O
Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo e cresce a uma taxa
anual de 4%, superior à de todos os países que ocupam os primeiros
lugares. Respondemos por 66% do volume total de leite produzido nos
países que compõem o Mercosul. Pelo faturamento de alguns produtos da
indústria brasileira de alimentos na última
década, pode-se avaliar a importância relativa do produto
lácteo no contexto do agronegócio nacional, registrando 248% de
aumento contra 78% de todos os segmentos.
O
leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da
agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionais
como café beneficiado e arroz. O Agronegócio do Leite e seus derivados
desempenham um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração
de emprego e renda para a população. Para cada real de aumento na
produção no sistema agroindustrial do leite, há um crescimento de,
aproximadamente, cinco reais no aumento do Produto Interno Bruto –
PIB, o que coloca o agronegócio do leite à frente de setores
importantes como o da siderurgia e o da indústria têxtil.
Se
acrescentarmos a importância nutritiva do leite como alimento,
estaremos diante de um dos produtos mais importantes da agropecuária
brasileira. O leite é rico em uma grande quantidade de nutrientes
essenciais ao crescimento e à manutenção de uma vida saudável. A
indústria de laticínios tem potencializado o valor nutritivo do
produto. Existem no mercado uma série de bebidas lácteas enriquecidas
com vitaminas, minerais e ômegas, assim como leites especiais para as
pessoas que não conseguem digerir a lactose.
Embora
seja essencial para crianças até os 12 anos, é um erro pensar que o
leite não é importante na fase adulta. Beber três copos por dia
garante uma vida saudável na maturidade e ajuda a evitar problemas na
terceira idade. Estudos provam que o seu consumo diário reduz a
incidência de osteoporose.
Além
da sua importância nutritiva, o leite
desempenha um relevante papel social,
principalmente na geração de empregos. O País tem, hoje, acima de um
milhão e cem mil propriedades que exploram leite, ocupando diretamente
3,6 milhões de pessoas. Para ter-se uma idéia mais objetiva do impacto
deste setor na nossa economia, a elevação na demanda final por
produtos lácteos em um milhão de reais gera 195 empregos permanentes.
Este impacto supera o de setores tradicionalmente importantes como o
automobilístico, o de construção civil, o siderúrgico e o
têxtil. Numa análise retrospectiva, a produção brasileira de leite nos
últimos 25 anos aumentou
150%. Passamos de 8 bilhões (1975) para 23 bilhões de litros (2004).
Para
esse significativo crescimento, não podemos desconsiderar a abertura
de novas fronteiras, como a Região do Cerrado (especialmente Goiás) e
as Regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba em Minas Gerais, além
de outras regiões emergentes como Rondônia, Mato Grosso e sul do Pará.
O ganho na produtividade também contribuiu para este aumento. No
início da década de 1970, a produtividade do rebanho leiteiro nacional
era inferior a 700 litros por vaca ordenhada por ano; um número que
praticamente dobrou no final dos anos 90. Estes índices referem-se a
dados agregados, provenientes de rebanhos leiteiros especializados e
rebanhos de dupla-aptidão. Em bacias leiteiras tradicionais e
propriedades com rebanhos especializados para leite, temos registros
de produtividade anual cinco vezes superior à registrada 25 anos
atrás.
É
seguro afirmar que os ganhos de produtividade advêm, basicamente, da
adoção de tecnologias que melhoram a eficiência do uso dos fatores de
produção. O melhoramento na genética de nossos rebanhos leiteiros, na
alimentação e na saúde animal, tiveram importantes participações nesta
evolução. No melhoramento genético, houve nos últimos anos maior
participação das raças européias na composição do sangue do rebanho,
hoje predominantemente mestiço Holandês x Zebu, assim como uma
extraordinária evolução no melhoramento do Zebu para leite,
particularmente o Gir e o Guzerá.
Na
alimentação, a revolução foi marcante. Nos últimos 25 anos, as áreas
de pastagens cultivadas no Brasil aumentaram 151%. Estimativas mais
recentes indicam que essas áreas atingiram 100 milhões de hectares no
final da década de 90.
A
produção de leite tem perspectiva de continuar a crescer nos próximos
anos, com condições reais de o País mudar o panorama de importador
para exportador de produtos lácteos. Dentro do
cenário mundial, o mercado brasileiro tem um potencial, como poucos,
para tal. Esforços têm sido direcionados para impulsionar as vendas
externas de lácteos, o que, associado ao crescimento da produção nos
últimos anos, garante excedentes de oferta, refletindo diretamente na
redução das importações de lácteos.