Sumário
Apresentação
Importância econômica
Aspectos agro e zooecológicos
Raças
Instalações
Alimentação
Reprodução
Manejo produtivo
Saúde
Preparo para o mercado
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário
Expediente
|
Raças |
Existem várias
opções de raças e cruzamentos para produção de leite,
sendo que as
principais são:
A.
Raça Européia
pura, especialmente selecionada para produção de leite, como a Holandesa
(H), a Suiça-Parda ou Schwyz, a Jersey, a Guernsey, a Ayrshire. Dessas a
mais conhecida e difundida é a Holandesa;
B.
Raça Européia
de dupla-aptidão (Produção de leite e de carne), como a Simental,
Dinamarquesa, Red Poll. Dessas a mais conhecida é a Simental;
C.
Raças Zebú
Leiteiras
(Gir; Guzerá; Sindi etc)
e
D.
Vacas mestiças, derivadas do cruzamento
de raça Européia (E) com uma raça Zebú (Z),
em vários graus de sangue. Entre as muitas opções de cruzamentos, os
mais comuns são:
D.1 - Absorção
por
raça européia
especializada, até atingir o puro por cruza (PC);
D.2 - Cruzamento
alternado simples
Europeu x Zeb ú
(E x Z);
D.3 -
Cruzamento
alternado com repetição do Europeu (E-E-Z) ou (E-E-E-Z);
D.4 -
Formação
de uma nova raça sintética,
(ex: 5/8 Holandês + 3/8 Gir, bimestiço, que é a raça Girolando);
D.5 -
Utilização
contínua de vacas
ou uso do F1;
D.5.1 - Cruzamento com
Holandês e Venda de Fêmeas ¾ HZ;
D.5.2 -
Cruzamento terminal;
D.5.3 -
Rebanho F1 e ¾ HZ;
D.6 - Uso
de vacas 3/4 HZ
D.7 -
Cruzamento triplo ou “tricross”;
A escolha de uma
ou outra alternativa depende de vários fatores, como: Sistema de Produção,
Clima, Topografia do terreno (localização da propriedade) etc, bem como da
preferência pessoal do produtor. Sem dúvida nenhuma, o sistema de produção
a ser utilizado na propriedade é o item mais importante a ser considerado
na
escolha da raça ou do cruzamento.
Sistema de
Produção
O sistema de
criação e produção a ser adotado é decorrente do desempenho dos animais
existentes e das práticas de criação e produção utilizadas na
propriedade. Este desempenho pode ser estimado pela média da produção de
leite por lactação, produção de leite diária, dentre outros. Os rebanhos
podem ser divididos em três níveis de criação e produção como, por
exemplo: -
è alto, que
propiciam produções acima de 4.200 kg/lactação.
è
médio, com
produções de 2.800 a 4.200 kg/lactação.
è
baixo, com
produções abaixo de 2.800 kg/lactação.
Escolha o
recurso genético mais adequado para a propriedade em questão.
De acordo com o
nível de criação e produção, deve-se considerar:
-
em propriedade com médias de produção de leite acima de 4.200 por
lactação, devem ser utilizadas raças européias especializadas, sendo a
Holandesa a mais difundida;
-
em propriedade com produções de leite entre 2.800 e 4.200 kg por lactação,
têm-se como
opção o cruzamento alternado com repetição do europeu ou ,
o uso de ,ou uso do
“tricross”;
- para
fazendas
com produções de leite inferiores a 2.800 kg por lactação, deve ser
utilizado o como opção existe a
raça
Girolando (5/8 H + 3/8
Z) fixada e as raças zebú leiteiras.
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Distinção entre animais
cruzados |
|
Como existem
vários graus de mestiçagem, principalmente entre as raças Holandesa e Gir,
é muito difícil estabelecer um padrão racial único, uniforme. Entretanto,
algumas características permitem , entre o meio sangue,
o
5/8 HZ e o ¾
HZ.
|
Vacas Mestiças |
|
Cerca
de 70% da produção de leite no Brasil provêm de vacas mestiças
Holandês-Zebú. Na pecuária leiteira, considera-se gado mestiço aqueles
animais derivados do cruzamento de uma raça pura de origem européia e que
seja especializada na produção de leite (Holandesa, Suíça- Parda, Jersey,
etc), com uma raça de origem indiana, uma das várias que formam o grupo
Zebú (Gir, Guzerá, Indubrasil, Sindi ou Nelore).A raça Holandesa predomina
nos cruzamentos, sendo que o mais comum é o de Holandês com o Gir, mais
conhecido como "Girolando". Há também o ‘Guzolando’, resultado do
cruzamento de Holandês com Guzerá e já há alguns produtores fazendo o ‘’Nerolando’,
que é o cruzamento do Holandês com o Nelore.
Quando se cruza uma vaca F1
com um touro Holandês puro, obtêm-se o ¾ HZ. Ao cruzar as fêmeas ¾ HZ com
touro Holandês, tem-se o 7/8 HZ. Cruzando-se as fêmeas 7/8 HZ com touro
Holandês puro, obtêm-se o 15/16 HZ. Se continuar cruzando com touro
Holandês P.O. vai apurando a raça Holandesa, até obter os puros por cruza
ou PC.
Pesquisa realizada durante
mais de 15 anos pela Embrapa Gado de Leite mostrou que a perfomance de
cada cruzamento é variável com a tecnologia adotada nas fazendas. Nas
propriedades com melhor nível de manejo, as vacas mais holandesadas (3/4
HZ; 7/8 HZ e H) foram as mais produtivas. Nas fazendas mais simples, onde
se emprega menos tecnologia, as vacas mais azebuadas foram as mais
produtivas, exceto as 5/8 HZ. Isto porque não considerou-se a seleção, ou
seja, não foram usados touros mestiços provados, pois eles não estavam e
ainda não estão disponíveis no mercado. Em qualquer caso, as vacas mais
azebuadas foram as mais resistentes a ectoparasitas, as mais pesadas e as
mais longevas.
Teoricamente, quanto mais
puxada para o lado do Holandês, mais leite a vaca vai dar, porque a raça
Holandesa tem maior especialização leiteira do que as zebuínas. Mas também
quanto mais holandesado o rebanho mais exigente em trato, mais susceptível
a carrapato, mais sensível ao calor, os animais tem dificuldade em subir
morros muito altos para pastar, etc (Tabela 1). Também, após o grau de
sangue ¾ HZ, os machos não são bons para serem criados e recriados para
corte.
Nas fazendas com melhor
manejo, a produção de leite (litros/vaca/dia) é bastante semelhante entre
vacas mestiças com graus de sangue 1/2 HZ ,3/4 HZ, 7/8 HZ e 15/16 HZ. As
mais holandesadas são mais produtivas (litros/lactação) porque tem período
de lactação maior do que as mais azebuadas (Tabela 2).
Para manter o rebanho
mestiço o mais apropriado é cruzar as vacas 15/16 HZ com um touro Zebu de
boa genética, e preferencialmente Gir leiteiro ou Guzerá provado para
leite, voltando o gado para próximo do meio-sangue. Neste caso, os filhos
desse cruzamento terão 47% de genética (sangue) Holandesa e 53% de Zebu.
Ao se cruzar vacas 7/8
ou 15/16 HZ com touro Zebu volta-se muito o gado e pode ocorrer casos de
vacas com lactação curta ou que não desça o leite sem o bezerro ao pé,
mas nada que não se resolva com uma pequena seleção ou descarte.
Tabela 1 -
Infestações por ecto e endoparasitos em novilhas de seis graus de sangue
H-Z
GRAU DE
SANGUE |
MÉDIA DE
CARRAPATOS |
MÉDIA DE COOPÉRIAS |
MÉDIA DE
BERNES |
¼ |
44 |
11.917 |
4,18 |
½ |
71 |
4.861 |
4,34 |
5/8 |
151 |
14.610 |
3,94 |
¾ |
223 |
26.115 |
8,77 |
7/8 |
282 |
26.422 |
7,28 |
H |
501 |
21.938 |
8,43 |
Fonte: Lemos et al., 1993.
Tabela 2 -
Características de primeira lactação, em animais de seis graus de sangue H-Z, em fazendas de dois níveis de manejo
Nível
alto Nível baixo
|
Grau de sangue
|
Duração da
lactação
(dias) |
Produção de leite
(kg) |
Produção de
Gordura
(kg) |
Produção de proteína
(kg) |
Duração da lactação
(dias) |
Produção de leite
(kg) |
Produção de gordura
(kg) |
Produção de proteína
(kg) |
¼ |
211 |
1396 |
55 |
48 |
268 |
1180 |
54 |
40 |
½ |
305 |
2953 |
132 |
100 |
375 |
2636 |
114 |
83 |
5/8 |
191 |
1401 |
46 |
43 |
283 |
1423 |
59 |
45 |
¾ |
329 |
2981 |
121 |
94 |
367 |
2251 |
94 |
70 |
7/8 |
295 |
2821 |
104 |
84 |
304 |
1672 |
66 |
51 |
H |
365 |
3147 |
113 |
93 |
258 |
1226 |
49 |
38 |
Fonte: Madalena et al.,
1990.
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Heterose ou Vigor Híbrido |
|
O
objetivo do cruzamento é obter um melhoramento genético rápido, reunindo
em um só animal as boas características de duas ou mais raças,
aproveitando-se a heterose ou vigor híbrido. A heterose é o fenômeno pelo
qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produção)
do que a média dos pais. A heterose é mais pronunciada quanto mais
divergentes (geneticamente diferentes) forem as raças ou linhagens
envolvidas no cruzamento. Existem resultados de pesquisas científicas
mostrando heterose para produção de leite variando de 17,3% até 28% nos
cruzamentos entre as raças Holandesa e Zebú. A heterose afeta
características particulares e não o indivíduo como um todo. A heterose é
máxima nos animais F1 ou de ‘primeira cruza’. O F1 reúne as boas
características de ambos os progenitores. No caso do cruzamento de vaca
Gir com touro Holandês P.O. , as fêmeas F1 vão apresentar maior
precocidade e maior aptidão leiteira (características típicas do Holandês)
do que a Gir, e maior resistência a ectoparasitas,(Veja Tabela-1), mais
tolerância ao calor e maior rusticidade do que o Holandês. A performance
(produção) do indivíduo F1 vai depender da qualidade genética dos
progenitores (do touro e da vaca). Assim, existem bons e maus animais F1
(ou meio-sangue), refletindo a qualidade genética do touro e da vaca
envolvidos no cruzamento.Portanto, é importante utilizar sempre touros
provados para leite, sejam eles européus ou Zebús.
Até início dos anos 90, a
recomendação para se obter F1 era cruzando vacas Gir com touros Holandês
P.O. Isto porque a população de Gir era grande, a vaca Gir era
relativamente de baixo custo e dispunha-se de touros Holandeses provados
para leite, sendo as vacas Holandesas de maior valor. Desde 1993 dispõe-se
de touros Gir leiteiro provados para produção de leite. Também, as vacas
Holandesas não estão com preço muito elevado, enquanto a população de Gir
diminuiu. Assim, pode-se utilizar tanto o cruzamento de vacas Gir com
touro Holandês, como o cruzamento recíproco, vacas Holandesas com touro
Gir. Geneticamente a qualidade do F1 é a mesma, com o mesmo potencial de
produção de leite. Pode haver efeito materno no tamanho dos animais F1,
sendo os filhos das vacas Holandesas maiores.
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Absorção por uma raça
européia especializada. |
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Consiste na utilização
contínua de touros europeus de uma raça especializada na produção de leite
até atingir o puro por cruza ou PC, podendo-se absorver para qualquer raça
européia pura. Entretanto, a raça Holandesa, por ser a mais conhecida e
difundida, dado a sua alta produção, é a mais utilizada.
|
Absorção por Holandês |
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As fêmeas F1 e suas
descendentes (filhas, netas, bisnetas etc), são cruzadas seguidamente com
touro Holandês P.O. até obtenção de animais puros por cruza ou PC. É um
esquema indicado para produtores de melhor nível tecnológico.
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Cruzamento alternado
simples Europeu x Zebú (E-Z) |
|
Pode-se utilizar
qualquer raça européia pura, mas na prática o mais usado é a Holandesa,
transformando o esquema em cruzamento alternado simples Holandês
x Zebú (H x Z). Neste esquema se alternam as raças paternas (touros) a
cada geração, obtendo-se animais com aproximadamente 3/4 Holandês + 1/4
Zebú e na próxima geração 3/4 Zebú + 1/4 Holandês (HZ).As
raças de Zebú mais usadas são a Gir e a Guzerá.
É um esquema bom para
pequenos produtores, que desejam produzir leite a pasto e recriar os
machos para corte. Porém, pode ser mais caro para os pequenos produtores,
pela necessidade de se manter dois touros na propriedade, um Holandês e um
Zebú. Isto é facilitado onde a inseminação artificial é uma prática
usual.
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Cruzamento alternado com
repetição do Europeu (E-E-Z) ou (E-E-E-Z): |
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No caso do (E-E-Z)
repete-se uma raça européia por duas gerações
seguidas, obtendo-se
animais com aproximadamente 7/8 Europeu + 1/8 Zebú
e
retorna com a outra, no caso a Zebú,
No caso do (E-E-E-Z),
repete-se o touro europeu por três vezes obtendo-se
animais com até 15/16 (E) + 1/16 Z,
e retorna com touro Zebú,
podendo ser um esquema bom se as condições de manejo e alimentação forem
satisfatórias. Neste sistema a
Holandesa é a raça européia mais
utilizada,
transformando o esquema em (H-H-Z) ou (H-H-H-Z), sendo este último
utilizado no Sistema Intensivo de Produção de Leite à Pasto da Embrapa
Gado de Leite, em Coronel Pacheco – MG, que funciona com bons resultados
desde 1977.
Na prática este esquema funciona da seguinte maneira: as fêmeas F1 são
cruzadas com touro Holandês por duas gerações seguidas, obtendo-se ¾ HZ e
depois o 7/8 HZ. Depois, utiliza-se touro Zebú (Gir ou Guzerá) para cruzar
as vacas 7/8 HZ voltando o gado para próximo do meio- sangue. Os
produtores de melhor nível tecnológico podem utilizar touro Holandês por
três gerações seguidas até obtenção de 15/16 HZ, quando então deve
utilizar um touro Zebú para voltar o gado. Assim como o touro Holandês,
recomenda-se também utilizar touro Zebú provado para leite, Gir ou Guzerá,
para obtenção de melhores animais cruzados.
Ao se cruzar vacas 7/8
HZ ou 15/16 HZ com touro Zebú, voltando o gado para próximo do
meio-sangue, pode ocorrer casos de vacas com lactação curta ou que não
desça o leite sem o bezerro ao pé. Neste caso o produtor deverá fazer
alguma seleção para eliminar do rebanho as fêmeas com lactação curta, (por
exemplo, vacas com lactação menor que 250 dias deverão ser descartadas) ou
que não se adaptem à ordenha mecânica (não dar leite sem o bezerro).
Também, novilhas de primeira cria com lactação baixa (por exemplo, abaixo
de 1800 litros/lactação) devem ser descartadas. Isto permite um
melhoramento genético do rebanho, aumentando a produtividade média da
fazenda.
Um problema que ocorre
nesse sistema é a falta de padronização racial no rebanho, havendo vacas
mais azebuadas e outras mais holandesadas, o que dificulta as práticas de
manejo, principalmente no que tange ao controle de ectoparasitas, ao
estresse de calor, manejo de ordenha com ou sem bezerro, etc.
|
Formação de uma nova raça
sintética |
|
Para fixação de
uma nova raça é necessário o acasalamento entre touros e vacas mestiças,
geralmente de um mesmo grau de sangue, por exemplo,
bimestiço Girolando,
que é o
5/8 HZ;
A partir do F1 pode-se
obter o girolando ou 5/8 H + 3/8 Gir, como demonstrado nos diagramas I e
II, fixando o grau de sangue da nova raça.
Na tentativa de se obter e
fixar uma raça leiteira tropical, o MAPA, através da Portaria 079, de 07
de Fevereiro de 1996, oficializou a criação da raça “Girolando” que é o
cruzamento do Holandês com Gir, tendo 5/8 de “sangue” Holandês + 3/8 de
Gir. A Associação Brasileira de Criadores de Girolando, sigla “Girolando”,
é a Entidade Oficial encarregada do Registro Genealógico, tendo como
finalidade incrementar a criação da raça Girolando. Um gado leiteiro
produtivo e padronizado, adaptado à região tropical e subtropical. A sede
da “Girolando” fica em Uberaba – MG.
O
diagrama I ilustra a estratégia de
cruzamento mais comum utilizada para obtenção do gado Girolando. Touros
P.O. da raça Holandesa, de preferência provados para leite, são cruzados
com vacas Gir, obtendo-se o F1. As fêmeas F1 são cruzadas com touro Gir
tembém provado, obtendo-se o ¼ H + ¾ G. As fêmeas ¼ H + ¾ G são então
cruzadas com touro Holandês P.O. obtendo-se animais 5/8 H + 3/8 G, que
acasalados entre si formam o bimestiço que se pretende fixar como raça
pura, adaptada aos trópicos. Para implementar este esquema estão
disponíveis no mercado touros Holandês P.O e Gir leiteiro P.O. provados
(pelo teste de progênie) para produção de leite.
Outra opção para obter
animais bimestiços é cruzar touro Holandês P.O. com vacas Gir,
obtendo-se o F1 . As fêmeas F1 são cruzadas com touro Holandês P.O.
obtendo-se as ¾ H + ¼ Gir. As fêmeas ¾ H + ¼ G são então cruzadas com
touros ½ HG (F1),ou o inverso,fêmeas 1/2 HZ cruzados com touro 3/4 HZ,
obtendo-se o 5/8 H + 3/8 G. O problema neste esquema é que não se dispõe
de touros meio-sangue, e nem touros 3/4 HZ, provados para leite. Neste
caso o melhor é escolher o touro pelo “pedigree” e pela produção da mãe.
A Associação Girolando
aceita o uso de touros 5/8H + 3/8 G para cruzar com vacas ¾ H + ¼ G,
visando formar um grupamento de animais próximo ao grau de sangue desejado
de 5/8 H + 3/8 G, (4,5 de H + 3,5/8 de G), conforme demonstrado no
.
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Estratégia de Cruzamento |
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Fonte: Associação Brasileira de
Criadores de Girolando.
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Após atingir o grau de
sangue desejado de 5/8 H + 3/8 G, o rebanho deve ser estabilizado,
utilizando-se touros 5/8 H + 3/8 G, mantendo-se assim o bimestiço
Girolando . Este é o exemplo clássico de estabilização de raças
bimestiças em todo o mundo. Isto será acelerado após dispor de touros 5/8
H + 3/8 G provados para leite. Com o processo de seleção a raça poderá
aumentar sua média de produção de leite.
O tempo requerido para
estabilizar a raça Girolando em 5/8 H + 3/8 G é considerável,no mínimo de
10 a 15 anos. Para acelerar este processo, o produtor poderá adquirir
fêmeas ¾ H + 1/4 G e cruzá-las com touro ½ HG, ou fêmeas 1/2 HG cruzadas
com touro 3/4 HG. Fêmeas ¼ H + ¾ G tem pouca disponibilidade no mercado,
mas cruzadas com touro Holandês P.O. vai dar o 5/8 H + 3/8 G, como no
diagrama 1.
Atualmente a Associação
Girolando, em convênio com a Embrapa Gado de Leite, tendo como parceiros
diversas instituições nacionais, executa um programa de teste de progênie
de touros , nos graus de sangue ¾H G e 5/8 H G. Os produtores
interessados em participar deste programa devem contactar a Associação
Brasileira dos Criadores de Girolando, no endereço: A.B.C. Girolando – Rua
Orlando Vieira do Nascimento, 74 – Caixa Postal 493, CEP 38040-280,
Uberaba – MG – Fone /Fax: (34) 3336-3111, e-mail:
girolando@mednet.com.br.
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Utilização de Vacas ½ sangue Holandês-Zebú ou uso do F1 |
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Um rebanho leiteiro de animais F1 explora ao máximo a Heterose ou vigor híbrido entre as raças Holandesa e Zebú. São animais rústicos, com
boa resistência a carrapatos e ao calor, bom porte, boa produção leiteira, bem valorizada no mercado. Os machos F1 são bons para corte. O produtor de leite pode optar por comprar fêmeas F1 no mercado ou dispor de um rebanho de vacas Zebú para fazer o F1, para reposição anual de 20% a 25% do seu rebanho.
Em pesquisa realizada pela Embrapa Gado de Leite, os animais 1/2 HZ ou (F1) apresentaram desempenho superior aos de outros cruzamentos, nas condições predominantes de manejo na região, sendo portanto uma alternativa recomendável para as mesmas.
Dispondo-se de animais F1 vários esquemas de cruzamentos são possíveis:
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Cruzamento com
Holandês e Venda de Fêmeas ¾ HZ |
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As fêmeas F1 são cruzadas
com touro Holandês P.O. obtendo-se o 3/4 H + 1/4 Z. As fêmeas ¾ HZ são
boas produtoras de leite, porém são mais exigentes em trato do que as F1 e
são mais sensíveis a carrapatos e ao calor. Produtores que não desejam
manter as fêmeas ¾ HZ no rebanho leiteiro, poderão recriá-las e cruzá-las
(ou inseminar) em Julho e Agosto, de modo a parirem em Abril e Maio do ano
seguinte, quando serão vendidas a bom preço, já que são animais muito
valorizados no mercado brasileiro. O rebanho leiteiro seria formado apenas
por vacas F1, fazendo-se a reposição anual sempre com fêmeas F1.
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Cruzamento Terminal |
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As fêmeas F1 são cruzadas
com touros de raças de corte,como Nelore, Canchim, Tabapuã, Guzerá,
etc., destinando-se para abate todas as crias, machos e fêmeas. Neste
caso, o produtor obtêm uma boa renda com a venda de animais para corte,
mas deverá adqüirir as fêmeas F1 ou ter um rebanho de vacas Zebú (Gir ou
Guzerá) para produzir as fêmeas F1 na própria fazenda. No caso de se
utilizar touro Guzerá, de preferência provado para leite, poderá vender as
novilhas 3/4 HZ para produtores de leite, obtendo melhor renda do que
vendê-las para abate.
Este é o esquema conhecido
como ”vaca de leite, bezerro de corte”. Uma vaca F1 de boa genética,
mantida em pasto de boa qualidade e mais o uso de 1 a 2 kg de
concentrado/vaca/dia, pode produzir uma média de 8 litros de leite por
dia, em lactação de 300 dias. Neste caso tem-se 2400 litros de leite para
venda, o que rende cerca de R$ 720,00/ano (2400 litros x R$ 0,30) . Se
considerar o bezerro criado ao pé da vaca, pode-se ter uma renda de R$
1.000.00 por vaca/ano. Nenhuma vaca de corte rende tanto, exceto as de
genética de ponta.
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Rebanho F1 e ¾ HZ |
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Neste caso, o produtor
também poderá optar por cruzar as fêmeas F1 com um touro Holandês, obtendo
as 3/4HZ e aproveitando os machos ¾ HZ para corte, fazendo a cria e recria
dependendo da disponibilidade de pastagem, ou vendendo os bezerros no
mercado local. As fêmeas ¾ HZ poderão ser cruzadas com touros de raças
de corte, (Nelore, Canchim, Tabapuã, Guzerá, etc.) e destinando para abate
tanto os machos como as fêmeas, repetindo o bordão “vaca de leite, bezerro
de corte”. Neste caso o rebanho leiteiro é formado por vacas F1 e ¾ HZ. De
vez em quando, o produtor deverá adquirir fêmeas F1 para repor até 30% das
F1, selecionando no próprio rebanho as fêmeas para repor as ¾ HZ.
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Uso de vacas 3/4 HZ |
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As vacas 3/4 HZ são boas
produtoras de leite e não tem tanto problema de carrapatos como as mais
holandesadas. Assim, muitos produtores preferem produzir leite só com
rebanho de vacas 3/4 HZ.
As fêmeas 3/4 HZ podem ser
cruzadas com touros de raças de corte, como Nelore, Canchim, Tabapuã,
Guzerá, etc., destinando-se para abate todas as crias, machos e fêmeas.
Neste caso, o produtor obtêm uma boa renda com a venda de animais para
corte, mas deverá adqüirir as fêmeas 3/4 HZ no mercado regional. No caso
de se utilizar touro Guzerá, poderá vender as novilhas (filhas das vacas
3/4 HZ) para produtores de leite, obtendo melhor renda do que vendê-las
para abate. Este esquema retorna ao conhecido ”vaca de leite, bezerro de
corte”.
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Cruzamento Triplo ou “Tricross” |
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Consiste na
utilização de uma segunda raça européia, geralmente a Suíça-Parda, a
Jersey ou Simental, nos cruzamentos
com animais
Holandês
X Zebú, obtendo-se
animais denominados “tricross”, mantendo-se
um bom nível de
heterose.
Embora não se disponha de
muitos resultados de pesquisa no Brasil,é tecnicamente recomendável que as
fêmeas HZ sejam cruzadas com touro Jersey, para obtenção do tricross,
mantendo-se o vigor híbrido.Se as fêmeas são F1, as crias serão 50%
Jersey, 25 % Zebú ( Gir ou Guzerá ) e 25% Holandês, com os machos de baixo
valor como animais de corte. As fêmeas são muito valorizadas porque o
Jersey transmite precocidade, alta fertilidade, docilidade, longevidade,
além de que as fêmeas são menores, possibilitando criar maior número de
animais por hectare. Também, a jersey corrige muitos problemas de teto e
úbere, além de que as vacas tricross produzem leite com maior teor de
sólidos totais, que é muito importante para quem faz queijos.
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Distinção entre
animais cruzados
Com um pouco de prática e atenção é relativamente fácil fazer a distinção
entre as fêmeas F1 , 5/8 HZ e as Mestiças 3/4 HZ.
Meio sangue
HZ ou F1
As
fêmeas adultas são de estatura média a elevada, pesadas, de constituição
corporal média, ossatura forte, ossos chatos, de forma angulosa.
Apresentam silhueta feminina, delicada e harmoniosa, andar fácil e
elegante. O temperamento é dócil, porém ativa. A cabeça é descarnada,
proporcional, com largura e comprimento médio. O perfil é retilíneo a
ligeiramente subconvexo. A fronte é larga e plana. O chanfro é de
comprimento médio, reto, mais estreito e comprido nas fêmeas. O focinho é
preto, largo, com narinas amplas e dilatadas. Os olhos são grandes,
escuros e brilhantes, de formato elíptico, situados lateralmente e
protegidos por rugas da pele. Orelhas de comprimento médio, relativamente
largas, estreitando-se na ponta, de textura fina, com pêlos
mais curtos, posicionando-se para a frente a abaixo dos olhos. A barbela é
de comprimento médio e pregueada. Peito largo e amplo. Tórax amplo e
profundo, com boa capacidade respiratória. O
umbigo
é médio. Os pêlos
do corpo são curtos, finos, brilhantes, delicados e sedosos. A cor pode
ser preta, preta pintada de branco, preta mamona, mamona de castanho,
castanho mamona, castanha em todas as suas tonalidades, castanha pintada
de branco, vermelha em tonalidades típicas. Como particularidades:
estrela, gargantilha e bargada.
Bimestiço
Girolando
(ou
5/8 HZ)
As
fêmeas 5/8 HZ são parecidas com as meio sangue, diferindo principalmente
pelo perfil retilíneo, orelhas de comprimento e largura média, textura
média, (porém menores que as
orelhas das
½ sangue), não pendentes, com as faces internas do pavilhão voltadas para
a frente, posicionando-se ao nível dos olhos; o
umbigo
é reduzido. A barbela
é
ligeiramente reduzida e pregueada.
Mestiças 3/4 HZ
As
fêmeas ¾ HZ são de estatura média, com ossatura forte, ossos chatos, forma
angulosa, com evidência de mais refinamento. A silhueta é bem feminina,
delicada e harmoniosa, com andar fácil e elegante. Temperamento dócil,
porém ativa. A cabeça é descarnada, proporcional, ligeiramente mais curta
(que as meio-sangue e as 5/8 HZ). O perfil é retilíneo
a subcôncavo, fronte larga, com chanfro curto. Focinho largo com narinas
amplas e dilatadas. Os olhos são grandes, escuros, brilhantes, de formato
arredondado e ligeiramente salientes. As orelhas são pequenas, curtas, com
muitos pêlos, com as
faces
internas do pavilhão auricular voltadas para a frente, posicionando-se um
pouco acima dos olhos. A barbela é reduzida e lisa. O umbigo é muito
reduzido, pouco evidente. Os pêlos
são curtos (porém bem mais peluda que as meio-sangue e as 5/8 HZ), finos,
brilhantes, delicados, sedosos e são mais densos. A vassoura da cauda é
abundante. A cor característica predominante é preta, preta malhada de
branco, ou branca malhada de preto, embora existam animais de cor
castanha em todas as suas tonalidades.
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