Diarréias
Uma doença comum que
acomete os bezerros nesta época é a diarréia. O animal com diarréia se
caracteriza por apresentar fezes líquidas que pode ter as mais variadas
aparências, desde amarela viva passando por esverdeada, preta e vermelha,
até mesmo com sangue vivo. Não se pode dar um diagnóstico seguro do
causador da diarréia, pela cor das fezes, mas podemos chegar a alguns
componentes destas fezes e daí conduzir o tratamento com melhor
eficiência. Mas a grande importância desta enfermidade é levar o animal a
desidratação que normalmente é a causa principal da morte. O animal
apresenta a doença fica triste, não se alimenta de forma adequada, muitas
vezes apresenta respiração acelerada e vai aos poucos apresentando sinais
de desidratação, como pele seca, olhos fundos entre outras, e por fim as
extremidades apresentam baixa temperatura e logo a seguir a morte. Neste
caso, quando forem observado os primeiros sinais de desidratação, devemos
socorrer o mais rápido possível, dando mais líquidos para este animal.
Podemos lançar mão da hidratação oral em primeira mão. Podem surgir casos
de diarréia de causa nutricional, quando os animais não estão habituados
com certo tipo de alimentação, por exemplo, nova ração que pode estar
contaminada por fungos ou outros microorganismos. Nos casos mais graves, a
presença de um Veterinário é uma necessidade.
M icoses
Outra enfermidade comum nesta época é o aparecimento de micoses. Existe um tipo de micose denominado “tinha”, que causa lesões de placas arredondadas que aparecem comumente na região da cabeça e pescoço. São placas de tamanho variado, de um modo geral de forma arredondada, muito comum em criatório coletivo. Normalmente não causa maiores danos e pode ser tratado com certa facilidade. A utilização de tintura de iodo tem
efeito satisfatório desde que aplicada todos os dias, até o desaparecimento das lesões. Esta enfermidade é mais comum em ambientes de grande concentração de animais. Em bezerreiros coletivos, onde os bezerros permanecem muito tempo juntos, o aparecimento de tinha é comum.
Tristeza parasitária
Agora, ainda existe uma
certa proteção dada pelo colostro e os animais começam a desenvolver a
parasitose de carrapatos. É o momento em que os primeiros sintomas da
tristeza parasitária começam. A tristeza é transmitida pelos carrapatos e
insetos hematófagos como moscas e pernilongos. A tristeza parasitária é
causada por dois agentes parasitários: o Anaplasma e a Babesia. A
anaplasmose é causada pelo Anaplasma marginale e a babesiose é
causada pela babesia sp. A babesia é
transmitida pelos carrapatos e a anaplasma pelos insetos hematófagos.
Ambas são doenças que causam anemia grave podendo com freqüência
levar os animais a morte. No campo é muito difícil diagnosticar estas
doenças separadamente com certeza absoluta. O tratamento para a tristeza
parasitária deve ser realizado assim que os primeiros sintomas forem
observados. Temos no mercado vários tipos de medicamentos que são
utilizados para o tratamento desta doença. Esta deve ser uma recomendação
do Veterinário assistente na propriedade. Quanto mais precoce o
tratamento, melhor a recuperação.
Verminose
A partir dos três meses de
idade, podemos estar atentos as verminose, as quais acometem os bovinos
jovens. Bovinos com idade até dois anos são muito sensíveis às verminoses
e por isto devem receber atenção especial nesta fase, que é de grande
desenvolvimento. Como as larvas de vermes estão disseminadas nas
pastagens, os animais sob pastejo normal estão continuamente se
infectando. Para que esta convivência esteja sob controle, devemos
combater os vermes de forma estratégica. Se sabemos que estas larvas de
vermes estão espalhadas na pastagens temos que atacar da forma que
estejamos com mais vantagens. De um modo geral no Brasil na época de
temperatura fria que coincide com a seca as pastagens estão em seu pior
momento com o capim sem desenvolvimento de porte baixo e as larvas não tem
como sobreviver de forma normal, então a maior população de vermes está
dentro dos animais. Assim sendo esta é a melhor época para se combater
estes vermes. Se vermifugarmos os animais no inicio meio e fim da época
seca, estaremos fazendo um excelente controle destes parasitas, de forma
econômica e eficiente. . O uso de vermífugos com poder residual maior,
como as avermectinas, pode facilitar este controle estratégico exigindo
apenas duas vermifugações sendo uma no início e a outra fim de seca. Outra
forma de se vermifugar esta categoria, é a partir de três meses de idade
vermifugar todos os animais mensalmente até a idade de um ano. Esta
estratégia tem bom retorno financeiro.
Vacinações
Basicamente temos dentro de
um programa sanitário algumas vacinas de uso obrigatório.
A vacinação contra a
brucelose é obrigatória somente para as fêmeas na idade entre três e oito
meses de idade. Não se pode vacinar estas fêmeas a partir desta idade pois
a titulação do exame pode ser positivo para o resto da vida e este animal
é considerado positivo e o destino certamente é o abate.
Outra vacina obrigatória é
a da aftosa que deve ser aplicada de acordo com a região do pais, como
indicado pelos órgãos de defesa sanitária do estado.
A vacinação contra o
carbúnculo sintomático deve ser realizada em todos os animais acima de
três meses de idade sendo repetida de seis em seis meses até aos dois anos
de idade. É nesta idade que os animais estão mais sujeitos a desenvolver
esta enfermidade. Como característica, é uma doença que afeta os animais
com melhores escores corporais.
Outra vacinação importante
é a contra a raiva que deve ser aplicada anualmente, principalmente em
regiões de surto quando grande parte do rebanho pode ser afetada pela
doença.
Existe no mercado um número
grande de vacinas contra várias doenças como leptospirose, Rinotraqueite
infecciosa dos bovinos - IBR, diarréia bovina a vírus - BVD, mamite,
campilobacteriose, colibacilose e outras tantas que devem ser indicadas
para cada caso e pelo veterinário responsável pelo rebanho. Cada caso vai
exigir uma conduta específica de acordo com a recomendação do veterinário.
Controle de carrapatos
Uma das doenças mais
importantes que afeta nossos rebanhos é a carrapatose. É doença que causa
enormes prejuízos e grande desconforto para os animais prejudicando o seu
desenvolvimento e produção. Os carrapatos além dos problemas que
normalmente causam também transmite doenças que afetam de forma drástica
o animal. Estas doenças são a babesiose e a anaplasmose que fazem parte do
complexo “tristeza parasitária”.
Um grande complicador no
combate aos carrapatos é que não podemos eliminá-los do rebanho pois
apesar de transmitir a tristeza parasitária são eles que mantém os níveis
de anticorpos contra esta doença. Os carrapatos inoculam constantemente
os agentes da tristeza parasitária nos bovinos e então estes estão sempre
sendo estimulados a produzir anticorpos contra a tristeza parasitária. Por
outro lado, é imperativo que nossa vigilância esteja sendo levada com
seriedade pois qualquer descuido, a população de carrapatos pode aumentar
de tal forma que pode levar alguns animais a morte. É comum em
propriedades descontroladas que os animais estão tão afetados que começam
a emagrecer, não tem o rendimento esperado, chegam ao extremo de morrer.
Uma proposta de controle é o estratégico que consiste em banhar os animais
de forma a não deixar o desenvolvimento de teleóginas por um período de
120 dias. No sudeste este controle deve ser realizado na época de maior
calor que coincide com a época das chuvas quando aumenta também a umidade
relativa. A partir de dezembro, começa um pico de crescimento do
carrapato que deve ser combatido por banho carrapaticida. Estes banhos
devem ser realizado a cada 21 dias, com um total de cinco a seis banhos.
Este combate deve cobrir um período de 120 dias sem que haja
desenvolvimento de teleóginas. Este banho pode ser dado por aspersão ou
“pour on”. Se o carrapaticida utilizado tiver maior tempo residual, estes
banhos podem ser mais espaçados com intervalos de 35 dias. O importante é
combater os carrapatos de maneira que não permita o desenvolvimento de
teleóginas.
As formas de dar banho
pode variar com o produto. De um modo geral o banho por aspersão requer em
torno de quatro a cinco litros de solução por animal adulto. O animal tem
que ser molhado totalmente desde a cauda até a ponta do focinho. Um dos
grandes problemas que encontramos nos banhos carrapaticidas é que nas
partes baixas e nas reentrâncias da pele muitas vezes não ficam bem
molhados e os carrapatos que ali estiverem não sofrerão os efeitos do
veneno. Estes carrapatos vão se desenvolver e contaminarão as pastagens
prejudicando de forma drástica o controle destes parasitas.
Quando formos banhar o
rebanho, devemos atingir todo o contingente no menor espaço de tempo. Por
exemplo, não é recomendado que se banhe os animais solteiros numa semana
e os de leite na semana seguinte. Além de termos um controle muito
trabalhoso em quem foi banhado pode um destes animais trocar de lote e ser
o contaminador daquele pasto. O ideal é que se banhe todo o rebanho no
máximo em três dias.
Um agravante do combate
aos carrapatos é que nesta época em que se tem a maior precipitação
pluviométrica. Quando os animais tomam banho carrapaticida e logo após são
atingidos por uma chuva, dependendo do produto utilizado, este é lavado e
perde o efeito. Neste caso o controle é interrompido e não se alcança os
resultados esperados. Este é um dos grandes causadores de insucesso do
combate estratégico dos carrapatos. Outro que se deve chamar a atenção, é
que os banhos não foram dados de forma adequada tanto em quantidade quanto
em qualidade não atingindo todos os pontos do corpo do animal. Há uma
variação enorme da quantidade gasta pelos proprietários para banhar seus
rebanhos. Esta quantidade varia de meio litro até oito litros por animal.
Como se há de convir, com meio litro de calda não é possível banhar todo
um animal adulto. Por outro lado oito litros para banhar um animal está se
desperdiçando o produto.
Um dos grandes problemas
que encontramos nas propriedades é a forma de se dar banho. Quando se faz
uso de aspersores, os costais são o vilão da história. Com uma capacidade
para 20 litros de calda, que daria para banhar entre quatro e cinco
animais temos visto que nas propriedades esta mesma quantidade de calda o
funcionário banha ate 40 animais. Conclui-se que este banho foi mal dado.
Este problema vem da bomba que é pesada, o trabalho realizado pelo
operador é pesado e por este motivo, os três primeiros animais tem banhos
melhores, os outros vem o cansaço e o operador não agüenta mais então não
consegue trabalhar adequadamente fugindo do objetivo.
É muito comum neste casos
as pessoas reclamarem do produto e muita vezes há troca do produto sem que
se preocupe com o princípio ativo que pode com freqüência ser o mesmo que
o anterior. Às vezes, no segundo banho com o mesmo produto o operador
consegue um melhor sucesso mas quando vamos saber porque, simplesmente
houve maior capricho no banho.
Outra forma de agir das
pessoas é a troca constante de base medicamentosa sem critério. Isto
ocorre sempre que não se tem sucesso com os tratamentos então, troca-se
por outra base mas o vilão continua sendo o banho mal realizado.
Todos estes cuidados devem
ser observados na hora de planejar o controle estratégico. Qualquer erro
em qualquer fase, pode comprometer seriamente o sucesso
Controle de mamite
A mamite é a inflamação da
glândula mamária. É causada pelos mais diversos agentes. Os agentes mais
comuns causadores de mamites são as bactérias dos gêneros estreptococos e
estafilococos. Outros agentes de importância causadores de mamites são os
coliformes.
É
preciso trabalhar preventivamente no controle de mamite pois é uma doença
que está sempre para surgir repentinamente. Esta é uma doença de manejo.
Para se fazer uma prevenção adequada, é preciso considerar todo o manejo
da propriedade. Quando os índices desta doença se elevam, significa que
uma ou mais ações dentro do manejo está sendo executada de forma
inadequada. Vale ressaltar que as mamites ambientais são esporádicas e
podem acometer qualquer dos animais em lactação.
Dentro deste manejo da
propriedade devemos levar em consideração todo o processo realizado
diariamente dentro da propriedade, desde quando os animais estão no
pasto, vem para a ordenha e voltam para o pasto.
Não importando a forma de
ordenha seja ela mecânica ou manual deve ser observado a condução de todo
o processo pois é um dos grandes causadores de mamite quando a própria
ordenha não é bem conduzida. No processo com ordenha mecânica, os
equipamentos devem ser conduzidos como recomendado pelos fabricantes. As
trocas de peças e borrachas, tem que ser executada dentro do que for
recomendado pois assim como o nível de vácuo, tem que estar conforme o
recomendado pois tanto o excesso como a falta deste vácuo são grandes
fatores predisponentes para o aparecimento de mamite. Estes são exemplos
do que pode facilitar a presença da mamite.
Existem vários testes que
podem auxiliar no diagnóstico da mamite. O “CMT” (California Mastitis test)
é um teste que pode ser realizado no campo, muito prático porém deve ser
executado por profissional treinado. A contagem de células somáticas “CCS”
é outro exame que é usado para o diagnóstico da mamite, este é feito em
laboratório. Estes dois meios de diagnóstico, são utilizados par
diagnosticar a mamite sub-clínica. Esta mamite ocorre com certa freqüência
nos rebanhos. É a mamite que não podemos enxergar a olho nu, porem ela é a
precursora da mamite clínica. A mamite clínica é aquela que se pode ver a
olho nu.
Outro teste que pode ser
auxiliar no diagnóstico da mamite é a cultura . Toma-se uma porção do
leite afetado e faz-se uma cultura em laboratório. Este exame é utilizado
para identificar o causador da mamite.
O teste prático mais
eficiente é o teste da caneca telada ou de fundo escuro. Este é o teste
que se deve fazer a cada ordenha. Ele detecta a mamite clínica nos
primeiros jatos de leite. Quando a mamite clínica aparece, há um depósito
de leucócitos (células de defesa) no canal da teta e estes leucócitos
formam grumos que são visualizados logo nos primeiros jatos de leite.
Estes primeiros jatos devem ser depositados na caneca de fundo escuro ou
telada onde os grumos serão visualizados com mais facilidade. Devido ao
contraste do fundo da caneca com os próprios grumos estes ficam mais
aparente. Neste caso estamos frente a mamite clínica.
Nos caso de mamite clínica,
o animal deve ser retirado do recinto e ser ordenhado mais tarde após os
outros sadios. Dependendo da gravidade da mamite o animal deve ser
ordenhado fora do local de ordenha para não contaminar o ambiente. Se a
mamite for crônica o animal deve ser descartado.
No caso de controle
adequado da mamite, pode-se utilizar a linha de ordenha onde primeiramente
são ordenhadas as vacas sadia, depois as que já tiveram mamite e foram
curadas e no final aquelas que estão com mamite e em tratamento.
O tratamento das vacas com
mamite varia de acordo com o caso apresentado. De um modo geral, os
tratamentos devem ser precedidos de ordenhas sucessivas em torno de quatro
no período do dia e se for o caso de necessidade de medicamento, tratar
somente após a ultima ordenha do dia.
As vacas secas devem ser
tratadas com medicamentos próprios para esta fase. Existe no mercado
vários medicamentos para tratamento preventivo de vacas neste período de
descanso. É bom lembrar que estes medicamentos nunca devem ser utilizados
para tratar mamites comuns, pois eles são próprios para a prevenção da
mamite no período seco.
C ascos
Uma das grandes
preocupações em todos os criatórios de bovinos são os cascos. A
importância dos cascos na locomoção do animal é vital. Se qualquer
problema que possa a vir a acontecer com os cascos, comprometem de forma
drástica a produção.
São muitas causas que
prejudicam os cascos. Dentre as várias que podemos citar temos como muito
importante a alimentação e o desgaste que ocorre principalmente em animais
confinados. Em animais não confinados, quando chega a estação chuvosa
época em que o barro é abundante, há um amolecimento dos cascos que
favorece o desgaste dos cascos. Estes fatores somados levam ao
aparecimento de vários problemas que afetam diretamente os animais.
Animais que tem os cascos
comprometidos, podem apresentar inúmeros problemas mas um dos que mais
chamam a atenção é a reprodução. Os animais afetados não só tem perda de
peso como não demonstra cios e esta perda afeta diretamente o intervalo
entre partos, além do que é comum a perda total do animal.
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