Sistema de Produção de Vinho Moscatel Espumante

Luiz Antenor Rizzon
André Miguel Gasparin

Cultivares recomendadas

Na Serra Gaúcha, o vinho Moscatel espumante é elaborado a partir de cultivares de Vitis vinifera, aromáticas de sabor moscato. A Portaria número 229, de 25 de outubro de 1988, que regulamenta a Lei 5.823 de 14 de novembro de 1973, determina que o vinho Moscatel espumante seja elaborado com mosto de cultivares de Vitis vinifera.

Moscato Branco

(Foto: Catálogo Vivai Cooperativi Rauscedo (VCR 3))

Fig. 1. Cacho de uva característico de Moscato Branco.

É uma cultivar originária provavelmente da Grécia e cultivada há muito tempo na Itália. Antigamente era conhecida por "Apianae", que significa a que as abelhas tem predileção devido ao alto teor de açúcar da uva. Ainda por volta de 1360 já era conhecida a prática de adicionar, durante a fermentação alcoólica, uma quantidade de flores de sabugueiro secas à sombra para aumentar o aroma de Moscato do vinho.

A cultivar apresenta folha de tamanho médio, trilobada ou quinquilobada com seio peciolar em lira. A coloração outonal das folhas é amarelo com aspecto dourado.

O cacho é de tamanho médio, compacto, de formato cilindro-cônico, geralmente com uma e em alguns casos duas asas (Fig. 1). A baga apresenta tamanho médio, de formato esférico, umbigo saliente e persistente; a casca é pouco pruinosa de cor amarelo dourado, tornando-se âmbar na parte exposta ao sol. O sabor do mosto além de doce apresenta o típico gosto amoscatado. A baga se separa facilmente da ráquis e apresenta de duas a três sementes.

Na Itália, a cultivar Moscato Branco é plantada na região de Asti, Alexandria e Cuneo cujo centro é Canelli com altitude que varia de 100 m a 400 m, sendo que a maior área se encontra numa altitude média de 200 m. Ela é denominada segundo a região produtora: Moscato d'Asti, Moscato di Trami, Moscato di Saracusa, Moscato di Tempio.

Segundo o cadastro vitícola de 2000, foram encontrados na região vitícola da Serra Gaúcha 718,7 ha de Moscato Branco e uma produção de 17,4 milhões de quilos de uva. Conforme dados da Divisão de Enologia da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul, na safra de 2001, foram processados 12,0 milhões de quilos de uva da cultivar Moscato Branco, com grau médio de 11,35 °Babo.

Moscato Giallo

(Foto: Catálogo Vivai Cooperativi Rauscedo (VCR 5))

Fig. 2. Cacho de uva característico de Moscato Giallo.

A uva da cultivar Moscato Giallo é pouco difundida na Itália, produz um vinho branco de cor amarelo palha com agradável aroma e sabor de Moscato.

A uva Moscato Giallo apresenta cacho de tamanho médio a grande, com 20 cm a 25 cm de comprimento, de formato piramidal, com uma ou duas asas, grãos soltos, pedúnculo longo e visível, herbáceo (Fig. 2).

A baga é de tamanho médio, esférica, com a película pruinosa, de cor amarela intensa. A polpa é meio carnosa e bastante sucosa, com sabor agradável de Moscato. Apresenta, geralmente, de duas a três sementes por baga.

Segundo o cadastro vitícola de 2000, foram registrados na região vitícola da Serra Gaúcha 44,1 ha de Moscato Giallo e uma produção de 280,7 mil quilos de uva.

Conforme dados da Divisão de Enologia da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul, na safra de 2001, foram produzidos 115,73 mil quilos da uva Moscato Giallo na Serra Gaúcha, com grau médio de 14,04 °Babo.

Malvasia

O nome Malvasia, Malvoisie, Malvaisie é aplicado para uma ampla quantidade de videiras, muitas das quais sem semelhanças aparentes. Diferentemente do caso da uva Moscato, que sempre apresenta a mesma característica aromática, as Malvasias agrupam cultivares com sabor aromático e outras que apresentam sabor simples. Segundo alguns Ampelógrafos, somente deveriam ser designadas Malvasias as uvas aromáticas, com sabor especial de Moscato um pouco amargo.

O termo Malvasia deriva do nome de uma cidade grega que se chamava Morea, atualmente Peloponeso que é igual a Monembasia, Monenvasia e Monovaxia, que significava porto de uma única entrada, cujo termo no italiano foi transformado em Malvasia. Entre as cultivares designadas Malvasias se destacam a Malvasia de Candia e a Malvasia de Lipari.

No cadastro vitícola de 2000, foram detectadas na região vitícola da Serra Gaúcha 137,8 ha de Malvasias e uma produção de 1,3 milhões de quilos de uva.

Malvasia de Cândia

(Foto: Catálogo Vivai Cooperativi Rauscedo (R2))

Fig. 3. Cacho de uva característico de Malvasia de Cândia.

Muitos ampelógrafos reconhecem a Malvasia de Cândia como um verdadeiro Moscato. Outros recomendam utilizar a denominação de Malvasia de Cândia aromática para diferenciar de outra cultivar muito semelhante de gosto simples. Muitas vezes a cultivar Malvasia de Cândia é conhecida simplesmente por Malvasia.

Trata-se de uma cultivar de vigor médio, no entanto, em algumas regiões, é classificada como videira vigorosa e fértil. Apresenta produção média constante. A primeira gema frutífera geralmente se localiza entre o quarto e o quinto nó. Apresenta entre uma e duas inflorescências por gema. A uva Malvasia de Cândia origina um bom vinho branco, de cor variável do amarelo palha ao amarelo dourado, aromático.

O cacho da uva Malvasia de Cândia é classificado como de tamanho médio, alongado, solto, de forma piramidal, alado, com pedúnculo longo, visível e semilenhoso (Fig. 3).

A baga é de tamanho médio, de formato esférico, regular, com umbigo evidente e persistente. A película é pruinosa, cor amarelo dourado. A polpa é sucosa com sabor agradável de Moscato e o mosto é incolor. A baga apresenta duas a três sementes de formato e de tamanho médio.

Segundo o cadastro vitícola de 2000, foram detectados na região vitícola da Serra Gaúcha 7,3 ha de Malvasia de Cândia e uma produção de 101,5 mil quilos de uva.

Malvasia de Lipari

(Foto: Gladimir Vieira Barros)

Fig. 4. Cacho de uva característico de Malvasia de Lipari.

A cultivar Malvasia de Lipari é uma videira de bom vigor e requer poda mista ou longa. A produção não apresenta constância. A primeira gema frutífera geralmente se localiza no terceiro nó. A Malvasia de Lipari é originária da ilha de Messina, na Grécia, de onde foi levada para a Itália e para outras regiões vitícolas mundiais.

O vinho obtido da uva da cultivar Malvasia dei Lipari apresenta coloração amarelo dourado, com aroma típico da uva, muitas vezes com uma nota que lembra mel. Devido ao teor de açúcar que produz, é elaborado um vinho doce para sobremesa.

O cacho da uva Malvasia de Lipari é classificado como de tamanho médio, longo, cilíndrico ou tronco-cônico, simples, de aspecto solto. O pedúnculo é longo, bem visível e herbáceo (Fig. 4).

A baga é de tamanho médio e pequeno, redonda, com umbigo persistente. A película é de cor amarelo dourado quando alcança a maturação completa e pouco pruinosa.

No cadastro vitícola de 2000 foram registrados na região vitícola da Serra gaúcha 29,9 ha de Malvasia de Lipari e uma produção de 489 mil quilos de uva.

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