Embrapa Gado de Leite
Sistema de Produção, No. 7
ISSN 1678-314X Versão Eletrônica
Dez/2005

Sistema de produção de leite com recria de novilhas em sistemas silvipastoris

Autores

 

Sumário

Apresentação
Importância econômica
Aspectos agro e zooecológicos
Raças
Instalações
Alimentação
Reprodução
Manejo produtivo
Saúde
Preparo para o mercado
Mercado e comercialização
Coeficientes técnicos
Referências
Glossário

Expediente



 

Manejo produtivo Topo da Página

O manejo sanitário correto deve iniciar com atenção para as anotações das ocorrências dentro do rebanho. Somente com os dados passados é que podemos analisar e tomar iniciativas para suprimir ou implementar medidas que possam auxiliar o manejo sanitário do rebanho. Sem estas  informações, não podemos melhorar os índices zootécnicos dos animais. Para melhor visualizar o texto, o mesmo será subdividido nos seguintes itens:

Vacas gestantes Parto Colostro
Corte e cura de umbigo Forma de ordenha  

 

Vacas gestantes Topo da Página

Como ponto de partida, uma vaca gestante nos dois últimos meses de gestação, deve encerrar a lactação, isto é, deve-se fazer com que ela interrompa a produção de leite para que a glândula mamária possa descansar, se preparar para próxima lactação e produzir um colostro de boa qualidade. Se for uma novilha esta preparação vem naturalmente já que ela nunca pariu.

Em torno de vinte a trinta dias antes do parto este animal deve ser levado para a maternidade, a qual que deve ser de preferência, um pasto próximo ao curral,  facilitando a observação diária, No caso de confinamento total, deverão ir para uma baia maternidade. O fato de ter uma maternidade vai facilitar alguma interferência que for necessária no decorrer do parto. Por observação na maternidade conclui-se que, em rebanhos nos quais se faz a observação no parto, os problemas são resolvidos de forma mais rápida e com maior sucesso e menor índice de natimortos.

Neste período a fêmea deve receber a mesma dieta que ira receber após o parto com restrição do sal mineral. É muito importante que neste período isto ocorra pois, permite que os microorganismos do rúmen se adaptem a dieta que vai ser ingerida durante a lactação.

É bom lembrar que neste período final de gestação o animal sofre as maiores transformações. Geralmente ficam mais pesados, o que dificulta a locomoção e reduz a capacidade de competição, exigindo portanto, maiores cuidados.

 

Parto Topo da Página

No parto o animal perde em média 80 kilos de peso entre o feto, líquidos fetais e as membranas que envolvem o próprio feto. Isto acarreta uma mudança muito brusca que ocorre em poucas horas levando a um certo desconforto para o animal. É um momento de muito estress e quando podem aparecer inúmeros problemas para os quais devemos ficar atentos.

Devemos interferir ao mínimo no parto. Os partos problemas, isto é, aqueles chamados distócicos, ocorrem com pouca freqüência e neste caso a interferência deve ser de maneira a causar o mínimo de danos, tanto à vaca quanto ao bezerro. Uma ajuda leve para evitar complicações não fará mal algum para ambos, porém, em casos que se apresentam de forma mais grave devem ser acompanhados por um Médico Veterinário ou sob sua supervisão. É comum neste período que as pessoas envolvidas muitas vezes não tem treinamento adequado, intervêm de forma inadequada e acabam causando mais problemas e quando o Veterinário é chamado a chance de resolver o problema diminui drasticamente. Esta decisão de chamar o Veterinário deve ser tomada o quanto antes.

 

Colostro Topo da Página

Após o nascimento, o bezerro deve permanecer junto com a mãe por pelo menos 24 horas. Sabemos que o bezerro junto com a mãe, mama entre 12 a 15 vezes ao dia. Estas mamadas permitem que o colostro passe muitas vezes pelo aparelho digestivo aumentando a superfície de contato do colostro com a parede intestinal favorecendo assim a absorção de imunoglobulinas (anticorpos). Por outro lado, podemos fornecer o colostro de forma artificial oferecendo dois litros  duas vezes por dia com intervalo próximo de 12 horas. O importante é que o bezerro ingira em torno de 10% do seu peso em colostro, nas primeiras 24 horas.  O bezerro nasce sem proteção de anticorpos contra os agentes de doenças. A forma de adquirir estes anticorpos (defesa), é ingerindo o colostro. O colostro é o primeiro produto produzido pela glândula mamária no inicio da lactação, é uma  rica fonte destes anticorpos que foram produzidos nos dois últimos meses de gestação. Após o nascimento, é imperativo que o bezerro ingira o colostro o quanto antes para que ele adquira estes anticorpos. A capacidade de absorver os anticorpos fornecidos pela mãe no interior do aparelho digestivo do bezerro é aproximadamente nas primeiras 36 horas e esta capacidade de absorção tem como pico máximo entre seis e 10 horas, quando começa a diminuir gradativamente até aproximadamente 36 horas.  A partir deste ponto o colostro continua sendo um alimento muito rico e deve ser aproveitado pelo bezerro e outros do mesmo plantel que são tratados  de forma artificial, porém perde a importância como fonte de anticorpos.

De outra forma uma das funções do colostro é ajudar na primeira descarga intestinal, isto é, ajuda a expelir as primeiras fezes que é o chamado mecônio. O mecônio são fezes amarelas pegajosas de difícil eliminação portanto sendo o colostro um leve laxante vai ajudar nesta eliminação. Neste período devemos interferir somente se houver necessidade. Na maioria das vezes, esta intervenção é desnecessária. Uma das vantagens da maternidade é a possibilidade de observação do recém nascido e qualquer problema que surgir neste local facilita o socorro.

O excesso colostro pode e deve ser dado para os outros bezerros. Neste caso ele não tem função como fornecedor de anticorpos pois bezerros mais velhos perdem a capacidade de absorção dos anticorpos mas, como alimento é até mais rico que o próprio leite. É bom lembrar que como o colostro tem uma função laxativa, para fornecer aos outros bezerros o melhor é diluir em outra quantidade de leite para não causar meles de desarranjo aos bezerros mais velhos

 

Corte e cura de umbigo Topo da Página
A cura de umbigo deve ser feita com um desinfetante e um desidratante. Uma solução que  temos usado com sucesso é álcool iodado que pode ter uma variação de seis a 10%. O curativo deve ser feito todos os dias por três a quatro dias. Se correr tudo bem o coto umbilical cairá por volta do nono dia.

 

Forma de ordenha Topo da Página

De acordo com o manejo adotado, o qual pode ser com ou sem o bezerro ao pé, vamos ter condutas diferentes para cada modalidade: com o bezerro ao pé este fica a disposição na hora da ordenha para vir  e apojar.

Feito isto, ao acabar a ordenha, o bezerro é solto com a mãe para retirar o leite residual. Pode ser separado imediatamente após o esgotamento total do leite, ou permanecer junto até a hora da apartação á tarde. Este  manejo não é o mais recomendado pois neste caso o bezerro mama o leite que poderia ser aproveitado na ordenha da tarde. Este tipo de manejo apresenta algumas vantagens, porém as desvantagens estão em supremacia. Por outro lado se alimentamos os animais de forma artificial, o contato da mãe com o bezerro não existe. Isto facilita a mão-de-obra e tem-se um maior controle do que o animal está ingerindo, contudo, traz todos os transtornos da criação de órfãos. Por outro lado esta prática permite a observação individualizada, dando a oportunidade de se tomar atitudes mais rápidas para sanar os problemas que aparecem.

Num sistema de criação, com ou sem bezerro ao pé, devemos estar sempre atentos aos problemas que podem surgir. É bom chamar a atenção para  a escolha do local para o criatório de bezerros. Este local deve ser de fácil acesso, bem drenado e que se evite a canalização de ventos constantes. Tem que ser local que após uma chuva seque com poucos dias de sol. Tem que ter alguma inclinação para o escoamento das águas e dejeto excessivos.

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