Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 11
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para a Região dos Tabuleiros Costeiros
Jayme de Cerqueira Gomes
Edna Castilho Leal

Início

Importância econômica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Mudas e sementes
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Mandioca na alimentação animal
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Plantio


Época de plantio

A época de plantio adequada é importante para a produção da mandioca, principalmente pela relação com a presença de umidade no solo, necessária para brotação das manivas e enraizamento. A falta de umidade durante os primeiros meses após o plantio causa perdas na brotação e na produção, enquanto que o excesso, em solos mal drenados, favorece a podridão de raízes. A escolha da época de plantio adequada ainda pode reduzir o ataque de pragas e doenças e a competição das ervas daninhas.

O plantio é normalmente feito no início da estação chuvosa, quando a umidade e a temperatura tornam-se elementos essenciais para a brotação e enraizamento. É importante conectar a época de plantio com a disponibilidade de manivas, sejam elas recém-colhidas, o que é melhor, ou armazenadas. Nos cultivos industriais de mandioca é necessário combinar as épocas de plantio com os ciclos das cultivares e com as épocas de colheita, visando garantir um fornecimento contínuo de matéria-prima para o processamento industrial.

Devido a extensão territorial do Brasil, as condições ideais para o plantio de mandioca não coincidem para as diferentes regiões. Para a região dos Tabuleiros Costeiros recomenda-se o plantio de mandioca entre os meses de março e agosto.


Espaçamento e plantio

A utilização do espaçamento adequado associado a outras práticas de cultivo contribui para a obtenção de rendimentos elevados.

No cultivo da mandioca o espaçamento depende da fertilidade do solo, do porte da variedade, do objetivo da produção (raízes ou ramas), dos tratos culturais e do tipo de colheita (manual ou mecanizada).

De maneira geral, recomenda-se os espaçamentos de 0,80 a 1,50 m entre linhas e 0,50 a 1,00 m entre plantas em fileiras simples, e 2,00 x 0,60 x 0,60 m, em fileiras duplas. Em solos mais férteis deve-se aumentar a distância entre fileiras simples para 1,20 m, proporcionando uma maior área de exploração por planta. Enquanto que nas áreas de menor fertilidade a tendência é reduzir o espaçamento, proporcionado uma maior população, compensando a menor produção por planta com um maior número de plantas.  Em plantios destinados à produção de ramas para ração animal recomenda-se um espaçamento mais estreito, com 0,80  a 1,00 m entre linhas e 0,50 m entre plantas. Com essa redução no espaçamento as plantas apresentam uma tendência a desenvolver uma parte aérea mais tenra, facilitando seu uso na alimentação de animais tanto na forma fresca como seca ao sol.   Quando o plantio e/ou a colheita for mecanizada, a distância entre as linhas deve apresentar um afastamento que permita a movimentação das máquinas. Se as capinas forem mecanizadas, deve-se adotar um espaçamento que permita a livre circulação das máquinas sem danificar as plantas; nesse caso, a distância entre fileiras duplas deve ser de 2,00 m, no caso do uso de tratores pequenos, ou de 3,00 m, para uso de tratores maiores. Nos pequenos cultivos, capinados à enxada, deve-se usar espaçamento mais estreito, facilitando  a cobertura do solo mais rapidamente dificultando o desenvolvimento das ervas daninhas.

O espaçamento em fileiras duplas oferece as seguintes vantagens: a) facilita a mecanização; b) facilita a consorciação; c) reduz o consumo de manivas, de adubos, mão de obra com plantio e colheita; d) permite a rotação de culturas pela alternância das fileiras; e) reduz a pressão de cultivo sobre o solo; e g) facilita a inspeção fitossanitária e a aplicação de defensivos.

Quanto ao plantio da mandioca, em solos não sujeitos a encharcamento pode ser feito em covas preparadas com enxada ou em sulcos construídos com enxada, sulcador a tração animal ou motomecanizados. Tanto as covas quanto os sulcos devem ter aproximadamente 10 cm de profundidade. As plantadeiras mecanizadas disponíveis no mercado fazem de uma só vez as operações de sulcamento, adubação, plantio e cobertura das manivas. Em solos argilosos recomenda-se o plantio em cova alta ou matumbo, que são pequenas elevações de terra, de forma cônica, construídas com enxada, ou em leirões, que são elevações contínuas de terra, que podem ser construídos com enxada ou arados.

As manivas-semente, estacas ou rebolos podem ser plantadas em três posições: vertical, inclinada ou horizontal. A maneira mais adotada é a horizontal, porque facilita a colheita das raízes por apresentar um desenvolvimento superficial, colocando-se as manivas no fundo das covas ou dos sulcos. Quando se usa a plantadeira mecanizada, as manivas também são colocadas na posição horizontal. Enquanto posições inclinada e vertical são menos difundidas porque as raízes aprofundam mais, dificultando a colheita.


Consorciação

O cultivo da mandioca no Nordeste é feito em sua quase totalidade em sistemas associados, devido principalmente a predominância de propriedades que requerem um uso mais intensivo do capital de mão-de-obra.

Amplamente utilizado pelos pequenos produtores das regiões tropicais, o cultivo consorciados apresenta, sobre o monocultivo, as vantagens de promover garantia de uma maior estabilidade de produção, melhor utilização da terra,  melhor utilização da força de trabalho, maior eficiência no controle de ervas daninhas e disponibilidade de mais de uma fonte alimentar.

Sistema de plantio em fileiras simples

O plantio de uma ou mais culturas entre as fileiras de mandioca apresenta o inconveniente da concorrência intra e interespecífica e da impossibilidade de se fazer mais de um cultivo intercalar durante o ciclo da mandioca. Nesse caso, a consorciação reduz as produtividades das culturas componentes dos sistemas.

  • Mandioca + feijão Phaseolus ou Vigna

É o consórcio mais usado pelos agricultores nordestinos. A escolha da espécie de feijão varia com o local e a região.

O feijão é plantado intercalado nas fileiras de mandioca, cujo espaçamento varia desde 1,00 x 0,50 m até 2,00 x 1,00 m, dependendo do número de fileiras de feijão intercaladas e da espécie. Em geral, o número de fileiras de feijão entre as plantas de mandioca é de uma ou duas no espaçamento de 0,60 m, com 15 sementes por metro linear de sulco, ou 0,50 x 0,20 m, com duas sementes por cova em plantio simultâneo. 

  • Mandioca + milho

O consórcio mandioca + milho é também bastante usado no Brasil, normalmente plantando-se uma fileira de milho entre duas de mandioca, no espaçamento de 1,00 m entre as fileiras do milho e de 0,20 m a 0,40 m entre covas na linha.

  • Mandioca + milho + feijão

A utilização seimultânea de três espécies em sistema de cultivo consorciado é amplamente definitivo, e apresenta variações de acordo com a região.

Esse sistema de consórcio triplo também é muito utilizado, plantando-se uma ou duas fileiras de milho entre duas de mandioca, alternadas com fileiras de feijão apresentando variações de acordo com a região.  As fileiras de feijão devem ser dispostas alternadamente em relação com as de milho.

Sistema de plantio em fileiras duplas

O plantio em fileiras duplas é uma prática onde se aproximam as fileiras de mandioca de maneira que, entre cada dupla, fique um espaço maior que o convencional.  Desta maneira, nos espaços livres entre as fileiras duplas pode-se cultivar outras culturas sem prejuízo na produtividade das culturas consorte.

Tem a vantagem de racionalizar o consórcio, pelo uso dos espaços livres que existem entre cada fileira dupla da mandioca, nos quais é possível se fazer até dois plantios de culturas de ciclo curto durante o ciclo da mandioca. O melhor espaçamento em fileiras duplas é de 2,00 x 0,60 x 0,60 m.

  • Mandioca + feijão Phaseolus ou Vigna

Plantar três fileiras de feijão no espaço livre entre as fileiras duplas, no espaçamento de 0,50 m entre fileiras e 0,20 m entre covas, com duas sementes por cova sendo possível realizar dois plantios, durante um ciclo da mandioca bastando para isto que a mandioca tenha um ciclo de 18 meses. Plantios com esta cultura deve ser realizado simultaneamente ou até 30 dias após o plantio da mandioca.  Para variedades de crescimentos determinado é possível. No caso de variedades de crescimento indeterminado, pode-se utilizar duas fileiras de feijão.

  • Mandioca + milho

Colocar duas fileiras de milho entre cada fileira dupla de mandioca, no espaçamento de 1,00 m entre fileiras e 0,50 m entre covas, em plantio simultâneo.  Para o sistema consorciado mandioca x milho, não se recomenda o segundo plantio da gramínea, pois prejudica muito a mandioca.

  • Mandioca + amendoim

Utilizar três fileiras de amendoim entre cada fileira dupla de mandioca, com espaçamento de 0,50 m entre fileiras e 0,10 m entre covas, colocando-se duas plantas/cova.

Copyright © 2003, Embrapa

Topo da Página