Sumário
Apresentação
Importância econômica
Aspectos agro e zooecológicos
Raças
Instalações
Alimentação
Reprodução
Manejo produtivo
Saúde
Preparo para o mercado
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário
Expediente
|
Instalações |
Introdução
A
infra-estrutura de qualquer propriedade destinada à produção de leite
consiste em um conjunto de características próprias e únicas, cujos
fatores a serem considerados devem ser avaliados de forma global e
interativa, quanto a disponibilidade dos recursos produtivos: terra,
capital e mão-de-obra. Este procedimento é essencial para o sucesso na
atividade, quer seja ao se iniciar, reestruturar ou promover uma expansão
no sistema de produção.
Deste
modo, a implementação de um sistema de produção de leite requer uma
caracterização apropriada da propriedade para que se possa planejar sua
estrutura física, dimensionar o rebanho a ser explorado, estabelecer metas
agronômicas, zootécnicas e econômicas, e preconizar a tecnologia para o
manejo animal e a produção de alimentos, assim como, estabelecer a rotina
de trabalho para usar no sistema de produção escolhido.
Caracterização da Propriedade
A caracterização da propriedade é a descrição do estado da
arte da propriedade, partindo-se deste conhecimento inicial, identificar a
potencialidade de seus recursos naturais renováveis ou não, para
implementar um plano de ação estratégico para implementar o melhor sistema
de produção a ser explorado, ou seja, aquele com menor risco de insucesso
para o empreendimento. Esta caracterização consiste em descrever de forma
resumida a localização da propriedade e a sua estrutura física existente
(ex. de modelos abaixo) , para a partir daí, estabelecer a estratégia para
a implementação do empreendimento pretendido, seja ele inicial, de
reestruturação metas e objetivos ou expansão da atividade.
Identificação da Propriedade
. Município: |
Estado: |
. Zona Fisiografica: |
. Macroregião
Homogênea: |
. Acesso/endereço:
|
. Latitude: |
Altitude: |
. Temperaturas
Médias: Máxima: |
Mínima: |
Anual: |
. Precipitação:
Anual mm; período chuvoso: a
, mm |
. Classificação
climática: |
. Relevo: |
. Solos predominantes
(%): |
. Recursos Hídricos:
|
Estrutura
Física
|
Terra e usos |
|
Tabela 1 -
Descrição das formas de ocupação e uso da terra
Forma de Ocupação
|
Atual
ha |
Programada/Ano
1
2 3
4 5 |
Valor
R$ |
Pastagens cultivadas
Pastagens uso extensivo
Cultura forrageiras
para corte
Milho
Cana-de-açúcar
Área com benfeitorias
Áreas inaproveitáveis
Matas
Reflorestamento |
|
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Total |
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Benfeitorias e instalações |
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Tabela 2 - Descrição das
benfeitorias e instalações
Item |
Existente1
|
Construir |
Área
- m² |
Valor
R$ |
Currais de contenção
Estábulo
Sala de ordenha
Sala de leite
Seringa e tronco
Cocho para volumosos
Cercas
Casa de colonos
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|
|
Total |
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1
informar ano de construção e estado de conservação (B = Bom, NR =
Necessita reforma)
2
época prevista
|
Máquinas,
Equipamentos, Motores e Utensílios |
|
Tabela 3 - Descrição de
máquinas, equipamentos, motores e utensílios
Discriminação |
Existente1 |
Programado2 |
Valor - R$ |
Motor elétrico
Picadeira estacionária
Misturador de ração
Moinhos trituradores
Trator
Arado
Grade
Plantadeira
Cultivador
Balança
Pulverizador
Ordenhadeira
Resfriador/Tanque de
expansão
Latões
Móveis de escritório
|
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Total |
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1) informar
ano de fabricação e estado de conservação
2) informar
época prevista de aquisição.
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Metas Agronômicas,
Zootécnicas e Econômicas |
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Tabela
4 - Descrição das metas agronômicas e econômicas
Discriminar |
Ano |
|
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
. Lotação das Pastagens |
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-
extensivas (UA/ha) |
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-
cultivadas (UA/ha) |
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. Milho para
silagem (t MS/ha/ano) |
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. Feno
(t/ha/ano) |
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. Cana
de açúcar (t/ha)
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. Idade ao primeiro
parto - IPP (meses) |
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. Intervalo entre
partos - IEP (dias) |
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. Mortalidade dos
animais (%): |
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- até 1 ano |
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- acima 1 ano
. Serviços por
concepção (doses):
. Descarte anual de
vacas (%)
. Relação vaca
lactação: vaca total |
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. Produção de leite: |
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.Total anual (L) |
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. Vaca lactação (L/dia)
.
Vaca total (L/dia) |
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. Produtividade de
terra (l/ha/a)
. Produtividade da mão
de obra (l/ha/a) |
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. Receita prevista (R$) |
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- Venda animais |
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- Venda leite (1.000 L) |
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. Rentabilidade (% s/
capital) |
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Tecnologia
Preconizada
Descrever
a tecnologia a ser utilizada ou substituída para atender a demanda de
alimentação para os animais, adequar as forrageiras ao uso da terra e
definir as instalações necessárias.
Produção
de Alimentos (SISPAL)
A produção
de alimentos constitui uma das principais etapas na exploração racional de
um sistema de produção de leite. Disponibilidade de forragens em
quantidade e qualidade é o fator determinante para que o animal externe o
seu potencial máximo de produção, influenciando diretamente a
produtividade por animal, produção de leite, potencial reprodutivo e a
saúde do rebanho.
Produção de forrageiras e pastagens
- Escolha
da Área
O
conhecimento da propriedade é importante, pois, permite selecionar
forrageiras adaptadas a cada um dos diferentes segmentos da paisagem, ou
seja, sua toposseqüência (topografia). De forma resumida, na Região
Sudeste, ela é formada por várzeas, meia-encosta, morro e topo de morro.
Geralmente, as várzeas são passíveis de inundações periódicas, férteis, e
por isto, prestam-se à produção de culturas e pastagens anuais (milho,
sorgo , forrageiras de inverno etc) e pastagem permanente, neste caso,
gramíneas forrageiras resistentes ao encharcamento devem ser usadas:
capim-angola, setária, coast-cross, tangola, etc.
As áreas
de meia encosta prestam-se à construção das residências e instalações
rurais; caracterizam-se por apresentar fertilidade natural bastante
elevada, não apresentando impedimento à mecanização por tração motorizada
e devem ser cultivadas com forrageiras de alto potencial de produção de
biomassa, tais como o milho e sorgo para silagem, cana-de-açúcar para
corte, capim-elefante para capineira e formação de pastagens de
capim-elefante, colonião, tanzânia, mombaça, estrela africana, etc.
As áreas
de morro caracterizam-se por solos de baixa fertilidade natural e
declividade acentuada, apresentando forte impedimento à mecanização por
tração motorizada. Para este segmento é obrigatório o utilização de
práticas conservacionistas de manejo de solo e uso de forrageiras
tolerantes a acidez do solo, baixa fertilidade natural, rápida cobertura
do solo após o plantio e boa capacidade de sementeação, como as
braquiárias e o capim-gordura.
Os topos
de morro apresentam baixa fertilidade natural mas permitem o uso de
mecanização por tração animal ou motorizada, podendo ser cultivadas
forrageiras adaptadas a solos de baixa fertilidade e acidez elevada, como
as braquiárias.
- Fazer
análise de solo
A análise
do solo, para fins de diagnóstico de sua fertilidade, constitui-se numa
das práticas mais importantes do processo produtivo, principalmente quando
se pensa na utilização intensiva e racional dos solos.
- Preparar
a área
O preparo
da área consiste em sua limpeza, deixando a área isenta de restos de
culturas, entulhos diversos ( galhos, toco, pedras etc) facilitando as
operações posteriores (aração, gradagem, sulcamento e plantio). Havendo
necessidade de desmatamento, roçada pesada ou queima, esta operação deverá
ser devidamente autorizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente –
IBAMA.
-
Conservação do solo
Consiste
em garantir a perpetuação do recurso natural não renovável e é feita
através de curvas de nível, terraceamento em terrenos mais declivosos,
podendo estes, serem terraços de base estreita ou base larga e, prática
simples é eficaz é não deixar a superfície do solo descoberta.
- Calagem
A calagem tem como
objetivos básicos neutralizar o alumínio tóxico presente na solução do
solo, um dos responsáveis pela acidez do solo, bem como fornecer cálcio e
magnésio, que constituem elementos essenciais para o crescimento das
plantas. Sua necessidade é determinada através da análise do solo, com a
quantidade de calcário a ser aplicada sendo obtida diretamente do
laboratório credenciado ou pela interpretação dos resultados da análise do
solo, feita por técnico. Determinada a quantidade de calcário a ser
aplicada, a distribuição é feita a lanço (manual ou mecânica) sobre toda a
área, antes da aração, com antecedência mínima de 20 a 30 dias do
plantio, desde que o solo esteja úmido.
- Preparo
do solo
No plantio
tradicional, consiste de aração e gradagem, operações não executadas
quando o plantio for direto na palha. A operação de preparo do solo tem a
finalidade de melhorar suas condições físicas, melhorando a aeração e a
absorção de água, facilitando o semeio, a germinação das sementes e mudas.
A profundidade de aração deverá variar de 15 a 20 cm podendo ser feita com
tração animal ou mecanizada.
Quando se
pensa em manejo racional do solo, sob hipótese alguma, em áreas de relevo
acidentado, é permitida a aração morro abaixo e morro acima.
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Estabelecimento de Sistemas Silvipastoris |
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No sistema silvipastoril
proposto, as árvores são plantadas em faixas de 10 metros de largura
preparadas em nível, intercaladas por faixas de 30 metros de largura,
destinadas às forrageiras herbáceas.
Faixas de 30 metros de largura,
aproximadamente, para plantio das forrageiras herbáceas, preparadas em
curva de nível. Enquanto as mudas de árvores se desenvolvem pode-se
usar essas faixas com culturas anuais.
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Faixas de 10 metros de largura,
aproximadamente, para plantio das mudas de árvores em covas,
preparadas em curva de nível. |
Faixas de 30 metros de largura,
aproximadamente, para plantio das forrageiras herbáceas, preparadas em
curva de nível. Enquanto as mudas de árvores se desenvolvem pode-se
usar essas faixas com culturas anuais.
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Faixas de 10 metros de largura,
aproximadamente, para plantio das mudas de árvores em covas,
preparadas em curva de nível. |
Esquema do modelo de SSP testado e proposto
pela Embrapa Gado de Leite.
1 - Espécies arbóreas
O sistema silvipastoril
pode incluir diferentes espécies arbóreas para atender até três diferentes
finalidades: a) fornecimento de sombra e de biomassa rica em nitrogênio
(N) e outros nutrientes; b) produção de forragem; e c) produção de
madeira, celulose, ou moirões para cerca etc.
Para o fornecimento de
sombra e de biomassa deverão ser utilizadas espécies nativas, de
preferência leguminosas arbóreas fixadoras de N2 que
apresentarem arquitetura e características apropriadas para associação com
pastagens (Carvalho et al., 2001), entre as quais a capacidade para
adicionar ao solo biomassa rica em nutrientes. As pastagens cultivadas de
braquiária que têm sido formadas nas áreas montanhosas da Região Sudeste e
em áreas de cerrado, respondem positivamente à adição de nutrientes por
espécies de leguminosas arbóreas.
Entre as espécies de
leguminosas nativas, na Zona da Mata de Minas Gerais destaca-se o
angico-mirim (Mimosa artemisiana) por apresentar crescimento rápido
e alta capacidade para adicionar nutrientes ao solo e conseqüentemente à
pastagem. Várias outras espécies nativas são recomendadas, entre as quais
se incluem: angico-vermelho (Anadenanthera macrocarpa),
angico-branco (Anadenanthera colubrina), jacarandá-da-bahia (Dalbergia
nigra), bordão-de-velho (Samanea saman), mulungu (Erythrina
spp.) e jacaré (Piptadenia gonoacantha).
A inclusão de espécies
forrageiras lenhosas (árvores e arbustos) pode ser importante alternativa
para suplementar a alimentação animal, principalmente durante os períodos
de maior escassez de forragem, como na fase final da época seca e em anos
de estação seca prolongada. Essas espécies também contribuem para o
enriquecimento do solo, principalmente as leguminosas fixadoras de N2.
Há poucas espécies de
forrageiras arbóreas e arbustivas adaptadas às condições das áreas
montanhosas da Região Sudeste onde predominam solos ácidos como Latossolos
Vermelho-Amarelo. Para essas áreas, a Acacia angustissima é a mais
apropriada, de acordo com as informações disponíveis na atualidade. A
Cratylia argentea, leguminosa que ocorre espontaneamente em várias
regiões brasileiras, são espécies arbustivas que constituem opções para
inclusão no SSP. O potencial das espécies acima mencionadas para integrar
SSP em solos de baixa fertilidade e contribuir para aumentar a produção
animal é considerável, devido às suas características de adaptação a solos
ácidos, capacidade para reter folhas verdes durante a época seca do ano, e
alto valor nutritivo, principalmente de proteína bruta. Por esse fato são
recomendáveis.
Certamente, existem
outras espécies arbóreas e arbustivas que se destacam em outras regiões do
País e que podem ser recomendadas para SSP em tais regiões. Contudo,
deve-se dar preferência àquelas que apresentam crescimento rápido e
adaptação às condições de clima e solo locais. Exemplos dessas espécies
são as exóticas dos gêneros Eucalyptus e Acacia.
Como forrageira
herbácea, pesquisas desenvolvidas na Embrapa Gado de Leite demonstrou que
a Brachiaria decumbens tem boa tolerância à sombra moderada e,
portanto, trata-se de uma espécie recomendada para formar pastagem em SSP.
O Stylosanthes guianensis var. vulgaris cv. Mineirão, por
apresentar excelente adaptação a condições de acidez do solo e capacidade
de se manter verde na época seca, é uma leguminosa que pode ser usada na
consorciação com a Brachiaria decumbens. Outra boa opção é o
Stylosanthes guianensis, cv. Campo Grande.
2 - Métodos de
implantação
Em áreas declivosas, as
faixas de 10 metros de largura destinada ao plantio das árvores devem ser
preparadas em nível, o que permitirá atender à necessidade de controlar a
erosão hídrica, que em áreas íngremes ocasiona perdas de solo e pouco
aproveitamento da água das chuvas.
O cultivo do solo em
áreas montanhosas não é fácil, porém, existe tecnologia para o plantio de
forrageiras nessas áreas usando tração animal, a qual pode ser utilizada
também para culturas anuais. No SSP proposto, o preparo do solo consiste
basicamente no preparo de faixas em nível, intercaladas por faixas
não-preparadas, ambas com largura aproximada de dois metros ,
visando reduzir as perdas de solo por erosão. Essa operação é essencial
principalmente nas faixas que não terão árvores, que tem a largura de 30
metros aproximadamente.
Nas faixas que receberão
o plantio das mudas de árvores, outra opção para o preparo do solo se
baseia no coroamento e realização das covas. A operação de cultivo das
faixas por tração animal serve também para a incorporação de calcário, nos
casos em que a calagem é necessária. Os fertilizantes são aplicados em
cobertura e a semeadura das forrageiras feita a lanço. Com o tempo, nas
faixas não-cultivadas a vegetação existente é substituída pelas
forrageiras introduzidas.
Se as mudas de árvores e
as forrageiras herbáceas forem plantadas na mesma ocasião, haverá
necessidade de proteção das mudas de árvores para evitar que sejam
pastejadas ou danificadas pelos animais. A proteção dessas mudas poderá
ser dispensada se as faixas tanto de árvores quanto as sem árvores forem
usadas para culturas anuais durante 1-2 anos, ou ainda se toda a área do
SSP ficar livre de pastejo durante o tempo necessário para as árvores
crescerem acima do alcance dos animais.
Em solos de baixa
fertilidade, o cultivo de algumas culturas anuais, como a do milho e a do
feijão, por exemplo, pode ser viável. Visando ao melhoramento da
fertilidade do solo nas faixas sem árvores, no primeiro ano, pode-se ainda
cultivar uma leguminosa herbácea ou arbustiva como adubo verde, com o
plantio das culturas anuais podendo ser realizado no segundo ano.
Métodos para a
implantação do SSP
O SSP proposto foi
testado no Campo Experimental de Coronel Pacheco, MG, da Embrapa, em área
montanhosa, em Latossolo Vermelho-Amarelo de baixa fertilidade natural. As
características químicas do solo eram: pH em água, 4,61; P disponível (Mehlich),
4,47 mg/dm3; bases trocáveis (cmolc/dm3):
K, 0,11; Ca, 0,33; Mg, 0,12; Al, 0,79.
Descrição do modelo testado
Plantio simultâneo das
mudas de árvores em faixas de 10 metros de largura aproximadamente e das
forrageiras herbáceas em faixas de 30 metros aproximadamente (Figura 1).
No modelo, não foi feita a proteção das faixas de árvores, portanto não
foi permitida a realização de pastejo nas faixas de 30 metros enquanto as
mudas das árvores se desenvolviam, e nem o cultivo de culturas anuais.
Assim, O modelo testado permaneceu 18 meses sem utilização aguardando o
crescimento das mudas das árvores. No entanto, para aprimorar o modelo, a
Embrapa Gado de Leite sugere a realização de uma dessas duas práticas
(proteção das mudas ou cultivos anuais), o que reduz o custo de sua
implantação.
Espécies arbóreas e
forrageiras herbáceas usadas
As espécies arbóreas e
os espaçamentos usados foram: Eucalyptus grandis e Acacia
mangium, Mimosa artemisiana (angico-mirim), Acacia
angustissima e um híbrido de Leucaena leucocephala
x L. diversifolia. Os plantios das mudas de árvores foi feito em
linhas espaçadas de cinco metros uma da outra, totalizando três linhas por
faixa. Nas linhas, o plantio das mudas foi realizado em covas,
distanciadas uma da outra em quatro metros.
Na preparação das mudas
de leguminosas arbóreas, as sementes das leguminosas foram inoculadas com
estirpes apropriadas de rizóbio.
As forrageiras herbáceas
usadas em consorciação no SSP foram: Brachiaria decumbens e
Stylosantes guianensis. O plantio dessas forrageiras foi feito através
de semeadura manual e superficial das sementes, usando 10 kg/ha de
sementes de Brachiaria decumbens e dois kg/ha de sementes de
Stylosantes guianensis.
Procedimentos adotados na instalação do SSP
Nas faixas de 30 m de
largura, o preparo do solo para o plantio das forrageiras herbáceas foi
feito em nível, intercalando-se faixas cultivadas por faixas
não-cultivadas, ambas com largura aproximada de dois metros. As operações
de preparo do solo foram realizadas no período da seca de modo a garantir
que o plantio das mudas das árvores e das forrageiras herbáceas no início
do período chuvoso.
O calcário e os
fertilizantes foram aplicados nas faixas cultivadas, antes da semeadura
das forrageiras herbáceas. Nas condições de solo de Coronel Pacheco, MG,
onde o SSP foi testado, as seguintes fontes e dosagens foram usadas:
calcário dolomítico, 1.000 kg/ha; fosfato de Araxá, 600 kg/ha;
superfosfato simples, 250 kg/ha; cloreto de potássio, 100 kg/ha e
micronutrientes (FTE Br-16), 30 kg/ha.
As mudas de árvores
foram plantadas em covas, recebendo adubação nestas covas, e em cobertura,
dois meses após o plantio (Tabela 1).
Tabela 5 - Fontes e doses
de corretivo e de fertilizantes usados no plantio das mudas (g/cova), e
dois meses após o plantio em cobertura.
Fonte |
Dosagem |
No plantio |
Dois meses após |
Eucalipto |
Calcário dolomítico |
50 |
- |
sulfato de amônio |
75 |
30 |
superfosfato simples |
225 |
50 |
cloreto de potássio |
15 |
15 |
Leguminosas |
Calcário dolomítico |
50 |
- |
fosfato de Araxá |
80 |
- |
superfosfato simples |
100 |
30 |
cloreto de potássio |
25 |
10 |
FTE Br-16 |
10 |
- |
Estabelecimento das forrageiras herbáceas e crescimento das
árvores
Nas faixas de 30 m de
largura, o estabelecimento da pastagem de Brachiaria decumbens
consorciada com Stylosanthes guianensis cv. Mineirão foi completado
entre três e quatro meses após o plantio, o que é esperado na região
quando as condições climáticas são favoráveis.
O crescimento inicial
das espécies arbóreas usadas foi rápido, principalmente devido a
quantidade de chuvas e sua distribuição após o plantio das mudas terem
sido adequadas. No presente caso, embora todas as espécies tenham
apresentado crescimento rápido, houve diferença entre espécies (Tabela 2).
Eucalyptus grandis, Acacia mangium e Acacia angustissima
atingiram maiores alturas que as outras duas espécies desde a primeira
época de avaliação.
Tabela 6 - Altura média (m) de cinco espécies arbóreas, em três idades após
o plantio das mudas.
Espécies |
Meses após o plantio das mudas |
14 |
22 |
26 |
Eucalyptus grandis
|
2,82 ab
|
4,03 a
|
4,15 a
|
Acácia mangium |
2,60 ab |
4,03 a |
4,17 a |
Mimosa artemisiana |
2,45 b |
2,95 bc |
3,08 b |
Acácia angustissima |
3,19 a |
3,69 ab |
3,91 a |
Leucaena |
2,48 b |
2,61 c |
2,78 b
|
Médias nas colunas
seguidas pelas mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de
Newman-Keuls.
O tempo necessário para
o estabelecimento de um SSP é variável, dependendo principalmente do uso
de espécies arbóreas de crescimento rápido, da fertilização aplicada, da
época de plantio das forrageiras herbáceas e das espécies arbóreas e
arbustivas e das condições climáticas. Considerando que tais fatores não
sejam limitantes, em 18 meses o SSP, como ocorreu com o modelo testado
pela Embrapa Gado de Leite, já pode ser usado pelos animais, embora o solo
ainda não tenha recebido nenhum efeito positivo das espécies arbóreas.
|
Formação de Capineiras |
|
Capineira
é uma área de terra cultivada com gramíneas de elevado potencial de
produção de forragem que são cortadas e picadas para fornecimento de
alimento verde no cocho, em especial, na época seca. O capim-elefante é a
gramínea mais utilizada para este fim, apresentando porém, grande
exigência em termos de fertilidade do solo e manejo de cortes para evitar
perda de qualidade da forragem. Em propriedades menores, onde são
alimentados poucos animais e com produtividade elevada, plantam-se os
capins guatemala e venezuela, de rendimentos inferiores aos do
capim-elefante, porém, de excelente qualidade nutricional.
Estas
espécies são plantadas nos meses de janeiro a novembro, por mudas oriundas
de plantas com três a cinco meses de idade, distribuídas em sulcos
espaçados de 0, 70 a 1,00 m, devendo ser adubadas com adubo orgânico e
fertilizantes químicos tanto no plantio como em manutenção. No
estabelecimento e ao longo de sua utilização devem ser procedidos tratos
culturais, tais como, controle de ervas daninhas, formigas, lagartas,
cigarrinha, cupins e outras pragas.
|
Culturas Forrageiras |
|
Várias são
as culturas forrageiras que podem ser plantadas para a alimentação do
rebanho. O principal critério para a escolha de qual forrageira a plantar
deve ser feita em sua capacidade de produção e qualidade nutricional,
seguidas de sua adaptabilidade à região em que se localiza o sistema de
produção. Outro ponto importância é a facilidade operacional para o seu
uso, como disponibilidade ou não de máquinas e equipamentos e mão-de-obra.
Cana-de-açúcar
– cultura tradicional no Brasil, alta produção por unidade de área (70 a
200 t/ha), cultura de implantação e manejo simples, exigindo poucos tratos
culturais, período de maturação e colheita coincidentes com o período de
escassez de pasto, pequena taxa de risco de perda da cultura,
disponibilidade e qualidade constantes se plantadas variedades de ciclos
médio e tardio, cultura perene, produzindo um corte a cada doze meses,
fonte rica de carboidratos, na forma de sacarose, bem consumida pelos
animais e dispensa a conservação como silagem ou feno.
Suas limitações nutricionais para os bovinos estão
relacionadas ao baixo teor de proteína bruta (2 a 3% na Matéria seca), a
qual é corrigida através da associação com 1% da mistura de nove partes de
uréia e uma parte de sulfato de amônio, e a deficiência em alguns
minerais, principalmente fósforo, enxofre, zinco e manganês, exigindo para
tanto o fornecimento de uma boa mistura mineral aos animais suplementados
com cana.
De modo
geral, para culturas agronomicamente bem conduzidas, dois hectares de
canavial são suficientes para suplementar 50 bovinos adultos durante 150
dias. O manejo de corte e retirada da produção é fator importante para a
longevidade do canavial, devendo ser evitado o tráfego de veículos e
máquinas sobre a área plantada, daí, a necessidade de se preparar acessos
e carreadores.
A escolha
das variedades é fundamental e devem ser plantadas uma ou mais variedades
industriais melhoradas de cana-de-açúcar, adaptadas às condições locais,
considerando-se o relevo, a fertilidade do solo e o clima da região, além
de apresentar características desejáveis como alta produtividade, alto
teor de açúcar, rebrotação vigorosa, ausência de tombamento e resistência
a pragas e doenças.
Adubação
orgânica e química devem ser usadas no plantio e manutenção do canavial.
Plantio em sulcos espaçados de 1,20 a 1,30 m com 0,30 m de profundidade,
usando-se mudas retiradas de canaviais com 8 a 12 meses, vigorosos e sem
infestação de pragas e doenças. Gasta-se de 10 a 12 toneladas de mudas
para implantar um hectare, e duas são as épocas de plantio. Cana de ano,
plantada em setembro/outubro e colhida a partir de junho do ano seguinte e
a cana de ano e meio, plantada de janeiro a março (dependente de chuvas) e
colhida a partir de junho do ano seguinte.
No
estabelecimento e ao longo de sua utilização devem ser procedidos tratos
culturais, tais como, controle de ervas daninhas, formigas, lagartas,
cigarrinha, cupins e outras pragas.
Mandioca
– de fácil adaptação, a mandioca é cultivada em todos os estados
brasileiros, solteira e em cultivo associado, exigindo solos bem
drenados, não excessivamente argilosos, com boa profundidade efetiva e pH
entre 5,0 e 6,0. O potencial máximo de produção é atingido com adubação
adequada e dentre os macronutrientes, o fósforo permite resposta mais
acentuada em termos de produtividade. O plantio é normalmente feito no
início da estação chuvosa, em Minas Gerais, é plantada de outubro a
dezembro nas áreas de Cerrado e de junho a setembro na Zona da Mata.
Selecionar uma cultivar para se conseguir boa uniformidade e maior
produtividade do mandiocal, escolher manivas maduras provenientes de de
plantas com 10 a 14 meses de idade. Usar apenas o terço médio das manivas,
eliminando a parte herbácea superior. Essas manivas devem possuir um
diâmetro em torno de 2,5 cm, sendo que a medula deve ocupar 50% ou
menos disso.
O plantio
é feito em sulcos de 10cm de profundidade, e os melhores rendimentos têm
sido obtidos com espaçamentos de 1,00mx0,50m e 1,00mx0,60m, em fileiras
simples e 2,00x0,60mx0,60m, em fileiras duplas. É necessário o controle
de plantas daninhas, pragas comuns (mandarová, ácaros, percevejo de renda,
mosca branca, mosca do broto, broca do caule, cupins e formigas) e doenças
(bacteriose, antracnose, podridão das raízes e o superbrotamento).
Na
alimentação animal, tanto a parte aérea quanto as raízes podem ser
consumidas pelos animais na forma fresca, seca ao sol sob a forma de
raspa da raiz, feno de ramas e ensilada. O fornecimento da matéria fresca
é o modo mais simples de fornecer raízes e parte aérea da mandioca aos
animais. Trituração ou picagem e murcha em condições ambiente, por 24
horas, são necessárias para servir aos animais. Para ruminantes,
tratando-se apenas da parte aérea, misturá-la com 50% de outros volumosos.
A introdução deste alimento na alimentação animal deve ser feita de forma
gradativa para adaptação, sendo a quantidade dependente da espécie, idade
e da produção do animal.
A
qualidade da silagem ou feno da parte aérea da mandioca depende da rapidez
da colheita, picagem e acondicionamento do material a ser armazenado.
Milho ou
Sorgo
– Em sistemas sem irrigação, o plantio do milho deve ser
feito no início do período chuvoso. Pode-se fazer dois plantios por ano em
áreas irrigadas, nesse caso, usar cultivares precoces. Como o sorgo exige
menos quantidade de água para se desenvolver, o seu plantio pode ser feito
tanto no início como no final do período chuvoso. Culturas exigentes em
solos com boa drenagem e férteis, podendo ser plantados em plantio
tradicional ou plantio direto. Recomenda-se o uso de herbicidas em
pré-plantio ou pré-emegência, nesse caso, consulte um Engenheiro Agrônomo
e peça uma indicação e o receituário para aquisição do herbicida, use
equipamentos de proteção e siga as recomendações para uso dos produtos e o
descarte das embalagens após o uso.
A cultivar
de milho ou de sorgo deve ser aquela que mais se adapta à região e que
seja boa produtora de grãos, para assim, assegurar a produção de silagem
de boa qualidade.
Cultivares
normais (variedade ou híbrido) apresentam porte alto, atingindo o ponto de
ensilagem cerca de 120 dias após o plantio de verão, estendendo-se em até
30 dias nos plantios tardios com colheita no inverno.
Cultivares
precoces são de porte mais baixo, resistindo melhor ao tombamento e
oferecem melhor relação espiga:colmo, e ponto de ensilagem pode ser
antecipado em 20 dias, em relação às cultivares normais.
O
espaçamento, a profundidade de semeadura e o número de sementes por metro
linear (densidade de plantio) dependem do tipo de solo, da disponibilidade
de chuvas ou irrigação na área, da capacidade da cultivar em aproveitar a
luz e os nutrientes, e do porte da planta. Para cultivares de milho de
porte e ciclo normais, é recomendado o espaçamento de 0,90 a 1,00 m entre
linhas, e para cultivares de porte mais baixo e precoces o de 0,80 a
0,90m. A profundidade de plantio é de 4 cm para solos argilosos a 5 a 8
cm para solos arenosos.
A
densidade de plantio, população ou número de plantas por hectare deve
ficar entre 40000 e 50000 plantas/ha para cultivares de ciclo normal, e de
50000 a 60000 plantas/ha para cultivares precoces.
A
quantidade (kg) de sementes necessária cada hectare depende do tamanho da
peneira, e devem ter um acréscimo de 20% para compensar eventuais perdas
no campo, gastando-se em média de 20 a 26 kg de sementes/ha.
A
população final para o sorgo deve ficar entre 150000 e 200000 plantas/ha,
sendo gasto em média de 8 a 10 kg de sementes/ha. Considerando sementes
com valor cultural superior a 70% e um acréscimo de 30% para compensar
perdas diversas.
A adubação
é feita em função da análise de solo e do histórico de uso da área. A
adubação de cobertura para o milho é realizada quando as plantas
apresentarem 8 a 10 folhas bem desenvolvidas e, em sorgo, 30 a 35 dias
após a emergência das plântulas. Doses de N acima de 100 kg/ha, como regra
prática, recomenda-se que sejam divididas em duas aplicações com a
primeira cobertura aos 20 a 25 dias com metade da dose de N e o restante
aos 35 a 40 dias da emergência da plântula. O adubo deve ser colocado na
superfície do solo próximo à linha de plantio, podendo ser distribuído a
lanço, com adubadeira manual e/ou cultivador-adubadeira, ou ainda a tração
mecânica.
Os tratos culturais necessários à condução da cultura são o
controle mecânico ou químico de plantas daninhas e combate a pragas
(formigas, lagartas etc.).
Girassol
(Helianthus annuus L.)-
é uma
planta originária do continente norte-americano, pertencente à família das
Compostas. Possui raiz pivotante profunda, que atinge cerca de 2 metros ou
mais de profundidade e ciclo vegetativo médio de 120 a 130 dias. A partir
de pesquisas do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), da EMBRAPA e de
algumas universidades, pode-se afirmar que o país possui hoje tecnologia
para produção dessa cultura.
É uma
cultura alternativa ao milho na produção de silagem na safrinha, pois
possui maior tolerância às deficiências hídricas e ao frio, podendo
atingira de 20 a 30 t/ha de matéria verde. Por isso é uma excelente opção
para os agricultores que produzem silagem na segunda safra, quando as
condições climáticas são mais adversas. A silagem de girassol apresenta
teor de proteína superior ao do milho (aproximadamente 30%), sendo também,
em média, 20 a 30 dias mais precoce. A cultura do girassol para produção
de silagem na safrinha não exige grandes investimentos em insumos, porém
responde bem à utilização destes, pois o girassol aproveita bem os
resíduos da adubação da cultura anterior e tem boa capacidade para
suportar a competição com o mato. A calagem é indispensável, pois a planta
é sensível à acidez do solo. A quantidade de calcário é a recomendada pela
análise de solo para elevar o índice de saturação de bases para 70% e pH
acima de 5,2.
Com base na análise de solos e do histórico da área,
recomenda-se aplicar, na adubação, de 40 a 60 quilos por hectare de
nitrogênio, de 40 a 80 kg / hectare de P2O5 e de 40 a 80 kg / hectare de
K2O . O nitrogênio deve ser aplicado 30% no plantio e o restante em
cobertura até 30 dias pós a emergência das plantas. Em áreas novas,
recomenda-se também a aplicação de 20 kg / hectare de enxofre, que pode
estar sendo suprido se há uso constante de sulfatos. Outro elemento
indispensável para o girassol é o boro, cuja aplicação deve ser feita de
forma convencional, nunca por via foliar.
Se houver
necessidade de uso de herbicidas, há 3 registrados para a cultura:
trifluralin, alchlor e setloxydim. Um outro ponto interessante é a
possibilidade de produção de até 20 a 30 kg de mel por hectare através da
introdução de colméias nas culturas, o que indiretamente aumenta a
produção de grãos pela melhor polinização, já que a sua florada dura de 15
a 30 dias, o que deve ser levado em consideração caso haja necessidade de
uso de algum inseticida.
O período
de plantio é muito amplo em todo o Brasil, na região Sudeste, deve ser
plantado no perído de safrinha, ou seja, de fevereiro a março. O plantio
no período de safra normal (primavera-verão) é anti-econômico, e pode
ocasionar sérios problemas fitossanitários. O espaçamento entrelinhas
poderá variar de 0,70 a 0,90 m (0,7 m se usar plataforma para soja e 0,8 a
0,9 m se for usar plataforma de colheita para o milho), semeando-se de 5 a
7 sementes por metro linear, dependendo da cultivar, procurando-se atingir
45 a 60 mil plantas por hectare. De acordo com o tamanho da semente,
gasta-se 4 a 5 kg de sementes por hectare. Mesmo plantado em épocas
corretas pode sofrer ataque de maritacas se estas não dispuserem de outras
alternativas de alimentos na região, da mesma forma que para o sorgo,
fator esse agravado pela perda de áreas com florestas.
. Formação
ou recuperação de pastagens
Consiste
na implantação da espécie forrageira escolhida e pode ser feita por
sementes e mudas. É o processo mais eficaz para se produzir leite, carne
ou lã.
A formação
de pastagens de gramíneas por sementes, constitui o método mais utilizado,
especialmente para áreas extensivas e as espécies forrageiras comumente
usadas são as Brachiarias (decumbens e brizantha), os panicuns
(capim-colonião, green panic, sempre verde, makueni, tobiatã, mombaça,
tanzânia, massai, o andropogun e a setaria. Diversas espécies forrrageiras,
principalmente as leguminosa, possuem tegumento externo protetor (casca),
dificultando a entrada de umidade, prejudicando a germinação. A
escarificação das sementes pode ser feita por procedimentos mecânicos,
químicos e com água, havendo necessidade de fazer a inoculação da semente
escarificada. Outras espécies possuem dormência fisiológica e precisam ser
armazenadas em condições especiais para completarem a maturação.
Consciente
de que pasto é uma cultura que agrega valor através dos animais que
retiram os nutrientes para sua sobrevivência e produção, procedimentos
importantes para implantar ou recuperar pastagens são a qualidade das
sementes (pureza e germinação, valor cultural das sementes), e adubação -
fundamental para o seu estabelecimento e manutenção, além de um bom
preparo do solo, semeadura correta e manejo consonante com os hábitos de
crescimento da planta forrageira utilizada.
A
propagação de gramíneas como a grama estrela, o capim coastal-cross,
tiftons e o capim-elefante, é feita através de mudas vegetativas. A área a
ser plantada deve ser bem preparada, aberto sulcos (20 a 25 cm de
profundidade), realizar a adubação de plantio em função da análise do
solo, distribuir as mudas (colhidas de viveiros sadios e não praguejados
com outras espécies) no fundo dos sulcos e cobrir as mudas com uma camada
de terra não muito espessa, para não retardar a brotação das gemas e
aumentar o aparecimento de plantas daninhas na área.
Prática
importante é realizar o pastejo de formação, o qual, deve ocorrer 60-90
dias após o estabelecimento da forrageira. Consiste na entrada de grande
número de animais na área em formação por um curto período de tempo, com o
objetivo de forçar maior perfilhamento e permitir uma cobertura do solo
mais rápida.
A divisão,
a rotação das pastagens e o controle da carga animal têm sido uma forma de
manejo eficiente para evitar a degradação, dando oportunidade às plantas
de se recuperarem após o pastejo. Além disso, os animais têm oportunidade
de selecionar partes mais nutritivas da planta, principalmente as folhas,
que se desenvolveram com o período de descanso.
A
manutenção de cobertura vegetal remanescente após o pastejo, além de
promover a reciclagem de nutrientes, protege o soo contra o ressecamento
excessivo e evita erosão por ocasião das chuvas mais intensas.
. Banco de
Proteína
É uma área
de terra cultivada com leguminosa de elevado potencial de produção e
qualidade de forragem que são cortadas e picadas para fornecimento de
alimento verde no cocho, em especial, na época seca, Presta-se ao pastejo
controlado no qual, os animais têm acesso diário, podendo ser de forma
contínua ou limitada por um período de tempo. Guandu (arbustiva), leucena
(arbórea), soja perene e estilosantes são as leguminosas mais utilizadas.
Os procedimentos para a implantação são os mesmos recomendados para a
formação de pastagens e capineiras.
Conservação de forragens
Na maioria das áreas agrícolas do mundo, fatores de clima
impõem às forrageiras períodos de intenso crescimento alternados com
períodos de baixa produção. O correto uso da silagem e da fenação permite
o armazenamento de volumosos de boa qualidade que podem ser fornecidos ao
gado nas épocas de escassez de pastagem ou como complemento ao pastejo ou,
ainda, como principal alimento no caso de se adotar o confinamento total
dos animais.
Várias
forrageiras, sozinhas ou combinadas, podem ser ensiladas em diversos tipos
de silos.
- Silagem
É a
forragem verde armazenada na ausência de ar e conservada mediante
fermentação em depósitos próprios, chamados silos. Várias forrageiras,
sozinhas ou combinadas podem ser ensiladas. O valor nutritivo da silagem
vai depender principalmente da forrageira utilizada. O milho, o sorgo e o
capim-elefante são as principais forrageiras usadas para ensilagem, sendo
o milho a mais comum e de maior valor nutritivo dentre essas três.
Recentemente, os capins tanzânia e mombaça e o girassol passaram a ser
utilizados na confecção de silagem. Devido à sua menor digestibilidade, a
silagem de sorgo tam apresentado 70 a 90% do valor nutritivo da silagem de
milho. A silagem de capim- elefante, mombaça e tanzânia é,
qualitativamentebem inferior à do milho e do sorgo, enquanto a de girassol
apresenta valor intermediário.
- Feno
É um
alimento volumoso, preparado mediante o corte e desidratação de plantas
forrageiras. Esse processo é denominado fenação e que resulta na forragem
desidratada e, dessa forma, ela pode ser armazenada por vários meses, sem
perder o seu valor nutritivo. Excelente maneira de se aproveitar o
excedente de pasto, entretanto, a qualidade do feno estará sujeita a
grandes variações em função da condição da pastagem, da espécie
forrageira, da época e idade da planta e da maior instabilidade climática
no verão. A maioria das gramíneas forrageiras presentes nas pastagens
podem ser utilizadas, devendo-se evitar aquelas com caules grossos,
difíceis de ceifar e secar. O ponto de feno ideal para enfardar o material
é 20% de umidade e uma maneira prática de averiguação é fechar com força
uma amostra do feno da mão; se a forrageira quebrar quase totalmente ou,
ao abrir a mão, não tiver tendência a voltar à forma inicial, indica que o
feno está em condições de ser enfardado.
- Outros
Outro produto que se
obtém mediante a desidratação é a raspa de mandioca, que pode ser
armazenada e utilizada como componente energético na alimentação do gado,
em substituição parcial ao milho ou sorgo. A produção de raspa de mandioca
a nível de fazenda consiste no arranquio, transporte até o local onde será
preparada a raspa, após a remoção do excesso de terra, lavagem opcional
das raízes, picagem ou corte das raízes em fatias ou rodelas de no máximo
1 cm de espessura, secagem em terreiro com carga inicial de 5 a 10 kg de
raspa por m², revirar o material a intervalos de 2 a 3 horas, amontoar e
cobrir durante a noite para proteção contra chuva ou orvalho. O ponto de
secagem (menos de 15% de umidade) é atingido com 2 a 4 dias, dependendo
das condições do tempo e dos procedimentos adotados, e é determinado de
forma prática quando, tomando-se um pedaço de raspa, este riscar como se
fosse giz.
|
Produção
Animal (SISPAN)
Preconizar as
técnicas para o manejo das diversas categorias de animal, estabelecer as
estratégias para o melhoramento genético , manejo reprodutivo e
nutricional do rebanho e os critérios de ordenha e qualidade do leite.
. Bezerros
. Cria
. Recria
. Novilhas
. Vacas
.
Melhoramento genético
. Manejo
reprodutivo
. Manejo
sanitário
. Manejo
nutricional
. Ordenha
e qualidade do leite
. Outros
Detalhes
sobre a atividade de produção, conservação e utilização de forrageiras e
pastagens, alimentação, manejo reprodutivo e melhoramento genético,
sanidade animal e ordenha podem ser encontrados no Manual Técnico:
Trabalhador na Bovinocultura de Leite, produzido pela Embrapa-Senar-AR/MG,
Embrapa Gado de Leite: 20 anos de pesquisa..
Gerenciamento (SISGER)
Detalhar a
forma de gerenciamento da propriedade quanto a:
.
Gerenciamento do rebanho
. Descrever o sistema de
registro de dados, se por fichas ou com auxilio de programas especiais
(softwares) para o controle zootécnico do rebanho.
.
Acompanhamento econômico e financeiro
.
Análise financeira de unidade de produção de leite. Coronel Pacheco - MG
EMBRAPA - CNPGL, 1994 15p EMBARRA - CNPGL, Documento, 58.
.
Comercialização
. Informar os critérios e procedimentos adotados para a
comercialização de leite e animais.
É
importante ressaltar que diversos sistemas (software) de gerenciamento
estão disponíveis no mercado e que são ferramentas fundamentais para este
gerenciamento.
Estrutura organizacional
Estabelecer o número mínimo de pessoas necessário ao desenvolvimento do
empreedimento, bem como elaborar o plano de treinamento e qualificação,
delegar responsabilidades, estabelecer o plano de cargos e salários e
definir as funções inerentes a cada cargo/atividade.
. Equipe
de Assessoramento e Apoio Técnico
.
Coordenação/Administração Geral e Responsáveis pelos Setores
. Quadro
de Pessoal
.
mão-de-obra para produção de alimentos
.
mão-de-obra para manejo do rebanho
Planejamento das instalações
De posse das informações levantadas e estabelecido o
conceito e forma do sistema de produção passa-se a fase do planejamento
propriamente dito que é dividido em duas fases distintas, porém,
interativas:
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Anteprojeto |
|
Para que o
planejamento de uma construção rural ou de um conjunto de instalações para
animais seja bem elaborado, há necessidade de que todos os fatores de
produção envolvidos sejam econômica e tecnicamente analisados pelo
engenheiro projetista. Detalhes técnicos, construtivos e as
características de cada tipo de construção devem ser levantados e
considerados na fase de anteprojeto. Neste particular, projetar
instalações para animais não significa apenas dimensionar estruturas e
definir espaços, mas dimensioná-las em função das necessidades próprias do
animal e de sua interação com o meio ambiente e o homem.
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Projeto |
|
A
definição de uma estrutura física de uma propriedade destinada a produção
de bovinos de leite deve ser considerada sob duas fases. A primeira,
concerne à área disponível e o programa de uso de solo, para, a partir
deste referencial, determinar o dimensionamento/tamanho e a evolução do
rebanho, que é determinante para a segunda fase, que consiste no
planejamento das instalações, benfeitorias e a quantidade de máquinas
motores e equipamentos necessários à condução do sistema de produção.
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Definição das Instalações |
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A
intensificação dos sistemas de produção de leite tem evoluído para um
sistema de exploração na qual o uso de tecnologia e capital passam a
exigir, do produtor, melhor gerenciamento sobre os recursos produtivos.
Esta tendência, afeta o sistema de produção como um todo, onde os
investimentos realizados precisam ser analisados com efetividade. Assim, a
adoção da exploração tecnificada poderá ser dirigida para o manejo animal
em regime de pasto associado à estabulação parcial (semi-confinamento) ou
estabulação completa (confinamento total). Estes tipos de manejo requerem
o planejamento de instalações funcionais visando aumentar a eficiência da
mão-de-obra, oferecer condição de conforto aos animais, reduzir o número
de acidentes, bem como, reduzir os custos de produção de leite. Deste
modo, torna-se essencial dar atenção ao planejamento dos componentes que
constituem uma instalação típica para a exploração de bovinos de leite.
O
detalhamento do manejo é, sem dúvida, o requisito fundamental para o
projetista desenvolver o projeto global das instalações, devendo ser
cuidadosamente estudado para atender as necessidades preconizadas para o
manejo adotado. Havendo falhas na concepção desse manejo, dificilmente se
consegue projetar boas instalações, podendo comprometer o desempenho dos
animais e inviabilizar o sistema de produção. Além disso, as instalações e
os equipamentos desempenham função estratégica nas decisões do
planejamento, pois elas representam uma parcela significativa do
investimento produtivo, sendo que a vida útil das instalações é de 20 a 40
anos e a dos equipamentos, de 5 a 15 anos.
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Dependência das características dos sistemas produtivos |
|
Definido o
sistema de produção a ser adotado e o manejo detalhado do sistema
produtivo, o projetista inicia a elaboração do anteprojeto das
instalações, verificando o arranjo físico (“layout”) mais adequado do
conjunto das instalações no local previamente determinado e preparado.
Após a definição desse “layout” juntamente com o proprietário e demais
membros de decisão, será elaborado o projeto global das instalações, com
todas as informações e detalhes necessários para a edificação:
a)
Plantas:
-
Planta baixa, cortes e fachadas (escala 1:50 ou 1:100)
-
Detalhes (escala 1:10, 1:20 ou 1:25)
-
Planta de cobertura (escala 1:200)
-
Planta de situação (escala 1:200)
b)
Memorial descritivo das construções ou especificações técnicas:
as informações deverão ser claras e concisas com as descrições dos
serviços, modo e processo de execução, materiais, aparelhos e peças a
serem utilizados de acordo com o projeto arquitetônico, estrutural,
elétrico, hidráulico e outros que se fizerem necessários.
c)
Orçamento:
deverá
estimar o custo provável da obra a ser executada, considerando: materiais,
mão-de-obra, encargos sociais, manutenção de equipamentos e ferramentas,
benefícios e despesas indiretas (BDI).
O
orçamento pode ser feito de duas maneiras: pela relação total de materiais
e mão-de-obra (tabelas para composição de custos) e por unidade e custo
(preços de unidades construtivas, obtido em revistas especializadas).
d)
Cronograma físico-financeiro: numa tabela planejam-se os serviços a
serem executados, o período de execução (mensal ou trimestral), o tempo
gasto para cada atividade (serviço) e a previsão de custo ou faturamento
no período e o custo total do serviço. Um cronograma físico-financeiro bem
elaborado facilita muito na administração da obra, trazendo economia de
tempo e dinheiro.
|
FATORES
QUE AFETAM A ESCOLHA DAS INSTALAÇÕES
As
instalações destinadas a alojar o gado leiteiro devem ser simples,
eficientes, de baixo custo, e proporcionar aos animais condições de
conforto, espaço e proteção de um ambiente limpo, seco, e de boas
condições sanitárias para evitar doenças e permitir uma produção higiênica
do leite.
Fatores
econômicos e técnicos, precisam ser considerados na escolha do tipo de
instalação. Alguns princípios básicos devem ser seguidos quando do
planejamento e escolha das instalações para um sistema de produção.
Localização:
As instalações devem ser localizadas em área ampla, de fácil acesso, boa
drenagem e relativamente distante de construções particulares, para evitar
possíveis problemas com doenças, moscas e odores. Água de boa qualidade e
eletricidade devem ser supridas.
Tamanho ou
capacidade:
As instalações devem ser suficientes para alojar o número de animais
(jovens e adultos) existentes e que serão mantidos na propriedade. Também
devem oferecer condições para que os animais sejam mantidos sob conforto
físico e térmico quando são alimentados, ordenhados ou outra atividade de
manejo.
Tipo de
instalação:
A escolha do tipo de instalação depende entre outros fatores, do capital
disponível, maior ou menor intensidade de mecanização, quantidade e
qualidade da mão-de-obra e da preferência do produtor. A instalação
escolhida deve proporcionar alto grau de eficácia da mão-de-obra, que está
envolvida diretamente com a movimentação de alimentos, esterco, leite e
animais. O volume de cada uma dessas atividades é considerável, e
movimentar, em linha reta, o alimento, dejetos e animais, aumenta
grandemente a eficiência e eficácia da mão-de-obra. Evitando-se os cantos,
os corredores afunilados, degraus e pisos escorregadios, melhora-se a
locomoção de animais e se minimiza o risco de injúrias principalmente dos
membros e úbere.
Indiferente do tipo de instalação adotado, componentes essenciais do
sistema precisam ser incluídos nas instalações centrais. Estes componentes
ou áreas, são destinadas a:
· alojar
os animais;
·
alimentar dos animais;
·
armazenar volumosos e concentrados;
· ordenha
·
maternidade, enfermaria e tratamento, locais para realizar
inseminação artificial e outras áreas de serviço;
· área
para cria e recria dos animais; e
· abrigo
de máquinas e equipamentos.
Alojar os animais: As instalações
destinadas a alojar as diversas categorias de animais se um rebanho são
projetadas em acordo com o sistema de exploração a ser adotado: pasto ou
confinamento. O manejo em pasto, requer estruturas mais simples e são em
geral, mais baratas do que as utilizadas em confinamento. Neste caso,
currais, sala de ordenha, sala de leite, escritório, bezerreiro
convencional ou abrigos individuais, silos, abrigos rústicos para
novilhas e cochos cobertos para minerais, construídos nos pastos. tronco
para contenção dos animais, depósito para alimentos e preparo de rações,
reservatório de água, bebedouros, galpão para abrigo de máquinas e
equipamentos e cochos cobertos (O sistema de produção implantado no CNPGL.
EMBRAPA - CNPGL. Documentos, 1).
Outro tipo
de instalação que pode ser utilizada é o chamado Miniestábulo ou
Sistema de sala-de-ordenha, que é um estábulo de tamanho reduzido,
destinado a comportar de 4 a 12 animais por vez, variando com o tamanho do
rebanho, podendo a ordenha ser manual ou mecânica. A principal vantagem é
a redução do custo de construção. É de fácil manejo, pois as vacas são
manejadas em lotes. Antes da ordenha, as vacas ficam no curral-de-espera;
depois de ordenhadas vão para o curral de descanso e alimentação, ou
diretamente para o pasto.
Ilustrando
este tipo de instalação, para um rebanho estabilizado com 48 vacas em
lactação, deve-se, primeiramente, projetar a composição média do rebanho
(número e categoria de animais) e o manejo a ser adotado. Para manter, em
média, esse número de fêmeas lactantes, devem ocorrer, durante o ano,
aproximadamente cinco nascimentos por mês. Desse modo, são necessários 13
abrigos individuais para alojar os bezerros(as) até aos 70 dias, quando
serão transferidos para os pastos (piquetes).
Tabela
7 - Composição
média do rebanho, exemplo hipotético.
Categoria |
Número de cabeças |
Local de manejo e de
alimentação suplementar |
Vacas em lactação |
48 |
Estábulo e pato |
Vacas secas |
12 |
Pasto |
Novilhas gestantes |
22 |
Pasto |
Fêmeas de 1 a 2 anos |
22 |
Pasto |
Fêmeas até 1 ano |
24 |
Abrigos individuais
até aos 70 dias
Pasto após 70 dias. |
Machos até 1 ano(1) |
24 |
Abrigos individuais
até aos 70 dias
Pasto após 70 dias. |
Total |
152 |
|
(1)
Quando se faz recria de machos.
Considerando o rebanho descrito, as instalações a serem projetadas poderão
ser assim distribuídas, no caderno de plantas:
·
Conjunto A: 3 currais, para 16 vacas cada um, cocho para
minerais, curral-de-espera, sala-de-ordenha para seis vacas, pedilúvio,
sala-de-leite, escritório, depósito de ração e farmácia.
·
Conjunto B: Sala para picadeira e depósito de ração.
·
Estrutura para conservação de forragens (silos trincheira
ou superfície, 320 t).
·
Conjunto de abrigos individuais para bezerros, (0 a 70 dias
de idade).
Conjunto
C: seringa, tronco coletivo, tronco individual e embarcadouro opcional.
O manejo em confinamento total exige maior
investimento em instalações, máquinas e equipamentos, além de apresentar
uma complexidade maior para o planejamento, porque necessita uma interação
entre a movimentação de animais, alimentos e dejetos produzidos Outro
aspecto de grande importância é o sincronismo na realização e o
monitoramento dessas operações, fato este, que requer mão-de-obra
qualificada. Também, o gerenciamento técnico e econômico-financeiro
precisam ser intensificado.
- Sistema de alimentação:
Dele depende a necessidde de área para galpões de armazenamento de
alimentos (volumosos e grãos) e área para confecção de ração (moinho
desintegrador, misturador, etc.), se esta for produzida na fazenda. Silos
devem ser localizados próximos da área de alimentação.
- Sistema
de ordenha:
Depende do número de vacas em lactação, nível de produção do rebanho,
tempo desejado para a ordenha e, principalmente, pelo seu custo inicial.
- Descarte
das fezes e urina:
Na exploração de leite, onde os animais são mantidos em regime de semi ou
estabulação completa, talvez este seja o maior problema. A movimentação do
esterco para armazenamento pode ser na forma sólida (esterqueira e
distribuição direta nos campos de culturas ou pastos), líquida (lagoa,
utilizando-se da água da lavagem como veículo), sendo posteriormente
descartado. Recentemente, foi introduzido no CNPGL, o manejo de esterco,
no qual esterco e urina são depositados em tanques para aeração e
homogeneização, acrescidos da água utilizada para limpeza automática dos
galpões de confinamento. Após a estabilização, este esterco líquido (biofertilizante),
é utilizado nas áreas de cultura através de sistema de irrigação. Outra
interessante é a Compostagem, um processo biológico de
transformação da matéria orgânica crua em substâncias húmicas,
estabilizadas, com propriedades e características completamente diferentes
do material que lhe deu origem. É uma técnica idealizada para se obter
mais rapidamente e em melhores condições a desejada estabilização da
matéria orgânica).
A
compostagem é um processo de digestão aeróbia da matéria orgânica por
microrganismos em condições favoráveis de temperatura, umidade, aeração,
pH e qualidade da matéria-prima disponível. A eficiência do processo
baseia-se na perfeita interação desses fatores.
Os
principais tipos de compostagem utilizados, dependendo da quantidade da
matéria-prima disponível, são: em leiras, pilhas aeradas, pilhas
estáticas, caixas de alvenaria ou madeira, etc.
Atualmente
os sistemas de compostagem têm recebido muita atenção dos pecuaristas pela
oportunidade de venda do composto para produção orgânica, agregando valor
à atividade leiteira. (Embrapa: Instrução Técnica para o Produtor de
leite- Sustentabilidade da Atividade Leiteira nº 52. Tratamento e manejo
de dejetos de bovinos).
-
Flexibilidade de local:
Novas instalações devem ser previstas de modo a permitir expansão futura e
adaptação de novas tecnologias.
-
Exigências legais:
As instalações devem preencher todos os requerimentos legais para a
produção e comercialização do leite (Normas de produção do M.A., exemplo:
Leite B e Leite A).
-
Orientação:
a orientação das instalações é fator intimamente relacionado com o clima
do local e que uma boa orientação tem maior importância em alojamentos
abertos, onde, além de permitir uma máxima insolação interna no inverno,
deve garantir a proteção contra os ventos dominantes e frios.
Em
condições de clima tropical e subtropical, como ocorre em nosso
hemisfério, as coberturas são orientadas, normalmente, no sentido
leste-oeste, para que no verão haja menor incidência de radiação solar no
interior das instalações e maior insolação da face norte no inverno.
Os cochos
cobertos para volumosos, cuja geometria da cobertura é geralmente estreita
e alongada, a melhor orientação é a leste-oeste, permitindo máximo
sombreamento durante o verão e maior exposição da face norte no inverno.
Nestas instalações, o cocho de alimentação deve ser locado na face sul,
onde permanece sombreado durante o ano todo, evitando o ressecamento da
forragem e dando maior conforto aos animais.
Em abrigos
exclusivos para sombreamento dos animais, onde não há limitação de espaço
nas laterais para movimentação dos animais, a melhor orientação é a
norte-sul. Desta forma, os animais se movimentam juntamente com o
deslocamento da sombra do abrigo, permitindo maior exposição solar do
piso, reduzindo a formação de lama e mantendo-o mais seco, além de
usufruir do poder germicida da radiação solar na desinfecção do piso.
Nos
bezerreiros, as baias individuais devem ser orientadas de modo que recebam
o sol da manhã, devido aos efeitos benéficos dos raios solares sobre a
saúde dos animais. Deste modo, os bezerreiros são projetados com todas as
baias individuais do lado leste, as coletivas do lado oeste e a cobertura
no sentido norte-sul.
No caso
dos abrigos individuais (gaiolas) para bezerros, a abertura principal deve
ficar exposta para o leste, permitindo a entrada do sol da manhã no
interior dos mesmos, mantendo assim a cama mais seca e o sombreamento da
lateral sul do abrigo, já que os bezerros têm livre acesso à sombra.
-
Bezerreiros:
geralmente, fazem parte do corpo dos estábulos clássicos e das
salas-de-ordenha, quando a ordenha é feita com o bezerro ao pé.
Entretanto, podem ser separados, principalmente se o aleitamento for
artificial. As baias podem ser individuais ou coletivas, com piso de
cimento ou ripado, devem dar acesso a solário ou piquete gramado.
O uso de
abrigos individuais (gaiolas) é recomendado pela facilidade de manejo,
limpeza, desinfecção e baixo custo. Além disso, os animais apresentam
menos problemas sanitários, menor mortalidade e maior consumo de ração.
(http:
www.sinueloagopecuaria.com.br/produtos),
Embrapa Gado de Leite - Orientações Técnicas para o Produtor de Leite,
Folha solta nº 2. Manejo de bezerros nos abrigos individuais
- Baias
para touros:
mesmo com
o uso da inseminação artificial, às vezes, há necessidade de se manter um
ou mais touros na propriedade para repassar os animais, que por qualquer
motivo não são fertilizados pela inseminação. Tecnicamente, recomenda-se o
uso da inseminação artificial. A partir dos 3 a 4 anos de idade é comum os
touros (principalmente de raças européias), quando mantidos presos,
tornarem-se perigosos pela agressividade, e todo cuidado deve-se ter ao
manejá-lo. Por esse motivo e por razões de segurança, a baia deve ser
planejada de tal maneira, que não haja necessidade de entrar nela para
alimentar e manejar o touro.
O abrigo
deve ser sólido, bem construído, com paredes, cercas e cochos bem
reforçados, localizado em lugares onde seja fácil levar as vacas em cio. O
caso mais simples é uma cobertura do tipo galpão, no piquete, dotada de
comedouro e bebedouro. As dimensões básicas das baias são de 10 a 16 m2,
sendo de 3,20 x 3,20 m para raças menores e 4,00 x 4,00 m para raças de
maior porte, divisórias com madeira de lei ou alvenaria de um tijolo com
cintas e pilares de concreto armado, com 1,80 a 2,00 m de altura, pé
direito de 2,70 a 3,00 m, portões de madeira ou de chapa com ferragens
reforçadas. A fixação de argolas no focinho do touro, no cocho ou no
esteio é muito importante para contenção do animal nos casos de vacinação,
pulverização, aplicação de medicamentos e curativos. O piso deve ser
concretado com 6 a 8 cm de espessura, com declive de 2 a 3% no sentido de
canaletas coletoras de águas de limpeza e resíduos orgânicos.
O piquete
de exercício adjacente à baia ou pequeno pasto é imprescindível para a
saúde dos touros, 80 a 100 m2 de área são suficientes. As
cercas devem ser fortes e resistentes, à semelhança daquelas indicadas
para os currais para gado de corte.
- Cochos
externos:
são os
cochos de sais minerais e os cochos para distribuição de volumosos e
concentrados nos currais e nos pastos. Reserva-se nesses últimos um espaço
linear de 0,60 a 0,80 m por animal adulto, dependendo do porte dos
animais.
- Brete ou
tronco para vacinação:
é uma
instalação imprescindível no manejo do gado, facilitando a pulverização,
marcação, vacinação e outras atividades dependentes da contenção dos
animais. Troncos maiores permitem a colocação de maior número de animais
por vez, reduzindo o tempo gasto para execução das atividades de manejo.
Sempre que possível, deve terminar num embarcadouro de gado, facilitando a
carga e descarga de animais diretamente em caminhões.
Há também
troncos metálicos, fixos ou móveis, que podem ser adquiridos no mercado.
- Currais:
o número e o tamanho dos currais variam conforme o tamanho
do rebanho e o sistema de exploração. A área recomendada por vaca varia de
2 a 10 m2, dependendo do tempo que o gado permanece preso.
O piso
deve ser revestido por concreto, ou calçado com lajes de pedra, para
evitar a formação de lama no período das chuvas, e de poeira na época
seca. O piso de pedra, normalmente, é muito escorregadio podendo provocar
acidentes e lesões nos animais.
As
divisórias dos currais podem ser construídas com réguas e mourões de
madeira (roliça ou serrada) de cimento, muros de alvenaria, tubos
galvanizados, trilhos de estrada de ferro, etc. Atualmente vem ganhando
preferência a construção de currais com o emprego de mourões de concreto
armado ou eucalipto tratado e cordoalhas de aço, estas, por serem mais
resistentes, duráveis e econômicos. Esta é uma alternativa ecológica e
economicamente viável para construção de currais e divisórias em geral.
Além disso, currais com emprego de cordoalhas permitem maior circulação do
ar na altura dos animais melhorando o conforto térmico. (Informe Técnico:
Manual de construção de currais com cordoalha da aço zincado. Belgo
Mineira: www. belgomineira.com.br/agro).
-
Sala-de-leite:
a
sala-de-leite deve ficar localizada junto à sala de ordenha para facilitar
o transporte do leite para o tanque de expansão ou resfriador e também o
livre acesso dos ordenhadores e ajudantes. Deve ter espaço suficiente para
abrigar todos os equipamentos e utensílios de refrigeração do leite, pia
ou tanque para limpeza dos equipamentos de ordenha.
Outras
instalações:
instalações como galpões para máquinas e equipamentos, depósito de ração,
depósito de insumos (adubos, calcário, sal mineral), escritório, farmácia
e demais dependências devem ser detalhadas e planejadas conforme as
exigências do projeto, do manejo e das condições do proprietário.
Os silos,
como construções de finalidade estratégica em uma granja leiteira,
devem receber atenção. Eles objetivam a conservação de forragem sob a
forma de silagem, imprescindível para superar os efeitos negativos da
“época seca” sobre o desempenho dos animais, principalmente sobre a
reprodução e produção de leite.
Convencionalmente, cinco tipos de silos podem ser construídos em
propriedades rurais, e são denominados: aéreo, de encosta, cisterna,
trincheira e de superfície. Recentemente, os silos cilíndricos de
plástico, conhecidos como "salsicha" vêm ganhando espaço. A escolha do
tipo de silo a construir depende, principalmente, da quantidade de silagem
a ser armazenada, da topografia, máquinas e equipamentos disponíveis,
custo de cada unidade e a preferência do produtor. Cada tipo de silo
apresenta uma série de vantagens e desvantagens, sendo as principais,
apresentadas na Tabela abaixo.
Geralmente, os silos devem ficar próximos do local de trato dos animais
para maior facilidade na distribuição da silagem e economia no transporte.
Entretanto, em situações especiais, os silos poderão ser construídos
próximos do local de produção da forragem a ser ensilada, para que haja
maior rapidez no enchimento e fechamento dos mesmos, práticas essenciais à
produção de silagem de boa qualidade. Nesta situação, os silos de plástico
apresentam vantagem relativa sobre os demais, por ser de fácil transporte.
Tabela 8
- Vantagens
e desvantagens dos principais tipos de silos.
Vantagens |
Desvantagens |
1. Silo Aéreo |
- Maior eficiência -
perdas mínimas (5%);
- Facilidades na
descarga;
- Compactação mais
fácil;
- Valorização
estética da propriedade;
- Possibilidade de ser construído mesmo em baixadas com lençol
freático superficial e, ainda, ligado ao estábulo ou local de
tratamento (cochos);
- Grande capacidade
de volume. |
- Maior custo
inicial; requer mão-de-obra mais eficiente;
- Máquinas ensiladeiras
mais caras, com ventilador. |
2. Silo de Encosta |
- As mesmas do silo aéreo, acrescentando-se que é
menos caro e dispensa máquinas com ventiladores para carregamento. |
- As mesmas do “aéreo”;
- Necessita de barranco
bem elevado com relação ao local de trato, o que poucas propriedades
podem oferecer. |
3. Silo-Cisterna |
- Carregamento e
compactação fáceis;
- Menos caro que os
anteriores. |
- Descarga mais
difícil;
- Não pode ser de
grande capacidade, necessita ser feito em forma de baterias, devido à
sua profundidade (máxima 7 m);
- Não pode ser
construído em baixadas, devido ao lençol freático superficial;
- Revestimento
indispensável. |
4. Silo-Trincheira |
- Construção mais
simples e barata;
- Possibilidade de
máquinas na abertura;
- Máquinas de ensilar
mais simples;
|
- Grande superfície exposta e possibilidade de maiores perdas (10%);
- Compactação mais
difícil;
- Grande quantidade
de terra para cobertura;
- Necessidade de
cerca em volta para proteger contra animais;
- Dificuldade de barranco próximo ao local do trato. Obs.: Este item
pode ser omitido, fazendo-se o silo todo escavado no solo,
subterrâneo. |
5. Silo de Superfície |
- Mais opção de escolha de local para ensilagem;
- Máquinas
ensiladeiras mais simples;
- Fechamento rápido;
- Pode ser mudado de
local, quando necessário, sem perdas de investimento. |
- Maiores perdas de
qualidade (> 15%);
- Compactação mais
difícil. |
6. Silos cilíndricos
de Plásticos |
Possibilidade de transporte
Maior quantidade de silagem armazenada
por m³ |
Máquina especial de
custo elevado
Não reutilização do
plástico |
|
|