Embrapa Mandioca e Fruticultura
Sistemas de Produção, 11
ISSN 1678-8796 Versão eletrônica
Jan/2003
Cultivo da Mandioca para a Região dos Tabuleiros Costeiros
Jayme de Cerqueira Gomes
Edna Castilho Leal

Início

Importância econômica
Clima
Solos
Adubação
Cultivares
Mudas e sementes
Plantio
Irrigação
Tratos culturais
Plantas daninhas
Doenças
Pragas
Uso de agrotóxicos
Colheita e pós-colheita
Mandioca na alimentação animal
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências bibliográficas
Glossário


Expediente

Importância Econômica


O Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de mandioca (13,46% do total), que é cultivada em todos os continentes, tendo papel importante na alimentação humana e animal, como matéria-prima em inúmeros produtos industriais e na geração de emprego e de renda. Estima-se que na fase de produção primária e no processamento de farinha e fécula são gerados um milhão de empregos diretos, e que a atividade mandioqueira proporciona receita bruta anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares e uma contribuição tributária de 150 milhões de dólares; a produção que é transformada em farinha e fécula gera, respectivamente, receitas equivalentes a 600 milhões e 150 milhões de dólares.A produção nacional da cultura, projetada pela CONAB para 2002, será de 22,6 milhões de toneladas de raízes, numa área plantada de 1,7 milhões de hectares, com rendimento médio de 13,3 t/ha. Dentre os principais estados produtores em 2001 destacam-se: Bahia (21,92%), Pará (21,58%), Paraná (19,99%), Rio Grande do Sul (6,86%) e Amazonas (5,06%), que respondem por 75,41% da produção do país. A Região Nordeste sobressai-se com uma participação de 34,76% da produção nacional, porém com rendimento médio de apenas 11 t/ha, as demais regiões participam com 25,71% (Norte), 25,03% (Sul), 9,22% (Sudeste) e 5,28% (Centro-Oeste). As Regiões Norte e Nordeste destacam-se como principais consumidoras, sob a forma de farinha. No Sul e Sudeste, com rendimentos médios de 19 t/ha e 16 t/ha, respectivamente, a maior parte da produção é para a indústria, principalmente no Paraná, São Paulo e Minas Gerais. É importante também destacar o crescimento da atividade no Mato Grosso do Sul.O ecossistema dos Tabuleiros Costeiros estende-se desde o Amapá até o Rio de Janeiro, ocupando uma área de cerca de 20 milhões de hectares, dos quais metade encontra-se na Região Nordeste, correspondendo a cerca de 16% da área total dos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará (Figura 1). Esse ecossistema apresenta grande potencialidade para uso agrícola, principalmente para a produção de alimentos, devido à topografia plana a suavemente ondulada, que favorece a mecanização, e ao mercado consumidor que os grandes centros urbanos, localizados nos tabuleiros, representam. No entanto, os solos desse ecossistema apresentam várias limitações agrícolas como baixa fertilidade natural, aumento da acidez com a profundidade, caráter álico, baixa CTC, baixa saturação por bases e baixa capacidade de retenção de água. Embora considerados profundos, a presença de horizontes coesos reduz a profundidade efetiva, prejudicando a dinâmica da água no perfil e, principalmente, o aprofundamento do sistema radicular. A má distribuição das chuvas no ecossistema, com a presença de períodos de estiagens, agrava ainda mais as limitações dos solos. Os solos mais dominantes na região são os Argissolos Amarelos (Podzólicos Amarelos) e os Latossolos Amarelos (Latossolos Amarelos).Estima-se que cerca de 33% da área plantada e de 43% da produção de mandioca na Região Nordeste estão localizados no ecossistema dos Tabuleiros Costeiros.O consumo per capita mundial de mandioca e derivados, em 1996, foi de 17,4 kg/hab/ano, sendo de 50,6 kg/hab/ano no Brasil. Os países da África destacam-se nesse aspecto, sendo que a República Democrática do Congo, República do Congo e Gana apresentaram, respectivamente, valores de 333,2, 281,1 e 247,2 kg/hab/ano.

Figura 1. Área ocupada pelos Tabuleiros Costeiros na Região Nordeste do Brasil, de cerca de 10 milhões de hectares (Silva et al., 1993).

Em função do tipo de raiz a mandioca pode ser classificada em: 1) de “mesa” - é comercializada na forma in natura; e 2) para a indústria, transformada principalmente em farinha, que tem uso essencialmente alimentar, e fécula que, junto com seus produtos derivados, têm competitividade crescente no mercado de amiláceos para a alimentação humana, ou como insumos em diversos ramos industriais tais como o de alimentos embutidos, embalagens, colas, mineração, têxtil e farmacêutica (Figura 2).

Figura 2. Potencialidades de uso do amido no Brasil

O mercado internacional de mandioca, sem considerar o comércio interno na União Européia, movimentou, em média/ano, até 1993, cerca de 10 milhões de  toneladas de produtos derivados ("pellets" e farinha de soja/mandioca), sendo equivalente a mais de U$ 1 bilhão de dólares. A produção brasileira de mandioca é praticamente consumida no mercado interno, com cerca de 0,3% da produção nacional sendo exportados nos últimos 10 anos.

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