Leiteira

Convolvulaceae

Ipomoea sp.

Corda-de-viola

 

 

 

Portulacaceae

Portulaca oleracea

Beldroega

Amaranthaceae

Amaranthus viridis

Caruru verde

 

Amaranthus spinosus

Caruru-de-espinho

 

Amaranthus hybridus

Caruru roxo

 

Alternanthera tenella

Apaga fogo

Commelinaceae

Commelina benghalensis

Trapoeraba, marianinha

 

Commelina difusa

Trapoeraba, marianinha

Cyperaceae

Cyperus rotundus

Tiririca roxa

 

Cyperus esculentus

Tiriricão, tiririca amarela

Molluginaceae

Mollugo verticillata

Cabelo de guia

Fonte: Alcântara & Carvalho (1983); Gavilanes et al. (1991) e Azevêdo et al. (1999).


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